Em mais um episódio na nossa série de entrevistas, batemos um papo sobre carreira e projetos com a atriz de TV, cinema e teatro Letícia Spiller

Todo mundo conhece Let&iacute;cia Spiller. Bom, pelo menos isso era o que eu pensava antes de passar uma hora conversando com ela para o nosso <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/bruno-de-luca-parle-lofficiel-entrevista">Parle L&rsquo;Officiel</a>. Mas j&aacute; nos primeiros momentos, percebi que, apesar de termos a acompanhado&nbsp;nas telas e nos palcos por d&eacute;cadas, o que todo mundo conhece, na verdade, &eacute; apenas uma vers&atilde;o de Let&iacute;cia Spiller. H&aacute;&nbsp;muito&nbsp;mais do que suas personagens e o&nbsp;que podemos assisti-la em <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/flavia-alessandra-e-otaviano-costa-sobre-casamento-e-projetos">entrevistas</a>. &ldquo;A Let&iacute;cia &eacute; uma das pessoas que tem amor envolvido&rdquo;, a frase eu roubei descaradamente da pessoa que nos apresentou - e &eacute; a mais pura verdade. Eu, sinceramente, espero fazer jus ao seu jeito e suas palavras neste texto, mas como sempre deixamos o v&iacute;deo para quem quer ouvir diretamente dela.

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A beleza e talento, s&oacute; s&atilde;o superados pela simpatia e energia &uacute;nica, percept&iacute;vel at&eacute; mesmo pela chamada em v&iacute;deo dando a sensa&ccedil;&atilde;o que nos conhec&iacute;amos h&aacute; anos. E mais do que isso, a forma que fala de seus trabalhos e suas causas &eacute; realmente inspiradora. H&aacute; prop&oacute;sito e amor em praticamente tudo que faz. &ldquo;Eu quero tocar o p&uacute;blico de alguma maneira. Quero sensibilizar uma causa ou uma quest&atilde;o artisticamente. Porque eu acredito que arte n&atilde;o &eacute; palanque. Acho que atrav&eacute;s da arte a gente chega muito mais r&aacute;pido &agrave;s mensagens que a gente quer trazer&rdquo;, explica.

Letícia Spiller

Ap&oacute;s quase 30 anos e contrato com a Rede Globo encerrado, Let&iacute;cia se encontra em um novo momento de carreira.&nbsp;&quot;Quando isso aconteceu, claro que eu fiquei um pouco emocionada. S&atilde;o muitos anos sendo abra&ccedil;ada e cuidada por uma empresa que eu acredito ser uma das melhores do Brasil e, porque n&atilde;o dizer, do mundo. Eu me orgulho de ter sido filha dessa casa. E me sinto assim ainda, sabe? Sinto que n&oacute;s somos parceiros e vamos continuar essa parceria, independente de que caminhos eu for seguir agora&rdquo;, conta. O novo momento &eacute; algo muito positivo, &ldquo;atuo na TV, cinema, teatro. Produzo cinema e teatro. Ent&atilde;o, isso para mim agora, ampliou. Vou poder escolher e dar prioridade a projetos, que j&aacute; dava antes. Mas poderei coloc&aacute;-los da minha maneira, na ordem que eu gostaria&rdquo;.

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Na televis&atilde;o, teatro ou cinema, atuar para Let&iacute;cia &ldquo;&eacute; a profiss&atilde;o da disponibilidade. &Eacute; uma grande doa&ccedil;&atilde;o&rdquo;. Seja por emprestar suas emo&ccedil;&otilde;es para contar uma hist&oacute;ria ou at&eacute; passar por grandes transforma&ccedil;&otilde;es f&iacute;sicas que muitas vezes chocam o p&uacute;blico. &ldquo;Teve uma vez que eu raspei o cabelo com a navalha. Dessa vez foi at&eacute; a fam&iacute;lia falando &#39;voc&ecirc; t&aacute; louca&#39;, mas enfim, faz parte do nosso of&iacute;cio&hellip;eu n&atilde;o me incomodo de fazer essa mudan&ccedil;a, sabe. Mas tem que valer muito a pena&rdquo;, explica.

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Algumas s&atilde;o t&atilde;o extremas que assustam at&eacute; ela mesma, como foi o caso de Maura, no filme Tudo que Deus Criou, baseado em fatos reais. &ldquo;&Eacute; o filme mais humano que eu j&aacute; fiz, com a est&eacute;tica realista mesmo. N&atilde;o tinha nenhum glamour. N&atilde;o tinha maquiagens, s&oacute; uma lente de contato branca, porque ela era deficiente visual de nascen&ccedil;a&rdquo;, lembra, &ldquo;foi a primeira vez que eu achei que eu estava esteticamente feia&rdquo;.&nbsp;

A sua rela&ccedil;&atilde;o com as personagens &eacute; &ldquo;um grande exerc&iacute;cio de desapego&rdquo;, ao mesmo tempo que est&aacute; presente quando tem que atuar, sabe deix&aacute;-las no trabalho no final do expediente, &ldquo;n&atilde;o levo o personagem para a cama, como diz Lulu Santos&rdquo;, brinca. No entanto, o p&uacute;blico muitas vezes n&atilde;o consegue separar t&atilde;o facilmente, e nestes anos todos algumas se destacam mais do que outras, como sua personagem da novela Quatro por Quatro &ldquo;tem gente que at&eacute; hoje me chama de Babalu nas redes sociais ou na rua. &Eacute; muito engra&ccedil;ado. Que bom que &eacute; ela e n&atilde;o a Maria Regina (de Suave Veneno)&rdquo;, ri.&nbsp;

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Outra personagem lembrada e amada por toda uma gera&ccedil;&atilde;o de baixinhos &eacute; a paquita, Pituxa Pastel. &ldquo;Tudo o que eu vivi nesse tempo, eu nunca imaginei que pudesse viver&rdquo;, comenta. O sucesso das paquitas, separado do Xou da Xuxa, foi algo totalmente inesperado. &quot;A experi&ecirc;ncia de trabalho com a Xuxa e a Marlene naquela &eacute;poca, foi incr&iacute;vel, apesar de dif&iacute;cil. Porque eu era uma adolescente e queria fazer teatro com meus amigos, com a minha trupe. Queria namorar. Queria viver uma vida de adolescente. No entanto, eu tinha que trabalhar muito&rdquo;. Let&iacute;cia confessa que os primeiros meses foram t&atilde;o puxados que ela se questionou muito e chegou a pensar em desistir algumas vezes.

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Mas n&atilde;o poupa elogios sobre a eterna rainha dos baixinhos, &ldquo;pude ter o melhor exemplo que eu poderia ter, quando eu era uma menina, sabe? Um exemplo digno. Uma mulher como ela, com simplicidade dela, a educa&ccedil;&atilde;o. A preocupa&ccedil;&atilde;o com o p&uacute;blico. A considera&ccedil;&atilde;o. A Xuxa sempre foi assim. Foi uma li&ccedil;&atilde;o para mim. Eu fico at&eacute; emocionada de falar dela, assim, porque ela me mostrou muitas coisas que eu gostaria de mostrar para a minha filha&rdquo;.

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O papel foi o primeiro passo de uma profiss&atilde;o que ela j&aacute; sabia que queria seguir desde os 12 anos de idade. Em um s&aacute;bado &agrave; tarde enquanto assistia televis&atilde;o ouvi a chamada para a sele&ccedil;&atilde;o para paquitas, &ldquo;tinha algu&eacute;m do meu lado, n&atilde;o lembro bem quem era. Mas eu virei para a pessoa e falei sou eu&rdquo;, lembra, &ldquo;vou pedir para a Virginia (esposa de um primo que morava no pr&eacute;dio) tirar umas fotos minhas e vou levar l&aacute; pessoalmente. Porque eu moro aqui no Rio de Janeiro. Posso ir at&eacute; l&aacute; entregar&rdquo;. Foi selecionada e ao chegar no teatro logo se deparou com a realidade da, &quot;n&atilde;o imagina que essa brincadeira fosse t&atilde;o s&eacute;ria&rdquo;, ri.

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De paquita &agrave; estrela de televis&atilde;o e cinema, Let&iacute;cia viveu diferentes fases da vida profissional e pessoal em frente ao p&uacute;blico e entende que a exposi&ccedil;&atilde;o e curiosidade de seus f&atilde;s faz parte da sua escolha de ser atriz, &ldquo;a gente depende desse carinho. A gente depende dessa intera&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m. N&atilde;o que minha vida pessoal tenha haver com qualquer pessoa. N&atilde;o &eacute; isso. Mas simplesmente o fato de sentir respeito pelo meu p&uacute;blico e querer dar o melhor de mim&rdquo;, explica, &ldquo;eles querem ver como &eacute; essa rela&ccedil;&atilde;o com os filhos. Como &eacute; a rela&ccedil;&atilde;o com o amor, como &eacute; que voc&ecirc; lida com essas emo&ccedil;&otilde;es. Faz parte&rdquo;.

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E ela aproveita esta aten&ccedil;&atilde;o para trazer &agrave; tona diferentes causas e organiza&ccedil;&otilde;es que ela apoia, &ldquo;a gente que &eacute; artista, pode fazer muito, n&eacute;? Depois que a gente tem consci&ecirc;ncia dessa ferramenta. Acho que ela &eacute; eterna. N&atilde;o vai parar nunca. Eu n&atilde;o vou parar nunca de doar a minha imagem em prol de uma causa que eu acredito e que &eacute; importante das pessoas conhecerem. Ent&atilde;o, eu pe&ccedil;o a todos que v&atilde;o conhecer o trabalho do ACNUR (Ag&ecirc;ncia de Refugiados da ONU), v&atilde;o conhecer o trabalho da Rede Postinho tamb&eacute;m&rdquo;, fala emocionada.

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Para o futuro pr&oacute;ximo, Let&iacute;cia tem um desejo simples: &quot;n&atilde;o quero deixar de ser feliz. Isso para mim &eacute; o mais importante. Poder estar exercendo o que eu gosto de fazer, poder estar dan&ccedil;ando, poder estar cantando, poder estar com sa&uacute;de para cuidar dos meus filhos, para acompanhar a trajet&oacute;ria deles. Porque a verdade &eacute; essa, n&eacute;? A gente, a partir do momento que a gente tem um filho, a gente o importante s&atilde;o os outros&rdquo;.&nbsp;&nbsp;Seu foco &eacute; em ter uma vida com h&aacute;bitos saud&aacute;veis, podendo comer um brigadeiro aqui e ali. E destaca tamb&eacute;m a causa do meio ambiente e a import&acirc;ncia de cuidarmos deste planeta, &ldquo;Eu n&atilde;o quero ir pra Marte, sinto muito. Quero viver neste planeta maravilhoso. &hellip; Imagina ter que fazer teatro de roupa espacial&rdquo;, brinca.&nbsp;

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Como ela mesma disse na nossa conversa &ldquo;assim, nunca ningu&eacute;m vai saber inteiramente como &eacute; a Let&iacute;cia, porque n&atilde;o d&aacute;, s&oacute; convivendo comigo, s&oacute; tendo dois dedinhos de prosa&rdquo;, que foi o que fizemos. Mas claro, no v&iacute;deo h&aacute; muitas outras hist&oacute;rias para que voc&ecirc;s tamb&eacute;m tenham a possibilidade de conhecer um pouco mais da maravilhosa e inspiradora Let&iacute;cia Spiller.

Leticia Spiller

E aqui est&atilde;o os links para quem quer saber mais sobre as ONGS que Let&iacute;cia Spiller comentou durante a entrevista.

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<a href="https://www.acnur.org/portugues/">https://www.acnur.org/portugues/</a>

<a href="https://www.redepostinho.org.br/">https://www.redepostinho.org.br/</a>

<a href="https://institutopequenosanjos.com.br/">https://institutopequenosanjos.com.br/</a>

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Cr&eacute;ditos:&nbsp;

Leticia usa:&nbsp;Silvio Cruz Atelier, joalheria Sara, By Segheto, Birman e &nbsp;Powerlook

Foto: Guilherme Lima&nbsp;

Styling: Samantha Szczerb

Beleza: Walter Lobato

V&iacute;deo: Karen Sanoviz

Letícia Spiller revela em entrevista: "[Atuar] é a profissão da doação"

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