Uma das grandes colecionadoras do Brasil, Renata de Paula abre as portas de seu novo apartamento e apresenta suas preciosidades

Ela respira arte! Uma das grandes colecionadoras do Brasil, Renata de Paula abre as portas de seu novo apartamento e apresenta suas preciosidades. Confira!

Da sala envidra&ccedil;ada de seu apartamento no 19&ordm; andar de um edif&iacute;cio de luxo, fincado em um dos bairros mais agitados de S&atilde;o Paulo, a vista &eacute; de tirar o f&ocirc;lego. O mar de pr&eacute;dios se estende at&eacute; encostar na Serra da Cantareira de frente para o Pico do Jaragu&aacute;. E foi justamente esse horizonte que se descortina em meio &agrave; metr&oacute;pole que chamou a aten&ccedil;&atilde;o de Renata de Paula, quando estava procurando um novo lar para chamar de seu. Uma das grandes colecionadoras de arte contempor&acirc;nea do pa&iacute;s, viveu por mais de uma d&eacute;cada em um triplex de mais de 1.500 m 2 , na Vila Nova Concei&ccedil;&atilde;o, cercada de obras de artistas importantes, como Calder e Brecheret, passando por Beatriz Milhazes, Os G&ecirc;meos, Eduardo Srur, entre dezenas de outros. Com os filhos j&aacute; adultos e tomando novos rumos, e ap&oacute;s passar por uma s&eacute;rie de fatos transformadores que a levaram a repensar sua vida, como um c&acirc;ncer, uma separa&ccedil;&atilde;o e uma viagem solo para fazer o Caminho de Santiago de Compostela, Renata se viu em um novo momento. Mudou-se para um lindo apartamento de 200 m 2 , com uma su&iacute;te com closet gigante, que tamb&eacute;m faz as vezes de escrit&oacute;rio, uma sala ampla e cozinha integrada &ndash; uma das coisas de que a propriet&aacute;ria mais gosta &eacute; reunir fam&iacute;lia e amigos, e cozinhar para eles &ndash;, e muita ilumina&ccedil;&atilde;o natural e, claro, uma sele&ccedil;&atilde;o toda especial de arte.

Ao perguntar sobre como come&ccedil;ou sua paix&atilde;o pela arte contempor&acirc;nea, a conselheira da Pinacoteca de S&atilde;o Paulo e patrona do MASP mergulha em suas lembran&ccedil;as: &ldquo;Nasci em uma fam&iacute;lia muito humilde em Franca, no interior de S&atilde;o Paulo. Eu me formei em Enfermagem, trabalhei no hospital S&iacute;rio-Liban&ecirc;s. Tamb&eacute;m sou comandante de helic&oacute;ptero, designer de interiores formada pela escola Panamericana, mergulhadora e paraquedista&hellip; sou bem vers&aacute;til&rdquo;, diverte-se. &ldquo;Quando me casei, logo tive meus dois filhos &ndash; Lucas e Laura, com apenas dois anos de diferen&ccedil;a. Quando eles cresceram, meu ex-marido quis que eles estudassem em um col&eacute;gio americano. Como eu queria ficar perto deles, decidi trabalhar como volunt&aacute;ria fazendo o &ldquo;storage&rdquo; do Chapel Art Show, uma exposi&ccedil;&atilde;o de arte anual promovida pela escola. Eu era respons&aacute;vel por embalar e desembalar as obras. Foi ali que comecei a ter contato com esse universo e me apaixonei&rdquo;.

A mudan&ccedil;a para o novo e mais compacto lar, implicou em ter que se desfazer de algumas obras e remanejar outras. O arquiteto Dado Castello Branco assinou o projeto na medida para valorizar a poderosa cole&ccedil;&atilde;o de Renata. &ldquo;Optamos por tons mais neutros, inclusive no mobili&aacute;rio, para que a arte ficasse em evid&ecirc;ncia&rdquo;, conta ela, que decidiu fazer o piso todo de caquinhos em uma refer&ecirc;ncia a suas origens, &agrave; casa de seus av&oacute;s em Franca. No d&eacute;cor, cria&ccedil;&otilde;es assinadas por designers, como Joaquim Tenreiro, ETEL e Zaha Hadid, s&oacute; para citar algumas. Veio ent&atilde;o o momento de fazer a curadoria do que ficaria no apartamento e o que seria levado para sua casa de campo ou seria vendido. &ldquo;Eu mesma fa&ccedil;o a curadoria da minha cole&ccedil;&atilde;o. Se n&atilde;o me identifico mais com determinada obra ou artista, passo para a frente. O mesmo acontece se vejo uma obra de que gosto mais de algum artista que j&aacute; tenho em casa, vendo uma e compro a outra. Por ser um espa&ccedil;o limitado, procuro ter uma pe&ccedil;a de cada artista, para contemplar todos os que amo. Na mudan&ccedil;a, fiz uma curadoria privilegiando o que tinha a ver com meu novo momento. Aqui em S&atilde;o Paulo, acabaram ficando os concretos e os geom&eacute;tricos. Levei para minha casa em Itu v&aacute;rias artistas mulheres da cole&ccedil;&atilde;o, como Adriana Varej&atilde;o, Bia Milhazes&hellip;, ali&aacute;s estou em um momento superfeminino, de olho em artistas mulheres&rdquo;, conta ela, que est&aacute; sempre antenada em novos talentos.

Fazendo um tour pela cole&ccedil;&atilde;o de Renata de Paula, podemos destacar os seguintes momentos: assim que a porta do elevador se abre, o visitante &eacute; recebido por um hipnotizante Anish Kapoor em tom lavanda. Na outra parede do hall de entrada, uma montagem com pe&ccedil;as geom&eacute;tricas e coloridas de Arthur Luiz Piza. Atr&aacute;s da mesa de jantar, dois pontos de cor intensa chamam a aten&ccedil;&atilde;o: uma obra amarela de H&eacute;lio Oiticica e uma vermelha de Lygia Pape. Sobre a mesa de centro, um dos &ldquo;bichos&rdquo; de Lygia Clark divide espa&ccedil;o com Amelia Toledo e Tunga. No centro do ambiente, uma escultura em bronze de Maria Martins: &ldquo;Queria ter uma obra dela. Procurei muito at&eacute; que comprei&rdquo;, revela Renata, que tamb&eacute;m costuma doar obras a grandes museus do Brasil e do mundo. Nas paredes, telas de Antonio Dias, Jeffrey Steele, Jac Leirner, Rochelle Costi, Iran do Esp&iacute;rito Santo, Leonilson, Julio Le Parc, Erika Verzutti&hellip;

No quarto, impera na cabeceira da cama uma enorme tela de Damien Hirst. Com fundo branco e bolas coloridas, d&aacute; um up ao astral do c&ocirc;modo. Uma pequena instala&ccedil;&atilde;o, que consiste em uma agulha costurando a parede com linha vermelha, est&aacute; entre as queridinhas de Renata. &ldquo;Adoro o trabalho da Adrianna Eu. Ela costura rela&ccedil;&otilde;es e hist&oacute;rias&rdquo;, pontua ela, apontando tamb&eacute;m um duo de rostos de Rosana Paulino: &ldquo;&Eacute; uma artista negra com uma produ&ccedil;&atilde;o inacredit&aacute;vel, de muita for&ccedil;a, e tenho algumas obras dela aqui&rdquo;. Nem o lavabo ficou de fora quando o assunto &eacute; curadoria. &ldquo;Quis fazer um ambiente mais despojado, divertido. Reuni aqui tudo o que tem palavras e frases, que adoro, por sinal.&rdquo;

Para al&eacute;m de seu envolvimento com a arte, Renata de Paula tamb&eacute;m dedica seu tempo e seus contatos a projetos sociais. Em 2017, ela fundou o Instituto Ybi com o objetivo de proporcionar aos projetos apoiados/acelerados recursos financeiros, modernas ferramentas de gest&atilde;o, capta&ccedil;&atilde;o e governan&ccedil;a. &ldquo;Atualmente, o Ybi j&aacute; caminha sozinho e n&atilde;o participo tanto do dia a dia. Antes dele, fiz um trabalho muito grande na cracol&acirc;ndia. Por muitos anos cuidamos das crian&ccedil;as que ficavam soltas por ali e chegamos a distribuir mais mil refei&ccedil;&otilde;es por dia. Foi intenso.&rdquo; No momento, Renata est&aacute; &agrave;s voltas com outros projetos, ligados &agrave; educa&ccedil;&atilde;o, e com o lan&ccedil;amento de seu livro autobiogr&aacute;fico, no qual fala dos desafios, fases da vida e descobertas feitas durante os dias em que percorreu o Caminho de Santiago de Compostela. &ldquo;Tinha um di&aacute;rio em que ia escrevendo tudo o que acontecia e sentia. Alguns amigos me incentivaram a transformar em livro. J&aacute; est&aacute; pronto e deve ser lan&ccedil;ado em maio&rdquo;, revela a neoescritora, que est&aacute; sempre em movimento, se reinventando e pronta para encarar o que vier pela frente.

Renata de Paula abre as portas de seu novo apartamento em São Paulo

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