Cultura

Inès de la Fressange em entrevista exclusiva para L'Officiel

Joie de vivre! Inès de la Fressange acaba de lançar sua recente coleção, com um mood de eterno fim de semana misturado ao seu inabalável charme. Paralelamente, lança mais um livro, um guia sobre compartilhamento de experiências, ideias e até roupas. Confira!

Inès de la Fressange
Inès de la Fressange

Cores, materiais e estampas num mood alegre com referências que misturam elementos da cidade e do campo, um encontro entre Paris e Alpilles, a pequena cadeia de montanhas da Provença francesa. A nova coleção de Inès de la Fressange é assim - e não poderia ser mais a imagem e semelhança da modelo ícone parisiense. São vestidos leves e fluidos, combinados a peças clássicas da alfaiataria. Para Inès de la Fressange, o pop floral é marca registrada da temporada, assim como vibe dos anos 1970. "Bons básicos fazem bons looks!", diz a empresária, aos 64 anos. Simultaneamente, lança mais um livro - Le Bonheur C'est les Autres (A felicidade são os outros, livre tradução em português), com Sophie Gachet e Olga Sekulic), um guia sobre amizade, colaboração, compartilhamento de experiências, ideias e até roupas. "Entrava na livraria e via muitos livros de desenvolvimento pessoal, de realização individual. Tudo isso me pareceu meio narcisista demais, principalmente depois dessa situação tão difícil que o mundo enfrenta hoje."

Em entrevista exclusiva à L'OFFICIEL, ela fala sobre o segredo para ser chique sem esforço, envelhecer em um mundo que joga os holofotes sobre a aparência feminina, sua ideia de moda e sua vontade de visitar o Brasil.

Inès de la Fressange

L'OFFICIEL: A coleção inspirada em elementos da cidade e do campo é um reflexo desses dois anos de pandemia, em que todos tentamos escapar para ficar em contato com a natureza?
INÈS DE LA FRESSANGE: Na verdade, todo mundo experimentou uma vida diferente e com ela, um estilo diferente também. Muitas de nós desejam manter essa maneira "descolada" de se vestir, essa "sensação de fim de semana". Tecidos macios, itens chiques casuais fazem sucesso.

A vibe dos anos 1970 também traz essa nostalgia pandêmica?
Parece que para a geração de hoje, a geração de 1970 teve mais imprudência. Quando os jovens veem as fotos dos pais, invejam esse sentimento de felicidade, moda com muita liberdade e também a riqueza da música. Surpreendentemente, os jovens ouvem artistas de sucesso nos anos 1970 - até usam vinis e toca-discos como nesta década! Portanto, é bastante normal que eles estejam procurando por looks semelhantes.

O estilo chique sem esforço da parisiense (e seu) é um ícone-desejo mundial. Como você o define?
Esse estilo parisiense que tanto falamos é sobre misturar o novo e o vintage, o sofisticado e o casual, tentando não se exibir, mas buscando autoconfiança. Finalmente, não é apenas francês ou parisiense, é um espírito que é global.

Qual o primeiro passo para trazê-lo para o dia a dia?
Primeiro: sorria! E não se preocupe com o que os outros vão pensar, se você estiver feliz e confortável, vai ter uma boa aura e todos vão achar você fantástica. Segundo: dê aos pobres todas as roupas que você realmente não gosta ou usa, e fique apenas com o que você ama. É como uma cozinha: o guarda-roupa tem que estar arrumado para fazer uma boa receita! (Risos)

Inès de la Fressange

Vestidos são insubstituíveis e indispensáveis no guarda roupa de uma mulher?
Nãooo... Charme, feminilidade, sensualidade e beleza não precisam de vestido: tem que usar se quiser, mas não é o vestido que faz a mulher. Pessoalmente, todos os anos, na primavera tenho o desejo de um vestido e uso-o no verão. Isso me ajuda a criar minhas coleções mesmo que eu fique muito melhor com calças!

Qual a maneira Inès de la Fressange de vestir uma mulher?
Ei, eu não sou uma ditadora! (risos). Considero minhas clientes como amigas: quero ajudá-las a se sentirem melhor. Quero usar minha experiência de moda de longa data para trazer soluções para elas e, acima de tudo, para tirar seus próprios preconceitos sobre moda, como se parecem e o que combina com elas. As mulheres sempre ficam totalmente surpresas ao se verem em roupas que nunca imaginaram usar e elas adoram (eu também)!

De onde veio a ideia de Le Bonheur C'est les Autres? Qual sua relação com Sophie Gachet e Olga Sekulic?
Muitas vezes eu vejo pessoas sobrecarregadas com pequenos problemas - que elas terão esquecido em 2 meses. Então, eu queria dar conselhos para ver a vida com outros olhos. Minha primeira pista são os amigos, porque quando você vê seus amigos e confia a eles sua preocupação, tudo fica melhor. E este livro eu fiz com amigas! Sophie é uma jornalista muito boa e Olga é uma amiga tão boa que me conhece melhor do que eu mesma! As coisas são muito melhores quando você está cercada pelas pessoas que ama.

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Do que ele fala e onde quer levar o leitor?
A ideia principal é: não espere a felicidade ir embora para apreciá-la. Funciona para a vida, mas também para o estilo, a família, a beleza: uma mentalidade a adotar. Há muitas fotos, desenhos, conselhos e não é um livro de autodesenvolvimen- to, mas sim de desenvolvimento coletivo! (Risos)

A beleza atemporal também é um dos assuntos do momento. Não se diz mais que os 60 são os novos 50, mas que eles são os novos..... 60! Qual a sua revolução dos 60? Como a idade influencia sua vida?
De jeito nenhum eu diria que sou a mesma de quando eu tinha 18 anos: a vida traz sabedoria, espiritualidade, gratidão e um "modo de desapego" que é bom. Aceitar sua evolução, sua mudança, suas rugas e não querer parecer como era antes, mas ainda cuidar de você é, na minha opinião, a atitude correta. Pessoalmente, tenho sorte porque tenho duas filhas lindas. Estou muito orgulhosa delas e sei que é a hora das duas serem belas - de jeito nenhum eu poderia ou desejo competir. Apenas tento parecer bem (risos).

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Como é envelhecer com os holofotes voltados para nossa aparência física em uma sociedade que tem cultuado a juventude? As oportunidades de trabalho se mantêm?
Eu seria hipócrita se dissesse que rugas e cabelos brancos são uma alegria. Parecer cansada, mesmo depois de dormir oito horas, não é divertido, mas as pessoas não fazem o inventário de suas rugas, elas sentem a impressão geral que você dá. Generosidade, senso de humor e empatia fazem você ter uma cara melhor. Também prefiro que as pessoas pensem: "Quando ela era jovem, ela era linda" em vez de "Ela tem exatamente a cara do meu gato depois de tantas cirurgias (Risos). Todas essas velhinhas com muita plástica para parecerem jovens às vezes parecem mais velhas do que se não tivessem feito nada... É minha opinião hoje. Pode ser que daqui a cinco anos eu não seja mais capaz de franzir as sobrancelhas por causa do botox! (rindo alto)

As oportunidades de trabalho permanecem?
Se você tem experiência, habilidades, honestidade, paixão, claro que sim! Mas sabe o quê Quando você envelhece, começa a apreciar o que é essencial na vida e, por exemplo, ter tempo para você e para quem você ama é o mais importante - e essa é sua ambição. Estou me sentindo um monge budista! (risos)

Inès de la Fressange
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Como você cuida da sua aparência hoje?
Insuficientemente! Digamos que eu passe maquiagem todos os dias mesmo que leve, tento ir muitas vezes ao dentista para ter dentes brancos. Nunca saio sem creme ou protetor solar, tiro a maquiagem com cuidado todas as noites e faço guerra aos cabelos brancos. Meu segredo é sorrir muito porque eu pareço melhor assim e isso envia uma boa mensagem para o meu cérebro estúpido! (Risos)

Você foi a única modelo a ter contrato de exclusividade com a Chanel, você é autora de best-sellers, estilista e empreendedora. O que move você neste momento de sua carreira?
Sim, de fato, eu tive muita sorte na minha vida. Hoje, sabe o quê? Quero visitar o Brasil, ir a Trancoso e ver meu amigo Bruno Astuto que mora em São Paulo. Adoraria visitar seu país com minhas filhas e amigos, agora que tenho loja em São Paulo (no Shops Jardins), tenho uma boa desculpa - mas cá entre nós, desejo férias! 

Você tem duas filhas de 20 e poucos anos, Violette e Nine: como elas a influenciam?
Muito! A pior coisa teria sido não ouvir a geração jovem. É essencial discutir, ouvir e interessar-se por todo o tipo de assunto. Mas elas ainda pegam minhas roupas nos meus armários, o que me deixa muito orgulhosa! (Risos)

Inès de la Fressange

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