Uma abordagem cient&iacute;fica alternativa para endometriose ganha a aten&ccedil;&atilde;o de mulheres nas redes sociais por possibilitar a redu&ccedil;&atilde;o do tempo de diagn&oacute;stico, mudar os rumos do tratamento e oferecer um caminho mais otimista para quem deseja engravidar

A <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/wellness/endometriose-saiba-o-que-e-causas-sintomas-e-tratamento">endometriose</a>, condi&ccedil;&atilde;o que afeta mulheres em todo o mundo, incluindo mais de seis milh&otilde;es de brasileiras, &eacute; frequentemente associada a um longo e exaustivo percurso at&eacute; o diagn&oacute;stico. Muitas das pacientes relatam mais de cinco anos de peregrina&ccedil;&atilde;o, entre consultas e exames, at&eacute; iniciarem o tratamento dessa doen&ccedil;a caracterizada por dores p&eacute;lvicas incapacitantes, decl&iacute;nio na sa&uacute;de mental e, em muitos casos, infertilidade. A abordagem mais cl&aacute;ssica &eacute;, simplificadamente, chamada de refluxo menstrual. Contudo, outra linha de pesquisa desperta a curiosidade do <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/dia-mundial-do-empreendedorismo-feminino-inspire-se-em-24-historias">p&uacute;blico feminino</a> por meio de conversas nas plataformas digitais: a teoria embrion&aacute;ria.

Anat&ocirc;mica&nbsp;

Por d&eacute;cadas, a medicina se baseou na menstrua&ccedil;&atilde;o retr&oacute;grada para explicar casos de endometriose. Essa proposta sugere que c&eacute;lulas do endom&eacute;trio (o tecido que reveste o &uacute;tero) retornariam pelas trompas e se implantariam na cavidade p&eacute;lvica. No entanto, a ci&ecirc;ncia n&atilde;o costuma seguir apenas um caminho. Parte da comunidade acad&ecirc;mica que se debru&ccedil;a sobre os casos de ader&ecirc;ncias da doen&ccedil;a em locais afastados do &uacute;tero, como bexiga e at&eacute; mesmo o diafragma (pr&oacute;ximo ao pulm&atilde;o), aprofunda-se na teoria mulleriana, defendida e popularizada pelo ginecologista, cientista e cirurgi&atilde;o americano Dr. David Redwine. &ldquo;A teoria embrion&aacute;ria prop&otilde;e que a doen&ccedil;a surge de um erro durante o desenvolvimento do embri&atilde;o. Fragmentos de tecidos que deveriam formar o &uacute;tero e as trompas ficam &lsquo;adormecidos&rsquo; em locais fora do comum, como no tecido que conecta os &oacute;rg&atilde;os da pelve&rdquo;, explica o ginecologista Dr. Igor Chiminacio, especialista em cirurgia minimamente invasiva.&nbsp;
Esses fragmentos, segundo o especialista, s&atilde;o ativados pelos horm&ocirc;nios na puberdade e passam a se comportar como o endom&eacute;trio, sangrando e gerando uma resposta inflamat&oacute;ria cr&ocirc;nica. &ldquo;O corpo entende que h&aacute; um machucado cr&ocirc;nico nesses locais. Isso explica a inflama&ccedil;&atilde;o e a dor t&atilde;o caracter&iacute;sticas da doen&ccedil;a&rdquo;, detalha o Dr. Chiminacio. Ele ressalta que essa vis&atilde;o explica por que a localiza&ccedil;&atilde;o das les&otilde;es &eacute; semelhante entre as pacientes, mas a intensidade dos sintomas varia conforme o sistema imunol&oacute;gico de cada uma. &nbsp;

A teoria embrionária da endometriose, também conhecida como teoria mulleriana ou mülleriose, foi defendida e popularizada pelo ginecologista, cientista e cirurgião americano Dr. David Redwine - Foto: Pexels

Essa mudan&ccedil;a de paradigma tem implica&ccedil;&otilde;es diretas no tratamento. Se a causa da doen&ccedil;a for anat&ocirc;mica, a abordagem terap&ecirc;utica deve focar na sua remo&ccedil;&atilde;o completa. &ldquo;Sob a luz da teoria embrion&aacute;ria, a cirurgia de remo&ccedil;&atilde;o em bloco (da doen&ccedil;a) se torna l&oacute;gica. Ela busca retirar completamente as &aacute;reas afetadas, inclusive aquelas que parecem normais, pois podem esconder remanescentes microsc&oacute;picos&rdquo;, afirma o especialista. Segundo o que &eacute; descrito pela ci&ecirc;ncia sob este vi&eacute;s, tal t&eacute;cnica oferece uma chance de controle da patologia a longo prazo, algo dificilmente alcan&ccedil;ado com tratamentos que apenas suprimem os sintomas, como horm&ocirc;nios, que tamb&eacute;m n&atilde;o melhoram a fertilidade. Quando o assunto &eacute; maternidade, a remo&ccedil;&atilde;o de todos os tecidos relacionados &agrave; endometriose pode melhorar as taxas de gravidez, inclusive as naturais, al&eacute;m de aprimorar as respostas &agrave;s t&eacute;cnicas de fertiliza&ccedil;&atilde;o.&nbsp;&nbsp;
&ldquo;Minha principal mensagem &eacute; que a endometriose n&atilde;o &eacute; uma doen&ccedil;a adquirida por maus h&aacute;bitos. &Eacute; uma condi&ccedil;&atilde;o embriol&oacute;gica complexa. As pacientes precisam saber que seus sintomas s&atilde;o reais e t&ecirc;m uma explica&ccedil;&atilde;o biol&oacute;gica s&oacute;lida&rdquo;, conclui Dr. Chiminacio.

Nutri&ccedil;&atilde;o como aliada&nbsp;

Enquanto a abordagem cir&uacute;rgica trata a causa anat&ocirc;mica, a alimenta&ccedil;&atilde;o desempenha um papel crucial no manejo dos sintomas e na modula&ccedil;&atilde;o do ambiente inflamat&oacute;rio que caracteriza a endometriose. A nutricionista Nathalia Malta, especialista em nutri&ccedil;&atilde;o cl&iacute;nica, est&eacute;tica e esportiva, afirma que o acompanhamento do que se ingere &eacute; transformador.
&ldquo;A alimenta&ccedil;&atilde;o exerce um impacto significativo na progress&atilde;o e nos sintomas da endometriose, principalmente por meio da sua influ&ecirc;ncia na inflama&ccedil;&atilde;o, nos n&iacute;veis hormonais e na imunidade&rdquo;, explica a nutricionista que alerta que uma dieta rica em a&ccedil;&uacute;car, gorduras trans e saturadas e alimentos ultraprocessados pode aumentar ainda mais o desconforto.&nbsp;
O objetivo principal da terapia nutricional &eacute; reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Nathalia Malta destaca que um plano alimentar bem orientado ajuda a diminuir c&oacute;licas e a regular a fun&ccedil;&atilde;o gastrointestinal, uma queixa comum entre as pacientes. &ldquo;Muitas mulheres apresentam problemas digestivos, como constipa&ccedil;&atilde;o ou diarreia. Uma alimenta&ccedil;&atilde;o rica em fibras, prebi&oacute;ticos e probi&oacute;ticos ajuda a melhorar a sa&uacute;de intestinal, reduzindo dores e incha&ccedil;o&rdquo;, pontua.&nbsp;

A estratégia principal da alimentação para pacientes com endometriose é adotar uma dieta anti-inflamatória e antioxidante - Foto: Pexels

Alimentos a serem priorizados

<ul>
<li style="text-align: justify;"> Gorduras saud&aacute;veis: azeite, abacate, oleaginosas e peixes ricos em &ocirc;mega-3 (como salm&atilde;o e sardinha), ajudam a modular a inflama&ccedil;&atilde;o.&nbsp;</li>
<li style="text-align: justify;"> Frutas e vegetais: ricos em antioxidantes e vitaminas (C, D, E), fortalecem o sistema imunol&oacute;gico.&nbsp;</li>
<li style="text-align: justify;"> Gr&atilde;os integrais e fibras: auxiliam na sa&uacute;de intestinal e no equil&iacute;brio hormonal.&nbsp;</li>
<li style="text-align: justify;"> Suplementos e fitoter&aacute;picos: C&uacute;rcuma, ch&aacute; verde, magn&eacute;sio, melatonina e pr&oacute;polis podem ser coadjuvantes importantes, sempre sob orienta&ccedil;&atilde;o profissional.</li>
</ul>
Alimentos a serem evitados ou reduzidos entre pacientes de endometriose: a&ccedil;&uacute;car refinado e doces, alimentos processados e ultraprocessados, gorduras trans e saturadas, carne vermelha e embutidos, cafe&iacute;na em excesso, &aacute;lcool e gl&uacute;ten e lactose (em casos de sensibilidade individual, que deve ser avaliada).

Sa&uacute;de mental&nbsp;

Apesar de ser conhecida por sua alta carga de dor f&iacute;sica, a endometriose tamb&eacute;m &eacute; uma doen&ccedil;a que afeta profundamente a sa&uacute;de mental da mulher. Para as que pretendem ter filhos, o drama de n&atilde;o saber se conseguir&atilde;o engravidar &eacute; acompanhado por quadros de ansiedade. Entre as que n&atilde;o desejam ter filhos, o excesso de dor, as altera&ccedil;&otilde;es no corpo e a constante sensa&ccedil;&atilde;o de que esse ciclo desconfort&aacute;vel acontecer&aacute; mensalmente fazem com que casos de depress&atilde;o, ansiedade e at&eacute; dist&uacute;rbios do sono apare&ccedil;am. &ldquo;A tecnologia tem acelerado o diagn&oacute;stico da endometriose com a ajuda da intelig&ecirc;ncia artificial, que identifica padr&otilde;es em exames de imagem com maior precis&atilde;o. Mas nenhum recurso tecnol&oacute;gico substitui a escuta ativa e o acolhimento. E &eacute; a&iacute; que mora o primeiro grande fracasso: a aus&ecirc;ncia de profissionais preparados para reconhecer a dor da paciente&rdquo;, alerta Fabiane Berta, m&eacute;dica ginecologista e obstetra. Atividades f&iacute;sicas ao ar livre, a pr&aacute;tica do yoga e da medita&ccedil;&atilde;o costumam ser indicadas para mulheres em tratamento e at&eacute; mesmo para aquelas que j&aacute; passaram por cirurgias laparosc&oacute;picas.&nbsp;
A abordagem multidisciplinar, portanto, &eacute; fundamental, j&aacute; que a endometriose &eacute; uma doen&ccedil;a complexa que afeta o bem-estar f&iacute;sico, emocional e psicol&oacute;gico. O di&aacute;logo entre ginecologista, nutricionista, fisioterapeuta p&eacute;lvico e psic&oacute;logo oferece um cuidado integral e acolhedor, permitindo que a paciente n&atilde;o apenas trate a doen&ccedil;a, mas recupere sua sa&uacute;de e qualidade de vida de forma plena.

Endometriose existe antes mesmo do nascimento? Entenda a teoria

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