Dona da pr&oacute;pria hist&oacute;ria: confira esse bate papo descontra&iacute;do com a atriz, humorista, autora e apresentadora Ingrid Guimar&atilde;es!

&ldquo;A Ingrid n&atilde;o para&rdquo;, foi o primeiro coment&aacute;rio que ouvi ao agendar a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/alta-dose-de-talento-maite-perroni-entrevista-exclusiva" target="_blank" rel="noopener">entrevista</a> para a capa digital da L&rsquo;Officiel Brasil deste m&ecirc;s. E &eacute; verdade, no ano que praticamente tudo foi paralisado,<a href="https://www.instagram.com/ingridguimaraesoficial/" target="_blank" rel="noopener"> Ingrid Guimar&atilde;es</a> n&atilde;o parou de criar e de produzir. Sua vis&atilde;o de mundo sempre bem humorada, foi uma fonte de al&iacute;vio e conforto entre tantas incertezas e desafios do ano atrav&eacute;s de suas entrevistas e cr&ocirc;nicas da vida em isolamento social no programa Al&eacute;m da Conta da GNT. E foi neste estilo e tom, no meio de uma agenda che&iacute;ssima, que fizemos a nossa conversa nos &uacute;ltimos dias do ano, ela no Rio de Janeiro,&nbsp;eu nos <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/rihanna-e-a-artista-mais-rica-dos-estados-unidos">Estados Unidos</a>, via zoom - o aplicativo que se tornou indispens&aacute;vel em 2020.
Simp&aacute;tica, espont&acirc;nea e boa de papo, em poucos minutos de conversa, j&aacute; tinha a sensa&ccedil;&atilde;o que nos conhec&iacute;amos h&aacute; anos, impress&atilde;o costumeira para o seu p&uacute;blico. Ingrid explica que sua autenticidade &eacute; por uma raz&atilde;o simples, &ldquo;eu n&atilde;o sei fazer tipo, sabe? Sou muito o que eu sou&rdquo;, brinca, &ldquo;hoje em dia, eu sinto que quanto mais real e espont&acirc;nea e verdadeira voc&ecirc; for, mais o p&uacute;blico gosta de voc&ecirc;. Ent&atilde;o est&aacute; muito confort&aacute;vel pra mim no momento ser eu&rdquo;.&nbsp;

Ingrid Guimarães

J&aacute; aos 17 anos de idade, quando come&ccedil;ou sua carreira de atriz, tinha claro que queria ser uma atriz popular, epifania que surgiu enquanto caminhava nas ruas de Salvador durante um carnaval. Seu objetivo ali era divertir a popula&ccedil;&atilde;o que tanto sofre com desigualdade e tristeza. No decorrer de sua carreira, al&eacute;m de atingir a popularidade e fama, notou que um grupo espec&iacute;fico tinha mais identifica&ccedil;&atilde;o com ela: as mulheres. &ldquo;A coisa que eu mais ou&ccedil;o quando um homem vem falar comigo &eacute; &lsquo;minha mulher te adora&rsquo;. Eu pergunto &lsquo;voc&ecirc; n&atilde;o?&rsquo; e eles falam que come&ccedil;aram a gostar de mim por causa delas&rdquo;, conta, &ldquo;s&atilde;o elas que levam eles para assistir os meus filmes e pe&ccedil;as&rdquo;.&nbsp;

A rela&ccedil;&atilde;o pr&oacute;xima delas com a atriz e apresentadora, n&atilde;o &eacute; uma mera coincid&ecirc;ncia. Ingrid acredita que o fato de ser a filha do meio, entre duas irm&atilde;s, contribuiu com a facilidade de estar sempre dividindo experi&ecirc;ncias com outras mulheres &ldquo;quando eu estou vivendo um perrengue o que me ajuda a sair do pr&oacute;prio &eacute; pensar que aquilo vai virar uma coisa engra&ccedil;ada, que outra mulher vai rir e tamb&eacute;m e vai ajudar no problema dela&rdquo;.&nbsp;

Tal habilidade foi extremamente &uacute;til ao adaptar seu programa Al&eacute;m da Conta, na GNT,&nbsp; no in&iacute;cio da pandemia em abril. &ldquo;O neg&oacute;cio de estudar em casa estava me enlouquecendo. Meu marido andando para l&aacute; e pra c&aacute;, com uma camisa do Flamengo - eu queria matar aquela camisa do Flamengo. A paranoia de limpar tudo e ter que cozinhar - eu sou p&eacute;ssima dona de casa. Todo mundo mandando eu meditar - eu n&atilde;o tava afim de meditar. Estava com raiva dos 21 dias. Quer saber? Vou falar disso. Resultado: fui transformando tudo em esquete&rdquo;, conta. A repercuss&atilde;o foi t&atilde;o positiva, que &ldquo;aquilo salvou a minha quarentena. Eu comecei a me sentir muito &uacute;til e me empolguei para criar mais&rdquo;, conta.&nbsp;

Criar e dar a sua cara e voz aos projetos surgiu de uma necessidade de fazer o seu pr&oacute;prio espa&ccedil;o dentro da ind&uacute;stria do entretenimento. Ingrid explica que quando come&ccedil;ou sua carreira como atriz, principalmente na com&eacute;dia, os pap&eacute;is femininos eram extremamente limitados e estereotipados. &ldquo;Tem v&aacute;rias situa&ccedil;&otilde;es da minha vida que eu carrego assim. Quando eu tinha uns 30 e poucos, e ainda n&atilde;o tinha bombado na televis&atilde;o, me chamaram para fazer o Zorra Total (programa de com&eacute;dia de bord&atilde;o da Globo). E eu n&atilde;o queria fazer aquilo, n&atilde;o era o meu humor&rdquo;, conta Ingrid, que ao comentar sobre o assunto com um diretor ele disse &ldquo;aceita sim, aceita porque voc&ecirc; j&aacute; n&atilde;o &eacute; novinha. Voc&ecirc; n&atilde;o tem um tipo f&iacute;sico de protagonista. &Eacute; melhor voc&ecirc; ficar fazendo humor mesmo de esquete, talvez ali voc&ecirc; tenha muito mais espa&ccedil;o. Eu fui pra l&aacute; arrasada. Fiz tr&ecirc;s meses, fui super infeliz porque eu n&atilde;o gostava e n&atilde;o sabia fazer aquilo. Era uma coisa eu comigo mesma&rdquo;.&nbsp;

Este e outros epis&oacute;dios parecidos a levaram a criar seus pr&oacute;prios projetos, entre eles o&nbsp; show de esquetes C&oacute;cegas em 2002 com a Helo&iacute;sa P&eacute;riss&eacute;, que trouxe ao p&uacute;blico uma de suas personagens mais populares, a modelo internacional Leandra Borges. &ldquo;A Leandra era um grito de liberta&ccedil;&atilde;o na &eacute;poca quando s&oacute; me chamavam para fazer o papel da feia&hellip; Sempre passei a minha vida querendo ser uma mulher bonita, e viviam me colocando numa gaveta que n&atilde;o podia fazer isso, n&atilde;o podia fazer aquilo&rdquo;, confessa Ingrid, &ldquo;dane-se. Eu vou ser bonita sim, vou ser uma modelo internacional. Vou fazer a Gisele B&uuml;ndchen. Comecei a ver suas entrevistas, pegar os seus trejeitos. Resultado: acabei desfilando com a pr&oacute;pria Gisele&rdquo;. Leandra foi t&atilde;o ic&ocirc;nica que at&eacute; mesmo Pabllo Vittar comentou em uma entrevista com Ingrid que a usou de inspira&ccedil;&atilde;o para criar a sua mulher. &ldquo;Ele tem uma alma de Leandra&rdquo;, brinca a criadora.&nbsp;

Seja nas redes sociais ou como atriz e apresentadora, Ingrid est&aacute; sempre buscando impactar o seu p&uacute;blico de uma forma positiva, &ldquo;eu tenho ouvido de muitas mulheres &lsquo;voc&ecirc; me inspira&rsquo;, ou &lsquo;seu filme me motivou a trocar de profiss&atilde;o&rsquo;. Todos os projetos que fa&ccedil;o, eu penso em quem vou inspirar. Teve uma hora que eu s&oacute; falava sobre um certo tipo de mulher. A&iacute; pensei: n&atilde;o quero mais falar disso, quero fazer um papel de m&atilde;e do sub&uacute;rbio. Porque eu queria que as m&atilde;es pudessem ir ao cinema com as filhas, e isso seria legal para elas tamb&eacute;m&rdquo;. O conceito de inspira&ccedil;&atilde;o &eacute; t&atilde;o importante, que ela est&aacute; planejando um novo programa sobre isso.&nbsp;

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Mesmo depois de tantos anos depois, a personagem segue fazendo parte da sua vida, &ldquo;eu encarno na hora da foto a Leandra. Amo o meti&ecirc; da foto, da moda. &Eacute; a hora que sou mais exibida&rdquo;, conta com humor. Ingrid, desde nova, quis fazer capas de revista, &ldquo;j&aacute; ouvi muitas vezes, quando eu falava que queria estar em alguma capa &lsquo;querem a menina da novela das oito&rsquo;, ou &lsquo;eles s&oacute; querem mulheres muito bonitas&rsquo;. Ouvi isso muito. Estar com quase 50 anos fazendo uma capa de revista de moda, de bonita, pra mim, da onde eu vim e do que eu ouvi &eacute; muito significativo. Pros outros pode ser uma bobagem, &eacute; s&oacute; uma revista, mas pra mim n&atilde;o &eacute;&rdquo;, revela.

As diversas vertentes da carreira de Ingrid, acabaram fazendo com que ela criasse seu pr&oacute;prio espa&ccedil;o na televis&atilde;o e cinema, retratando mulheres reais e imperfeitas, &ldquo;eu fui tentando o meu protagonismo em todos os lugares. At&eacute; porque eu sempre fui muito criativa. Eu sempre tive muita coisa pra oferecer&rdquo;, comenta. Sua vis&atilde;o ajudou n&atilde;o s&oacute; a modernizar a ind&uacute;stria da com&eacute;dia, como tamb&eacute;m a mudar a imagem que tinham sobre ela, que foi chamada para interpretar uma rainha de bateria na novela das sete aos 46 anos de idade. Surpresa com a descri&ccedil;&atilde;o da personagem, Ingrid conversou com um ator de outra gera&ccedil;&atilde;o que lhe aconselhou a aceitar o papel. Ele disse que esta poderia ser a sua &uacute;ltima chance de interpretar uma mulher assim uma vez que o telefone parava de tocar aos 50 anos, principalmente para as mulheres. &ldquo;A&iacute; eu lembro que fui para a casa e pensei: mas &eacute; daqui a pouco, 50, s&atilde;o s&oacute; quatro anos. J&aacute;? Eu tenho tanta coisa pra falar, tanta coisa para construir&rdquo;, conta a atriz que logo pensou, &ldquo;Voc&ecirc; est&aacute; muito enganado. Aos 50 eu vou fazer muitas coisas incr&iacute;veis. Porque as mulheres dessa idade est&atilde;o a&iacute;, consumindo. As mais novas tamb&eacute;m v&atilde;o querer saber como vai ser. N&atilde;o. Me recuso&nbsp; deixar de fazer algo porque algu&eacute;m disse que eu n&atilde;o poderia, como ouvi antes na vida&rdquo;.

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Com isso em mente, Ingrid produziu o seu primeiro document&aacute;rio e um de seus projetos mais queridos, Viver do Riso, uma s&eacute;rie sobre a hist&oacute;ria da com&eacute;dia no Brasil onde ela entrevista grandes humoristas de diferentes gera&ccedil;&otilde;es, entre eles J&ocirc; Soares, Renato Arag&atilde;o e Regina Cas&eacute;. Seu objetivo, al&eacute;m de homenagear aqueles que vieram antes e documentar a evolu&ccedil;&atilde;o do humor, tamb&eacute;m era uma busca pessoal de entender como envelhecer na com&eacute;dia, &ldquo;viver do humor &eacute; muito mais do que uma profiss&atilde;o. &Eacute; um olhar sobre o mundo. &Eacute; uma capacidade de rir de si mesmo e de transformar os seus problemas em algo menor&rdquo;, explica, &ldquo;o humor deveria ser premiado s&oacute; pelo g&ecirc;nero&rdquo;.&nbsp;

&nbsp; Para seus pr&oacute;ximos passos, Ingrid diz querer ser dona de si. Motivada pelas carreiras de atrizes como Reese Witherspoon que tem sua pr&oacute;pria produtora para conte&uacute;do feminino e um programa na Netflix sobre inspira&ccedil;&atilde;o bem como as comediantes Amy Schumer, Tina Fey, Kristin Wiig que criam muito de seus projetos. &ldquo;Eu quero cada vez mais ser dona dos meus pr&oacute;prios conte&uacute;dos. Agora estou num momento de total transforma&ccedil;&atilde;o de como que eu vou fazer isso na minha carreira. Acho que este ano vou dar um passo muito diferente na minha vida&rdquo;, explica, &ldquo;essa agora &eacute; a minha luta. Quero achar mulheres roteiristas, e comandar todos meus conte&uacute;dos&rdquo;. Por enquanto, sobre novos projetos, Ingrid s&oacute; pode revelar um filme sobre irm&atilde;s, escrito e idealizado por ela com Tat&aacute; Werneck e de um document&aacute;rio sobre C&oacute;cegas com Helo&iacute;sa P&eacute;riss&eacute;. Seu foco para 2021, &ldquo;&eacute; isso, ser dona da minha pr&oacute;pria hist&oacute;ria&rdquo;.&nbsp;

Aperte o play e confira na &iacute;ntegra!

Parle L'Officiel com Miriam Spritzer: Ingrid Guimarães

Cr&eacute;ditos Editoriais&nbsp;

Fotografia:&nbsp;@mucioricardo&nbsp;

Beleza: @lavoisier&nbsp;

Styling: @brunouchoa21&nbsp;

Assistente de styling: @danidefranca

Assistente de fotografia: @caweabloh&nbsp;

Assistente de beleza: @ricardoviniciusfs

Assessoria de imprensa: Stampa Comunica&ccedil;&atilde;o

Peruca: Carlos Cirqueira

Ingrid Guimarães em entrevista exclusiva para L'Officiel Brasil

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