Beleza

Perfumaria ganha potência com a estreia de frascos e marcas de peso

No Brasil, ganha potência com a estreia de frascos e marcas de peso, além de opções nacionais ricas em qualidade e, mais do que isso, originalidade

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Foto: John Springer / Getty Images.

A perfumaria de nicho vive um momento excepcional. No Brasil, ganha potência com a estreia de frascos e marcas de peso, além de opções nacionais ricas em qualidade e, mais do que isso, originalidade.

Perfume é item que extrapola os limites da beleza. É uma galáxia à parte. Cheirar de uma certa maneira entrega uma comunicação invisível com múltiplas interpretações, por envolver gosto, memória olfativa e até mesmo status, nos moldes de “uso um perfume de marca X e me sinto especial com ele”. Ter a sensação de exclusividade ao escolher um acorde, recentemente, virou desejo popular e não mais um luxo que só celebridades costumam ter. É aí que entra um mercado que demonstra, por meio de diversas pesquisas e números, estar em franca expansão: a perfumaria de nicho.

 

No alvo

Tal categoria é composta de criações mais exclusivas, com ingredientes raros e concentrados. Muitos deles feitos de matéria-prima natural ou com alguma tecnologia disruptiva. Em comum, um caminho olfativo que não é possível em larga escala. Nessa seara também entram as opções batizadas como indie, consideradas por inúmeros especialistas de beleza criações mais ousadas, porém não necessariamente tão exclusivas. É fato que existe uma divergência entre os próprios perfumistas sobre tais nomenclaturas; mas o que fica no ar é que a midiatização extrema do mercado da beleza massiva nos últimos anos afastou uma parcela específica de clientes que miram a identidade.

 

Na rota

Dá para farejar facilmente os ventos dessa tendência soprando em terras tropicais. A Le Labo, marca de “perfumaria lenta” que nasceu em Grasse e cresceu em Nova York, abriu em outubro deste ano sua primeira butique no Brasil, em São Paulo, dentro do Shopping Iguatemi. Deborah Royer, presidente da marca e também diretora criativa, afirma que essa atmosfera de laboratório no ponto de venda, para mostrar os ingredientes e conectá-los com emoções, forma “espaços para desacelerar e honrar os sentidos”.

 

Também desembarca no país mais uma fragrância da clássica casa criada por William Penhaligon. A opção unissex é chamada de Dandy, eau de parfum que homenageia noites intermináveis. Suas notas englobam uísque, bergamota, framboesa, patchuli, ambrox, carvalho, cedro e fumaça. William criou seu primeiro perfume em 1872 e, desde então, a marca se transformou na opção chancelada por membros de realezas, inclusive a britânica, no berço desse negócio. Apesar de esse endosso ser bom para amplificar o posicionamento da marca, o que se sobressai, para quem verdadeiramente aprecia a alta perfumaria, é a qualidade e a ousadia das criações. Os que viajam periodicamente para o exterior costumam trazer na bagagem opções de uma marca que é queridinha entre famosas, como Kate Bosworth e Sienna Miller, a Byredo. O favorito? Gypsy Water, com notas de bergamota, juniper berries, limão, pimenta, incenso, orris, pine needle, baunilha, âmbar e sândalo. Outra paixão sem escalas são as opções da Kilian Paris. Segundo o criador, Kilian Hennessy, da tradicional família produtora de conhaque, a ideia é pôr “a perfumaria novamente no pedestal” ao produzir perfumes como eram criados no fim do século 19 e início do século 20, porém com um twist contemporâneo.

 

Originais

Entre rótulos brasileiros, o destaque vai para a Amyi. Comemorando seus cinco anos de atuação, eles lançam dois novos perfumes em tempo para a época festiva de 2024. Um gourmand (4.19) e um neo-aromático vegetal (4.20). Para Luciana Guidi, cofundadora da marca, o movimento de expansão da alta perfumaria, especialmente no Brasil, que sempre foi um mercado dominado por opções massivas, é um abrir de leque para construções olfativas diferenciadas. “Esse movimento de aproximação do cliente com algo mais premium teve início na Europa e nos Estados Unidos, muito influenciado por artistas da perfumaria que prezam por liberdade criativa, buscam inovação e selecionam matérias-primas em níveis muito superiores ao que normalmente é encontrado. Algo que conversa com o DNA da Amyi”, explica. Apenas cinco meses após o lançamento, o perfume Amyi VIII, criado por Samuel Moraes, foi finalista do prêmio The Art and Olfaction Awards, que reconhece a perfumaria criativa e de nicho ao redor do mundo, na categoria Perfumaria Independente. Outras duas novidades nacionais, de nicho, são Eau de Parfum 010, de Lenvie, perfumaria autoral fresca de Isaac Sinclair feita em homenagem à água-de-colônia clássica, desenvolvida na cidade de Colônia, na Alemanha, e o sensual Velvet Tobacco EDP Intense, de Felisa, com tabaco, mel e cacau. “Queria construir uma casa de alta perfumaria onde a tradição encontra o futuro, em uma mistura de cultura e arte”, diz Fernanda Elisa Orcioli, fundadora da Felisa.

 

Segundo a Euromonitor, a estimativa é de que, até 2027, os perfumes premium tenham um crescimento de mercado na casa dos 89% (comparativo iniciando em 2022), o dobro do que é esperado para os perfumes feitos em larga escala. Como cravou Carlos Ferreirinha, um dos maiores especialistas em mercado de luxo no Brasil, “o paladar não retrocede”. Parece que isso também se aplica ao olfato.

 
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Foto: Man Half Tube / Getty Images.

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