Muito al&eacute;m das salas VIP: o terminal BTG Pactual em Guarulhos tem gastronomia assinada por Ivan Ralston e redefine a experi&ecirc;ncia de embarcar.

Eu sou o tipo de pessoa que gosta de aeroporto. Gosto mesmo. Gosto de observar os pain&eacute;is com os destinos, de tomar um caf&eacute; antes do embarque, de ver a pista pela janela. Uso avi&atilde;o pelo menos uma vez por semana e, aos poucos, fui criando uma certa intimidade com terminais ao redor do mundo - e tamb&eacute;m uma paci&ecirc;ncia resignada com suas falhas.

Mas o aeroporto de Guarulhos, especialmente nos &uacute;ltimos tempos, n&atilde;o &eacute; dos mais generosos. As filas aumentaram, o conforto diminuiu e as salas VIPs se tornaram qualquer coisa, menos VIP. Quando se trata de gastronomia, ent&atilde;o, &eacute; quase sempre um deserto de travessas mornas e sandu&iacute;ches tristes. Foi por isso que, quando soube da inaugura&ccedil;&atilde;o do terminal BTG Pactual, n&atilde;o hesitei: precisava experimentar.

A vista externa do terminal BTG Pactual no aeroporto internacional de São Paulo | Foto: Fran Parente

A promessa era ousada. Um terminal totalmente privativo dentro do maior aeroporto do <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/viola-davis-revela-planos-no-brasil-e-admiracao-por-autor-local">pa&iacute;s</a>, pensado para passageiros da avia&ccedil;&atilde;o comercial que buscam conforto absoluto, privacidade real e uma experi&ecirc;ncia de embarque &agrave; altura de quem valoriza cada minuto. Um lugar onde o check-in n&atilde;o &eacute; uma batalha, e onde <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/gastronomia/aspen-10-restaurantes-para-conhecer">comer bem</a> antes de voar n&atilde;o &eacute; um milagre - &eacute; o m&iacute;nimo.

O lounge de entrada do terminal BTG Pactual | Foto: Fran Parente

Um dos coquetéis não alcoólicos do terminal BTG Pactual | Foto: Thiago Alves

A experi&ecirc;ncia come&ccedil;a antes mesmo de sair de casa. A reserva &eacute; feita por um site impec&aacute;vel. &Eacute; poss&iacute;vel escolher entre o embarque, o desembarque, ou ambos - com a op&ccedil;&atilde;o de um transfer de helic&oacute;ptero saindo de S&atilde;o Paulo. Quando cheguei ao terminal, fui recebido por uma equipe jovem e atenciosa, em um sal&atilde;o de p&eacute;-direito alto, cercado por plantas, boas revistas (inclusive a L&rsquo;OFFICIEL) e sof&aacute;s que convidam ao descanso.

Enquanto minha mala era despachada, entre um gole de caf&eacute; e outro de &aacute;gua gelada, percebi que n&atilde;o havia tumulto, pressa ou an&uacute;ncios. Havia paz absoluta. Em um corredor privado, passei pelo raio-X e pela imigra&ccedil;&atilde;o sem fila, sem espera. Em menos de um minuto, eu j&aacute; estava no lounge principal. Ali, diante de uma imensa parede de vidro com vista para a pista, entendi o que esse lugar queria ser: um respiro antes do voo. Um ritual de desacelera&ccedil;&atilde;o.

O chef estrelado Ivan Ralston | Foto: Thiago Alves

No bar, n&atilde;o h&aacute; card&aacute;pio fixo. Os drinks s&atilde;o preparados de forma personalizada, com sugest&otilde;es do bartender Ricardo Miyazaki - considerado um dos melhores de S&atilde;o Paulo. O di&aacute;logo &eacute; a receita. Voc&ecirc; diz o que gosta, e ele entrega mais do que pediu.

Mas o melhor estava por vir: a comida. E que comida. A alta gastronomia chegou ao port&atilde;o de embarque. O chef Ivan Ralston, do premiado restaurante Tuju, foi o respons&aacute;vel por desenhar o menu do terminal. E ele levou a miss&atilde;o a s&eacute;rio. Pensou em pratos que oferecessem aconchego, mas tamb&eacute;m sofistica&ccedil;&atilde;o; sabores com identidade brasileira e com execu&ccedil;&atilde;o precisa. &Eacute; como se ele tivesse decidido que o &uacute;ltimo gosto do Brasil, antes do voo, deveria ser um abra&ccedil;o.

O bar do terminal BTG Pactual em Guarulhos | Foto: Fran Parente

Naquele dia, comecei com uma sopa de mandioquinha, cremosa e perfumada. Depois, uma salada de beterraba com coalhada artesanal e crocante de p&atilde;o de fermenta&ccedil;&atilde;o natural - um prato simples, mas cheio de camadas. E ent&atilde;o o arroz de frutos do mar: lula grelhada, lagostim e caldo de codorna, numa combina&ccedil;&atilde;o delicada e intensa. Dava vontade de pedir para embrulhar e levar comigo para o avi&atilde;o.

A pamonha de milho verde, com mexilhões frescos e salsinha | Foto: Thiago Alves

O card&aacute;pio completo inclui ainda pamonha com mexilh&otilde;es frescos, curry verde com aspargos, tacac&aacute; com camar&otilde;es em tucupi e at&eacute; um varenik de batata com cebola caramelizada, al&eacute;m de sobremesas como pudim de leite, torta de chocolate com caramelo salgado e um &ldquo;pingado&rdquo; - creme de mascarpone com crocante de chocolate e cacau. Tudo incluso no valor da reserva. Nada &eacute; vendido ali. O luxo est&aacute; em n&atilde;o precisar pedir. S&oacute; viver.

Cheguei ansioso. Era um dia tenso, cheio de pend&ecirc;ncias. Tinha pressa de embarcar, a cabe&ccedil;a girando entre preocupa&ccedil;&otilde;es e notifica&ccedil;&otilde;es. Mas sa&iacute; leve. Feliz. Sereno. Um carro me levou at&eacute; a porta do avi&atilde;o, com &aacute;gua fresca na m&atilde;o e sorrisos sinceros de despedida. A hospitalidade, afinal, &eacute; isso: senso de detalhe, tempo certo, gentileza genu&iacute;na.

A salada de beterraba com coalhada do chef Ivan Ralston | Foto: Thiago Alves

Com projeto arquitet&ocirc;nico da Perkins &amp; Will, interiores do escrit&oacute;rio Pascali Semerdjian e curadoria art&iacute;stica da Galeria Sim&otilde;es de Assis, o terminal BTG Pactual n&atilde;o &eacute; s&oacute; bonito. &Eacute; funcional. Tem salas de reuni&atilde;o, lounges privativos e, em breve, su&iacute;tes para descanso entre conex&otilde;es.

O interior do terminal BTG Pactual | Foto: Fran Parente

&Eacute; o primeiro da Am&eacute;rica Latina a oferecer check-in, seguran&ccedil;a e imigra&ccedil;&atilde;o privativos para voos comerciais - com tudo feito ali mesmo, em um ambiente de 2.400 m2 onde cada detalhe parece pensado para devolver ao passageiro aquilo que o aeroporto convencional tirou: o prazer de viajar. Conclus&atilde;o, foi a melhor comida de aeroporto que j&aacute; provei. De longe. Mas mais do que isso: foi o melhor embarque que j&aacute; vivi. E olha que eu embarco bastante.

A melhor comida de aeroporto que já provei

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