Dona de uma das galerias mais respeitadas do pa&iacute;s, Mar&iacute;lia Razuk respira arte e revela o que guarda em seu apartamento avarandado no Jardim Paulista

Dona de uma das <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/museus-galerias-de-arte-virtuais">galerias</a> mais respeitadas do pa&iacute;s, Mar&iacute;lia Razuk respira <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/arte/delphine-versace-e-virginie-friedmann-em-entrevista-exclusiva">arte</a> e revela o que guarda em seu <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/arte/lissa-carmona-abre-seu-apartamento-em-milao-para-l-officiel">apartamento</a> avarandado no Jardim Paulista. Confira!

H&aacute; mais de 30 anos &agrave; frente de uma das galerias mais respeitadas de S&atilde;o Paulo, Mar&iacute;lia Razuk &eacute; dos nomes que fazem parte da hist&oacute;ria da arte contempor&acirc;nea no Brasil. Criada em uma fam&iacute;lia de intelectuais, respirou cultura desde a inf&acirc;ncia e foi naturalmente influenciada a seguir esse caminho. Publicit&aacute;ria de forma&ccedil;&atilde;o, iniciou sua carreira no universo art&iacute;stico organizando exposi&ccedil;&otilde;es peri&oacute;dicas em clubes, buscando artistas e definindo curadoria. Em 1992, com o objetivo de divulgar, promover e difundir a produ&ccedil;&atilde;o contempor&acirc;nea, por meio da representa&ccedil;&atilde;o de artistas nacionais e internacionais de diversas gera&ccedil;&otilde;es, inaugurou sua primeira galeria, instalada em um antigo espa&ccedil;o projetado por Lina Bo Bardi e repensado por Isay Weinfeld. Foi l&aacute; que produziu sua primeira exposi&ccedil;&atilde;o com obras de Tunga. Imediatamente, um burburinho se formou em torno de seu nome.

Sala de jantar com mesa de Carlo Hauner e Martin Eisler

Desde ent&atilde;o, Mar&iacute;lia passou a ser considerada uma vision&aacute;ria. &ldquo;J&aacute; montei v&aacute;rias cole&ccedil;&otilde;es para clientes, e hoje essas pessoas t&ecirc;m pequenas fortunas nas m&atilde;os&rdquo;, diz ela, sem falsa mod&eacute;stia, e aponta como mestres galeristas Ant&ocirc;nio Maluf (1926-2005) e Raquel Arnaud. Anos depois, a galeria se mudou para o bairro do Itaim, onde est&aacute; at&eacute; hoje. O novo endere&ccedil;o foi projetado pelo marido e arquiteto, Roberto Loeb, que criou um espa&ccedil;o para acomodar exposi&ccedil;&otilde;es simult&acirc;neas e em diferentes linguagens, ao mesmo tempo que permite criar um percurso para os visitantes. Atualmente, a Galeria Mar&iacute;lia Razuk conta com dois espa&ccedil;os expositivos localizados na mesma rua e representa tanto nomes consagrados e fundamentais para o entendimento da arte brasileira do s&eacute;culo 20 como artistas emergentes, nacionais e internacionais.

Coleção de pratos Cindy Sherman

Livro de Roberto Loeb

Com dois filhos, frutos de seu primeiro casamento, e cinco netos, a galerista est&aacute; casada h&aacute; 19 anos com Roberto, seu segundo marido. Ali&aacute;s, ele &eacute; o respons&aacute;vel pelo projeto do apartamento onde vivem h&aacute; mais de uma d&eacute;cada no Jardim Paulista. &ldquo;Na &eacute;poca, havia tr&ecirc;s ruas em que eu gostaria de morar. Em uma delas, tinha esse pr&eacute;dio, ainda em constru&ccedil;&atilde;o. Decidimos comprar. O edif&iacute;cio &eacute; uma constru&ccedil;&atilde;o cl&aacute;ssica, mas a parte interna do nosso apartamento &eacute; altamente contempor&acirc;nea&rdquo;, conta Mar&iacute;lia, que descreve o im&oacute;vel: &ldquo;&Eacute; um espa&ccedil;o aberto, bastante integrado&hellip; cozinha, sala, varanda. &Eacute; poss&iacute;vel circular entre os ambientes sem restri&ccedil;&otilde;es. Portas de correr podem ser abertas ou fechadas, proporcionando novas configura&ccedil;&otilde;es&rdquo;. Para garantir mais privacidade e aconchego, os tr&ecirc;s quartos seguem um padr&atilde;o mais tradicional.

Esculturas de Tunga e Amilcar de Castro

Esculturas de Tunga e Amilcar de Castro e árvore da colombiana Johanna Calle

A varanda e a lareira s&atilde;o as queridinhas da propriet&aacute;ria. Ali&aacute;s, Roberto Loeb far&aacute; uma obra grande no pr&eacute;dio para aumentar a varanda dos apartamentos. &ldquo;A gente est&aacute; perto das &aacute;rvores. Vai melhorar ainda mais&rdquo;, ressalta ela. Tamb&eacute;m destaca o sof&aacute; &ldquo;gostoso&rdquo; que tem no quarto: &ldquo;Costumo trabalhar l&aacute;&rdquo;, e &ldquo;uma poltrona vermelha do designer italiano Carlo Molina que &eacute; minha paix&atilde;o&rdquo;. E continua: &ldquo;Essa cadeira fica perto da lareira, tem uma lumin&aacute;ria que permite ler confortavelmente. Recentemente, tivemos que reform&aacute;-la porque a Chiquita [a cachorrinha shih-tzu que divide o lar com o casal] arranhou o tecido&rdquo;.

Retrato de Fernando Pessoa por Ana Prata

Um acordo selou o quesito decora&ccedil;&atilde;o: &ldquo;Deixei a escolha de mobili&aacute;rio com o Roberto, que trouxe pe&ccedil;as que tinham a ver com o espa&ccedil;o criado por ele. J&aacute; eu fiquei com a miss&atilde;o de trazer a arte para nossa casa&rdquo;, diz Mar&iacute;lia, para logo depois revelar que, na verdade, tudo foi feito a quatro m&atilde;os. Ela afirma ter constru&iacute;do uma pequena cole&ccedil;&atilde;o privada, sempre renovada com novas aquisi&ccedil;&otilde;es, que v&atilde;o sendo remanejadas de tempos em tempos. Para ela, n&atilde;o existe colecionismo sem paix&atilde;o, e, com todo seu expertise, d&aacute; a letra: &ldquo;Quem compra com orienta&ccedil;&atilde;o e envolvimento em pouco tempo ter&aacute; uma cole&ccedil;&atilde;o bem mais valiosa do que aqueles que compram apenas por investimento&rdquo;.

Uma panorâmica da sala, em conceito aberto. Destaque para o piso de pastilhas

Entre as preciosidades que comp&otilde;em o lar de Mar&iacute;lia e Roberto est&atilde;o pe&ccedil;as do mobili&aacute;rio contempor&acirc;neo, como a mesa de jantar assinada por Carlo Hauner e Martin Eisler, com cadeiras Vitra, ao redor da qual costumam receber fam&iacute;lia e amigos para animados jantares. Na sala de estar, o banco de Zalszupin, o sof&aacute; de Isamu Noguchi e a poltrona de Carlos Motta d&atilde;o o tom.

&ldquo;SEM MEDO DE DESAFIAR O status quo, MAR&Iacute;LIA RAZUK PODE SER definida COMO UMA GALERISTA low-profile E perspicaz, QUE MANT&Eacute;M SEU OLHAR SEMPRE conectado COM O MUNDO E AS mudan&ccedil;as sociais. RECONHECE AS minorias E O DISCURSO DA SOCIEDADE.&rdquo;
SEBA CALFUQUEO

Entre as pe&ccedil;as de arte, obras de Douglas Gordon, Tunga, Segal, Leonilson, Doris Salcedo, Lucia Loeb, Mona Ratton, Jorge Molder, fotos de Nan Goldin e do in&iacute;cio de carreira da iraniana Shirin Neshat, uma compra &ldquo;coup de coeur&rdquo; de Mar&iacute;lia. Tamb&eacute;m merecem destaque nomes como Franz Weissmann, Amilcar de Castro, Jos&eacute; Carlos Garcia, Johanna Calle, Jos&eacute; Bechara, Hilal Sami Hilal, Rodrigo Bueno, s&oacute; para citar alguns. Os livros tamb&eacute;m est&atilde;o entre as paix&otilde;es da dupla: &ldquo;A biblioteca funciona como um corredor da casa, com muitos t&iacute;tulos e outras obras de arte, como os desenhos de Alex Cerveny&rdquo;, complementa.

A galerista em meio a obras de Rodrigo Bueno, Cildo Meireles, Amilcar de Castro, Maria Andrade. Destaque para a trança de Tunga

Sem medo de desafiar o status quo, Mar&iacute;lia Razuk pode ser definida como uma galerista low-profile e perspicaz, que mant&eacute;m seu olhar sempre conectado com o mundo e as mudan&ccedil;as sociais. Reconhece as minorias e o discurso da sociedade &ndash; cita Seba Calfuqueo, artista e curadora chilena de origem mapuche, representada pela galeria e em exposi&ccedil;&atilde;o na 60&ordf; Bienal de Veneza e na Bienal Whitney, que pela primeira vez abre para artistas n&atilde;o norte-americanos.

Quadro de Douglas Gordon acima do sofá

Planos? Muitos. &ldquo;Agora em agosto inauguramos na galeria uma mostra em torno de Leonilson, uma coletiva de artistas que dialogam com o trabalho dele na sua intimidade. Ao mesmo tempo, no Masp estamos com uma retrospectiva da carreira de Leonilson, uma exposi&ccedil;&atilde;o muito grande. Em outubro vou estar na Paris+ par Art Basel, um espa&ccedil;o disputado pelo mercado de arte mundial e onde poucas galerias brasileiras estar&atilde;o presentes, e, em dezembro, na Art Basel Miami Beach&rdquo;, encerra Mar&iacute;lia, sem perder o f&ocirc;lego em meio a tantos compromissos.&nbsp;

Marília Razuk respira arte e revela o que guarda em seu apartamento

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