Cultura

Louis Vuitton: designers personalizam bolsas em evento de arte

Ato 4! Quarta edição da Artycapucines reuniu seis nomes do design e das artes assinando bolsas da Louis Vuitton que refletem seus trabalhos e personalidades.

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Fotos: Louis Vuitton/Divulgação

O arquiteto Peter Marino tem um mantra: Cada item deve ser único e bem equilibrado. É a máxima que rege tanto as obras de arte de nomes como Viktor Muniz e Basquiat que compõem sua coleção privada quanto os projetos que cria para clientes nos quatro continentes. Entre eles, é de longa data a parceria com a Louis Vuitton, assinando projetos arquitetônicos para as lojas da marca francesa sozinho ou em parceria com outros nomes igualmente poderosos. Em 2021, planejou com o arquiteto japonês Jun Aoki a reforma do endereço em Ginza, que ganhou uma fachada em vidro curvo. Em 2019, junto com Frank Gehry, projetou o espaço para Seul, com uma fachada tortuosa de vidro sobre um cubo branco. O convite recebido no final do ano passado pode até ser diferente, mas reverbera igualmente seu universo pessoal.

Aos 73 anos de idade (que ele não aparenta) e sempre vestido em couro preto como um motociclista, Marino foi um dos seis artistas convidados para o quarto capítulo do projeto Artycapucines. Esses materiais e a cor foram os escolhidos para customizar a bolsa criada em 2013 e que remete ao primeiro endereço da Louis Vuitton, em 1854. Para ser usada ou exibida como uma obra, sua criação é, ao mesmo tempo, prática e robusta. Foi inspirada em uma caixa medieval que ele viu em um prédio do século 14, em Veneza. Chamaram sua atenção as alças pesadas e o mecanismo de travamento. Juntando tudo, sua Capucines é feita de tiras de couro presas por 315 tachas; um fecho inovador permite que a aba da bolsa possa ser presa na barra de metal emprestada do pequeno baú, finalizada por uma medalha com a flor LV esmaltada. A alça é em forma de chicote e o interior, também em couro.

Além de Marino, a lista da etapa 2022 do Artycapucines também trouxe criações de Park Seo-bo, considerado o pai da arte coreana moderna; o suíço Ugo Rondinone, famoso pelo domínio de mídias diferentes, e do premiado artista francês Daniel Buren. Da nova geração, vieram a pintora parisiense Amélie Bertrand e o escultor americano Kennedy Yanko. Cada bolsa tem edição limitada a 200 unidades, e a criação de Buren pode ser encontrada em 50 unidades de cada cor. 

Seo-bo foi buscar subsídios na série Écriture, de 2016, e contou com o talento do neto, Park Jifan, para criar a textura tátil com injeção de borracha 3D sobre o couro. O acabamento final é feito em pátina vermelha pintada à mão. O forro reproduz o verso da pintura original. É de nogueira polida a alça montada sobre a armação de metal. Já Rondinone fez da sua Artycapucines um alegre colorido dividido entre o padrão arlequim, que exigiu cerca de 15 mil contas bordadas manualmente e mais de 100 horas de trabalho, e a alça em resina translúcida moldada como um arco-íris que, assim como o palhaço, é tema recorrente em sua obra. Também espelhando seu trabalho, a criação de Buren é um trapézio colorido finalizado por alças em meio círculo em resina que podem ser removidas. A bolsa de Amélie é perfeita para uma balada. Inspirada na atmosfera a vida noturna no verão, é a primeira Artycapucines a brilhar no escuro, o que foi possível com o uso de um pigmento inovador. Seguindo a linha de pensamento, a artista escolheu alça de resina turquesa, linhas de azulejo, além de uma escultura floral e corrente – que ganhou iridescência graças ao processo de chapeamento “scarabeo”, que também aparece no logotipo e no broche de flores Monogram –, fazendo link com suas obras. Na alça, a costura é fosforescente.

Já a criação de Yanko é uma bolsa-escultura que traduz sua arte em metal. Para chegar a esse resultado, o corpo da bolsa foi primeiro impresso em 3D. O molde serviu para posicionar o couro, que então foi endurecido. Depois, entraram os efeitos de ferrugem e desgastes, que os artesãos conseguiram obter com uma pátina feita com pigmento dourado enfatizando também as dobras no couro. O visual é industrial e prático porque a alça, os pingentes e a assinatura Yanko podem ser removidos.

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Bolsas assinadas por Peter Marino e Park Seo-Bo, respectivamente. / Criações de Daniel Buren.

Acentuando ainda mais a aproximação entre moda e arte, a Louis Vuitton apresentou pela primeira vez todas as Artycapucines criadas desde 2019, quando o projeto foi lançado, na Paris+, a nova feira de arte contemporânea e moderna dos organizadores da Art Basel, realizada em outubro no Grand Palais Éphémère. A marca francesa assinou como parceira do evento e, em seu estande, além das bolsas estavam um lenço de seda Van Gogh de Jeff Koons, um skate de marca de Stephen Sprouse, um baú de viagem retrabalhado por Cindy Sherman, uma personagem de Yayoi Kusama em cera, uma escultura de panda em um baú vintage LV de Takashi Murakami e pinturas de Richard Prince e Alex Katz, além de relíquias como baús encomendados por Henri Matisse e Francis Picabia em 1909.

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Criações de Daniel Buren.

O comprometimento da grife francesa com as artes começou há quase um século, quando Gaston-Louis Vuitton, neto do fundador da Maison, começou a contratar artistas para colaborar com a Maison em anúncios e frascos de perfume.

Esse compromisso ficou mais forte a partir de 1988, quando a marca estreitou laços com os maiores nomes da arte moderna e do design, incluindo Sol LeWitt, James Rosenquist, Cesar e Olafur Eliasson. Em 2014, a Maison abriu a Fondation Louis Vuitton, projetada por Frank Gehry, em Paris, que tem abrigado exposições de arte moderna.

As seis bolsas criadas pelos artistas convidados da quarta edição da Artycapucines da LOUIS VUITTON.

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