A atriz, produtora e empreendedora Gal Gadot, tomou as r&eacute;deas do pr&oacute;prio futuro

<a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/gal-gadot-e-outros-famosos-ganharao-estrela-na-calcada-da-fama">Gal Gadot</a> n&atilde;o para quieta, tanto literal como figurativamente. Em uma recente chamada de Zoom de sua casa ensolarada em Los Angeles, a atriz irsraelense pontuou seus pensamentos sobre tudo, de hero&iacute;nas de a&ccedil;&atilde;o a vil&atilde;s da Disney, com acenos de m&atilde;o fren&eacute;ticos, co&ccedil;adelas no queixo e at&eacute; arranh&otilde;es no rosto. Gal, de 38 anos, que despontou em 2017 com seu arrasa-quarteir&atilde;o <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/wellness/descubra-como-gal-gadot-se-preparou-para-seu-papel-de-mulher-maravilha">Mulher-Maravilha</a>, admite que tem dificuldade em relaxar. &ldquo;Sou el&eacute;trica. Nunca paro quieta mesmo&rdquo;, diz. &ldquo;Ou estou fazendo beb&ecirc;s ou fazendo algum projeto. Sinto que a vida &eacute; muito curta, ent&atilde;o quero devorar tudo.&rdquo;
Como atriz, produtora, empreendedora, parceira e m&atilde;e, Gadot vive fazendo malabarismos para desempenhar alguns desses pap&eacute;is em um dia normal. No momento, ela faz as vezes de atriz e produtora, enquanto se prepara para o lan&ccedil;amento do thriller de espionagem Heart of Stone [Cora&ccedil;&atilde;o de Pedra, em tradu&ccedil;&atilde;o literal; o filme tem lan&ccedil;amento mundial, em agosto com o t&iacute;tulo Agente Stone, no Brasil], em que estrela como Rachel Stone, uma agente de intelig&ecirc;ncia que recebe a miss&atilde;o de salvar o bem mais valioso de sua organiza&ccedil;&atilde;o supranacional; Gal cuidou do projeto desde o conceito at&eacute; a exibi&ccedil;&atilde;o. Na fase p&oacute;s-Mulher-Maravilha, ela est&aacute; se revigorando ao botar a m&atilde;o na massa, pronta a desempenhar um papel ativo em todo projeto no qual se envolve. A atriz n&atilde;o apenas est&aacute; mergulhando na fun&ccedil;&atilde;o de produtora de Heart of Stone e fundadora da marca Goodles de um mac and cheese [macarr&atilde;o com queijo] saud&aacute;vel, mas tamb&eacute;m est&aacute; avan&ccedil;ando no mundo da atua&ccedil;&atilde;o, ao entrar na sua era de vilania, no musical live action da <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/gal-gadot-vivera-vila-em-novo-filme">Disney Branca de Neve</a>, ao lado de Rachel Zegler, com dire&ccedil;&atilde;o de Marc Webb. (E esses s&atilde;o apenas os projetos de que ela pode falar&hellip;)
Gal conversou com L&rsquo;OFFICIEL sobre seus pr&oacute;ximos projetos, sobre a s&iacute;ndrome do impostor e sobre carregar o legado de seu av&ocirc;, um sobrevivente do Holocausto.

Gal Gadot

L&rsquo;OFFICIEL Recentemente, voc&ecirc; narrou um v&iacute;deo para os visitantes do campo de concentra&ccedil;&atilde;o de Auschwitz, ao qual seu av&ocirc; sobreviveu. Como foi para voc&ecirc; fazer isso? 
GAL GADOT Nem sei por onde come&ccedil;ar. Fazer essa narra&ccedil;&atilde;o foi moleza. A funda&ccedil;&atilde;o de Steven Spielberg [Righteous Persons Foundation] entrou em contato e me perguntou se eu faria. Eu nem sabia o que iria narrar. N&atilde;o sabia onde eles iriam tocar aquilo [em Auschwitz]. Meu av&ocirc; perdeu toda a fam&iacute;lia l&aacute;. Quando ele tinha uns 14 anos, se algu&eacute;m lhe dissesse que sua neta iria contar a hist&oacute;ria do que aconteceu naquele lugar dos infernos algumas d&eacute;cadas depois&hellip; Isso realmente me tocou. Por muito tempo, ele nunca conversou sobre isso &ndash; era muito doloroso. Quando minha av&oacute; faleceu, acho que ele percebeu que a vida era muito curta, que um dia iria terminar. E ele se abriu completamente sobre tudo e nos contou a hist&oacute;ria toda. Foi muito traum&aacute;tico, por motivos &oacute;bvios. O jeito com que ele superou foi com amor, com perd&atilde;o, ensinando as pessoas a serem boas para que aquilo nunca mais acontecesse, e com compaix&atilde;o. Ele era uma gra&ccedil;a de av&ocirc;, com um sorriso nos olhos e nem um pingo de raiva nem de frustra&ccedil;&atilde;o. Acho que tenho muita sorte de ter tido a oportunidade de fazer isso e fechar esse ciclo com meu av&ocirc;.
L&rsquo;O &Eacute; um peso muito grande de carregar ser neta de um sobrevivente. Muitas hist&oacute;rias como essas se perdem.&nbsp;
GG Totalmente, e &eacute; verdade. Sinto que a alma humana nunca muda de fato. Acho que o tema do amor, da compaix&atilde;o, da aceita&ccedil;&atilde;o e da comunidade, todas essas ideias fazem uma sociedade melhor. N&atilde;o a divis&atilde;o, n&atilde;o o &oacute;dio, n&atilde;o o medo, n&atilde;o a inveja. S&atilde;o elas que realmente v&atilde;o nos aproximar de uma vida melhor.

&ldquo;Toda a ideia&nbsp; de come&ccedil;ar a&nbsp; produtora&hellip; foi&nbsp; tomar o controle do meu pr&oacute;prio destino.&rdquo;

L&rsquo;O Voc&ecirc; n&atilde;o est&aacute; apenas estrelando Heart of Stone, mas tamb&eacute;m produzindo. O que lhe interessou mais nesse projeto, na perspectiva de produtora e na de atriz?
GG Toda a ideia de come&ccedil;ar a produtora com meu marido [Jaron Versano] foi tomar o controle do meu pr&oacute;prio destino. Heart of Stone foi uma das primeiras ideias que tivemos. Percebi que sempre achamos que protagonistas femininas s&atilde;o mais voltadas para a audi&ecirc;ncia feminina. Com Mulher-Maravilha pudemos de fato provar que, contanto que a hist&oacute;ria seja universal, ela &eacute; boa. Senti que havia espa&ccedil;o para um filme de a&ccedil;&atilde;o com protagonista feminina que fosse para todo mundo, mas mais corajoso, mais cru, mais p&eacute; no ch&atilde;o do que um filme de super-her&oacute;i bem-acabado. Geralmente, como ator, voc&ecirc; pega o roteiro e pode discuti-lo com o diretor, mas n&atilde;o &eacute; bem assim. De um certo modo, &eacute; muito f&aacute;cil; voc&ecirc; n&atilde;o precisa se preocupar com nada. Mas h&aacute; algo de&nbsp; muito estimulante e empolgante em criar algo do zero.
 L&rsquo;O Voc&ecirc; e seu marido s&atilde;o tamb&eacute;m s&oacute;cios produtores. Como &eacute; trabalhar ao lado do c&ocirc;njuge?
GG A maioria das pessoas ficaria com o p&eacute; atr&aacute;s. Tudo depende da din&acirc;mica da rela&ccedil;&atilde;o que voc&ecirc;s t&ecirc;m. Jaron e eu sempre falamos a mesma l&iacute;ngua. Ele vem da parte do neg&oacute;cio, e n&oacute;s tivemos uma &oacute;tima oportunidade quando ele vendeu todo o seu portf&oacute;lio [imobili&aacute;rio] em Tel Aviv. Ou ele continuaria no neg&oacute;cio imobili&aacute;rio ou viria trabalhar comigo, e eu meio que joguei &ldquo;Vamos trabalhar juntos&rdquo;, porque ele era a pe&ccedil;a que faltava. Jaron tem a mente de empres&aacute;rio, e quem melhor pode cuidar dos meus interesses do que meu companheiro de vida?

L&rsquo;O O que se destaca em Rachel Stone [sua personagem] &eacute; a compaix&atilde;o dela, a ponto de causar problemas. O que a atraiu nela como personagem?
GG Foi realmente muito importante, para mim, mostrar uma personagem que fosse imperfeita. Eu j&aacute; tinha feito, e gostado muito de fazer, uma super-hero&iacute;na e queria mostrar uma pessoa real. Eu queria criar uma mulher que precisasse aprender a fazer tudo por conta pr&oacute;pria. Ela nunca pode ser um livro aberto; ela nunca deve confiar totalmente em ningu&eacute;m. E isso &eacute; tamb&eacute;m uma das raz&otilde;es por que eu adoro Tom Harper, nosso diretor, porque eu me lembro de assistir a As Loucuras de Rose, com Jessi Buckley. &Eacute; uma hist&oacute;ria simples, mas ele conseguiu mold&aacute;-la de um jeito muito baseado na personagem. Para mim, era mais importante ter um diretor que se importa com as atua&ccedil;&otilde;es emocionais e com a hist&oacute;ria do que com o modo com que a a&ccedil;&atilde;o se apresenta.
 L&rsquo;O Obviamente, n&atilde;o vemos uma por&ccedil;&atilde;o de mulheres protagonizando suspenses de espionagem, algo de que j&aacute; falamos um pouquinho, mas o que a oportunidade de protagonizar esse filme &ndash; e uma franquia em potencial &ndash; significou para voc&ecirc;?
GG Muita gente disse &ldquo;Vamos preparar este filme pensando no pr&oacute;ximo&rdquo;, e eu sempre dizia &ldquo;Vamos focar primeiro &lsquo;no&rsquo; &oacute;timo filme, antes de nos envolvermos com qualquer outra coisa&rdquo;. &Eacute; engra&ccedil;ado, eu sempre sinto que tenho essa s&iacute;ndrome do impostor, porque acho que tenho tanta sorte e sou t&atilde;o feliz por conseguir fazer o que amo muito, muito, muito. Sempre fico na expectativa, &ldquo;Espero que eles gostem&rdquo;. Nunca existe um momento em que estou confiante, &ldquo;Eles v&atilde;o amar&rdquo;. Eu me lembro de falar com o Francis Ford Coppola e perguntar a ele &ldquo;Ent&atilde;o, como &eacute; ser um tesouro nacional?&rdquo;, e ele dizer &ldquo;Sabe o qu&ecirc;? Estou sempre cheio de d&uacute;vidas. Sempre tenho medo de que as pessoas n&atilde;o v&atilde;o gostar. Apenas sigo o meu cora&ccedil;&atilde;o e entro naquilo com humildade&rdquo;. Acho que foi uma das maiores li&ccedil;&otilde;es. Eu sentada perto da lenda Francis Ford Coppola, e ele falando sobre qu&atilde;o humilde e inseguro pode ficar. E eu pensei &ldquo;Ok, eu posso ser insegura o tempo todo&rdquo;. Acho que ainda &eacute; muito cedo para falar sobre o que representa para mim ser a protagonista dessa franquia. Acima de tudo, espero que as pessoas curtam o filme. E, depois, se eu tiver a sorte de fazer outro filme da Rachel Stone, vou ficar muito feliz, e ent&atilde;o vamos falar disso quando chegar a hora.

&ldquo;Foi realmente muito importante,&nbsp; para mim, mostrar uma personagem que fosse imperfeita&hellip;&nbsp; Eu queria criar uma mulher que precisasse&nbsp; aprender a fazer tudo por conta pr&oacute;pria."

L&rsquo;O Que filmes ou atores a inf luenciaram no seu modo de criar Heart of Stone?
GG N&atilde;o posso dizer que seja como um James Bond feminino, porque quem sou eu para dizer algo assim? Que legado e que patrim&ocirc;nio! N&oacute;s come&ccedil;amos algo original. Quer&iacute;amos que fosse emocionante e empolgante e que as pessoas ficassem fascinadas, e n&atilde;o que fosse apenas uma hist&oacute;ria com um fim previs&iacute;vel. Ent&atilde;o essa &eacute; uma pergunta dif&iacute;cil de responder, enquanto inspira&ccedil;&atilde;o, porque tentamos n&atilde;o imitar muito os outros. Fizemos, sim, um filme de grande alcance, como Miss&atilde;o: Imposs&iacute;vel e os filmes do 007. Filmamos em cinco loca&ccedil;&otilde;es. Era importante para n&oacute;s que quase tudo o que pud&eacute;ssemos fazer de verdade far&iacute;amos de verdade, no que se refere &agrave; a&ccedil;&atilde;o. Mas tentamos mesmo produzir uma pe&ccedil;a original, e espero que seja essa a sensa&ccedil;&atilde;o.
 L&rsquo;O Voc&ecirc; mencionou ter filmado em cinco loca&ccedil;&otilde;es. Qual foi sua preferida?
GG Irlanda, Marrocos, Lisboa, Londres e It&aacute;lia &ndash; nos Alpes. Todos esses lugares s&atilde;o especiais. Devo dizer que eu gostei muito, muito de Lisboa, porque eu nunca tinha estado l&aacute;. Gostei de tudo na cidade, das pessoas, da comida e da cultura. Foi muito f&aacute;cil filmar l&aacute;. Havia uma energia boa.
L&rsquo;O Voc&ecirc; tamb&eacute;m est&aacute; fazendo Branca de Neve, em que interpreta a vil&atilde;, para variar um pouco. Como foi a experi&ecirc;ncia?
GG Maravilhosa, em letras enormes. Est&aacute;vamos falando de Heart of Stone &ndash; tudo &eacute; super-realista. Branca de Neve &eacute; o oposto, e eu filmei os dois em seguida. Foi uma grande virada. N&atilde;o acredito que pude interpretar a Rainha M&aacute;, a primeira vil&atilde; em toda a hist&oacute;ria da Disney. Posso cantar e explorar meu lado teatral, mau e sombrio. Nos primeiros quatro dias, eu estava realmente dentro da personagem, quer dizer, para mim, foi dif&iacute;cil sair dela, estava muito envolvida. &Eacute; como fazer teatro. Tudo &eacute; maior. Tudo &eacute; mais dram&aacute;tico. Foi um barato.

FOTOS: Celeste Sloman,
PRODU&Ccedil;&Atilde;O DE MODA: Cristina Ehrlich,
Cabelo: Sabrina Bedrani (THE WALL GROUP),
Maquiagem: Renato Campora (THE WALL GROUP),
MANICURE: Tracy Clemens,
PRODU&Ccedil;&Atilde;O: Aaron Zumback,
CENOGRAFIA: Peter Gueracague,
TECNOLOGIA DIGITAL: Eric Vlasic,
ASSISTENTES DE FOTO: Paul Rae e Bob Hutt,
ASSISTENTE DE STYLING: Bridget Blacksten

Gal Gadot em entrevista exclusiva para a L’Officiel Brasil

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