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        <p><em>Futuro androide! Criando em T&oacute;quio, o m&uacute;sico Keiichiro Shibuya derruba os limites entre a composi&ccedil;&atilde;o musical cl&aacute;ssica e os sons gerados por intelig&ecirc;ncia artificial.</em></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>Ele toca piano cal&ccedil;ando um par de <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/balenciaga-se-pronuncia-apos-campanha-polemica">Balenciaga</a> Defender e cria &oacute;peras com ajuda de um androide chamado Alter. Nascido em 1973, Keiichiro Shibuya estudou composi&ccedil;&atilde;o musical na Universidade de Artes de T&oacute;quio e, em 2002, fundou o selo ATAK, atuando simultaneamente em performances e grava&ccedil;&otilde;es.</span></p>
        <p style="text-align: justify;"><span>Desde 2017, o m&uacute;sico e compositor <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/gastronomia/5-bebidas-para-preparar-e-saborear-em-casa">japon&ecirc;s</a> desafia as fronteiras entre o humano e a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/avatar-tecnologia-do-longa-revoluciona-diagnostico-de-doencas">tecnologia</a>: sob seu comando, m&uacute;sica cl&aacute;ssica e <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/princesa-diana-e-retratada-por-inteligencia-artificial">intelig&ecirc;ncia artificial</a> se encontram e se completam produzindo belas imagens e sons inusitados, como na &oacute;pera vocaloide </span><span>The End</span><span>, composta inteiramente com &aacute;udio e imagens geradas por um computador; ou na trilha sonora do filme </span><span>Kaguya by Gucci</span><span>, que celebra os 75 anos da bolsa Bamboo da marca italiana. Em outubro, lan&ccedil;ou o single </span><span>Borderline</span><span>, primeira m&uacute;sica pop feita em collab de humanos e androides &mdash; a letra foi criada por I.A. e &eacute; um dueto da cantora Stephani Poetri com o androide. Para </span><span>L&rsquo;OFFICIEL</span><span>, ele falou um pouco mais sobre tecnologia, BMX e Demna.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span><strong>Desde quando voc&ecirc; se interessa por tecnologia? </strong><br /></span><span>Quando o Apple PowerBook G3 se tornou popular em 1997, os computadores foram subitamente capazes de gerar som. Acho esta uma inova&ccedil;&atilde;o t&atilde;o importante quanto a inven&ccedil;&atilde;o do piano ou do violino.<br /><br /></span></p>
        <p style="text-align: justify;"><strong>Voc&ecirc; pode nos contar um pouco sobre seu processo criativo? Como o trabalho com androides difere do &ldquo;anal&oacute;gico&rdquo;?<br /></strong><span>Como artista que usa a tecnologia como m&iacute;dia musical, acho muito importante ter uma boa equipe de artistas, t&eacute;cnicos, engenheiros e produtores. Colocar um androide no centro da cria&ccedil;&atilde;o atribui-lhe um significado maior, o que afeta a forma como as pessoas colaboram entre si. Se o projeto &eacute; centralizado em apenas uma pessoa, quem est&aacute; em volta pensa que o trabalho &eacute; para essa pessoa. No entanto, colocar um rob&ocirc;, um ser sem ego, como n&uacute;cleo do trabalho, promove uma coopera&ccedil;&atilde;o mais forte dentro da equipe; todos cooperam de uma maneira muito diferente em compara&ccedil;&atilde;o com a&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">colabora&ccedil;&atilde;o apenas entre humanos. Isso poderia nos dar uma vis&atilde;o sobre o futuro da nossa sociedade.</span></p>
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              <div class="column">
                <p style="text-align: justify;"><strong>Quanto da composi&ccedil;&atilde;o &eacute; sua e quanto pertence ao androide?<br /></strong><span>Para mim, a m&uacute;sica tem dois modos de cria&ccedil;&atilde;o: com partituras e pela improvisa&ccedil;&atilde;o. Eu componho a partitura; o improviso vem do androide, que usa o aprendizado da m&aacute;quina e da programa&ccedil;&atilde;o do computador. O processo &eacute; o mesmo quando trabalho com humanos, mas com androides &eacute; uma experi&ecirc;ncia excepcional. As possibilidades tecnol&oacute;gicas a serem exploradas s&atilde;o infinitas.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><strong>Dor, vida e morte s&atilde;o temas recorrentes em sua obra &ndash; e, indiscutivelmente, muito humanos. Ao trabalhar com intelig&ecirc;ncia artificial, voc&ecirc; subverte o significado desses sentimentos.<br /></strong><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Se quisermos enfrentar a ess&ecirc;ncia da dor ou do luto, devemos separ&aacute;-la da especificidade da minha ou da sua dor. Em vez disso, devemos pensar na natureza da dor em si. Usando androides e IA, nos concentramos na ess&ecirc;ncia das emo&ccedil;&otilde;es, tornando os sentimentos mais objetivos. Estou mais interessado no fim do que no come&ccedil;o. Sinto que o fim do mundo est&aacute; se tornando uma realidade, mas talvez haja um novo&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">mundo ap&oacute;s o fim. Minha imagina&ccedil;&atilde;o sobre o p&oacute;s-vida continua uma grande influ&ecirc;ncia no meu trabalho criativo, como na minha &oacute;pera </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">The End </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">(2012).</span></p>
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      <div class="column">
        <p style="text-align: justify;"><strong>Voc&ecirc; acha que no futuro os androides far&atilde;o parte do nosso dia a dia?<br /></strong><span>Eu acho que sim. No Jap&atilde;o, os rob&ocirc;s j&aacute; entregam refei&ccedil;&otilde;es em restaurantes e ajudam os idosos a se comunicarem com outras pessoas. Em pa&iacute;ses que t&ecirc;m uma popula&ccedil;&atilde;o em decl&iacute;nio, nem todas as tarefas poder&atilde;o mais ser feitas por humanos, por isso, acho que os rob&ocirc;s estar&atilde;o cada vez mais presentes na vida cotidiana.</span></p>
        <strong> </strong>
        <p style="text-align: justify;"><strong><br />Por outro lado, o aumento da digitaliza&ccedil;&atilde;o em nossas intera&ccedil;&otilde;es sociais (redes sociais, Zoom, WhatsApp etc.) tamb&eacute;m pode ser criticado e pejorativamente visto como uma &ldquo;desumaniza&ccedil;&atilde;o&rdquo; da vida social. O que voc&ecirc; pensa sobre isso?<br /></strong><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Acho que &eacute; poss&iacute;vel utilizar a tecnologia e tamb&eacute;m gostar de fazer coisas de maneira anal&oacute;gica. Eu ando de </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">kick scooter </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">el&eacute;trico, mas tamb&eacute;m ando de bicicleta BMX. Fa&ccedil;o m&uacute;sica no computador, mas trabalho em partituras de papel com orquestras. Acho que a tecnologia e a vida anal&oacute;gica devem ser compat&iacute;veis. Hoje em dia, o envio de mensagens de texto parece muito mais natural do que telefonemas, de modo que o limite entre o virtual e o real &eacute; difuso neste sentido. &Agrave; medida que a realidade virtual evolui, acredito que esta vai se tornando parte da comunica&ccedil;&atilde;o cotidiana. Mas n&atilde;o podemos deixar de encontrar pessoas na vida real. A conex&atilde;o humana, presencial, ainda &eacute; vital.</span></p>
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      <div class="column">
        <p style="text-align: justify;"><strong>Voc&ecirc; tem um estilista preferido?<br /></strong><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Acho Demna um talento excepcional que encara novos desafios usando a moda como um meio visual 3D. Ele busca um design de silhueta &uacute;nico e de alta qualidade sem cair em imagens 2D do mundo atual dominado digitalmente. Tamb&eacute;m acho interessante que a Balenciaga tenha feito camise- tas de cidades, como &ldquo;PARIS&rdquo; ou &ldquo;DUBAI&rdquo;, como se fossem par&oacute;dias de suvenires de viagens. De certa forma, &eacute; como uma rebeli&atilde;o de moda.</span></p>
        <p style="text-align: justify;"><strong><br /></strong><span><strong>Respondendo a um coment&aacute;rio no Instagram sobre os seus t&ecirc;nis Balenciaga, voc&ecirc; disse &ldquo;&eacute; uma atitude punk&rdquo;. O punk inf luencia seu trabalho?</strong><br /></span><span>Minha &ldquo;atitude punk&rdquo; faz refer&ecirc;ncia a como o pintor ucraniano de 25 anos Daniel Spivakov me descreveu. Eu n&atilde;o ou&ccedil;o muito punk, mas h&aacute; um momento na hist&oacute;ria do punk que realmente ressoa em mim: quando os Sex Pistols terminaram seu primeiro &aacute;lbum, Malcolm McLaren elevou o tom para um semitom. Normalmente, ningu&eacute;m pode tocar na m&uacute;sica se a masteriza&ccedil;&atilde;o final j&aacute; foi feita. O &aacute;lbum foi um enorme sucesso ap&oacute;s essa interven&ccedil;&atilde;o. Esta &eacute; realmente uma atitude punk, uma atitude de risco e de explora&ccedil;&atilde;o experimental fora da teoria musical.<br /><br /></span></p>
        <p style="text-align: justify;"><strong>Em abril de 2022, voc&ecirc; inaugurou o Laborat&oacute;rio de Androides e Ci&ecirc;ncias Musicais na Universidade de Artes de Osaka. Como voc&ecirc; espera influenciar a educa&ccedil;&atilde;o desta nova gera&ccedil;&atilde;o de m&uacute;sicos?<br /></strong><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Para ser honesto, na m&uacute;sica, o talento e o esfor&ccedil;o desempenham um papel enorme na profici&ecirc;ncia e no sucesso, e isto &eacute; complementado pela educa&ccedil;&atilde;o. Hoje, no que diz respeito &agrave; cria&ccedil;&atilde;o de novas m&uacute;sicas, s&oacute; se pode fazer algo se voc&ecirc; estudar apenas m&uacute;sica ocidental. Na m&uacute;sica pop, n&atilde;o se trata apenas das habilidades musicais, mas tamb&eacute;m de como se cria uma identidade de estrela pop. Acredito que o aprendizado junto com a tecnologia, que muda e se desenvolve continuamente, ir&aacute; inovar a nova m&uacute;sica. O Laborat&oacute;rio &eacute; um lugar onde talentos criativos de todo o mundo &ndash; n&atilde;o apenas m&uacute;sicos, mas tamb&eacute;m arquitetos, artistas visuais e afins &ndash; se re&uacute;nem para colaborar e criar algo novo. Este local estimula o interesse dos estudantes pelo futuro e por ideias criativas.</span></p>
        <p style="text-align: justify;"><strong><br /></strong><span><strong>E seus pr&oacute;ximos projetos?</strong><br /></span><span>No primeiro semestre de 2023, vou apresentar uma nova vers&atilde;o da &oacute;pera-androide na Europa. Espero poder apresent&aacute;-la um dia no Brasil tamb&eacute;m.</span></p>
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Keiichiro Shibuya derruba os limites entre o clássico e o artificial

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