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<p><em>Universo em encanto! Fascinado pela diversidade da natureza, o pintor brasiliense Renato Rios usa f&eacute; e criatividade para devolver a delicadeza ao mundo.</em></p>
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<p style="text-align: justify;"><span>Era uma tarde comum quando uma elefanta <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/spfw-58-a-ancestralidade-africana-da-santa-resistencia">africana</a>, com quase três metros de altura, invadiu o quarto de <strong>Renato Rios</strong>, pintor brasiliense, em <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/montblanc-realiza-evento-high-artistry-com-edicoes-limitadas">São Paulo</a>. Ele ficou perplexo, 30 anos vividos e não compreendia muito bem aquele evento onírico. Estava deitado na cama que dividia com a parceira, sonolento, e seus olhos atordoados por uma luz azul que inundava todo o cômodo, vinda de uma safira reluzente carregada pelo mamífero gigantesco. Quando acordou, era apenas um sonho.</span></p>
<p style="text-align: justify;"><span>Quebrou a cabeça nos dias seguintes para entender o que aquilo significava, até que recebeu a grande notícia: a esposa estava grávida da primeira filha do casal. Ficou claro para ele que o episódio tramado em azul soava como uma anunciação daquela nova vida, capaz de imergir, atordoar e brilhar tudo o que tocasse. Hoje, a pequena Aurora tem quatro anos de idade e a sua chegada consolidou-se no quadro principal da oitava exposição solo </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">de Rios, intitulada &ldquo;O Elefante e a Safira&rdquo;, que ocupou a Galeria Estação, neste ano.</span></p>
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<p style="text-align: justify;"><span>Envolvendo dois andares do espaço, a exposição trouxe o encontro da terra (piso térreo) com o celeste (1o andar), simbolizado pelo animal que carregava a luz divina. Rios encara os seus sonhos, muito lúcidos e visuais, como presentes, não restando escolha senão pintá-los para o mundo. E não demorou para receber outra honra parecida: dali um ano, encarava no reino de Morfeu uma colina verdejante sob o céu cor de piscina, navegado por uma nuvem solitária. Quando se deu conta, saltou daquela nuvem um cavalinho de cor vermelha. Sim, ele estava em meio a mais uma premonição. Dias após à quimera, descobriu a segunda gravidez da esposa, que daria à luz a Santiago, hoje com três anos.<br /><br />A tela que retrata essa cena não está em parede de galeria, mas pendurada no quarto em que dorme o filho. &ldquo;O meu trabalho é trazer o </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">sonho para o mundo desperto&rdquo;, explica o brasiliense, que se define como alguém encantado pelo mundo. Ele acredita que consegue retribuir ao universo captando a magia como pode, depositando em suas pinceladas e espalhando para aqueles que admiram a arte. O trabalho de Renato Rios navega tanto pelo abstrato quanto pelo figurativo, que é quando fica evidente os personagens desenhados: elefantes, um grupo de cavalos ou um jangadeiro cercado por peixes. O artista até pensou que teria de escolher entre um estilo ou outro, mas desencanou com a maturidade. Pinta o que a imaginação lhe traz, buscando aspectos comuns à humanidade, mesmo que em uma obra mais de contemplação apareçam formas geométricas coloridas e sem significados óbvios.</span></p>
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<p style="text-align: justify;"><span>Renato é alguém de voz serena, com sotaque que segue firme a bossa do Planalto Central mesmo após sete anos morando na capital paulista. Vive em casa de muro baixinho e trabalha na garagem transformada em ateliê, enquanto a cachorra Mercedes toma banho de sol no quintal, a poucos passos dali. Logo na entrada do ambiente há lugares reservados para os pequenos altares com imagens de Caboclos, pedras e amuletos. &ldquo;A magia natural faz parte da minha caminhada, foi-me ensinada desde cedo por minha mãe, avó e bisavó, entranhando-se em minha biografia e no meu trabalho&rdquo;, explica.</span></p>
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<p style="text-align: justify;"><span>Ao falar sobre a sua trajetória, os caminhos da fé têm quase tanto espaço quanto a sua formação acadêmica na UNB (Universidade </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">de Brasília), iniciada em 2008, onde cursou Artes Visuais e frequentou aulas de Filosofia e Letras. Foi quando &ldquo;largou definitivamente o papel de pintor&rdquo; para ser Renato, sujeito que também pinta. Este lado tranquilo, ligado à natureza, só chegou ao sucesso artístico pela imposição do lado prático. Acredita no &ldquo;trabalho de formiguinha&rdquo; de quem pinta todo santo dia, e que se mudou para São Paulo a fim de deixar de ser alguém que só &ldquo;fazia coisas bonitas&rdquo; para ser alguém com mais bagagem técnica.</span></p>
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<p style="text-align: justify;"><span>Estar na seara cosmopolita (e caótica) desde 2017 foi como se aproximar dos que tinham arte como plano principal de existência e de renda. Até 2011, ele se virava servindo sorvete para crianças e tatuando esporadicamente. Já na nova cidade, o sustento dos primeiros anos foi garantido como assistente de outros artistas, como a escultora Laura Vinci e o pintor Paulo Pasta, com quem ainda atua, mas já sem a urgência financeira do começo. Anualmente, de três a quatro grandes levas de quadros saem do seu ateliê, beirando uma centena de pinturas cada uma, com destino às paredes de colecionadores ávidos, ritmo que tem garantido carreira estável e até prodigiosa a Renato - que acumula oito exposições individuais no portfólio. Isso é coisa rara. Embora venda a sua produção para colecionadores, ele não quer se resumir, reforçando a missão de passar encantamento e conhecimento para outros espectadores. Pinta a natureza, em frente ao terraço repleto de plantas, e repete quase como mantra: &ldquo;Planta é </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">um ser, não item de decoração&rdquo;. Aos herdeiros, que fitam curiosos o ateliê de paredes rajadas com furos de prego, mostra o cedro, o falcão e as estrelas que ama registrar em suas obras, sempre com a mensagem de que tudo é parte da natureza. &ldquo;Desde o celular, feito a partir de derivados do petróleo que um dia foi vida, até a elefanta que veio me contar sobre a chegada da minha filha.&rdquo;&nbsp;</span></p>
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Renato Rios usa fé e criatividade para criar suas artes

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