Botsuana se afirma como um destino ideal para os que buscam aventura e uma conex&atilde;o profunda com a natureza em seu estado mais puro

Em meio a savanas, <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/viagem/amazonia-guarda-um-universo-magico-e-abrigo-de-arvores-milenares">florestas</a>, plan&iacute;cies e &aacute;reas alagadas habitadas por grandes mam&iacute;feros e aves de cores vibrantes, Botsuana se afirma como um destino ideal para os que buscam <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/viagem/madagascar-uma-aventura-extraordinaria-navegando-a-bordo-do-diana">aventura</a> e uma conex&atilde;o profunda com a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/tecnologia-e-natureza-se-unem-para-melhor-qualidade-de-vida">natureza</a> em seu estado mais puro. Confira!&nbsp;

A viagem come&ccedil;ou em S&atilde;o Paulo. Parti para Johannesburgo &ndash; cidade da &Aacute;frica do Sul historicamente lembrada pelas nu - merosas minas de ouro que estiveram em funcionamento at&eacute; o fim da d&eacute;cada de 1970 &ndash; e de l&aacute; segui para Maun, centro administrativo de Ngamiland e capital do turismo em Botsuana. Foi a partir desse trecho que cheguei &agrave; margem sul do Delta do Okavango, uma das maiores plan&iacute;cies &uacute;midas do mundo e cuja &aacute;gua, que n&atilde;o desemboca para o mar, se divide por caminhos estreitos e se estende at&eacute; o Deserto de Kalahari. A import&acirc;ncia dessas liga&ccedil;&otilde;es geograficamente intrincadas, vindas dos territ&oacute;rios vizinhos de Angola e da Nam&iacute;bia, &eacute; entendida quando s&atilde;o enumeradas as esp&eacute;cies de animais que dependem delas para sobreviver, dos hipop&oacute;tamos aos elefantes.

Iniciei minha aventura a bordo de um dos pequenos avi&otilde;es da frota da Wilderness; com eles durante minha estadia, fui conduzida de uma ilha para a outra, de um para&iacute;so para o pr&oacute;ximo, aos lugares mais inimagin&aacute;veis e indescrit&iacute;veis do planeta.

Cintos afivelados e voando baixo, aos poucos foi se revelando toda a bel&iacute;ssima vegeta&ccedil;&atilde;o e os primeiros animais; conforme a pista de pouso se aproxima, pude ver bem de perto manadas de elefantes descansando sob as &aacute;rvores, zebras bebendo &aacute;gua em um lago, em um primeiro saf&aacute;ri, apresentado de uma perspectiva diferente, ampla e mais completa. Minutos em que me vi perdida nas imagens que esse continente tem a mostrar, cora&ccedil;&atilde;o a mil, queria apenas congelar o momento at&eacute; que o leve solavanco da aterrissagem me despertou, na minha frente a pista de pouso, cercada por floresta e savana. Desembarquei do avi&atilde;o e fui conduzida at&eacute; o jipe para o lodge, onde o ranger, meu guia, me aguardava para me levar ao acampamento.

J&aacute; pelo caminho, come&ccedil;ou o primeiro passeio, chamado por eles de game drive. Mas, antes, recebi de meu guia instru&ccedil;&otilde;es iniciais para aproveitar o saf&aacute;ri com seguran&ccedil;a. Se elas s&atilde;o seguidas &agrave; risca, os animais v&atilde;o se sentir &agrave; vontade, sem se importar com nossa presen&ccedil;a.

Ao norte de Botsuana, na fronteira com a Nam&iacute;bia, na regi&atilde;o de Linyanti, que tamb&eacute;m d&aacute; nome ao rio vizinho &agrave;s instala&ccedil;&otilde;es, encontra-se o Willderness King&rsquo;s Pool, aninhado em um bosque de &aacute;rvores de jackalberry &ndash; ou &eacute;bano africano. Conta-se que o lodge recebeu esse nome em homenagem ao rei Carlos XVI Gustavo da Su&eacute;cia, que se hospedou na regi&atilde;o com sua esposa, a rainha Silvia, durante a lua de mel. As oito espa&ccedil;osas su&iacute;tes receberam m&oacute;veis elegantes de tra&ccedil;os contempor&acirc;neos, com detalhes em cobre e em azul-petr&oacute;leo, alinhados aos objetos confeccionados por artes&atilde;os botsuanos. Toda a estrutura foi constru&iacute;da sobre deques, perfeitos para a seguran&ccedil;a e maravilhosos para a observa&ccedil;&atilde;o. A &aacute;rea de conviv&ecirc;ncia &eacute; bem espa&ccedil;osa e aconchegante, possui biblioteca, bar, restaurante, piscina e um terra&ccedil;o com vista para o rio.

Logo depois de me instalar, no fim da tarde, uma fogueira foi acesa nesse terra&ccedil;o. Foi quando o sol se p&ocirc;s vermelho no horizonte e v&aacute;rios hipop&oacute;tamos come&ccedil;aram a se movimentar, ao lado dos crocodilos, como se estivessem me dando as boas-vindas.

Nos lodges da Wilderness, o luxo discreto complementa sem competir com o ambiente natural, oferecendo uma experi&ecirc;ncia sofisticada e aut&ecirc;ntica, sem interferir na majestosa paisagem selvagem. Todo o conjunto tem a madeira como estrutura, do piso aos pilares, e utiliza a palha e a lona como revestimento. Importante destacar que a escolha pela madeira tem a ver com a manuten&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o. A Wilderness n&atilde;o utiliza, por exemplo, o cimento na constru&ccedil;&atilde;o, apenas mat&eacute;rias-primas que n&atilde;o danificam o ambiente e que possam ser removidas rapidamente a qualquer momento. Isto &eacute; o que os torna t&atilde;o especiais: tudo planejado para preservar a natureza intocada e o ecossistema ao seu redor. Falando nisso, a ilumina&ccedil;&atilde;o &eacute; garantida por pain&eacute;is solares alimentados pelo clima ensolarado de Botsuana. Feliz ap&oacute;s pisar em solo africano, depois do jantar, fui me recolher cedo, ansiosa pelos pr&oacute;ximos dias. Todas as su&iacute;tes do King&rsquo;s Pool est&atilde;o voltadas para o Rio Linyanti, e dessa perspectiva &eacute; poss&iacute;vel acompanhar a movimenta&ccedil;&atilde;o dos animais que atravessam por ali em busca de &aacute;gua. Na primeira noite, madrugada adentro, dois hipop&oacute;tamos vocalizaram bem alto enquanto se refrescavam bem em frente ao meu quarto. Protegida e feliz, esses sons foram para mim como uma can&ccedil;&atilde;o de ninar. N&atilde;o d&aacute; para negar que no in&iacute;cio, a primeira noite, h&aacute; um pouco de apreens&atilde;o, pois todos os sons do ambiente s&atilde;o diferentes, mas com o desenrolar dos dias voc&ecirc; entende que esse &eacute; um comportamento natural e perfeito da selva.

Algo que &eacute; comum em todos os Lodges &eacute; a rotina, que geralmente come&ccedil;a entre 5 horas e 5h30. Um guia bate &agrave; porta, faz o wake up call e volta meia hora depois para levar voc&ecirc; at&eacute; o restaurante, para tomar um breve caf&eacute; da manh&atilde; antes de partir para o saf&aacute;ri. Como ainda est&aacute; escuro, os guias que escoltam os h&oacute;spedes podem estar ou n&atilde;o armados, uma vez que as passarelas que conectam os dormit&oacute;rios &agrave;s &aacute;reas comuns n&atilde;o t&ecirc;m cercas. Mas, durante o dia, quando est&aacute; claro, posso caminhar de um ponto a outro, desde que fique atenta; afinal, o lodge est&aacute; no meio de uma reserva, e por l&aacute; os animais circulam livremente.

Em torno das 6 horas segui para o game drive. Para deixar a experi&ecirc;ncia mais confort&aacute;vel, nas &eacute;pocas mais frias do ano, a Wilderness mant&eacute;m os carros equipados com um poncho, mantas e uma bolsa de &aacute;gua quente para cada h&oacute;spede, um luxo cheio de cuidados. Os ve&iacute;culos s&atilde;o abertos, mas todos com cobertura, o que permite sentir um vento delicioso e refrescante do qual sinto falta at&eacute; hoje. Sentada no carro, c&acirc;mera na m&atilde;o, de olhos e cora&ccedil;&atilde;o bem abertos, preparada para o que a paisagem podia me oferecer, esperando sempre o inesperado, de repente o rei surgiu no meio da estrada. De pronto, para minha surpresa, encontrei logo em minha primeira hora um majestoso le&atilde;o rugindo em alto e bom som. Esse comportamento, explicou o ranger, dizia que ele estava &ldquo;mandando um recado&rdquo; para os outros, um aviso de que aquele era o seu territ&oacute;rio. Ent&atilde;o ele bramiu mais forte, repetiu seu rugido rouco umas tr&ecirc;s vezes e come&ccedil;ou a se espregui&ccedil;ar, como se estivesse se preparando para repousar. Nesse momento meu cora&ccedil;&atilde;o congelou. Isso &eacute; a &Aacute;frica.

Parte da agenda oferecida pelo King&rsquo;s Pool, a visita ao &ldquo;Hide&rdquo;, esconderijo, foi um cap&iacute;tulo &agrave; parte. Est&aacute;vamos percorrendo uma &aacute;rea de carro, e o ranger diminuiu a velocidade, indicando um t&uacute;nel subterr&acirc;neo em frente a um lago. Descemos alguns degraus e chegamos a esse espa&ccedil;o parecido com um bunker, cortado por uma janela sem vidros. Apontada na altura dos olhos, a abertura revelou a margem do lago onde manadas de elefantes e de zebras se refrescavam. De frente para a mesa posta, pr&oacute;xima do v&atilde;o, havia um balc&atilde;o divinamente arrumado com nosso almo&ccedil;o, saladas, carnes, vegetais e frutas e doces, um verdadeiro banquete. Como estava a pouco mais de 1 metro de dist&acirc;ncia de todos os animais, fiz em sil&ecirc;ncio uma das refei&ccedil;&otilde;es mais maravilhosas de minha vida, imersa s&oacute; pelo barulho das trombas que brincavam na &aacute;gua. Finalizando o almo&ccedil;o, voltei &agrave; minha batalha com minha c&acirc;mera, entre capturar ou estar no momento.

Com uma popula&ccedil;&atilde;o estimada em mais de 140 mil elefantes, o pa&iacute;s guarda em torno de 25% dos indiv&iacute;duos que existem no mundo. Isso d&aacute; a entender por que as organiza&ccedil;&otilde;es dedicadas &agrave; conserva&ccedil;&atilde;o da vida animal se tornaram cada vez mais estrat&eacute;gicas para a regi&atilde;o, como &eacute; o caso da Wilderness, que ajuda a proteger cerca de 2,5 milh&otilde;es de hectares de &aacute;reas selvagens exclusivas e que tem como meta dobrar esse n&uacute;mero at&eacute; 2030. Criada em Botsuana, no ano de 1983, a empresa conta atualmente com mais de 60 lodges distribu&iacute;dos em oito pa&iacute;ses da &Aacute;frica.

N&Atilde;O H&Aacute; c&eacute;u IGUAL AO DA &Aacute;FRICA. (...) No fim da tarde, UM arco-&iacute;ris ARDENTE SE FORMA; COME&Ccedil;A AMARELO, VAI FICANDO VERMELHO, ASSUME-SE EM ROXO E explode EM TONS DE LARANJA. Mudam em segundos SEUS TONS, E NUNCA S&Atilde;O IGUAIS.&nbsp;

De malas prontas, aproveitando o entardecer antes de seguir para o Camp Mokete, me ocorreu que n&atilde;o h&aacute; c&eacute;u igual ao da &Aacute;frica. O sol nasce como se fosse uma bola de fogo, desproporcionalmente grande, algo que &eacute; espantoso. No fim da tarde, um arco-&iacute;ris ardente se forma; come&ccedil;a amarelo, vai ficando vermelho, assume-se em roxo e explode em tons de laranja. Mudam em segundos seus tons, e nunca s&atilde;o iguais. A mudan&ccedil;a corre manchando tudo, o horizonte, o reflexo no vidro dos carros, at&eacute; ent&atilde;o ficar preto com a noite. Primeiro vem o Cruzeiro do Sul &ndash; a gente se concentra e faz pedidos de boa-sorte &ndash; e, ap&oacute;s alguns minutos, o c&eacute;u se transforma e fica coalhado de estrelas.

No dia seguinte, a bordo do helic&oacute;ptero que me levou para Mokete, em Mababe Depression, aberto a apenas quatro meses, tive uma experi&ecirc;ncia incr&iacute;vel. Como o ch&atilde;o do aparelho era de vidro, o meu campo de vis&atilde;o foi estendido consideravelmente. Adicionado a isso, a altura do voo foi um pouco mais baixa, e isso trouxe a sensa&ccedil;&atilde;o de estar muito pr&oacute;xima das girafas que esticavam seu pesco&ccedil;o para comer as folhas do topo das &aacute;rvores e das manadas de b&uacute;falos que corriam em disparada pela plan&iacute;cie. Nessa &eacute;poca em que fui, o clima estava seco, ent&atilde;o o galope deles levantou uma quantidade enorme de poeira, deixando um rastro atr&aacute;s do grupo. Parte de um projeto inovador, o Lodge est&aacute; na concess&atilde;o de Mababe, uma &aacute;rea protegida de cerca de 50 mil hectares localizada na margem leste do Delta do Okavango, e na Moremi Game Reserve, ao sul do Chobe National Park. Contendo p&acirc;ntanos, bosques, gram&iacute;neas e &aacute;gua, o local atrai todo tipo de vida selvagem.

O Delta do Okavango &eacute; formado pelas &aacute;guas angolanas que fluem para Botsuana, criando uma vasta &aacute;rea alagada em meio ao Deserto de Kalahari. Esse fen&ocirc;meno &eacute; &uacute;nico, pois essas &aacute;guas nunca chegam ao oceano; em vez disso, se espalham e evaporam ou s&atilde;o absorvidas pelo solo nas regi&otilde;es de depress&atilde;o. Esse ciclo cria um ecossistema extremamente f&eacute;rtil e diverso em uma &aacute;rea que, de outra forma, seria &aacute;rida, sustentando, dessa forma, uma vida selvagem rica e variada.

Tal qual no Wilderness King&rsquo;s Pool, o Wilderness Mokete tem estrutura de madeira e pain&eacute;is solares. A diferen&ccedil;a, nesse caso, est&aacute; no layout das nove tendas, que possuem lonas nas paredes e teto retr&aacute;til para a observa&ccedil;&atilde;o noturna. N&atilde;o d&aacute; para ser mais especial. Com m&oacute;veis de cores suaves e acabamentos de fibras naturais, os quartos contam com refrigerador de ar, uma pequena sala de estar e varanda, al&eacute;m de piscina privativa. Ao chegar, meu primeiro game drive foi at&eacute; uma pradaria. O espet&aacute;culo ao longe era de uma grandiosidade &iacute;mpar, formado por uma fileira de aproximadamente 3 mil b&uacute;falos, segundo calculou o guia, que estavam voltando ao ponto de pernoite ap&oacute;s terem feito uma longa caminhada at&eacute; um lago para beber &aacute;gua. Em fila indiana, organizados, eles desfilaram. Um dos momentos mais inesquec&iacute;veis foi quando fotografava os b&uacute;falos, uma hiena que estava em um grupo longe se aproximou de mim, aos poucos foi me olhando e em poucos minutos l&aacute; estava ela ao meu lado, eu abaixava, ela se abaixava, eu ia para um lado, e ela se aproximava e me seguia, eu levantava e ela partia, em um pequeno bal&eacute;. N&oacute;s nos comunicamos com respeito e admira&ccedil;&atilde;o. Acho que esta &eacute; uma das coisas de que mais gosto nesse continente, para onde volto sempre que poss&iacute;vel: h&aacute; uma energia muito forte, uma conex&atilde;o que se estabelece, uma energia &uacute;nica. O tempo por l&aacute; passa diferente, quem dita seu compasso &eacute; a natureza; n&oacute;s seguimos, agradecemos e somos presenteados. Durante nossos passeios, sempre acontece uma parada, uma pausa, e em um local seguro um pequeno piquenique &eacute; montado. Hora perfeita para esticar as pernas, jogar conversa fora, comer algumas frutas secas ou pequenos e deliciosos sandu&iacute;ches, e, claro, no fim da tarde, um gim t&ocirc;nica. J&aacute; no game drive matinal, de vez em quando at&eacute; uma pequena dose de licor de Amarula no caf&eacute; &eacute; permitida. Feito a partir dos frutos das &aacute;rvores de marula, t&iacute;picas na regi&atilde;o, o aperitivo conquista a todos e virou quase uma tradi&ccedil;&atilde;o. Nossos anfitri&otilde;es contaram que quando os p&eacute;s est&atilde;o carregados &eacute; normal ver macacos e elefantes se esbaldando ao redor dos troncos para comer as castanhas at&eacute; entrarem em estado de embriaguez, j&aacute; que a polpa fermenta muito r&aacute;pido.

Com algo de nost&aacute;lgico no ar, sabendo que aquela seria a &uacute;ltima parada da rota, entrei no helic&oacute;ptero que me levaria ao Wilderness Tubu Tree, rec&eacute;m-reformado, constru&iacute;do no Okavango Delta. Erguido ao lado de plan&iacute;cies inundadas, o conjunto re&uacute;ne exclusivas oito tendas suspensas ligadas por passarelas elevadas de madeira. As &aacute;reas comuns incluem um grande sal&atilde;o com sof&aacute;s de couro, varanda coberta equipada com telesc&oacute;pios, sala de jantar, bar e lounge e uma piscina embaixo de uma gigante &aacute;rvore de marula. Em uma leitura sofisticada do que pode ser uma casa na &aacute;rvore, as su&iacute;tes t&ecirc;m m&oacute;veis cl&aacute;ssicos de madeira e pe&ccedil;as de design contempor&acirc;neo, banheiro e uma varanda separada por portas de correr, que t&ecirc;m que estar sempre bem fechadas, pois as visitas de curiosos babu&iacute;nos s&atilde;o constantes. Tendo a preserva&ccedil;&atilde;o desses ambientes como meta, o layout dos lodges da Wilderness segue a linha da arquitetura imersiva &ndash; quase uma ci&ecirc;ncia exata, por assim dizer &ndash;, oferecendo aos h&oacute;spedes experi&ecirc;ncias &uacute;nicas em cada metro quadrado, dentro ou fora do lodge. Conta-se a&iacute; a companhia de fam&iacute;lias de babu&iacute;nos que desfilavam entre os quartos e em frente &agrave; piscina, passavam rapidamente, faziam pequenas paradas, nos observavam e continuavam a procurar alimento. Perto do camp, le&otilde;es se movimentavam nas cercanias, a pouco mais de 1 quil&ocirc;metro de dist&acirc;ncia. Era comum os escutarmos rugindo durante a noite, t&atilde;o forte que pareciam estar pr&oacute;ximos a n&oacute;s.

E as piscinas, n&atilde;o posso me esquecer delas, onde podemos descansar ap&oacute;s uma manh&atilde; movimentada, nos refrescar ap&oacute;s o almo&ccedil;o e at&eacute; mesmo cochilar no fim da tarde, com vistas que espelham os c&eacute;us, que refletem tamb&eacute;m o p&ocirc;r do sol.

A filosofia da Wilderness tamb&eacute;m se baseia ainda no conceito de que seus complexos celebram as express&otilde;es regionais, tendo em toda a decora&ccedil;&atilde;o de seu lodges alguma pe&ccedil;a fabricada no entorno, objetos produzidos por entidades e por artes&atilde;os locais independentes. Outro ponto relevante &eacute; que mais de 90% das equipes que trabalham na organiza&ccedil;&atilde;o v&ecirc;m dos vilarejos do entorno ou pr&oacute;ximo, de modo que os saberes, a hist&oacute;ria de vida e o conhecimento desses profissionais s&atilde;o compartilhados com os h&oacute;spedes. Em tr&ecirc;s oportunidades, pude me aproximar de sua cultura. Primeiro naveguei em uma mokoro, uma esp&eacute;cie de canoa de fibra de vidro e que antigamente era de madeira, impulsionada e conduzida por varas que alcan&ccedil;am o fundo do rio, onde tive a sensa&ccedil;&atilde;o de que flutuava pela grama. Naveguei quieta, o que me proporcionou a possibilidade de chegar muito perto dos animais. Nas margens, ant&iacute;lopes, elefantes e p&aacute;ssaros &ndash; muitos deles, por sinal, vistos por outra perspectiva, deslizando em um sil&ecirc;ncio repleto de vida. Tive tamb&eacute;m a oportunidade de participar do boma, um jantar organizado em volta da fogueira com pratos t&iacute;picos da culin&aacute;ria botsuanesa, servidos em mesas dispostas no ch&atilde;o arenoso, cobertas por toalhas coloridas. Antes de jantar, mais uma surpresa: fui presenteada pelos meus anfitri&otilde;es com uma apresenta&ccedil;&atilde;o de dan&ccedil;a e canto, enquanto os animais ecoavam seus sons noturnos, com a lua, as estrelas, candelabros e o estalo da madeira como testemunha desse fim de dia t&atilde;o especial. No &uacute;ltimo dia, eu me despedi dessa jornada transformadora ao redor de um baob&aacute; gigantesco, de aproximadamente mil anos. Mais uma surpresa memor&aacute;vel organizada pelo time da Wilderness. No continente, essa planta representa a sabedoria, a ancestralidade e a vida. Sempre foi minha &aacute;rvore preferida. O ritual chamou aten&ccedil;&atilde;o porque eu vinha encontrando muitas delas durante meus dias em Botsuana, de todos os tamanhos, nas formas mais variadas, algumas em grupos de tr&ecirc;s e outras descansando solit&aacute;rias. Mas esse baob&aacute; pareceu t&atilde;o poderoso &ndash; enquanto a tarde ca&iacute;a, iluminado pelas lamparinas ao redor da mesa de aperitivos, tirei minhas botas e pisei no solo africano, descal&ccedil;a, e fui aos poucos sendo o centro de uma comunh&atilde;o com o entorno, envolta por uma felicidade inexplic&aacute;vel. Uma emo&ccedil;&atilde;o me deixou em sil&ecirc;ncio por algum tempo, e meu cora&ccedil;&atilde;o realmente bateu em um compasso diferente. E tudo foi entendido.

Botsuana se afirma como um destino ideal para os que buscam aventura

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