França aprova medidas contra Fast-Fashion
A câmara do parlamento francês acaba de aprovar um novo projeto de lei que visa conter o crescimento desenfreado do fast-fashion e seu impacto climático desastroso. A medida é um movimento para compensar o impacto ambiental da indústria da moda, proibindo a publicidade de certas empresas. O projeto de lei também exigiria que os varejistas de fast-fashion incluíssem a reutilização, reparo, reciclagem e impacto ambiental de um item próximo ao preço do produto.
O mercado de vestuário francês foi inundado com roupas importadas baratas, enquanto várias marcas locais declararam falência. É impossível competir com os preços praticados por essas empresas, ainda mais em um momento em que diversas grifes ainda se recuperam dos impactos da pandemia causada pela COVID-19.
O Que É Fast-Fashion?
Fast-fashion refere-se a um modelo de negócio que visa produzir roupas rapidamente e em grande escala, geralmente imitando as últimas tendências das passarelas a preços acessíveis. As marcas de fast-fashion são conhecidas por lançar coleções frequentes, muitas vezes semanalmente, incentivando os consumidores a comprar em ritmo acelerado para acompanhar as novidades da moda.
Principais Impactos da Fast-Fashion:
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Poluição Ambiental: A indústria da moda é uma das principais fontes de poluição do mundo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI), a indústria têxtil é responsável por até 20% da poluição industrial da água em todo o mundo, devido ao descarte de produtos químicos tóxicos utilizados no processo de tingimento e acabamento de tecidos.
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Consumo Excessivo de Recursos Naturais: A produção em massa de roupas consome quantidades exorbitantes de recursos naturais, como água e energia. Por exemplo, estima-se que sejam necessários cerca de 2.700 litros de água para produzir uma única camiseta de algodão, de acordo com a Fundação Ellen MacArthur.
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Desperdício de Roupas: A natureza descartável da fast-fashion contribui para um ciclo de desperdício sem fim. Muitas roupas são usadas apenas algumas vezes antes de serem descartadas, resultando em montanhas de resíduos têxteis em aterros sanitários.
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Condições Precárias de Trabalho: Para manter os custos baixos e os lucros altos, as marcas de fast-fashion frequentemente recorrem à mão de obra barata em países em desenvolvimento, onde os trabalhadores enfrentam condições precárias, salários baixos e até mesmo violações dos direitos humanos.
Estatísticas Reveladoras:
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Segundo o relatório da Global Fashion Agenda, a indústria da moda é responsável por 10% das emissões globais de carbono, mais do que todas as emissões internacionais de voos e transporte marítimo combinadas.
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A cada segundo, o equivalente a um caminhão cheio de roupas é queimado ou despejado em aterros sanitários, de acordo com a Ellen MacArthur Foundation.
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Um estudo da Fundação Ellen MacArthur estimou que, se nada mudar, a indústria da moda poderá ser responsável por 26% do orçamento global de carbono até 2050.
A ascensão da fast-fashion revolucionou a maneira como consumimos roupas, mas também desencadeou uma crise ambiental e social de proporções alarmantes. Enquanto os consumidores estão cada vez mais conscientes dos impactos de suas escolhas de moda, é crucial que as empresas adotem práticas mais sustentáveis e éticas em toda a cadeia de suprimentos. Somente com mudanças significativas na indústria da moda poderemos mitigar seus impactos devastadores no meio ambiente e na sociedade.