L’Officiel Hommes #27: ENERGIA EM TRÂNSITO
A nova edição da L'Officiel Hommes Brasil está imperdível e recheada de Moda, Cultura, Luxo, Diversidade e Beleza. Confira um preview do que esperar!
ESPÍRITO DE MUDANÇA
Decretou o poeta Cartola que “a vida é um moinho”. A moda bebe dessa fonte, e vez ou outra salta décadas para trás apenas com o objetivo de resgatar o estilo que fez a cabeça da turma nascida depois da Segunda Guerra Mundial. O jeans, a camiseta branca e o par de tênis ganharam força graças à rebeldia do rock; os tons purpurinados, as batas longas e as bocas de sino ocuparam os acampamentos coletivos setentinhas; o couro colado ao corpo, meio fetichista, foi o ápice do punk dos anos 1980. Era um tempo fervido, de sutiã queimado contra o machismo e de terno e gravata sendo trancafiados no armário. Aqueles jovens do passado, que “shiparam” Burt Lancaster e Ava Gardner, caíram de amores por Sophia Loren, rasgaram as calças de brim, encheram as jaquetas de couro com tachas pontiagudas e criaram movimentos na contramão da sociedade careta, envelheceram. Mas, e daí? O que tem demais ficar velho? Idade nunca foi condenação ao ostracismo, na verdade, ela deveria ser sinônimo de experiência, de histórias interessantes para serem contadas. Está na hora de o mercado revalidar a importância dessa gente e encarar as rugas e os cabelos escassos com orgulho. Etarismo, assim como tantos preconceitos, da homofobia à gordofobia, precisa ser combatido. E nada é mais eficiente que mostrar os tiozões no auge de seus cinquenta, setenta ou noventa e poucos anos, na pista, mandando o recado para a juventude menos transviada que se tem notícia. Nessa vibe sem documento no bolso, fomos ao encontro da normalidade – ou da normatização – das dezenas de velinhas apagadas. O artista plástico polonês Maciej Babinski, que atravessou 91 anos, mergulha no universo dos nativos digitais e tira onda repaginando a própria obra em bytes. Supla, um roqueiro com alma anarquista, embora não esconda os 57 anos impressos no registro geral, é tão jovem quanto a banda que o acompanha, cuja média não ultrapassa as 23 primaveras. E dono de um estilo à Sex Pistols. Outros que se aproximam do meio século bem vivido são o humorista Antonio Tabet e o rapper MV Bill, afinadíssimos com o presente, elegantes e no ponto exato que faz a crítica derreter. Com tanta mesmice no caminho e uma moçadinha contaminada pelo conservadorismo chato, Ronaldo Fraga é o que chamamos de “luz no fim do túnel”. Ousado e combativo, politizado e zero previsível, ele transforma a realidade fashion numa espécie de “sensual couture”, bombada pela bossa entoada por Nara Leão ou pelo som rasgado dos bandolins de Oswaldo Montenegro. Para deixar a edição ainda mais interessante, escalamos o chef Ferran Adrià, que se encarregou de temperar o enredo com doses extras de inventismo e de comprovar que não tem essa de safra certa. Ainda que o novo sempre venha, como alertou Belchior, vale lembrar que os melhores vinhos precisam de muito tempo para agradar aos paladares mais exigentes.
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