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      <p><em>Em sua obra, Luiz Moreira traz o clamor por igualdade, liberdade e inclus&atilde;o de maneira n&atilde;o panflet&aacute;ria, mas absolutamente contundente. Confira uma entrevista com o artista!</em></p>
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      <p style="text-align: justify;"><span>Desde o advento da <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/valentino-lanca-livro-em-comemoracao-aos-65-anos-de-marca">fotografia</a>, ainda no s&eacute;culo 19, o mundo se transformou &ndash; e jamais foi o mesmo. Essa forma de arte capta como nenhuma outra a ess&ecirc;ncia e a velocidade do mundo. &Eacute; assim que fotografias como as de <strong>Luiz Moreira</strong>, na exposi&ccedil;&atilde;o </span><span>A Luz da Beleza</span><span>, realizada pelo Instituto Iad&ecirc; de <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/arte-ponto-de-vista-virtual-fisico">arte e design</a> com curadoria de Marcus Lontra, na Casa Fran&ccedil;a Brasil, no <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/anitta-coloca-mansao-milionaria-a-venda-no-rio-de-janeiro-conheca">Rio de Janeiro</a>, se tornam o relato evidente da possibilidade de criar questionamento da sua pr&oacute;pria linguagem, de desenvolvimento do seu potencial est&eacute;tico. Luiz se apropria da fotografia para criar imagens e conceitos de contund&ecirc;ncia indiscut&iacute;vel e de veracidade inacredit&aacute;vel. </span></p>
      <p style="text-align: justify;"><span><br />&ldquo;Como toda verdadeira obra de arte, ela induz, provoca e se afirma independentemente de leituras tradicionais. Cada&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">trabalho do Luiz &eacute; um libelo pela beleza&rdquo;, fala o curador Marcus Lontra. &ldquo;Ele nos ensina que ela liberta. A beleza que aflora em suas obras &eacute; de todo um povo, das pessoas escravizadas que vieram ao Brasil, das pessoas oriundas do continente africano que enriquecem o mundo com sua abund&acirc;ncia cultural, com sua generosidade, com sua capacidade, ao dialogar com as diversas culturas de todas as regi&otilde;es do planeta. Luiz nos mostra, nesta exposi&ccedil;&atilde;o, a beleza de todo um povo, a beleza de todos os povos, a beleza de todas as epidermes que se afirmam na negritude&rdquo;, diz Lontra.</span></p>
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<p style="text-align: justify;"><span>Luiz Moreira, 32 anos, iniciou sua carreira como fot&oacute;- grafo aos 22, e encontrou na atividade uma paix&atilde;o. Uma s&eacute;rie de trabalhos fotogr&aacute;ficos desenvolvidos em 2017 para a ind&uacute;stria da moda levou Luiz a usar modelos em seus trabalhos&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">autorais, acrescentando uma camada criativa &agrave; sua obra, que passou a conter a concep&ccedil;&atilde;o e a dire&ccedil;&atilde;o de um enredo. Em 2018, o artista participou, pela primeira vez, das edi&ccedil;&otilde;es da SP-Arte e SP-Arte/Foto. Em 2019, Luiz Moreira mudou-se para Miami, onde produziu a s&eacute;rie </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Santo Negro</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">, cujo sucesso rendeu a ele as primeiras exposi&ccedil;&otilde;es internacionais, na San Paul Gallery (Miami, EUA), Macek Gallery (Sunny Isles, EUA) e na semana da Art Basel (Miami, EUA).</span></p>
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      <p style="text-align: justify;"><span>Sua obra &eacute; marcada por suas experi&ecirc;ncias pessoais e pelo reencontro com suas ra&iacute;zes. A oportunidade de participar de seu primeiro festival AfroPunk, em Johannesburgo em 2016, fez com que Luiz entrasse em contato com sua pr&oacute;pria ancestralidade e optasse por trabalhar mais pr&oacute;ximo da comunidade negra, al&eacute;m de trazer &agrave; tona esta pauta enquanto artista preto. Luiz Moreira exalta a pot&ecirc;ncia est&eacute;tica das festas, dos ritos, da cultura dos povos origin&aacute;rios da &Aacute;frica. As cores vibram diante de nosso olhar e as personagens caminham entre n&oacute;s como um desfile de carnaval: cor, sedu&ccedil;&atilde;o e encantamento. &ldquo;Diante das poderosas imagens de Luiz Moreira compreendemos que, ao final, nos resta a esperan&ccedil;a de que ela h&aacute; de consagrar na pele escura desse novo Brasil que em breve haver&aacute; de surgir: preto, forte, corajoso, belo e verdadeiro&rdquo;, diz Marcus Lontra. Permeiam sua obra temas como individualidade e coletividade, ancestralidade e liberdade.</span></p>
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      <p style="text-align: justify;"><span><strong>Acredita que sua ancestralidade veio mais intensamente &agrave; tona depois de ter sa&iacute;do do Brasil?</strong><br /></span><span>Sim! Em 2017 fiz uma viagem a trabalho para Johannesburgo (&Aacute;frica do Sul). Essa experi&ecirc;ncia mudou minha vida, meu trabalho, minhas rela&ccedil;&otilde;es sociais, interpessoais e minha vis&atilde;o art&iacute;stica. Real&ccedil;ou minha brasilidade e toda pot&ecirc;ncia afrodiasp&oacute;rica. Dessa viagem em diante, percebo que busco mais o letramento racial e atrav&eacute;s de minha ancestralidade aprender a olhar mais para dentro de mim e tentar compreender minhas subjetividades e melhor enxergar o meu &ldquo;Eu&rdquo; na sociedade. N&atilde;o s&oacute; como me vejo como tamb&eacute;m sou visto e interpretado. Acredito que meu trabalho evoluiu ap&oacute;s essas experi&ecirc;ncias, sobretudo com as trocas, com outras culturas que refor&ccedil;am minha ancestralidade e poder da negritude.</span><br /><br /><br /></p>
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          <div class="column">
            <p style="text-align: justify;"><strong>A fotografia funciona como ferramenta de civilidade para uma sociedade contradit&oacute;ria e racista?<br /></strong><span>Certamente, sim. Ferreira Gullar ensinou que &ldquo;A arte existe porque a vida n&atilde;o basta&rdquo;. Da&iacute; vejo esse poder que somente a arte possui de ensinar, fazer refletir, tocar e sensibilizar as pessoas. Se tudo &eacute; pol&iacute;tica, a fotografia tamb&eacute;m o &eacute;. Fotografia &eacute; uma potente forma de comunica&ccedil;&atilde;o e informa&ccedil;&atilde;o que toca as pessoas de modo instant&acirc;neo e desperta nelas m&uacute;ltiplos sentimentos e reflex&otilde;es. Meu trabalho &eacute; produto de leituras, experi&ecirc;ncias pessoais e viv&ecirc;ncias di&aacute;rias. Justamente dessa mistura surgem inspira&ccedil;&otilde;es que a partir delas observo o mundo e provoco o espectador com minhas obras. &Eacute; a minha &ldquo;fotoviv&ecirc;ncia&rdquo;, justamente como ensina Concei- &ccedil;&atilde;o Evaristo ao falar de sua escreviv&ecirc;ncia. &Eacute; imperativo dar destaque &agrave; cultura preta e nossa hist&oacute;ria ser por n&oacute;s contadas. N&atilde;o admitiremos mais nenhuma m&aacute;scara de flanders. &ldquo;O lixo vai falar, e numa boa&rdquo; (L&eacute;lia Gonzalez).</span></p>
            <p style="text-align: justify;"><strong><br /></strong><span><strong>Voc&ecirc; enxerga a fotografia como ferramenta de comunica&ccedil;&atilde;o e express&atilde;o art&iacute;stica. Conte-nos um pouco sobre esse seu olhar.</strong><br /></span><span>A arte &eacute; essencial &agrave; vida humana justamente por ser o complemento daquilo que n&atilde;o temos respostas. Da&iacute; a fotografia ser uma forma de imediata comunica&ccedil;&atilde;o com aquele que a consome. A fotografia me possibilita trazer minhas vis&otilde;es imagin&aacute;rias desde crian&ccedil;a guardadas em minha mem&oacute;ria. Quando fotografo, me sinto livre e posso at&eacute; mesmo criar cen&aacute;rios inimagin&aacute;veis. Atualmente tenho pensado muito atrav&eacute;s de uma perspectiva afrofuturista e da&iacute; penso como exaltar&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">nosso povo, nossa cultura, nossa hist&oacute;ria e nossa beleza. Nesta &uacute;ltima s&eacute;rie fotogr&aacute;fica pretendo justamente enaltecer o povo negro atrav&eacute;s de uma vis&atilde;o </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">sankofa </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">pois olho o passado e a partir dele penso no futuro. Minha ideia &eacute; empretecer o pensamento e louvar nossa exuberante hist&oacute;ria.</span></p>
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          <div class="column">
            <p style="text-align: justify;"><strong><br />Qual a import&acirc;ncia da afirma&ccedil;&atilde;o est&eacute;tica, da valoriza&ccedil;&atilde;o dos adere&ccedil;os e dos ornamentos que comp&otilde;em o universo da visualidade afro-brasileira na sua fotografia?<br /></strong><span>Em meu trabalho busco trazer minha identidade est&eacute;tica que possibilite ao expectador reconhec&ecirc;-la rapidamente e saber que sou o autor da obra, sem precisar ler meu nome. Justamente atrav&eacute;s das cores, &acirc;ngulos, adornos e outras caracter&iacute;sticas que remetem a essa lembran&ccedil;a. Pretendo ent&atilde;o refor&ccedil;ar minha identidade atrav&eacute;s de minhas fotografias. Os adornos que uso, por exemplo, s&atilde;o mem&oacute;rias indel&eacute;veis de minha inf&acirc;ncia sobre o carnaval. Lembro quando crian&ccedil;a ir ao barrac&atilde;o da escola de samba e admirar as alegorias e adere&ccedil;os. Me recordo tamb&eacute;m de dan&ccedil;as e exalta&ccedil;&otilde;es aos orix&aacute;s das religi&otilde;es de matrizes africanas. As escolas de samba s&atilde;o quilombos que preservam a cultura e hist&oacute;ria do povo negro. Para n&oacute;s, pessoas negras, uma quadra de escola de samba &eacute; muito mais que um local de divers&atilde;o. Ali para n&oacute;s &eacute; um ch&atilde;o firme que nos reconecta com nossos ancestrais. &Eacute; justamente dessa riqueza hist&oacute;rica, banhada com muita cultura, ginga, tecnologia e estrat&eacute;gia de preserva&ccedil;&atilde;o de um povo, que me inspiro utilizando adornos em meu trabalho. O saudoso Jo&atilde;osinho Trinta j&aacute; dizia que quem gosta de pobreza &eacute; intelectual. Minha arte pretende exaltar nossas riquezas.&nbsp;</span></p>
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Luiz Moreira: obras sobre coletividade e ancestralidade

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