Ao interpretar o seu primeiro protagonista ap&oacute;s 20 anos de carreira, o ator Fabr&iacute;cio Boliveira fala sobre amadurecimento profissional e pessoal

Em sua estreia como protagonista na <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/regina-duarte-fala-se-voltaria-a-atuar-em-novela">novela</a> &ldquo;Volta por Cima&rdquo;, em exibi&ccedil;&atilde;o na <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/antonio-fagundes-fala-o-motivo-da-saida-da-globo-apos-44-anos">Rede Globo</a>, Fabr&iacute;cio Boliveira traz &agrave; tela a vida de J&atilde;o, um fiscal de &ocirc;nibus do sub&uacute;rbio do <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/viagem/rio-de-janeiro-de-a-a-z">Rio de Janeiro</a>. O int&eacute;rprete, que j&aacute; &eacute; conhecido por seu talento e versatilidade, assume o desafio de representar uma figura que carrega as nuances do cotidiano e das tradi&ccedil;&otilde;es do carioca da gema. &ldquo;Olhar para a vida dessas pessoas e revelar a beleza e a riqueza que existem ali &eacute; uma honra. O J&atilde;o &eacute; multifacetado: um homem com caracter&iacute;sticas e pensamentos que n&atilde;o se limitam a uma fun&ccedil;&atilde;o&rdquo;, diz, destacando seu empenho em fugir das representa&ccedil;&otilde;es superficiais para incorporar humanidade aos seus personagens.

Enquanto emociona o p&uacute;blico na novela, Fabr&iacute;cio tamb&eacute;m revisita um cap&iacute;tulo importante de sua carreira com a reprise de &ldquo;Sinh&aacute; Mo&ccedil;a&rdquo;, fic&ccedil;&atilde;o exibida em 2006, quando ele tinha 26 anos, e interpretava o escravo Basti&atilde;o, um papel importante, mas que encara com olhar anal&iacute;tico. &ldquo;Acredito que h&aacute; uma grande cr&iacute;tica &agrave; novela em rela&ccedil;&atilde;o a algumas representa&ccedil;&otilde;es e imagens que n&atilde;o s&atilde;o mais relevantes hoje. Penso que, atualmente, n&atilde;o faz sentido&nbsp; produzir uma trama ambientada no per&iacute;odo da coloniza&ccedil;&atilde;o do pa&iacute;s e da escravid&atilde;o do povo negro, contando essas hist&oacute;rias sob a perspectiva branca. Esse tipo de trabalho n&atilde;o tem mais prop&oacute; sito&rdquo;, afirma o ator.
A trajet&oacute;ria de Boliveira &eacute; repleta de pap&eacute;is desafiadores. Desde o seu start profissional, aos 20 anos, em &ldquo;Capit&atilde;es de Areia&rdquo;, em 2002, ele tem se dedicado &agrave; dramaturgia. De l&aacute; para c&aacute; foram in&uacute;meros trabalhos na televis&atilde;o, no teatro e no cinema, mas um papel em particular chama a sua aten&ccedil;&atilde;o. No filme &ldquo;Breve Miragem de Sol&rdquo; (2019), dirigido por Eryk Rocha, o ator chegou a engordar 14 quilos para viver um taxista. &ldquo;Achava importante que ele tivesse um ar &aacute;gil. Andei de trem e morei na zona Norte do Rio, observando a realidade dessas pessoas para dar vida ao Pau lo&rdquo;, relembra. Ele detalha que busca construir seus personagens a partir de mem&oacute;rias pessoais e viv&ecirc;ncias, explorando tamb&eacute;m a literatura e tra&ccedil;ando paralelos com filmes e hist&oacute;rias reais.

Essa profundidade tamb&eacute;m &eacute; vista em seu trabalho atual, no qual ele afirma ter muita semelhan&ccedil;a com os longas da d&eacute;cada&nbsp; de 1970. &ldquo;Tem um pouco a ver com &lsquo;O Homem que Virou Suco&rsquo; (1981), mas tamb&eacute;m tem elementos sacados do rico falido (&lsquo;Grey Garden&rsquo;, 2009), al&eacute;m de refer&ecirc;ncias da pe&ccedil;a &lsquo;Sonho de Uma Noite de Ver&atilde;o&rsquo; (1590). Sempre busco nesses lugares mais informa&ccedil;&otilde;es para construir essa &lsquo;mixagem&rsquo;&rdquo;, revela.

S&atilde;o esses os personagens que prop&otilde;em reflex&otilde;es no processo de autoconhecimento de Fabr&iacute;cio, que sabe, inclusive, da import&acirc;ncia dos pap&eacute;is que ele interpreta, mesmo n&atilde;o gostando da palavra representatividade. &ldquo;Quero que mais pessoas negras ocupem os lugares que elas quiserem. N&atilde;o gosto da palavra &lsquo;representatividade&rsquo;; prefiro pensar que cada pessoa se representa.&rdquo; Em busca de fortalecer essa presen&ccedil;a, ele criou os cursos &ldquo;Elenco Negro&rdquo; e &ldquo;Cinema do Futuro&rdquo;, ambos para gerar uma arte mais inclusiva. &ldquo;N&oacute;s temos mais de 700 inscritos e a ideia &eacute; expandir pelo Brasil e alcan&ccedil;ar jovens em situa&ccedil;&atilde;o de vulnerabilidade social. Faz parte da minha miss&atilde;o como profissional&rdquo;, afirma ele, que est&aacute; compro&nbsp; metido em abrir portas para as novas gera&ccedil;&otilde;es de artistas negros. Apaixonado pela s&eacute;tima arte, Boliveira tamb&eacute;m v&ecirc;, atrav&eacute;s das telas, uma oportunidade de reflex&atilde;o e questionamento social. &ldquo;Para mim, o cinema &eacute; algo quase sagrado. &Eacute; nele que h&aacute; um tempo para vislumbrar, pensar e meditar sobre o outro. O cinema permite explorar temas universais como o mito do her&oacute;i, em um ritmo que a televis&atilde;o e o teatro n&atilde;o oferecem.&rdquo;

Atualmente, Fabr&iacute;cio est&aacute; envolvido em diversos projetos, incluindo sua estreia como coprodutor de &ldquo;Jardim do Sil&ecirc;ncio&rdquo;, uma colabora&ccedil;&atilde;o entre Brasil e It&aacute;lia. O longa-metragem deve seguir para alguns festivais brasileiros. &ldquo;Tamb&eacute;m dirigi um filme em plano-sequ&ecirc;ncia intitulado &ldquo;Ant&iacute;gona, n&atilde;o Nasci Para o &Oacute;dio, Nasci Para o Amor&rdquo;, que est&aacute; quase pronto e deve estrear no pr&oacute;ximo ano. Al&eacute;m disso, h&aacute; uma anima&ccedil;&atilde;o chamada &ldquo;Mal&ecirc;s&rdquo;, prevista para 2025. O cinema realmente oferece um tipo de conhecimento &uacute;nico&rdquo;, conclui. @FABRICIOBOLIVEIRA

Fabrício Boliveira fala sobre amadurecimento profissional e pessoal

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