Jessica Costa usa a tape&ccedil;aria escult&oacute;rica para construir sua arte-artesanato e ganha reconhecimento de premia&ccedil;&atilde;o assinada pela Loewe

Derramando-se pelas paredes como um objeto vivo, as obras de Jessica Costa t&ecirc;m chamado aten&ccedil;&atilde;o ao confundir os limites entre arte manual, <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/novo-documentario-conta-a-trajetoria-de-28-agricultoras-do-piaui">artesanato</a> e escultura. Da primeira individual na Zipper Galeria, em 2024, a paulistana &eacute; a primeira brasileira a entrar na shortlist de indicados ao <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/arte/loewe-celebra-os-trabalhos-do-premio-loewe-foundation-craft-2025">Loewe</a> Craft Prize &ndash; premia&ccedil;&atilde;o mundial promovida pela funda&ccedil;&atilde;o da marca espanhola que, desde 2016, dedica-se a revelar e fomentar artistas que trabalham com o <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/artesanal-precioso-editorial-de-moda-exclusivo">artesanal contempor&acirc;neo</a>.&nbsp;
Egressa da moda &ndash; campo onde chegou a produzir pe&ccedil;as especiais para desfiles de nomes como Neriage e Fernanda Yamamoto &mdash;, Jessica tem um olhar especial para o campo t&ecirc;xtil. Como ela mesma gosta de definir, &ldquo;o fio conduziu a minha carreira profissional, desde sempre&rdquo;. Das especializa&ccedil;&otilde;es em campo e da sua experi&ecirc;ncia acad&ecirc;mica, aprofundou-se na pesquisa hist&oacute;rica sobre o apagamento das t&eacute;cnicas manuais t&ecirc;xteis no campo da arte, relegadas ao subgrupo de artesanato; especialmente quando alinhadas a um trabalho especialmente feminino.
&ldquo;Gosto de me apresentar como artista-artes&atilde;, justamente para aproximar essas duas denomina&ccedil;&otilde;es e, de certa forma, borrar os conceitos. Onde come&ccedil;a o artesanato e onde come&ccedil;a a arte? &Eacute; um h&iacute;brido dos dois ou &eacute; uma percep&ccedil;&atilde;o externa, sendo que o trabalho existe independentemente dessas denomina&ccedil;&otilde;es?&rdquo;, provoca, acompanhando de perto a transi&ccedil;&atilde;o de discernimentos do mercado de arte, que vem olhando com mais fervor (e respeito institucional) para essas produ&ccedil;&otilde;es.

Foto: Divulgação

A artista foi selecionada por unanimidade entre o time de experts que escolhe os 30 finalistas do pr&ecirc;mio, agora em fase de criteriosa avalia&ccedil;&atilde;o pelos jurados &ndash; incluindo curadores, arquitetos, ganhadores de outras edi&ccedil;&otilde;es e o estilista Jonathan Anderson, que era diretor criativo da Loewe at&eacute; mar&ccedil;o.&nbsp;
Nada minimalista, a atual pesquisa de Jessica parte das constru&ccedil;&otilde;es de tape&ccedil;aria; especialmente a tufagem, t&eacute;cnica de origem milenar que, evolu&iacute;da, tem o aux&iacute;lio de uma pistola que insere os fios de l&atilde; no suporte. &ldquo;H&aacute; essa dualidade no trabalho: apesar de levantar a bandeira do fazer manual, uso uma m&aacute;quina. Mas nem por isso o meu trabalho deixa de ser manual. Pelo contr&aacute;rio, a m&aacute;quina &eacute; uma extens&atilde;o. E que reflete tamb&eacute;m a realidade de ser uma artes&atilde; em uma cidade como S&atilde;o Paulo. A t&eacute;cnica responde &agrave; din&acirc;mica da vida&rdquo;, diz ela.
Pistola na m&atilde;o, ela constr&oacute;i obras que &ndash; novamente, borrando conceitos &ndash; s&atilde;o mix de arte t&ecirc;xtil com pintura e escultura, sem se reduzir a hierarquias. A l&atilde;, aplicada milimetricamente pelo avesso da pe&ccedil;a, ergue padr&otilde;es de cores que d&atilde;o corpo e dimens&atilde;o que, depois, s&atilde;o refinados em um processo escult&oacute;rico. &ldquo;&Eacute; quando consigo imprimir ainda mais a identidade e linguagem de trabalho, esculpindo as formas. A&iacute; o pensamento pict&oacute;rico muda do bidimensional para o tridimensional, no momento em que cavo e revelo os relevos da l&atilde;&rdquo;, conta.
Sobejos XII, a obra selecionada para concorrer ao pr&ecirc;mio, faz parte de um pol&iacute;ptico apresentado na primeira exposi&ccedil;&atilde;o da artista. Com mais de 2 metros de altura, &eacute; o &aacute;pice de uma s&eacute;rie de constru&ccedil;&otilde;es org&acirc;nicas que crescem e constroem formas quase biol&oacute;gicas, ainda que abstratas. E que, em paralelo, ironizam e desafiam a percep&ccedil;&atilde;o do academicismo da arte sobre o que pode ganhar esse crivo: enquanto uma tape&ccedil;aria, usualmente, n&atilde;o &eacute; emoldurada, as cria&ccedil;&otilde;es de Jessica engolfam exponencialmente molduras de madeira &ndash; transformando as dimens&otilde;es exatas das estruturas em sombras tomadas pela materialidade indom&aacute;vel.

Jessica Costa usa a tapeçaria escultórica para sua arte-artesanato

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