&ldquo;Existe uma rachadura em tudo, e&nbsp;&eacute; assim que a luz entra&rdquo; reflex&otilde;es de "Anthem" - Leonard Cohen.&nbsp;

H&aacute; um certo romantismo impl&iacute;cito em perder-se. &ldquo;Perder-se tamb&eacute;m &eacute; caminho&rdquo; disse Clarice; &ldquo;perco-me e acho tudo legal&rdquo; diz algu&eacute;m na <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/wellness/exercicios-na-rotina-podem-ser-o-caminho-para-a-felicidade">internet</a> que tamb&eacute;m poderia ser replicado como &ldquo;Lispector, Clarice".&nbsp;
 Com certeza ambos (Clarice Lispector AND Clarice FakeNews) escreveram isso ap&oacute;s uma longa travessia no deserto ou em um pequeno <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/viagem/fuso-concept-hotel-e-perfeito-para-se-desconectar-e-relaxar">o&aacute;sis</a> ap&oacute;s terem se perdido at&eacute; do camelo e, com isso, toda a dignidade junto. Ali, naquele instante em que o gole d'&aacute;gua toca a garganta seca, acharam o m&aacute;ximo e compensat&oacute;rio terem se perdido. Provavelmente na mesma &eacute;poca n&atilde;o haviam tantos caminhos e tantas interfer&ecirc;ncias cruzando seu c&oacute;rtex pr&eacute; frontal.&nbsp;

 Perder-se &eacute; como uma onda em Nazar&eacute;, um furac&atilde;o Katrina. Perder-se &eacute; tamb&eacute;m, em alguns casos, ausentar-se da autonomia. Mas para as ondas em Nazar&eacute; requer-se o m&iacute;nimo de t&eacute;cnica, o m&iacute;nimo de conhecimento emp&iacute;rico. E para um furac&atilde;o &eacute; necess&aacute;rio um bom s&oacute;t&atilde;o montado. Perder-se &eacute; prefer&iacute;vel quando temos um manual de sobreviv&ecirc;ncia mas com tantas vari&aacute;veis assim, perder-se jamais ser&aacute; como montar um m&oacute;vel.&nbsp;

Fotos: Pexels

Em uma vida tecnol&oacute;gica perder-se pode ser "viver na lupa algor&iacute;tmica" (em looping) e chancelar suas escolhas pessoais atrav&eacute;s de uma terceiriza&ccedil;&atilde;o imag&eacute;tica que prop&otilde;e o tempo inteiro um &ldquo;caminho&rdquo; de encontro consigo mesmo. Nessas circunst&acirc;ncias nada &eacute; suficiente. O abismo em que nos encontramos, nesse conto perdido dos n&uacute;meros, refaz nosso instinto de sobreviv&ecirc;ncia para o engajamento. Nos perdemos, meu caro, isso &eacute; indubit&aacute;vel. Qual ser&aacute; o caminho de volta? Em que via deixamos de ser aquilo que nos fortalecia? Em que momentos deixamos de lado o pacto com o inef&aacute;vel?&nbsp;

 Descobri essa palavra no ano passado e n&atilde;o sei como vivi trinta anos sem conhec&ecirc;-la. Para fazer um paralelo com a vida algor&iacute;tmica diria que o inef&aacute;vel &eacute; equivalente a sensa&ccedil;&atilde;o dopamin&eacute;rgica que as redes sociais nos trazem, com uma diferencia sutil mas determinante de que o inef&aacute;vel nos coloca em estado de gra&ccedil;a, quando a dopamina nos p&otilde;e de frente com a abstin&ecirc;ncia. Somos NEO-Junkies, covardes o suficiente para fingir que tudo vai bem.

O inef&aacute;vel talvez seja similar ao fechar dos olhos, ao n&atilde;o precisar de mais nada, o inef&aacute;vel deve se assimilar ao j&uacute;bilo (outra palavra que eu amo) em grandeza. Nos distanciamos da grandeza das coisas, das palavras, do afeto, em busca de resultados fr&aacute;geis, f&aacute;ceis e ilus&oacute;rios. O desvio est&aacute; feito e parece que o caminho antigo est&aacute; em obras e sem previs&atilde;o de retomada. Aquele, o desvio, com certeza foi feito com superfaturamento e est&aacute; sendo orquestrado por pessoas que perderam sua humanidade.

No in&iacute;cio do ano passei vinte e um dias fora das redes, quando voltei n&atilde;o acreditava mais em mim e em nenhum dos zumbis &ldquo;avatarizados&rdquo; que via. Perdi memes, not&iacute;cias mas ganhei principalmente no compromisso com a verdade, a minha, aquela inef&aacute;vel, insubstitu&iacute;vel. Passado o tempo entendi que a mentira move o mundo, que sempre foi assim. A mentira, essa&nbsp; contr&aacute;ria &agrave; fic&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o tem compromisso em gerar um caminho em dire&ccedil;&atilde;o a n&oacute;s mesmos - Foi ela quem simplesmente operou o desvio. E n&oacute;s, poeira das estrelas em ritmo de manada, vivemos mesmo como o p&oacute;, sobrevoando ao relento do que fomos.&nbsp;

Esse texto parece ser pessimista frente &agrave; vida perfeita que todos ostentamos em nossas &ldquo;auto-edi&ccedil;&otilde;es&rdquo;; ter dom&iacute;nio da narrativa, alguns dizem. O que temos que provar? Por que? E pra quem&nbsp;Na verdade, as vezes s&oacute; gostaria de poder ser triste - E eu sei que voc&ecirc; tamb&eacute;m. A real tristeza &eacute; o trampolim da supera&ccedil;&atilde;o. E nessa dicotomia entre quem esconde melhor versus a disputa maluca por quem sofre mais, n&atilde;o aguentamos mais ver v&iacute;timas - e elas est&atilde;o por toda a parte, principalmente dentro de n&oacute;s.

Depois de atravessar o deserto e, no o&aacute;sis, tomar minha &aacute;gua em um copo de pl&aacute;stico branco de 200ml como nas festas de crian&ccedil;a, tirarei todos os obst&aacute;culos da frente do caminho e, em retomada, voltarei ao lugar de onde sempre habitei, antes dos escombros que n&atilde;o eram meus terem soterrado tudo aquilo que de melhor t&iacute;nhamos pra dar. Ainda temos para onde ir, que a festa dos cansados loucos pra sentar sentar e sentar n&atilde;o nos feche para os raios de sol do c&eacute;u da cidade.

H&aacute; espa&ccedil;o para reconstruir e h&aacute; m&atilde;o de obra viva e l&uacute;cida para tecer novas narrativas - essas, cruas. Precisamos da crueza da coisa para al&eacute;m de mat&eacute;rias sensacionalistas e ca&ccedil;a-likes. A crueza &eacute;, principalmente, a propriedade do que &eacute; natural (pode colocar no google). A cada dia em que org&acirc;nico perde mais e mais espa&ccedil;o, uma fada morre na quinta dimens&atilde;o - mas isso &eacute; papo pra outro dia.

Por hora, ou&ccedil;amos Leonard Cohen em seu "Anthem" e&nbsp;Matilde Campilho com seu <a href="https://www.youtube.com/watch?v=a2u1D4i-C48" style="letter-spacing: 0px;">&ldquo;Fevereiro".</a>
"Os p&aacute;ssaros cantam no romper do dia&nbsp; comece de novo Eu ou&ccedil;o eles dizendo N&atilde;o se apoie naquilo que passou Ou naquilo que est&aacute; para vir&rdquo;

Reflexões: Por onde andei enquanto eu me procurava?

Tags

Posts relacionados

Wellness

Esgotamento social: entenda tudo sobre o fenômeno

Wellness

Numerologia: saiba qual seu propósito através dos números

Wellness

Ansiedade e Depressão - Como elas podem afetar a saúde da pele?

Posts recomendados

Pop culture

Jennifer Garner não quer mais contato com Jennifer Lopez

Pop culture

Nicole Kidman fala com exclusividade para L’Officiel Brasil

Pop culture

Família real: o que significa trabalhar no Castelo de Windsor?

Pop culture

HBO declara apoio a J.K. Rowling em meio às polêmicas da autora

Pop culture

Ivete Sangalo fala sobre relação com Xuxa: “Tivemos um ilariê”

Moda

Dimy revela a essência do Verão 25 em sua nova coleção Despertar

Pop culture

Kate Winslet e Leonardo DiCaprio: reencontro após quase 30 anos

Pop culture

Cher relembra como foi cantar para a Princesa Margaret