Rita Batista &eacute; jornalista, apresentadora, mulher, m&atilde;e e uma das vozes mais fortes da TV. Em entrevista &agrave; L&rsquo;Officiel Brasil, ela compartilha suas experi&ecirc;ncias

Em uma entrevista exclusiva para a L'Officiel Brasil, Rita Batista, uma das vozes mais influentes da m&iacute;dia brasileira, compartilha sua trajet&oacute;ria impressionante e as novas empreitadas em sua carreira. Apresentadora dos programas "&Eacute; de Casa" e "<a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/tati-machado-estreia-no-saia-justa-veja-a-entrevista-a-l-officiel">Saia Justa</a>", Rita fala sobre sua estreia no ic&ocirc;nico programa do GNT, sua conex&atilde;o com a Bahia, o lan&ccedil;amento de seu livro "A Vida &eacute; um Presente", e a import&acirc;ncia de representar e amplificar vozes negras na televis&atilde;o. Com 21 anos de carreira, Rita Batista reflete sobre os desafios e alegrias de sua vida pessoal e profissional, abordando temas que v&atilde;o desde maternidade at&eacute; a luta contra o racismo e o sexismo.
Rita Batista &eacute; uma mulher de m&uacute;ltiplas facetas: jornalista, apresentadora, escritora, m&atilde;e e, acima de tudo, uma comunicadora nata que utiliza sua plataforma para discutir temas sens&iacute;veis e necess&aacute;rios. Durante a conversa, ela revela como a cultura baiana continua sendo uma fonte inesgot&aacute;vel de inspira&ccedil;&atilde;o, mesmo enquanto concilia uma vida profissional movimentada entre Salvador, Rio de Janeiro e S&atilde;o Paulo. A entrevista n&atilde;o s&oacute; oferece um olhar profundo sobre a mulher por tr&aacute;s das c&acirc;meras, mas tamb&eacute;m refor&ccedil;a seu compromisso com a transforma&ccedil;&atilde;o social e a igualdade racial no Brasil.

L'Officiel Brasil: Como foi o processo de transi&ccedil;&atilde;o de Salvador para grandes centros como S&atilde;o Paulo e Rio de Janeiro? Voc&ecirc; acredita que a Bahia continua sendo sua maior fonte de inspira&ccedil;&atilde;o?
Rita Batista: Salvador &eacute; um grande centro. Salvador &eacute; a capital do maior estado do Nordeste. O Nordeste &eacute; composto por nove estados. O pa&iacute;s nasceu aqui, n&eacute;? A primeira capital do pa&iacute;s. O Brasil se forma a partir desta organiza&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica. E &eacute; um estado que tem 417 munic&iacute;pios, tem a maior ba&iacute;a do Brasil, a segunda maior do mundo. &Eacute; um dos destinos ainda hoje mais procurados por conta dessa multiplicidade e possibilidade tur&iacute;stica e da natureza. Ent&atilde;o, a migra&ccedil;&atilde;o para o sudeste &eacute; por conta, muito por conta, dos centros de decis&atilde;o. As sedes das emissoras est&atilde;o l&aacute;, as emissoras foram criadas nesse eixo; &eacute; um processo que &eacute; natural para quem vai para a exibi&ccedil;&atilde;o de rede, que tem alcance nacional. Isso j&aacute; tinha acontecido em outra emissora e, a partir da&iacute;, eu consegui essa transi&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m, mas continuo morando aqui. Moro em Salvador e trabalho no Sudeste. A gente brinca aqui na emissora, eu e Luiz Miranda, ator maravilhoso, que conseguimos essa fa&ccedil;anha. Algumas pessoas dizem, &ldquo;ah, mas &eacute; cansativo&rdquo;. De fato, &eacute;, mas &eacute; muito prazeroso, n&eacute;? E ter essa possibilidade... tanto eu quanto o Luiz, j&aacute; moramos no Sudeste, n&eacute;? Eu j&aacute; morei em S&atilde;o Paulo duas vezes, amo, adoro S&atilde;o Paulo, mas nesse momento avalio que n&atilde;o h&aacute; necessidade. Ent&atilde;o a Bahia &eacute; meu esteio, minha fortaleza, minha &acirc;ncora, lembrando que a Bahia &eacute; grande, m&uacute;ltipla e n&atilde;o se resume a Salvador.
L'Officiel Brasil:&nbsp;O "Saia Justa" &eacute; um programa ic&ocirc;nico com d&eacute;cadas de hist&oacute;ria. Como &eacute; para voc&ecirc; estar &agrave; frente deste programa agora, ao lado de personalidades como Bela Gil, Tati Machado e Eliana? O que voc&ecirc; pode dizer em uma palavra sobre cada uma de suas colegas?
Rita Batista: Eu sou telespectadora do Saia desde sempre e o Saia se confunde com a minha pr&oacute;pria hist&oacute;ria. Porque eu tenho 21 anos de carreira e o Saia tem 22 temporadas. Eu sou telespectadora. Em 2016 eu fui convidada para ser rep&oacute;rter do quadro &ldquo;Saia pelo Brasil&rdquo;. Eu trabalhava em Salvador, em outra emissora. Olha, est&aacute; vendo as migra&ccedil;&otilde;es? Trabalhava em Salvador de segunda a sexta, no jornalismo, na TV Aratu, SBT, era apresentadora, a &acirc;ncora do Jornal do Meio-Dia. E o GNT me convidou e eu aceitei de pronto. E a gente trabalhava no final de semana, fazia duas cidades por final de semana, eu e um cinegrafista, um videomaker, para entregar esse quadro, n&eacute;, o &ldquo;Saia pelo Brasil&rdquo;, que foi uma experi&ecirc;ncia incr&iacute;vel. Ali eu tive uma proximidade com as entranhas do produto. Eu tive uma possibilidade de participar dessa produ&ccedil;&atilde;o mesmo &agrave; dist&acirc;ncia. E olhe que essa &eacute;poca a gente nem falava em trabalho virtual. Veja como o Saia &eacute; pioneiro at&eacute; mesmo na compreens&atilde;o do trabalho. A gente n&atilde;o falava em trabalho virtual, a gente n&atilde;o falava em h&iacute;brido. N&atilde;o tinha pandemia, n&atilde;o tinha absolutamente nenhuma possibilidade desse trabalho ser feito dessa forma, &agrave;quela &eacute;poca. Mas o Saia me convidou, eu topei, a gente formatou e foi maravilhoso. Ent&atilde;o, eu fiquei mais pr&oacute;xima disso. Depois, quando eu entrei no &Eacute; de Casa, eu fui convidada para participar do sof&aacute;, ainda com a forma&ccedil;&atilde;o lotada de amigas de longa data, Larissa Luz, Astrid Fontinelli, Sabrina Sato e Luana Xavier. E foi lindo. E esse ano veio o convite. Obviamente, aceitei. Mais um fluxo migrat&oacute;rio. Eu que estava fazendo essa ponte de Salvador, Rio de Janeiro, eventualmente S&atilde;o Paulo para outros trabalhos, agora tenho S&atilde;o Paulo fixo na semana. Ent&atilde;o, muito bem. Bom, vamos l&aacute;. Bela Gil, disposta. Tati, a personifica&ccedil;&atilde;o do carisma; &eacute; impressionante em qualquer situa&ccedil;&atilde;o ou circunst&acirc;ncia. Eliana, elegante, uma mulher sentada nos &iacute;squios.
L'Officiel Brasil: Sua estreia no "Saia Justa" coincidiu com um momento de grande visibilidade para o programa, com exibi&ccedil;&atilde;o no Globoplay e no Fant&aacute;stico. Como isso tem sido? E qual &eacute; a sua abordagem para lidar com temas t&atilde;o sens&iacute;veis e importantes como maternidade, sa&uacute;de mental e autoestima?
Rita Batista: O Saia me d&aacute; a possibilidade de amplificar essa voz, porque eu j&aacute; fa&ccedil;o isso desde sempre. Ent&atilde;o, falar sobre temas sens&iacute;veis, ditos pol&ecirc;micos ou espinhosos &eacute; do meu DNA profissional e pessoal. Meter o dedo na ferida, falar de coisas que as pessoas n&atilde;o querem, discutir, debater, mas que s&atilde;o importantes, a meu ver. E, para mim, qualquer coisa pode ser dita a qualquer pessoa, s&oacute; depende do jeito. Ent&atilde;o, o Saia me d&aacute; essa possibilidade &agrave;s quartas de noite, a partir dos temas propostos, de expor a minha opini&atilde;o, a minha vis&atilde;o de mundo, sem julgamentos e sem nenhuma pretens&atilde;o de modificar o que as pessoas pensam, e sim de estabelecer ali, naquela conversa o que h&aacute; j&aacute; e amplificado pelo Brasil, o respeito; que &eacute; poss&iacute;vel a gente debater com respeito, que &eacute; poss&iacute;vel a gente discordar com respeito, que &eacute; poss&iacute;vel a gente mudar de opini&atilde;o com respeito. O respeito &eacute; balizador de toda e qualquer rela&ccedil;&atilde;o, inclusive essa, de apresentador, de telespectadores, de criador de conte&uacute;do, falando de rede social, e audi&ecirc;ncia e seguidores. E isso, para mim, &eacute; muito bom. Eu gosto muit&iacute;ssimo. E, para mim, estar no Saia &eacute; esse lugar mesmo. Construir essa carreira, tenho constru&iacute;do, me preparei para estar l&aacute; e desempenhar um bom trabalho, dar minha contribui&ccedil;&atilde;o para essa estrutura que &eacute; coletiva, que tem Eliana na ancoragem, nessa temporada, e que tem uma linha fina, uma sintonia fina entre n&oacute;s quatro. Est&aacute; sendo muito bom.
L'Officiel Brasil: Em rela&ccedil;&atilde;o ao "&Eacute; de Casa", como voc&ecirc; concilia os dois programas, sendo um de TV aberta e outro de TV por assinatura? Quais s&atilde;o as principais diferen&ccedil;as na din&acirc;mica de trabalho entre esses dois formatos?
Rita Batista: O &Eacute; de Casa tem as suas peculiaridades por ser um programa ao vivo de 5 horas, o maior programa na TV aberta h&aacute; alguns anos, aos s&aacute;bados; a gente brinca que s&atilde;o 5 programas em um s&oacute;, porque s&atilde;o v&aacute;rios os p&uacute;blicos a serem atendidos, ent&atilde;o a gente tem esse formato de revista, sem perder o jornalismo, sempre presente. A Super Manh&atilde; tem essa marca, alinhada ali com o jornalismo, ent&atilde;o a gente atende ao p&uacute;blico brasileiro, assim, todo ele, com suas nuances, inclusive. Ent&atilde;o a gente tem a faixa mais heterog&ecirc;nea da TV brasileira e a gente vai equilibrando esses pratos todos rodando ao mesmo tempo.
Eu amo fazer ao vivo, eu sou cria do ao vivo, sempre fiz programas ao vivo, ent&atilde;o pra mim &eacute; um exerc&iacute;cio dos melhores, assim, e dessa coisa de voc&ecirc; ter que virar pauta, n&eacute;?&nbsp; Que &eacute; a emo&ccedil;&atilde;o que eu acho que todo jornalista gosta, essa possibilidade que a gente tem de mudan&ccedil;a.&nbsp; A gente programa uma coisa, obviamente, mas &eacute; o sabor da audi&ecirc;ncia que vai nos dizendo ali no minuto a minuto se t&aacute; gostando ou se n&atilde;o t&aacute; gostando, e a gente muda. E, tamb&eacute;m, o programa coletivo, que a gente tem essa certeza do tamanho de cada um, da persona de cada um, da contribui&ccedil;&atilde;o que cada um pode dar, respeitando o espa&ccedil;o do outro e fazendo o produto em uma s&oacute; voz quando h&aacute; necessidade, porque isso &eacute; importante. E o Saia tem um p&uacute;blico espec&iacute;fico, tem uma faixa espec&iacute;fica, &eacute; mais tarde, ent&atilde;o a gente tem possibilidade de falar de certos assuntos por conta da classifica&ccedil;&atilde;o et&aacute;ria do programa e &eacute; gravado, t&aacute; sendo gravado nessa temporada por conta das agendas das Saias. Ent&atilde;o, eu gosto muito do ao vivo. Eu sou da TV ao vivo, nasci na TV ao vivo, ent&atilde;o t&ocirc; me adaptando ao gravado. A gente grava num ritmo de ao vivo, grava no dia anterior, grava na ter&ccedil;a pra exibir na quarta. O Saia tamb&eacute;m tem um hist&oacute;rico de programas gravados, mas eu t&ocirc; torcendo pra gente conciliar essas agendas todas e no pr&oacute;ximo ano voltar pro ao vivo. Ent&atilde;o, as principais diferen&ccedil;as pra mim s&atilde;o essas: os temas, um programa de opini&atilde;o, um outro programa de variedades, um gravado, outro ao vivo. Os dois coletivos.

L'Officiel Brasil: Voc&ecirc; &eacute; m&atilde;e de Martim e sempre compartilha a import&acirc;ncia da maternidade na sua vida. Como a maternidade influenciou a sua carreira e a sua vis&atilde;o sobre o mundo?
Rita Batista: A maternidade n&atilde;o veio assim da vida toda n&atilde;o, veio num momento e p&aacute;, resolvi essa execu&ccedil;&atilde;o, logo. E um casamento acabou muito por isso, assim, meu segundo casamento foi, uma das nossas quest&otilde;es era essa, eu queria ter filho, quando eu decidi que eu queria ter filho, e ele disse que n&atilde;o queria ter filho, eu falei, ent&atilde;o n&atilde;o tem por que, &oacute;bvio, outras coisas tamb&eacute;m, mas voc&ecirc; veja como a maternidade j&aacute; foi definindo coisas na vida. A partir disso, depois no terceiro casamento, quando eu engravidei e tal, Martim nunca foi empecilho para absolutamente nada; com tr&ecirc;s meses da vida dele, eu fui convidada para voltar para o carnaval, para fazer carnaval, porque eu n&atilde;o estava em emissora de TV quando eu engravidei dele, eu estava no r&aacute;dio somente. E a&iacute;, eu olhei pra Marcel, para o pai de Martim, e falei assim, vou voltar. Ele falou, &ldquo;v&aacute;, que eu vou buscar o leite&rdquo;. Martim mamou exclusivamente at&eacute; os oito meses. E foi essa picula, n&eacute;, eu fazendo transmiss&atilde;o de carnaval, nos intervalos eu fazia a ordenha, a emissora colocou um frigobar, Marcel ia buscar o leite do menino, tinha um estoque em casa, obviamente, mas a gente n&atilde;o desperdi&ccedil;ava uma gota. Ent&atilde;o, a maternidade me deu ainda mais possibilidade de separar o joio do trigo. Se eu j&aacute; era seletiva, se eu j&aacute; sabia o que eu queria antes, depois que o Martim nasceu, a&iacute; &eacute; que eu sei mesmo. Ent&atilde;o, em 2020, quando surgiu o convite da Globo para ser rep&oacute;rter da Supermanh&atilde;, n&atilde;o pensei duas vezes e fui, mas entendendo que o melhor pro meu filho era ficar com o pai em Salvador e n&atilde;o encarar esta rotina, que &eacute; a minha rotina, que faz parte da constru&ccedil;&atilde;o da minha carreira, desse sobe e desce de avi&atilde;o e dorme em hotel e dorme em um estado e acorda em outro. Eu gosto de ser m&atilde;e, viu? Gosto de ser m&atilde;e de Martim. &Eacute; massa.
L'Officiel Brasil: O seu livro "A Vida &eacute; um Presente" j&aacute; est&aacute; na segunda edi&ccedil;&atilde;o. Qual foi a maior inspira&ccedil;&atilde;o para reunir os 111 mantras? Como esses mantras influenciam a sua rotina di&aacute;ria?
Rita Batista: A inspira&ccedil;&atilde;o foi a press&atilde;o dos meus seguidores. Rita, voc&ecirc; tem que botar no livro, Rita, voc&ecirc; tem que botar no livro, porque n&atilde;o bastava eu falar o mantra. A&iacute; eu legendava, a&iacute; n&atilde;o bastava eu legendar, a&iacute; tinha que colocar na legenda do post tamb&eacute;m, n&atilde;o s&oacute; no v&iacute;deo. A&iacute;, queriam todo dia quase que aulas particulares de mantra. A&iacute; eu falei, gente, tem que lan&ccedil;ar um livro mesmo. Como o universo nos ouve e atende, a Planeta me convidou, a minha editora, atrav&eacute;s do selo Academia. Reunimos os 111 mantras mais executados em rede social, testados e comprovados n&atilde;o s&oacute; por mim, mas pela minha audi&ecirc;ncia. E &ldquo;A Vida &eacute; um Presente&rdquo; est&aacute; na segunda edi&ccedil;&atilde;o. Estarei inclusive em S&atilde;o Paulo, na Bienal Internacional do Livro no s&aacute;bado, dia 7 de setembro, &agrave;s 19h, para sess&atilde;o de aut&oacute;grafos! E agora vai ter &aacute;udio book.
L'Officiel Brasil: A Bahia &eacute; uma pot&ecirc;ncia cultural e art&iacute;stica. Como a cultura baiana influencia o seu trabalho e sua vida pessoal? Voc&ecirc; sente que leva um pouco da Bahia para cada projeto em que se envolve?
Rita Batista: &nbsp;Eu acho que eu respondi um pouco sobre a Bahia logo na primeira, n&eacute;? Eu sou baiana, sou soteropolitana, nasci e fui criada em Salvador, capital do meu estado. Eu sou completamente baiana, assim, completamente soteropolitana. Ent&atilde;o, eu levo o meu sotaque, eu levo os meus dizeres, os meus jeitos, o tecido, os penteados. Ent&atilde;o, assim, eu acho que &eacute; muito dif&iacute;cil a pessoa olhar para minha cara e n&atilde;o identificar de onde eu vim. Ent&atilde;o, como diz Gilberto Gil, como cantor e escreveu, a Bahia j&aacute; me deu r&eacute;gua e compasso. Ent&atilde;o, a partir disso, eu vou pra qualquer canto tendo ela dentro de mim.
L'Officiel Brasil: O empoderamento feminino negro &eacute; uma bandeira que voc&ecirc; carrega com muita for&ccedil;a. Como voc&ecirc; acredita que sua presen&ccedil;a na TV e na m&iacute;dia impacta a luta contra o racismo e o sexismo?
Rita Batista: A minha exist&ecirc;ncia como persona televisiva n&atilde;o &eacute; s&oacute; minha, &eacute; coletiva, a constru&ccedil;&atilde;o &eacute; coletiva. Se eu estou aqui &eacute; porque tantas outras vieram antes de mim e pavimentaram esse caminho, e ainda hoje pavimentam. N&atilde;o somos &uacute;nicas, &eacute; importante isso, h&aacute; espa&ccedil;o para mais e mais profissionais, para mais e mais mulheres pretas e eu acho que &eacute; uma obriga&ccedil;&atilde;o. N&atilde;o uma coisa imposta, mas &eacute; natural a gente ir chegando, ir falando sobre isso, ir mostrando e apontando, porque num pa&iacute;s machista, sexista, racista, com tantas quest&otilde;es, com tantos problemas necess&aacute;rios das minorias, das ditas minorias, &eacute; preciso que falemos sobre isso, para que a sociedade se modifique, para que a sociedade se enxergue, para que a gente coloque mesmo o Brasil no espelho. Porque n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel que ainda hoje lutemos por tantas coisas que j&aacute; deveriam estar superadas a meu ver. Eu tenho pressa, mas se a gente for olhar a hist&oacute;ria, foram 400 anos de escravid&atilde;o e quantos anos temos de pa&iacute;s? Ent&atilde;o, essa organiza&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tico-ideol&oacute;gica, com todas as nuances e, importante dizer, com todas as aberturas, de frentes, de luta, de batalha, que j&aacute; tivemos e continuamos tendo, &eacute; importante que a gente se posicione e que confronte os nossos problemas, as nossas quest&otilde;es em busca de solu&ccedil;&otilde;es. Porque uma sociedade mais igualit&aacute;ria, uma sociedade menos racista, sexista, lgbtqiapn+ f&oacute;bica, enfim, sem essas mazelas, &eacute; uma sociedade melhor, &eacute; bom para todo mundo.

L'Officiel Brasil: Em eventos como o "Pr&ecirc;mio Sim &agrave; Igualdade Racial", voc&ecirc; tem participado ativamente da promo&ccedil;&atilde;o da igualdade racial. Como voc&ecirc; v&ecirc; a evolu&ccedil;&atilde;o desse debate no Brasil nos &uacute;ltimos anos?
Rita Batista: O Pr&ecirc;mio Sim, do IDBR, &eacute; um bra&ccedil;o dessa import&acirc;ncia de reconhecer os talentos das mais diversas&nbsp;&aacute;reas que promovem, que fomentam, a igualdade racial no Brasil.&nbsp;Lideran&ccedil;as negras e ind&iacute;genas que refletem a forma&ccedil;&atilde;o desse povo, do nosso povo.&nbsp;Primeiro os ind&iacute;genas, depois os negros e negras que vieram de &Aacute;frica escravizados,&nbsp;acorrentados, mas que se libertam, rompem esses grilh&otilde;es atrav&eacute;s dos seus fazeres. E isso &eacute; muito importante.&nbsp;E eu acho que, como eu respondi anteriormente, a gente tem avan&ccedil;ado, sim, no discurso, sobretudo, mas &eacute; preciso que as a&ccedil;&otilde;es estejam coordenadas com o discurso. &Eacute; preciso que as estruturas se movimentem pra gente fazer com que os alinhamentos sejam&nbsp;colocados em pr&aacute;tica.&nbsp;A&iacute; sim a gente vai sair do lugar.&nbsp;A passos firmes, eu n&atilde;o digo largos, mas firmes, sem voltar atr&aacute;s. Sem ter que voltar atr&aacute;s.
L'Officiel Brasil: Trabalhar ao lado de um elenco poderoso como Maria Beltr&atilde;o, Talitha Morete e Thiago Oliveira no "&Eacute; de Casa" deve ser uma experi&ecirc;ncia enriquecedora. Como &eacute; a sua rela&ccedil;&atilde;o com eles e o que mais admira em cada um? Alguma curiosidade dos bastidores?
Rita Batista: Ah! O &Eacute; de Casa, dois anos de &Eacute; de Casa a gente completou agora em julho. O nosso match foi imediato, foi fora inclusive das cercanias do Projac; no Saia a gente fez isso tamb&eacute;m, mas como a gente grava, n&eacute;? e &eacute; mais tarde, a gente est&aacute; at&eacute; se devendo, vu at&eacute; propor isso hoje, um jantar, um encontro, um neg&oacute;cio. A gente fez muito isso por conta da estreia, ali na estreia, e agora com um m&ecirc;s de estreado, a gente n&atilde;o pode deixar isso morrer, assim, esses encontros fora do trabalho. Mas falando do &Eacute; de Casa, deu match logo no in&iacute;cio, n&eacute;? Eu n&atilde;o conhecia, conhecia de v&iacute;deo, obviamente, mas n&atilde;o tinha nenhuma intimidade com nenhum dos tr&ecirc;s. Maria Beltr&atilde;o &eacute; minha amiga, minha irm&atilde;, assim, somos complementares, somos completamente diferentes, temos energias em yin-yang, assim. A gente brinca com isso, mas somos energias complementares. &Eacute; como se eu conhecesse Mariazinha desde antes, desde sempre. Thiago &eacute; o filho, a gente brinca que ele &eacute; o irm&atilde;o mais velho de Martim, meu filho. A do&ccedil;ura de Thiago, a delicadeza de Thiago, a eleg&acirc;ncia de Thiago, &eacute; uma coisa. E Thalita, essa beleza, jovialidade, esse frescor da juventude, como uma alfazema. Eu gosto muito de usar alfazema nas minhas coisas. Thalita &eacute; como uma alfazema, ela chega, ilumina e d&aacute; esse frescor, sabe? Colore.
L'Officiel Brasil: O "Saia Justa" permite uma troca intensa de experi&ecirc;ncias e vulnerabilidades. Houve algum momento no programa que realmente te tocou de forma especial?
 Rita Batista: Ah, j&aacute; houve, sim, em alguns momentos. Eu acho que no &uacute;ltimo programa, o embate respeitoso com uma diverg&ecirc;ncia de opini&atilde;o entre a Bela e eu foi bom. Que n&atilde;o &eacute; nada ensaiado, n&eacute;, gente? Acontece. Um outro epis&oacute;dio tamb&eacute;m foi quando Tati se emocionou falando sobre o pai dela e imediatamente eu mudei de lugar e fui pra perto dela porque me deu aquela vontade de faz&ecirc;-lo e a gente tem essa liberdade, n&eacute;? A gente n&atilde;o t&aacute; pregado ali no sof&aacute;, com a bunda do sof&aacute;, a gente pode se movimentar naquele espa&ccedil;o. Um programa onde a gente traz a mem&oacute;ria de Silvio Santos, o legado de Silvio Santos tamb&eacute;m foi bastante emocionante, sobretudo pra Eliana. &Agrave;s vezes eu tenho aqui, em um m&ecirc;s de programa, a gente j&aacute; tem alguns momentos.
L'Officiel Brasil: O que significa para voc&ecirc; poder discutir temas como racismo, empoderamento feminino e pol&iacute;tica em um programa t&atilde;o prestigiado como o "Saia Justa"?
 Rita Batista: Me d&aacute; essa oportunidade de amplificar essas vozes, a minha voz e essas vozes, nesses assuntos.

L'Officiel Brasil: Sua rela&ccedil;&atilde;o com a Bahia &eacute; muito forte, mesmo vivendo entre Rio e S&atilde;o Paulo. Como voc&ecirc; se mant&eacute;m conectada &agrave; sua terra natal e como isso reflete no seu trabalho?
Rita Batista: Agora, eu vou fazer uma observa&ccedil;&atilde;o aqui. Eu acho que essa coisa de S&atilde;o Paulo e Rio de Janeiro ter o nome do estado e da capital, n&eacute;? ser o mesmo nome, a&iacute; fica tudo numa coisa s&oacute;. Mas, minha gente, a Bahia, a Bahia Bahia, como diz a Edvana Carvalho, o estado da Bahia &eacute; enorme. E, por conta disso, h&aacute; diferen&ccedil;as. S&atilde;o 13 regi&otilde;es tur&iacute;sticas. Algumas costas, a costa de Dend&ecirc;, a costa de Descobrimento, a costa dos Coqueiros, e a&iacute; j&aacute; vai. Tem o sul do estado, que &eacute; de um jeito, o sert&atilde;o, que &eacute; de outro jeito, a chapada, que &eacute; de outro jeito, inclusive com nomes das mesmas coisas, mas com nomes diferentes, com assentos do mesmo sotaque, o sotaque baiano de uma maneira diferente. Ent&atilde;o, eu preciso falar dessa pluralidade. Salvador &eacute; a capital. Eu acho ruim reduzir um estado, qualquer que seja ele, mas falando do meu, n&eacute;? somente &agrave; capital.
L'Officiel Brasil: A filosofia africana Ubuntu &eacute; um dos seus pilares. Como voc&ecirc; incorpora essa filosofia na sua vida profissional e pessoal?
Rita Batista: Pois &eacute;, a filosofia Ubuntu vem desses conhecimentos, desse resgate que eu fa&ccedil;o e tantos outros companheiros e companheiras, pessoas pretas, fazem, do que nos foi tirado pelo processo da escravid&atilde;o no Brasil. Esses fluxos migrat&oacute;rios for&ccedil;ados infelizmente fizeram com que nos perd&ecirc;ssemos dos nossos ancestrais, mas n&atilde;o da nossa ancestralidade. Ent&atilde;o, esse &eacute; um dos meus resgates. E eu sou porque n&oacute;s somos diz muito pra mim! &Eacute; aquilo que eu falei, se eu sou &eacute; porque tantas outras, mesmo as que n&atilde;o fizeram parte da minha fam&iacute;lia, foram. Ent&atilde;o &eacute; honrar esse lugar, esse legado, e continuar fazendo para as pr&oacute;ximas e os pr&oacute;ximos que vir&atilde;o.
L'Officiel Brasil: Se pudesse dar um conselho para as jovens mulheres negras que sonham em entrar no jornalismo e na apresenta&ccedil;&atilde;o, qual seria?
Rita Batista: Primeiro a gente faz o que pode, para depois fazer o que quer. E devagar tamb&eacute;m se anda. Ent&atilde;o, eu acho que &eacute; isso, assim, sabe? &Eacute; ir fazendo, ir realizando, ir fazendo, ir realizando, e sabendo aonde quer chegar. E sabendo o que quer da sua vida. Aproveitando todas as oportunidades, ocupando todos os espa&ccedil;os, fazendo da melhor maneira poss&iacute;vel, se preparando ao longo do caminho. Porque, afinal de contas, &eacute; isso, n&eacute;? E vislumbrando esse futuro, cocriando. E ir transpondo, ir transpondo. Pra quem tem a melanina acentuada, nunca ser&aacute; dado. Sempre ser&aacute; conquistado. Fa&ccedil;amos. &Eacute; isso. Fa&ccedil;amos.
L'Officiel Brasil: Por fim, como voc&ecirc; gostaria que fosse o legado de Rita Batista no jornalismo, na televis&atilde;o e na luta pelos direitos das mulheres e da popula&ccedil;&atilde;o negra?
Rita Batista: Desejo que meu trabalho fique marcado pela ideia da conquista dos espa&ccedil;os; que olhem para minha hist&oacute;ria e percebam que aproveitei todas as oportunidades que me foram dadas, fiz o que havia de ser feito! Quero deixar como legado a ideia de que o plantio pode at&eacute; ser aleat&oacute;rio, mas a colheita &eacute; certa.

L'Officiel Brasil:Um mantra para come&ccedil;ar o dia?
Rita Batista: &Eacute; o mantra com que eu come&ccedil;o o dia desde quando Giovanna Antonelli ensinou &agrave; Fabiana Crato, minha amiga, e essa minha amiga me ensinou. O mantra &eacute; &ldquo;A abund&acirc;ncia entra na minha vida de maneiras surpreendentes e milagrosas&rdquo;; mas como eu comecei a falar isso na televis&atilde;o, no r&aacute;dio, nas redes sociais, eu comecei a desejar isso para as pessoas e eu falo: &ldquo;Que a abund&acirc;ncia entre na sua vida de maneiras surpreendentes e milagrosas&rdquo;, porque eu entendo que a vida &eacute; bumerangue. Ent&atilde;o, se voc&ecirc; deseja, o que voc&ecirc; deseja para as outras pessoas v&ecirc;m de volta. Voc&ecirc; n&atilde;o precisa nem colocar o &ldquo;nossa&rdquo;, &ldquo;nas nossas vidas&rdquo;, etc. Voc&ecirc; deseja para si a abund&acirc;ncia entra na minha vida de maneiras surpreendentes e milagrosas, e deseja para os outros que a abund&acirc;ncia entre na sua vida de maneiras surpreendentes e milagrosas. E a&iacute; &eacute; s&oacute; esperar.
L'Officiel Brasil:Um &iacute;cone de estilo que te inspira?
Rita Batista: Thais Ara&uacute;jo, um &iacute;cone de estilo, moda? Thais Ara&uacute;jo!
L'Officiel Brasil:Uma palavra que descreve a Bahia?
Rita Batista: Bahia, origem.
L'Officiel Brasil:Uma m&uacute;sica que n&atilde;o sai da sua playlist?
Rita Batista: Flamboyant, Em&iacute;lio Santiago.
Um talento seu secreto?
Rita Batista: Secreto, secreto, secreto assim tipo, poucas pessoas sabem, eu canto.
L'Officiel Brasil:Uma mulher que te inspira?
Rita Batista: Zez&eacute; Motta!
L'Officiel Brasil:Um objeto indispens&aacute;vel na sua bolsa?
Rita Batista: N&atilde;o pode faltar escova, creme dental e fio dental.
L'Officiel Brasil:Um lema de vida?
Rita Batista: Opte pelo que faz seu cora&ccedil;&atilde;o vibrar apesar de todas as consequ&ecirc;ncias. Osho

Rita Batista: a voz poderosa do 'Saia Justa' e do 'É de Casa'

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