Em mais um episódio na nossa série de entrevistas, batemos um papo sobre carreira e internet com o ator, produtor e apresentador Bruno de Luca. Confira! 

A conversa com Bruno de Luca mal havia come&ccedil;ado e ele falou &ldquo;sou praticamente a defini&ccedil;&atilde;o daquela g&iacute;ria nova. Como &eacute;? <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/4-tendencias-que-a-geracao-z-acha-cringe">Cringe</a>&rdquo; (express&atilde;o foi adotada pela gera&ccedil;&atilde;o Z que significa algo como vergonha alheia. Usada para descrever atitudes de&nbsp;millennials, a qual eu e ele pertencemos.). A escolha da g&iacute;ria para se descrever &eacute; a cara do Bruno, que cresceu na frente das c&acirc;meras da Rede Globo desde os 10 anos e hoje, aos 37, tem uma capacidade incr&iacute;vel de rir de si mesmo.

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O que os Zs n&atilde;o entendem, &eacute; que somos de uma &eacute;poca em que internet era dif&iacute;cil e lenta e a novela Malha&ccedil;&atilde;o era em uma academia, n&atilde;o em uma escola. Foi a &eacute;poca marcada por personagens como Dado, Rom&atilde;o, Mocot&oacute;, Juli, Luiza e claro, o personagem de Bruno, Fabinho, um menino gordinho e mimado que infernizava a vida da m&atilde;e. N&atilde;o preciso dizer que ele estava longe de ser a figura mais amada da <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/top-10-saiba-quem-sao-as-atrizes-mais-bem-pagas-da-tv-no-mundo">televis&atilde;o</a> brasileira. A primeira temporada de Malha&ccedil;&atilde;o voltou ao canal Viva recentemente, e hoje Bruno p&ocirc;de entender melhor o desgosto do p&uacute;blico na &eacute;poca, &ldquo;&eacute; porque o meu personagem era muito chato&rdquo;.&nbsp;

Bruno de Luca

Mas quando voc&ecirc; &eacute; a pessoa interpretando algu&eacute;m assim no programa adolescente mais popular, n&atilde;o &eacute; f&aacute;cil lidar com as consequ&ecirc;ncias. &ldquo;As pessoas achavam que eu era o Fabinho. Eu sa&iacute;a na rua e era muito xingado. Cara, s&eacute;rio era triste. Porque quando a gente come&ccedil;ou a crescer, os meus amigos, primos e meu irm&atilde;o, come&ccedil;aram a querer sair na m&atilde;o quando isso acontecia. E eu ficava mais desesperado, porque me sentia um peso na hora de sair com a galera&rdquo;, contra ele hoje rindo da fase, &ldquo;muitas vezes s&oacute; gostava de gravar. N&atilde;o gostava de ir pro col&eacute;gio, porque muitos professores tamb&eacute;m come&ccedil;aram a confundir e falavam na aula: mas voc&ecirc; &eacute; muito chato com a sua m&atilde;e&rdquo;.&nbsp;

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Mesmo com todo este desafio, n&atilde;o havia outra op&ccedil;&atilde;o para Bruno se n&atilde;o ator. &ldquo;Quando eu comecei a fazer novela, teatro, eu me encontrei. Todos meus amigos estavam ali. As pessoas ali me adoravam. N&atilde;o tive escolha, foi o mundo que eu encontrei e que me fez feliz. Antes eu era uma crian&ccedil;a um pouco triste&rdquo;, relembra. O bullying que sofria na &eacute;poca de col&eacute;gio, seja por conta do Fabinho ou antes por ser ruim nos esportes, acabou sendo uma boa base para lidar com os atuais haters da internet. &ldquo;Levei tanto hate quando pequeno que os que eu tenho hoje s&atilde;o fichinha para mim&rdquo;, brinca, &ldquo;eu n&atilde;o seria outra coisa na vida se n&atilde;o artista&rdquo;.&nbsp;

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No entanto, as coisas mudaram um pouco de rumo. Ao sair da Malha&ccedil;&atilde;o, aos 17 anos de idade, fez in&uacute;meros testes sem sucesso na Globo. Era t&atilde;o frequente que chegou a ficar amigo dos diretores e ajudava a ler cenas durante os testes de outros atores. Frustrado com a situa&ccedil;&atilde;o, Bruno resolveu expandir suas op&ccedil;&otilde;es e come&ccedil;ou a focar tamb&eacute;m no jornalismo, afinal, j&aacute; tinha feito alguns trabalhos como rep&oacute;rter especial no Doming&atilde;o do Faust&atilde;o e no Caldeir&atilde;o do Hulk. Ganhou equipamentos de v&iacute;deo e procurou tamb&eacute;m aprender a editar. E a partir da&iacute; inventou novos projetos e linguagens que n&atilde;o dependiam de equipe - vale destacar que isso tudo foi antes do Youtube e das selfies.

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Entre as v&aacute;rias produ&ccedil;&otilde;es amadoras, em uma viagem que fez com v&aacute;rios colegas e amigos famosos, surgiu um quase piloto do &ldquo;Vai pra Onde?&rdquo;, seu programa de viagens no programa no Multishow, &ldquo;eu achava que qualquer projeto meu, tinha que ter algu&eacute;m mais famoso que eu para aceitarem&rdquo;. Ele filmava tudo o dia todo, Claudia Raia sempre era a mais simp&aacute;tica nas suas grava&ccedil;&otilde;es, porque os outros j&aacute; n&atilde;o lhe aguentavam mais. Apresentou este material editado como o que vemos hoje na internet a Christian Machado que, por algum motivo, topou colocar um programa neste estilo no ar, mas sem os famosos. Seria Bruno e uma equipe extremamente pequena.

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O programa n&atilde;o s&oacute; deu certo, como tamb&eacute;m gerou uma nova rela&ccedil;&atilde;o entre ele e o p&uacute;blico, &ldquo;eu n&atilde;o conseguia entender porque as pessoas passaram a gostar de mim. Acho que foi talvez pelo fato de eu ser muito verdadeiro. De chegar e falar &lsquo;gente, cheguei atrasado. A mulher est&aacute; com raiva de mim, ia entrevistar ela em ingl&ecirc;s. Estou nervoso para caramba&rsquo;. Acabei dividindo com o p&uacute;blico muita coisa. E eles gostaram&rdquo;, comenta, &ldquo;cada vez mais eu fui eu e n&atilde;o um personagem como o Fabinho. E comecei a perceber que eles odiavam ele, o Bruno n&atilde;o tanto&rdquo;.&nbsp;

Hoje se d&aacute; conta que gra&ccedil;as &agrave;queles testes que n&atilde;o passou como ator, p&ocirc;de ser mais independente e criativo, &ldquo;fui for&ccedil;ado a trabalhar por temporada. Como ningu&eacute;m queria me contratar nunca, eu fui vender projetos. Acabava um e eu j&aacute; ficava bolando outro. E eu continuo assim at&eacute; hoje&rdquo;. Al&eacute;m disso, tamb&eacute;m se tornou um dos primeiros nomes que os diretores buscam quando precisam em caso de emerg&ecirc;ncia , &ldquo;na minha vida &eacute; assim, ou eu entro para substituir algu&eacute;m ou meu projeto que deu certo, porque eu bati na porta. Convidar &lsquo; Bruno, vem aqui porque a gente pensou em voc&ecirc;&rsquo;, n&atilde;o. &Eacute; &lsquo;Bruno, me salva porque fulano sumiu&rsquo;&rdquo;, brinca com orgulho.&nbsp;

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O &ldquo;Vai Pra Onde?&rdquo; rende hist&oacute;rias hil&aacute;rias tanto na frente como por tr&aacute;s das c&acirc;meras. Desde ter que criar pautas dentro do albergue durante uma nevasca no leste europeu, tamb&eacute;m a m&aacute; rea&ccedil;&atilde;o da pimenta mais picante do mundo at&eacute; uma negocia&ccedil;&atilde;o com um motociclista semi-suicida. Sem contar, claro, nos dramas e perrengues da produ&ccedil;&atilde;o de fazer um programa internacional com pouco recurso. As hist&oacute;rias s&atilde;o tantas e t&atilde;o maravilhosas, que sugiro voc&ecirc;s assistirem na &iacute;ntegra no v&iacute;deo da entrevista.&nbsp;

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E por falar em linguagem de YouTube, Bruno tamb&eacute;m estava l&aacute; no que ele chama de marco zero da internet, &ldquo;Era internet discada. Ningu&eacute;m via. Eu ficava revoltado. Todo mundo na TV e s&oacute; eu l&aacute;&rdquo;, lembra rindo. Ele cobriu shows, copa do mundo e at&eacute; as olimp&iacute;adas de Atenas, eram horas para subir um v&iacute;deo de um minuto, e &ldquo;o &uacute;nico coment&aacute;rio que tinha era o da minha m&atilde;e &lsquo;Bruno, n&atilde;o d&aacute; para ver nada&#39;&#39;&#39;, ri ele. Bruno gosta de criar novas linguagens e sair do lugar comum no mundo da comunica&ccedil;&atilde;o, que nem sempre funciona, &ldquo;voc&ecirc; leva porrada e se frustra, mas quando d&aacute; certo &eacute;: cara que maneiro, inventei uma parada muito boa&rdquo;, conta.

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A rela&ccedil;&atilde;o com o online, tamb&eacute;m teve altos e baixos. Durante o nosso papo, Bruno comentou sobre adorar usar o MiRC, aplicativo de chat popular com os adolescentes muito antes de existir as redes sociais - sim, ele entrava nas salas de bate-papo com Carolina Dieckmann. Mas sua primeira exposi&ccedil;&atilde;o &agrave;s redes de fato n&atilde;o foi das melhores, no Orkut havia uma comunidade &ldquo;Eu odeio o Bruno de Luca&rdquo;. Sua impress&atilde;o com esta nova forma de comunica&ccedil;&atilde;o s&oacute; mudou com a chegada do facebook, onde ele mantinha contato com os amigos que conhecia em suas viagens, muitos vieram ao Brasil lhe visitar. E hoje ele percebe que as redes podem ser usadas de uma forma positiva e at&eacute; para conect&aacute;-lo&nbsp;aos f&atilde;s e usa para trazer assuntos mais s&eacute;rios ao seu repert&oacute;rio. Interessado em aprender mais sobre o comportamento humano, est&aacute; facilitando diversas conversas em lives no Instagram, sua rede favorita, chamando amigos que s&atilde;o atores, influenciadores e participantes de reality shows.

Como apresentador do programa A Elimina&ccedil;&atilde;o no Multishow, tanto do Big Brother Brasil como do No Limite, ele conta com um acervo riqu&iacute;ssimo de convidados&nbsp; para suas lives. A participa&ccedil;&atilde;o dos f&atilde;s no BBB 2021 atrav&eacute;s das redes sociais foi algo que ningu&eacute;m poderia esperar. &ldquo;O Big Brother tem hater para caramba&rdquo;, explica, &ldquo;as torcidas s&atilde;o sempre polarizadas. Acho que a &uacute;nica que foi un&acirc;nime foi a Karol Conk&aacute;. Eu brinquei com ela &lsquo;Cara, voc&ecirc; conseguiu unir todo o Brasil contra voc&ecirc;&rsquo;. E at&eacute; isso era uma quest&atilde;o porque as pessoas queriam que eu acabasse com ela&rdquo;, algo que n&atilde;o seria da personalidade do Bruno que geralmente busca ser mais apaziguador, &ldquo;eu nunca sou esse cara. E acho que a maioria das pessoas s&oacute; &eacute; assim na internet mesmo. Porque eu quero ver se tivessem na cara da Karol, se falar o que me mandavam, sabe? Foi uma experi&ecirc;ncia muito doida&rdquo;, lembra com humor.&nbsp;

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Como era de se esperar antes da entrevista, Bruno, tem muita hist&oacute;ria para contar. O texto s&oacute; consegue trazer um pouco na nossa uma hora de conversa transparente, cheia de risadas e mem&oacute;rias inusitadas dos tempos de Malha&ccedil;&atilde;o, Faust&atilde;o, Vai pra Onde?, Big Brother, internet, redes sociais e sua vida tamb&eacute;m fora dos olhos do p&uacute;blico. Deixamos ent&atilde;o, o v&iacute;deo para que voc&ecirc; tamb&eacute;m possa conhecer um pouco mais desse ator, apresentador, produtor e muito mais.

Assista a entrevista completa aqui:&nbsp;

Bruno de Luca: “sou praticamente a definição daquela gíria nova. Como é? Cringe!”

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