Luciana Gimenez: “Sou tímida, cheia de pudores e mais quieta”
Luciana Gimenez abre o coração sobre fama, maternidade, etarismo e relacionamento com Mick Jagger para a L’Officiel Brasil! Veja
Alguns poderiam dizer que Luciana Gimenez é um verdadeiro enigma a ser desvendado, mas a verdade é que a estrela se enxerga através de um espectro mais quieto, tímido, intimista e muito normal. Para aqueles que conhecem, de fato, a Luciana Morad, é completamente possível saber quando a Luciana Gimenez entra em cena: com vigor, ousadia e sem papas na língua, a modelo e apresentadora hipnotiza os holofotes com uma identidade forte e marcante, capaz de envolver qualquer um.
Em entrevista para a L’Officiel Brasil, Luciana Gimenez abre o coração sobre o início de sua carreira, como lida com a fama, maternidade, etarismo e entregou detalhes de sua relação com o astro mundial do rock, Mick Jagger! Confira a entrevista completa abaixo:
Você já se intitulou como “tímida”. Tendo uma imagem tão enérgica, forte e marcante, como você driblou essa timidez ao ponto dela parecer quase imperceptível?
Quando chegava nos lugares, eu ficava sem jeito, tímida mesmo e por muitas vezes fui chamada de arrogante ou metida, então eu entendi que precisava criar uma “persona” que é expansiva, despachada e que atende a expectativa de quem me vê. Quem liga e conhece a Luciana Morad, sabe que sou tímida, cheia de pudores, mais quieta. Estar na casa das pessoas, como já estive diariamente, faz com que as pessoas achem que te conhecem. Ali é o meu trabalho, tenho que levar o melhor para o meu público.
Aos 16 anos você começou a sua carreira como modelo, já se profissionalizou como atriz e apresentadora. Existe algo que você ainda queira fazer?
Quero apresentar um grande reality show e fazer um filme fora. Essas são minhas metas. Sou a pessoa que canaliza, corre atrás para fazer acontecer, então pode escrever aí: você vai me ver fazer as duas coisas. Não consigo ser aquela acomodada que faz sempre a mesma coisa. Tenho essa necessidade de mudar, de inovar. Ainda tenho muitas coisas para realizar. Vivo muito o hoje, mas tenho essas metas que ficam sempre ali comigo.
Hoje, quais bandeiras você levanta? Existe alguma causa que você defenda com unhas e dentes?
A do não julgamento. Eu não sei em que momento as pessoas acharam que estava liberado você julgar a vida do outro, as escolhas, o corpo, seja o que for do outro. As redes sociais tornaram as pessoas juízes, sendo que muitas vezes elas nem olham as próprias atitudes. Hoje existe um linchamento virtual, onde temos juízes do outro lado da tela que se acham bastiões da verdade e dos bons costumes. Eu sou o tipo de pessoa que se você quer usar uma melancia na cabeça, eu vou olhar e falar: “tudo bem, acho diferente, mas se você quer usar, vamos com tudo”. Cada um tem direito às suas escolhas, sempre lembrando que toda ação tem uma reação.
Tento ao máximo possível ser livre de julgamentos, até porque já fui muito julgada injustamente. Até hoje as pessoas acham que são verdades, mas são grandes mentiras.
Qual o maior desafio que você encontrou na maternidade?
Educar um outro ser. Você se questiona o tempo todo se está no caminho. Tive a sorte de ter dois meninos que são maravilhosos, e não sou só eu como mãe que falo isso. Eu quero criar dois homens para o mundo, duas pessoas que sejam boas, conscientes dos seus direitos e obrigações. Dois seres que façam a diferença para o seu meio.
Sempre tento pensar muito bem nas atitudes que tomo em relação a eles, para ser justa e correta, porque é isso o que espero ser deles. Nunca me coloquei no papel de melhor amiga, quero que eles me vejam como a mãe deles, a pessoa que está ali para tudo, inclusive ensinar e repreender se for preciso.
E o desafio se torna ainda maior quando o pai de seu filho é o Mick Jagger?
Acho que o Lucas sempre foi muito consciente desde que entendeu quem eram seus pais. Nunca foi deslumbrado. Eu que sempre optei por protegê-lo. Nunca expus o Lucas, nunca topei fazer campanhas com ele. Só vim topar depois que ele fez 18 anos. Não que seja errado, mas nunca usei a imagem do meu filho para ganhar dinheiro. Sempre tive comigo que o papel de prover era meu, quem deveria trabalhar era eu e não ele. Quando ele fez 18 anos, falei que dali em diante a decisão era dele. E ele recebe muitos pedidos de marcas grandes para fazer campanhas, mas raramente topa, pois tem alguns critérios bem importantes para falar sim. Hoje em dia ele tem a própria empresa e segue os caminhos que acha correto.
Você engravidou pela segunda vez aos 39 anos, do Lorenzo! Como foi a experiência? Sentiu alguma diferença em relação à gestação do Lucas, quando você tinha 28 anos?
Tive duas gestações completamente diferentes, até pelas situações em que elas se deram. Lucas tudo foi mais tumultuado. Já o Lorenzo, apesar de não ter planejado, foi mais tranquilo, tinha toda uma estrutura, já tinha experiência de ser mãe. Com o Lucas, quando ele nasceu, nasceu uma mãe. Os dois são completamente diferentes, então digo que até criá-los existe dissentimento, porque cada um tem um tipo de postura e reação às coisas.
Como é a sua relação com o Mick? Costumam se ver e ter tempo de qualidade juntos com o Lucas?
Nossa relação é ótima e até para sempre manter isso, procuramos não falar muito dela. Acho que o que os outros não sabem, não podem botar mau-olhado. Lucas é nossa prioridade e ele é um bom pai, então temos ótimos tempos de qualidade.
Existe alguma diferença na forma de lidar com o Lucas e o Lorenzo? Além da diferença de idade, os temperamentos deles são diferentes?
Com certeza! Lucas sempre foi mais centrado, na dele. Já o Lorenzo é emoção, tem o jeito italianão do pai de gesticular e falar… ele com certeza não passa desapercebido. Já o Lucas é total low profile. Lucas é o ídolo do Lorenzo e eles se amam profundamente. Se apoiam e são unidos. Me emociona ver a relação dos dois.
Em uma entrevista, você revelou ser “demissexual” e disse que não conseguia fazer sexo casual. Por que acha isso? Alguma experiência “bateu o martelo” desta sua preferência?
Uma não, todas as minhas relações foram assim. Para mim sexo vem com um interesse maior, pela personalidade, pela troca de afeto, pela troca de ideias... sexo por sexo não é o que eu estou buscando agora. Claro que a gente gosta, existe momentos que a gente abre uma exceção, mas eu me identifiquei muito como demissexual porque para mim hoje, é muito mais importante ter uma pessoa do meu lado que eu goste, hoje, eu não consigo mais fazer sexo casual.
Como lida com a invasão de privacidade? Quando viaja para fora do país costuma se sentir mais “livre”?
O que me incomoda são as mentiras que inventam e aquela mentira começa a rodar como se fosse verdade. Esse tipo de situação é o que me incomoda em ser conhecida e lá fora já passei muito por isso também. Agora das pessoas chegarem, acho normal quando querem dar um “oi” ou uma foto, desde que tenha senso. As pessoas às vezes acham que, por sermos conhecidos, temos obrigação de estar ali para servir, que tem que ser na hora que a pessoa quer. Tendo senso, eu levo super numa boa.
Ano passado você sofreu um grave acidente de esqui. Ainda sofre sequelas do ocorrido?
Posso te dizer que estou 90%, porque ainda tem umas questões com os pinos. Mas acho que não tenho como te falar em palavras a sensação de poder ter uma vida como tinha. Poder treinar, usar salto e outras coisas. Tive uma breve experiência como cadeirante e puder constatar que o desrespeito com essas pessoas é enorme. Falta estrutura e não digo só aqui, em Nova York também passei um mega perrengue. Tive que tirar forças e ser resiliente para me recuperar. Sou ligada no 220 volts e tive que aprender a ser paciente, uma das coisas mais difíceis.
Você comanda o podcast “Bagaceira Chique”. Existe alguma personalidade que você adoraria entrevistar?
Uma lista enorme. Quero a Anitta, Mick, Elon Musk, Marquezine, enfim, eu amo entrevistar, é uma das coisas que mais me dá prazer no meu trabalho. Esses nomes foram só alguns, mas ainda quero falar com muita gente.
E já rolou uma entrevista que você sentiu que “não fluiu” bem? Como contornou a situação?
Sempre tem e aí você tem que praticar a escuta. Deixo o convidado falar e dentro do que ele fala vou puxando assuntos, até porque meu papel ali é fazer ele se sentir confortável. Fiz ao vivo por mais de 10 anos, então a gente aprende a ter jogo de cintura.
Em suas redes sociais você se assumiu uma “compradora compulsiva de maquiagem”. E quando o assunto são roupas, você é mais tranquila?
Eu estou mudando isso, ainda tenho uns resquícios dessas maquiagens, agora eu estou em outro momento, estou com mais medida, essa sensação de 'sobra' é algo muito ruim. Eu acredito muito no reaproveitamento, na sustentabilidade, então hoje, para mim é uma outra visão. Estou me proibindo de comprar coisas que já tenho, tenho doado o que tenho em excesso, usado mais minhas coisas. É muito louco quando percebemos o tanto de tempo desnecessário, dinheiro desnecessário que investimos em tudo isso.
O que o seu guarda-roupa diz sobre você? É possível ver uma “identidade” em seu closet?
Não, ele é tão camaleônico quanto eu. Você acha de tudo. Tenho muita coisa e sou do tipo de pessoa que cuida das coisas que tem. Tenho a bota que comprei com meu primeiro salário e aí são anos e anos, então posso dizer que tenho roupas de várias épocas. Outro dia até o Lucas me ligou e falou que eu poderia tirar as calças jeans de cintura baixa que eu tinha guardado porque elas estavam voltando. Tenho um verdadeiro acervo em casa. Peças da Gucci e da Prada que são icônicas. Tenho sapatos gringos assinados na sola pelo próprio criador.
E qual o tipo de peça que você sempre teve e não abre mão na hora de compor looks para o dia a dia?
Calça jeans, camisa de alfaiataria e T-shirt. São três peças coringas e que você consegue se resolver em várias situações. Confesso que sou uma apaixonada por saltos, não chego a ser uma Imelda Marco, mas tenho peças que sou apaixonada e cuido com muito esmero.
Como uma boa modelo, você costuma ousar em suas produções! Já sofreu etarismo por conta disso? Como reagiu?
Com certeza! Eu acho interessante como as pessoas lidam com a idade dos outros, do jeito que elas falam, parece que nunca vão envelhecer. Como eu comecei a sofrer etarismo desde os 30 anos comecei a entender que é algo normal, coisa que não é, é um outro tipo de agressividade, de preconceito. Tento ser de boa com as pessoas, mas tem horas que você percebe que é só pela maldade, pelo recalque.
E para manter este físico impecável, qual o segredo?
Não tem mágica: treinar e boa alimentação. Não sou o tipo de pessoa que se priva de comer as coisas, mas não meto o pé na jaca. Gosto de comer comida saudável, bem feita, mas claro que a gente sempre tem aquela quedinha por um chocolatinho (risos). Eu treino todos os dias e quando fico sem, não vejo a hora de voltar. Foi uma das piores partes quando machuquei a perna: não poder treinar e ver minha perna definhando, porque acontece real.
Um conselho que daria para a Luciana de 20 anos:
Que não podemos ter crenças limitantes. Quando falamos que não podemos fazer uma coisa ou outra, são por conta das nossas crenças de não suficiência ou aptidão, às vezes somos perfeitos para algo, mas nos podamos antes. Para a Luciana de 20 anos eu falo para fazer exatamente o que ela quiser, se joga, o não ela já tem.
Nos conte uma qualidade sua que um dia, você já considerou um defeito!
Me fazer de boba. Muitas vezes no passado eu me fazia de boba para não entrar em embates. Fingia não saber ou entender as ofensas e muitas vezes era chamada de burra, sendo que burro era quem achava que eu não tinha entendido. Me sentia muito mal com tudo isso. Hoje eu entendo que nos fazermos de ignorante às vezes é um dom. Evita dor de cabeça desnecessária e mantém o réu primário (gargalhadas).