O novo Guia Michelin Rio de Janeiro &amp; S&atilde;o Paulo 2025 revela talentos - mas segue enxergando o Brasil por lentes estreitas demais.

A cena se repete como um ritual. Um palco impec&aacute;vel, <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/gastronomia/do-planeta-ao-prato">chefs</a> de jaleco, microfones afiados, e um mercado esperando saber quem, neste ano, teve a honra de receber uma estrela. E quem, em sil&ecirc;ncio, a perdeu. No &uacute;ltimo dia 12 de maio, no cora&ccedil;&atilde;o do hotel <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/gastronomia/rosewood-sao-paulo-recebe-a-culinaria-de-madri-da-villa-magna">Rosewood</a> S&atilde;o Paulo, o Guia Michelin apresentou sua sele&ccedil;&atilde;o brasileira para 2025. Foram anunciadas quatro novas estrelas, cinco Bib Gourmand, doze recomenda&ccedil;&otilde;es in&eacute;ditas, a renova&ccedil;&atilde;o das estrelas verdes e dos biestrelados. Tudo parecia seguir o script. Mas o sil&ecirc;ncio sobre uma perda espec&iacute;fica ecoava entre os mais atentos. O Oteque, do chef Alberto Landgraf, perdeu uma estrela.&nbsp;

Alberto Landgraf (Foto: Reprodução)

Com essa aus&ecirc;ncia, o Brasil passa a ter cinco restaurantes com duas estrelas: D.O.M., Evvai e Tuju, em S&atilde;o Paulo; Oro e Lasai, no Rio. Cinco pilares s&oacute;lidos, cada um com sua assinatura, sua hist&oacute;ria, sua precis&atilde;o. As novas estrelas chegam com brilho e justi&ccedil;a. No Rio, Casa 201, do chef Jo&atilde;o Paulo Frankenfeld, traz a leveza francesa a ingredientes brasileiros, e Oseille, de Thomas Troisgros, faz da sua fam&iacute;lia um ponto de refer&ecirc;ncia para uma cozinha centrada e essencial. Em S&atilde;o Paulo, dois mestres japoneses foram reconhecidos: Tadashi Shiraishi, do Kanoe, com seu balc&atilde;o minimalista e sua precis&atilde;o cerimonial; e Edson Yamashita, do Ryo Gastronomia, que h&aacute; anos entrega uma experi&ecirc;ncia de sil&ecirc;ncio, corte e contempla&ccedil;&atilde;o.

Edson Yamashita do Ryo (Foto: Divulgação)

Entre os novos Bib Gourmand, est&atilde;o casas como Cepa, Clandestina, Jac&oacute; e Manioca da Mata - todos em S&atilde;o Paulo. Nenhuma nova distin&ccedil;&atilde;o verde foi concedida, o que chama aten&ccedil;&atilde;o em um pa&iacute;s onde a sustentabilidade j&aacute; virou modo de vida em muitas cozinhas. O Michelin ainda n&atilde;o viu isso - ou preferiu n&atilde;o ver. Com a nova leva de doze restaurantes recomendados, o guia chega a 84 casas nessa categoria, entre Rio e S&atilde;o Paulo. &Eacute; uma sele&ccedil;&atilde;o ampla, que inclui desde o tradicional Sal Gastronomia at&eacute; a parrilla do Rufino, passando por casas japonesas, portuguesas, espanholas e italianas.

Bel Coelho no Clandestino (Foto: Divulgação)

Entre os pr&ecirc;mios especiais, brilhou o nome de Iago Jacomussi, do Jac&oacute;, eleito Jovem Chef do ano aos 26 anos. Um talento inquieto, t&eacute;cnico e cheio de mundo. Marcelo da Fonseca Lopes Costa, do Evvai, foi reconhecido como melhor sommelier, e Rodrigo Cavalcante, do Tuju, como melhor servi&ccedil;o - tr&ecirc;s nomes que representam a excel&ecirc;ncia que se v&ecirc;, mas que tamb&eacute;m se sente. O Guia Michelin ainda importa. Ele transforma carreiras, move reservas, atrai turistas. Mas talvez o Brasil j&aacute; tenha amadurecido o suficiente para desejar mais do que isso. Para desejar ser visto com mais profundidade. A gastronomia brasileira n&atilde;o quer apenas pr&ecirc;mios. Ela quer - e merece - ser compreendida.

Faltou estrela. Faltou verde. Faltou Brasil.

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