Shops Jardins abre espaço e recebe 2ª edição da mostra Iluminarte
Shops Jardins, em São Paulo, recebe segunda edição da mostra Iluminarte, inspirada em sonhos e fantasias até 31 de outubro
Um mundo onírico de formas e cores, que desperta para fantasias e abre espaço para sonhos do mundo real. Esse universo transpõe as obras da 2ª edição da Iluminarte, no Shops Jardins em São Paulo, até 31 de outubro.
Tudo isso, através de obras inspirada em sonhos e fantasias, a exposição reúne cinco obras site specific assinadas por Gabriella Garcia, Gabriel Massan, Leandro Mendes, mais conhecido como Vigas, Tainan Cabral e Rizza + Estúdio Xingu (projeto de Zeca Gerace e Victor Corrêa). Juntos, a mostra apresenta um olhar sob a perspectiva de obras que transitam entre o real e o imaginário, entrelaçadas por noções e visuais fantásticos.
Os detalhes começam pela fachada do Shops Jardins, com esculturas digitais criadas por Gabriel Massan e que ocupam os painéis de LED, conectando o mundo de fora ao de dentro. Inclusive não tem como não se impressionar com um lustre, que tem mais de 6 mil metros de correntes douradas, que brilha como um sol no centro do shopping, criação da artista Rizza em parceria com o Estúdio Xingu. Um espetáculo!
Outra instalação que domina todo o pé direito do espaço é “Light Falls”, do artista Vigas, com uma espetacular cascata de 15 metros de luzes que correm do último andar até o piso térreo. No primeiro piso, a instalação de Gabriella Garcia coloca objetos e imagens históricas sob novas perspectivas – no caso, uma cabeça de estátua “grega” clássica que emerge como um artefato.
A mostra Iluminarte tem consultoria artística da 2.Art Lovers, de Fernanda Vidigal e Natalie Felsberg, e produção da Ayo.
ILUMNARTE 2022
@SHOPSJARDINS
@2.ARTLOVERS
Gabriella Garcia
O passado histórico dos objetos é central na obra de Gabriella Garcia. A artista frequentemente garimpa peças antigas que, por terem sido danificadas, perderam seu valor. No entanto, ao serem agregadas a uma obra de arte, recuperam parte de sua importância. Em um processo de inversão que visa ressignificar conceitos de imagem e poder, Gabriella questiona a existência de uma verdade única. Embora sua poética visual ostente uma aura misteriosa e onírica, suas obras têm como origem pesquisas históricas, com dados reais. Criam, assim, um movimento dialético entre realidade e ilusão.
Solo, sombra, ilusão
O primeiro encontro com Solo, sombra, ilusão transcende a experiência lógica e suscita a pergunta: há um mundo subterrâneo que não podemos enxergar? Com esta instalação, a artista cria um não-lugar que busca refúgio no impossível. Se os surrealistas utilizavam elementos figurativos para criar cenários absurdos, aqui a artista também evoca a metafísica ao propor com objetos, grandes dimensões e iluminação um espaço misterioso em plena metrópole. O anacronismo presente na estátua de inspiração clássica nos remete às telas de Giorgio de Chirico, como “Canção de amor”.
Siga Gabriella Garcia no Instagram: @gabriellinha__
Vigas
Artista multimídia conhecido por suas instalações audiovisuais e obras em videomapping, Vigas lança mão de fenômenos como luz e som para criar obras que vão de esculturas a projeções de grande escala. Seus projetos frequentemente partem do sintético para criar uma estética orgânica em obras que envolvem o espectador e oferecem inúmeras possibilidades interpretativas. O artista coleciona diversas apresentações em festivais nacionais e internacionais, tais como Sónar Festival de Barcelona (Espanha), Amsterdam Light Festival – Amsterdã (Holanda) e SP Urban Digital Festival – São Paulo (Brasil).
Light Falls
Uma enorme cachoeira de tubos e luzes, Light Falls traz para dentro do shopping um elemento primordial: a água. Não é necessário que a água em si componha a obra para que se faça presente e nesta instalação o artista gera uma fricção ao criar o orgânico a partir do artificial e mimetizar o líquido por meio do sólido. Fundamental para a vida, a água também carrega consigo uma variedade de simbolismos, como a profundidade, o movimento, o espelho, o sonho e a fluidez em oposição à petrificação. Ao longo da História da Arte, inúmeras obras tiveram como tema este bem inestimável. No surrealismo em especial, a água era um assunto recorrente, por representar o mergulho no inconsciente, como fica claro na pintura a óleo de Frida Kahlo, “O que a água me deu”.
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Rizza + Estúdio Xingu
Rizza e Estúdio Xingu se uniram neste projeto para criar uma obra que existe na intersecção entre as duas trajetórias: de um lado, o Estúdio, que nasce como night club nos anos 1990 em um ambiente de imersão e que passa a se associar à moda e à publicidade com o intuito de criar desejo. Do outro lado, uma artista interessada em assuntos ancestrais, como a cosmologia e as relações energéticas - inclusive aquelas provenientes de objetos -, disciplinas que permeiam sua prática artística. Reunidos, Rizza e Estúdio Xingu tornam-se uma espécie de usina de força artística para criar uma obra que alia significado, espiritualidade e beleza.
Fóton
Fóton é um imenso lustre que pende do teto quase tocando o chão e está localizado bem ao centro do shopping. Não coincidentemente, a obra foi inspirada no sol. Cada elo dos mais de 6 mil metros de corrente representa um fóton – a partícula primordial que compõe a luz. Também como o sol, a obra pode ser vista de quase todos os lugares do shopping e, sob diferentes ângulos, permite que cada espectador a interprete a seu modo. O sol representa uma fonte de energia inesgotável, pode ser usado de forma terapêutica e é cultuado como divindade em algumas culturas. No surrealismo, o sol é um elemento importante graças a seu vasto repertório simbólico, aparecendo em obras como a pintura a óleo “O banquete”, de Renée Magritte.
Siga Rizza e Estúdio Xingu no Instagram: @rizza.art / @estudioxingu
Gabriel Massan
Para Gabriel Massan, a experiência de criar mundos vem de seu profundo interesse em esculturas digitais que simulam e narram situações de igualdade a partir do ponto de vista da pessoa preta, indígena e latino-americana. Para o artista, a realidade virtual é uma forma de investigar as diferentes noções de estranheza e ignorância por trás do universo virtual como do real. Sua prática frequentemente tem como foco as discrepâncias sociais e a influência que sofrem pelas esculturas criadas em cenários virtuais comuns e incomuns, adicionando sua experiência pessoal à pesquisa de forma a trazer mais uma camada de significado ao tema. Atualmente, Gabriel Massan vive na Alemanha.
Terrário para Fertilização in Vitro
Esculturas digitais humanoides nos observam enquanto estão presas aos telões na fachada do shopping, em uma narrativa distópica que reúne fatos históricos e simula uma história fictícia. Estas personagens que compõem Terrário para Fertilização in Vitro nos lembram que estamos sendo constantemente observados – seja no mundo real ou no metaverso. Por meio destas grandes janelas digitais, as esculturas parecem querer nos alertar sobre a nossa sensibilidade perdida, a humanidade reprimida e a existência de um novo universo. Estas são noções cíclicas que marcaram também o surrealismo, em obras como a de Salvador Dalí, “Criança geopolítica observando o nascimento do homem novo”.
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Tainan Cabral
As obras de Tainan Cabral são carregadas de realidade pessoal e referências históricas que se transfiguram em fantasia. Assim, o artista parte de sua pesquisa de fotografia iniciada em seu lugar de origem - Senador Camará, no subúrbio do Rio de Janeiro - para criar uma mistura de conceitos que altera a realidade a partir de efeitos visuais e na qual os limites são as cores. Sua estética característica transita entre o orgânico e o sintético e se alimenta de outras áreas artísticas como a música, concretizando aquilo que o artista chama de “miragem da imagem”.
Dubismo 2
Com inspiração no dubstep, um gênero musical que utiliza muitos efeitos sintéticos, a obra Dubismo 2 traz inúmeras cores e formas em aparente associação livre e que podem ser traduzidas como um sonho através da realidade. Influenciado por suas pesquisas sobre elementos do subúrbio, o artista traz o conceito profundamente brasileiro da gambiarra (utilizar de improviso o que se tem à mão para resolver uma situação), associando a matemática ao orgânico e o bucólico ao lúdico para criar um lugar inexistente, uma miragem da imagem. O uso de materiais prontos, como pneus e molduras, remete ao famoso ready made “Fonte”, de Marcel Duchamp, um dos principais expoentes do dadaísmo, movimento de vanguarda tido como propulsor do surrealismo.
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Fotos: João Almeida