Ap&oacute;s anos fechado, o restaurante comandado por Edson Yamashita reafirma seu posto entre os grandes templos da culin&aacute;ria japonesa do Brasil.

A noite estava fria em <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/gastronomia/de-sao-paulo-a-paris-onde-a-alma-francesa-encontra-seu-espelho">S&atilde;o Paulo</a>. Daquelas que pedem calor e alguma forma de beleza. Entrei no Ryo com essa disposi&ccedil;&atilde;o e sa&iacute; de l&aacute; encantado. J&aacute; conhecia o trabalho de Edson Yamashita, e sou f&atilde; declarado de sua trajet&oacute;ria e do modo quase meditativo com que conduz sua cozinha. Voltei ao restaurante com a expectativa de reencontrar um lugar essencial, rigoroso, sens&iacute;vel. Encontrei exatamente isso, em estado de gra&ccedil;a. Depois de quase dois anos fechado, o Ryo reabriu suas portas, e o fez com eleg&acirc;ncia. O layout foi mantido: o sal&atilde;o compacto, o balc&atilde;o de madeira clara onde os gestos falam mais do que as palavras. Mas h&aacute; algo de mais maduro, mais refinado no ar. A atmosfera foi enriquecida pela curadoria de Yugo Mabe Jr., que trouxe ao espa&ccedil;o obras de seu pai e de seu av&ocirc;, os artistas Yugo e Manabu Mabe, criando um pano de fundo silencioso que dialoga com a pr&oacute;pria filosofia do <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/gastronomia/bvlgari-leva-il-ristorante-niko-romito-a-ilha-de-bali">restaurante</a>.

Edson Yamashita | Foto: Gilberto Bronko

Yamashita &eacute; a personifica&ccedil;&atilde;o dessa filosofia. Come&ccedil;ou cedo, aos 13 anos, no Shin Zushi, restaurante da fam&iacute;lia. Aos 25, depois de uma d&eacute;cada entre T&oacute;quio e Kyoto, assumiu o comando da casa e introduziu em S&atilde;o Paulo o conceito de omakase - a degusta&ccedil;&atilde;o confiada ao chef. Em 2014, fundou o Ryo com s&oacute;cios como Mamoru Ichitani Jr. e Luiz Marcell Kokubo, com o desejo de criar um espa&ccedil;o de liberdade criativa e rever&ecirc;ncia &agrave; sazonalidade dos ingredientes. O reconhecimento veio r&aacute;pido: uma estrela Michelin em 2018, a segunda em 2020. Agora, com a reabertura, a casa recuperou sua primeira estrela e caminha firme para o retorno da segunda. Mas o que mais impressiona n&atilde;o s&atilde;o os pr&ecirc;mios - e sim a const&acirc;ncia. O Ryo &eacute; um restaurante que s&oacute; melhora com o tempo.&nbsp;

O ambiente do Ryo | Foto: Gilberto Bronko

Moritsuke Snacks | Foto: Kenzo Sanematsu

Na noite em que fui, provei o menu de outono, que Edson come&ccedil;a a desenvolver semanas antes da mudan&ccedil;a oficial da esta&ccedil;&atilde;o. A experi&ecirc;ncia come&ccedil;a com pequenas entradas milimetricamente equilibradas, que abrem o apetite e revelam a eleg&acirc;ncia da proposta. Mas foi nos pratos quentes que me entreguei completamente. Cada um deles parecia traduzir a maturidade do chef - como se o calor, ali, n&atilde;o fosse s&oacute; t&eacute;cnica, mas afeto. Me marcaram especialmente o tataki de peixe no tucupi com mandioquinha, uma ponte delicada entre Amaz&ocirc;nia e Jap&atilde;o, e o creme de tofu com milho confitado e cogumelos, que parecia brincar com texturas e temperaturas. Houve ainda uma massa feita com tinta de lula, acompanhada por creme de mexilh&atilde;o e lulas frescas, absolutamente refinada. Mas mais do que os ingredientes, o que me impressionou foi o equil&iacute;brio. A harmonia. A calma.

Aji no tucupi, carapau na brasa com creme de mandioquinha tucupi e espuma de cebolinha | Foto: Kenzo Sanematsu.

Muki na cavatelli, massa com tinta de lula, creme de mexilhão, lula e karasumi | Foto: Kenzo Sanematsu

O prato principal - um bife ancho servido com pur&ecirc; de cebola, caldo de m&uacute;sculo e trufas negras - mostrou como Yamashita tamb&eacute;m sabe ser potente, sem perder a leveza. Depois vieram os sushis, sempre na medida, e uma sobremesa arom&aacute;tica com sorvete de cumaru, ameixa, coco e &oacute;leo de figo, que fechou a noite com do&ccedil;ura sutil.

Os sashimis do Ryo | Foto: Kenzo Sanematsu

Edson Yamashita no seu Ryo | Foto: Gilberto Bronko

Sorvete de cumaru, ameixa assada com mel, espuma de coco, oleo de figo e ameixa desidratada | Foto: Kenzo Sanematsu

O menu completo custa R$1.290, com op&ccedil;&atilde;o de harmoniza&ccedil;&atilde;o. No almo&ccedil;o, &eacute; poss&iacute;vel viver a experi&ecirc;ncia em vers&atilde;o reduzida. Mas o que se experimenta ali vai al&eacute;m de qualquer n&uacute;mero.
O Ryo &eacute; um restaurante que opera em outra frequ&ecirc;ncia. Em vez de espet&aacute;culo, oferece pausa. Em vez de discurso, entrega aten&ccedil;&atilde;o. A hospitalidade segue os princ&iacute;pios do omotenashi - uma generosidade silenciosa, profunda, que n&atilde;o precisa se mostrar para ser sentida. Yamashita n&atilde;o fala alto. Mas diz tudo. Com rigor, beleza e uma serenidade que &eacute; rara de encontrar, na vida e na cozinha.

A excelência absoluta do Ryo em São Paulo

Tags

Posts relacionados

Gastronomia

Song Qi celebra o 1° ano com novo cardápio de culinária chinesa

Gastronomia

Freixenet apresenta campanha que marca uma nova e brilhante fase

Gastronomia

De São Paulo a Paris: onde a alma francesa encontra seu espelho

Posts recomendados

Pop culture

Hailee Steinfeld entrega detalhes de casamento com Josh Allen

Moda

Chanel apresenta a NEVOLD, focada em circularidade na moda

Pop culture

Meghan e Harry ficarão de fora do aniversário do rei Charles

Hommes

The Library transforma a peça mais básica e atemporal em protagonista

Moda

Louis Vuitton veste Real Madrid com elegância histórica

Pop culture

Ben Affleck vai perder milhões para se livrar de Jennifer Lopez

Wellness

Endometriose existe antes mesmo do nascimento? Entenda a teoria

Hommes

Sobreposições e contrastes na alfaiataria do agora