Guia do luxo no sul do Brasil
Especialista em mercado de luxo, Manu Berger lança seu primeiro livro e convida L'Off a conhecer o segmento premium no sul do Brasil
Foi-se o tempo em que luxo era sinônimo de casacos de pele, bolsas exageradas e ostentação de riqueza. Na era do estilo moderno, luxo tem mais a ver com caráter único, significado de experiência e tempo do que com exorbitância, mas ainda assim representa um alto nível de execução, qualidade e estética – dos materiais à expertise, serviço, experiência e sensibilidade envolvidos na criação de um produto de luxo.
Especialista no assunto, a fundadora do site Terapia de Luxo, Manu Berger, escreveu o livro Entre Taças de Champagne e Cálices de Vinho,traçando a história do luxo desde o início da civilização até os dias de hoje, dando ênfase, especialmente ao mercado premium na França e na Itália. Mas a ideia da autora não é apenas informar, mas dividir com os leitores as experiências de luxo que ela mesma vivenciou, como uma visita à fábrica de bolsas da Gucci, em Milão, e as etapas do processo de confecção de sapatos sob medida na Christian Louboutin, com isso exemplificando essa conotação evoluída de luxo – que se relaciona mais com a jornada do consumidor do que com status social. Depois de lançar o livro em São Paulo, ela convidou a reportagem da L’Officiel para acompanha-la durante a turnê de lançamento no sul do país, por onde passamos por Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis, terra natal da autora.
É verdade que a cidade de São Paulo concentra mais de 60% do mercado de luxo no Brasil, mas o sul do país tem experimentado um alto investimento nesse segmento. Ao caminhar pelos corredores silenciosos e perfumados do Shopping Pátio Batel, em Curitiba, lojas high-end como Louis Vuitton, Prada e Versace despontam nos corredores. “O consumidor é universal, pode comprar de qualquer lugar, mas quem consome luxo ainda gosta da experiência de consumo presencial, são consumidores muito exigentes”, explica Simone Soifer, diretora do shopping, durante o coquetel de lançamento do livro de Manu. José Ost, outro convidado e Presidente Executivo do Centro Europeu, atribui o investimento no segmento à geografia da cidade. “É um ponto estratégico para atender os sulistas que não querem ir até São Paulo, mas também fazendeiros de países como Paraguai e Argentina”.
Na capital catarinense, o grande carro-chefe do mercado de luxo é obviamente o turismo. Mas mesmo lá, terra dos camarotes milionários de réveillon, hotéis glamorosos perdem a vez para estabelecimentos superexclusivos com pegada low-profile como o resort Ponta dos Ganchos, que tem apenas 25 quartos e privacidade total como um de seus motes.
Na terceira parada da turnê, em Porto Alegre, onde o luxo aparece com cara mais cosmopolita e despretensiosa, jovens designers de joias como Eduarda Brunelli, por exemplo, abordam a joalheria com todo o cuidado e qualidade que ela implica, mas buscando simplicidade e inovação no design e na mistura de metais nobres com gemas naturais e materiais alternativos como madeira esculpida - "simplicidade nada tem a ver com o simplório", explica a designer.
“Aqui no Sul, as pessoas gostavam muito de exibir marca, status, agora são um pouco mais discretas e se importam mais com a qualidade dos produtos. Antes queriam comprar mais, agora querem comprar melhor”, resume a RP Roberta Busato. "Acho que hoje todo mundo busca uma conexão emocional ou investimento intelectual no que consome, é uma experiência pessoal e intuitiva”, completa.