Casa Della Capra: conheça o espaço que conquistou a Itália
Um casal brasileiro conseguiu condensar seus sonhos em um projeto singular. Ele contempla gastronomia, ciclismo e arte com o visual deslumbrante de uma simpática comuna italiana aninhada no Piemonte. Confira a Casa Della Capra!
Em uma tarde entre raios de sol e pequenos períodos de chuva, típicos dos meses mais quentes no Brasil, a sorridente Patricia Orem e seu marido, Felipe Bianchi, ofereciam um brunch com ares de piquenique campestre em um espaço acolhedor. A Casa Rosa Amarela é um hub de manifestações artísticas idealizado por Fabiano Al Makul, anfitrião que contava aos presentes, com entusiasmo, sua mudança de rota do mundo das finanças para fotografias, saraus e artes plásticas. E de mudança de rota Patricia e Felipe sabem bem! Durante o bate-papo, a história deles florescia, junto com a curiosidade dos presentes. Ambos tinham um sonho de viver de suas paixões. Eles estruturaram o amor pela arte, pela gastronomia e pelo ciclismo e abriram em Mergozzo, na Itália, a Casa Della Capra, espaço múltiplo que conquistou europeus com um mix ítalo-brasileiro perfeito.
L’OFFICIEL: Vocês estudavam e trabalhavam em Londres quando se conheceram?
PATRICIA OREM: Na verdade, a história começa em São Paulo. Eu e o Felipe estávamos em um restaurante, em mesas diferentes. Ele contava a história dele para uma amiga e eu só espiando (risos). Começamos a conversar sobre projetos na Itália, pois ele tinha decidido sair do Brasil para iniciar algo na Europa. Naquele mesmo fim de semana eu tinha recebido a minha aprovação para estudar Artes Plásticas, em Londres. Ou seja, eu saindo do Brasil para oficializar a minha paixão pela arte (eu sou arquiteta) e ele sua paixão pela gastronomia e pelos pedais.
Qual foi o gatilho para vocês empreenderem em um hotel-butique que mescla gastronomia, bike e residências artísticas?
Esse enxergar mútuo da busca pelas paixões acho que foi o que nos uniu. A vontade foi justamente transformar os nossos desejos em estilo de vida. Depois de três anos vivendo em Londres, após o término do meu curso de Artes Plásticas, me senti pronta para iniciar esse projeto com o Felipe. Desde antes de estudar em Londres eu já queria montar workshops de arte e residências artísticas, criando experiências de criatividade. Somei isso ao projeto do Felipe, em gastronomia e ciclismo. Tivemos uma grande troca, em termos de formatos, e confesso que nunca tinha pensado nisso dentro do setor hoteleiro, mas é interessante imaginar que o que oferecemos começa com experiências e parte para a hospitalidade. Geralmente é o contrário do que acontece no turismo tradicional.
Poderia contar um pouco sobre a essência do projeto então?
Entre o ano de 2017, quando nos mudamos para a Itália para começar o projeto, e o de 2019, quando abrimos o Casa Della Capra, pesquisamos muito para conhecer os produtores locais, artesãos, ou seja, a realidade daquele território e suas particularidades. Isso foi fundamental para ajustarmos o nosso foco. A Casa Della Capra tem como conceito você vivenciar o território. O projeto é então um ponto de partida, emprestando o nosso olhar para quem vem viver cada uma dessas experiências. Na residência artística, nós trazemos um artista de fora que olha para a região. Em resposta a essa experiência, ele cria uma obra exclusiva para a Casa Della Capra, que fica como legado. Já temos 10 obras de arte criadas por artistas do mundo inteiro. Para o ano que vem temos mais seis residências programadas.
O ciclismo é um segmento importante para vocês. A atividade pode ser aproveitada também por iniciantes nos pedais?
A Itália é um país muito importante para o ciclismo. Criamos então uma garagem dedicada para oferecer esse modo diferente de conhecer a região, por meio dos pedais, com as nossas bicicletas. As pessoas podem alugá-las e passear de forma independente, fazer passeios guiados de um dia ou uma semana de experiência. Assim dividimos as experiências por estilos. Temos o “Bike and Food”, para quem quer pedalar e curtir a gastronomia local, algo mais leve, para iniciantes. Temos também o “Cycle Camp”, que é uma clínica de bike com supertreinos, para aumentar a performance mesmo ou se preparar para uma prova. Tudo isso ocorre com assistência profissional. Temos vários campeões de ciclismo na região, o que possibilita experiências de palestras com eles, inclusive.
E a gastronomia, como vocês trabalham os pratos e os conceitos?
Na gastronomia trazemos uma raiz ítalo-brasileira. Brincamos muito com os elementos das duas culturas, tendo em comum a convivialidade, que é peça-chave para as duas cozinhas. Alguns pratos, por exemplo, têm ingredientes brasileiros envelopados com técnicas da Itália e assim por diante.
O hotel abriu pouco tempo antes da pandemia. Apesar do cenário turístico desfavorável, vocês prosperaram e agora já estão pensando em uma expansão. Quais são as novidades que estão a caminho?
A pandemia, definitivamente, teve um grande impacto no desenvolvimento de qualquer negócio aberto na época, porém, nos surpreendemos muito. As pessoas, quando puderam finalmente viajar, não quiseram ir para lugares muito tumultuados. E nós estávamos ali prontinhos oferecendo exatamente o sossego, em um ambiente familiar e com uma vista maravilhosa. Quando você vai para um lugar calmo assim consegue avistar o horizonte. E muita gente de Torino, Bergamo, os suíços e os alemães, que vivem perto, buscaram um turismo de proximidade. Sobre a expansão, estamos estudando o cenário, mas a ideia é expandir para 16 apartamentos (hoje temos seis quartos). Eles terão um ou dois quartos e cozinha. Ficarão em meio ao verde, com mais privacidade ainda, porém mantendo o padrão de conforto da casa, só que com mais autonomia.
O nome é curioso: Casa della Capra (Casa da Cabra, em tradução livre). Qual é a relação com o bichinho e a história do projeto?
A cabra aparece em diversos pontos do projeto. Primeiro que ela é aquele bicho que, apesar de pequeno, sobe alturas inimagináveis. Então é bom de subida, como um bom ciclista. Também tem o fato dela ser cabeça-dura. Nós fomos cabeça-dura para fazer com que esse projeto acontecesse. A região tem muita produção de leite e derivados do leite da cabra, algo bem local. Além disso, o imóvel que compramos para fazer o projeto, uma casa histórica, tinha uma cabra que não parava quieta, cuidada como pet. Achamos isso um sinal. Queríamos que o nome também fosse mais pessoal, mais próximo, e a simpatia deste bichinho já no nome remete ao que queremos oferecer, que é algo mais familiar, mais rural, mais pé no chão e aconchegante.