David Kajganich, roteirista de At&eacute; os Ossos, fala sobre sua nova produ&ccedil;&atilde;o em uma entrevista exclusiva. Confira!

N&atilde;o &eacute; de hoje que filmes de vampiros fazem sucesso com o p&uacute;blico jovem. Do cl&aacute;ssico Entrevista com Vampiros a saga <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/ashley-greene-estrela-de-crepusculo-da-a-luz-a-uma-menina">Crep&uacute;sculo</a> ou at&eacute; mesmo com Buffy a Ca&ccedil;a Vampiros, foram tantas febres com a tem&aacute;tica similar que este tipo de misticismo e fantasia que j&aacute; se tornou parte da cultura popular.&nbsp;
 Com isso em mente, h&aacute; uma estreia de filme que promete, At&eacute; os Ossos, estrelando <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/timothee-chalamet-compartilha-primeira-foto-como-willy-wonka">Timoth&eacute;e Chalamet</a>, Taylor Russell e Mark Rylance. A produ&ccedil;&atilde;o finalmente entrou em cartaz no Brasil dia 01 de Dezembro e &eacute; uma nova abordagem sobre a tem&aacute;tica de vampiros, muito porque n&atilde;o chamam as criaturas assim e sim de &ldquo;comedores&rdquo;. Inspirado em um livro popular de Camille DeAngelis lan&ccedil;ado em 2016, o filme foi dirigido por Luca Guadagnino, renomado por Me Chame Pelo Seu Nome. Com cenas bastante fortes e expl&iacute;citas de canibalismo, o filme j&aacute; vem sendo bastante comentado desde suas primeiras apari&ccedil;&otilde;es em <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/festival-de-cinema-de-veneza-2022-veja-os-looks-mais-sexy">festivais de cinema</a> pelo mundo. H&aacute; quem ame e quem o critique fortemente. 
 Para saber um pouco mais sobre como surgiu essa nova abordagem, a L&rsquo;Officiel conversou com exclusividade com David Kajganich, roteirista da produ&ccedil;&atilde;o. Confira a conversa:

Até os Ossos: David Kajganich

Qual foi a maior dificuldade em adaptar o livro ao formato cinematogr&aacute;fico? Minha maior preocupa&ccedil;&atilde;o era que este &eacute; um livro que toca em v&aacute;rios g&ecirc;neros e n&iacute;veis diferentes. &Eacute; um filme de terror, &eacute; uma hist&oacute;ria de amor, &eacute; um filme sobre viagem e &eacute; uma hist&oacute;ria de amadurecimento. S&atilde;o muitos tons diferentes para tentar organizar em uma adapta&ccedil;&atilde;o cinematogr&aacute;fica. Quando li o livro pela primeira vez pensei que seria uma adapta&ccedil;&atilde;o muito complicada tecnicamente. Mas depois entendi como priorizar cada g&ecirc;nero e tudo ficou muito mais f&aacute;cil. Resolvi deixar um pouco de lado o fator de terror e priorizar o romance tudo isso na estrutura de um filme de viagem.&nbsp;

Eu notei que o filme tem menos misticismo, tudo se passa em um plano muito realista. Qual foi a decis&atilde;o de n&atilde;o criar todo aquele mundo de fantasia ao redor dos personagens? Quando fizemos o filme, n&oacute;s colaboradores, quer&iacute;amos dedicar o m&aacute;ximo de tempo poss&iacute;vel aos personagens e seus arcos. Por isso no roteiro, tentei n&atilde;o seguir a tenta&ccedil;&atilde;o de construir muita mitologia em torno dessa condi&ccedil;&atilde;o, vamos dizer, de um filme como Crep&uacute;sculo. N&atilde;o queria que houvesse muitas regras para explicar sobre o que &eacute; um canibal e como eles s&atilde;o diferentes de outros tipos. Pode ser interessante, mas leva tempo. Se eu apenas tratar isso de forma natural e ser um comedor &eacute; simplesmente algo que algumas pessoas no filme devem ser, e o que isso implica ser mostrado ao longo do filme, seria o suficiente para o p&uacute;blico. A personagem principal est&aacute; aprendendo o que isso implica para ela tamb&eacute;m e isso ajuda. Sua educa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o &eacute; abrangente, porque ela est&aacute; na estrada apenas alguns meses. N&atilde;o houve tempo suficiente para entender todas as regras ou nuances do canibalismo nessa hist&oacute;ria. Por isso nos afastamos da constru&ccedil;&atilde;o de regras e os chamamos de algo diferente de canibais. &Eacute; para ser um aspecto naturalista de suas vidas entre outros tantos.

Os tr&ecirc;s protagonistas do filme s&atilde;o espetaculares. O que voc&ecirc; achou da escolha do elenco? Quando Luca entrou no projeto, uma das primeiras coisas que ele me disse foi: "Eu quero fazer isso, mas s&oacute; vou fazer se Timmy Chalamet fizer", porque ele n&atilde;o podia imaginar outra pessoa interpretando o papel e depois disso, eu obviamente tamb&eacute;m. Fiquei muito feliz, porque n&atilde;o s&atilde;o atores de g&ecirc;nero que ajudam a enobrecer o filme para um p&uacute;blico que est&aacute; se perguntando se deve ou n&atilde;o assistir. Atores desse calibre, como Mark Rylance, s&atilde;o uma ap&oacute;lice de seguro. Deve haver algo interessante sobre esse filme canibal em particular ou esse filme de terror/amor/estrada em particular que essas pessoas com este n&iacute;vel de talento, fazem parte. Fico muito grato, n&atilde;o s&oacute; porque s&atilde;o atores maravilhosos, mas porque d&atilde;o essa esp&eacute;cie de garantia para um p&uacute;blico que talvez n&atilde;o consideraram um filme como este.

E voc&ecirc; tamb&eacute;m acabou indo fazer parte do elenco, n&atilde;o? Fiz por necessidade. Houve um dia em que tivemos que juntar duas cenas em uma, o que significava que t&iacute;nhamos que inventar um novo personagem, o motorista de &ocirc;nibus da Greyhound. &Iacute;amos filmar uma hora depois de que escrevi a cena. Perguntei a Luca &ldquo;Quem vai fazer isso?&rdquo; e ele disse &ldquo;acho que voc&ecirc; deveria ir para o cabelo e a maquiagem porque j&aacute; memorizou as falas&rdquo;. E assim, acabei no filme. Mas cortamos a minha cena que no final n&atilde;o era necess&aacute;ria. Mas voc&ecirc; v&ecirc; a parte de tr&aacute;s da minha cabe&ccedil;a com um fant&aacute;stico corte de cabelo dos anos 1980 lutando para fechar a porta de um &ocirc;nibus Greyhound. As pessoas que fazem esse trabalho t&ecirc;m m&uacute;sculos para isso. Eu s&oacute; consigo digitar.

Por que voc&ecirc; acha que filmes nesta tem&aacute;tica sempre fazem tanto sucesso e fascinam o p&uacute;blico mais jovem?&nbsp; Acho que parte disso &eacute; porque as emo&ccedil;&otilde;es que temos quando estamos crescendo s&atilde;o t&atilde;o intensas e os problemas s&atilde;o amb&iacute;guos que, estes filmes de g&ecirc;nero quando conseguem aumentar a narrativa b&aacute;sica do bem contra o mal, quest&otilde;es de identidade remetem um pouco &agrave; adolesc&ecirc;ncia. Quando voc&ecirc; &eacute; adolescente, o amor parece t&atilde;o perigoso. O desejo &eacute; um risco e &eacute; complicado. Acho que essas hist&oacute;rias chegam no n&iacute;vel de emo&ccedil;&atilde;o que sentimos na nossa realidade dessa fase. A aposta &eacute; sempre alta, seja voc&ecirc; realmente um vampiro ou n&atilde;o.&nbsp;

Até os Ossos: confira uma entrevista com David Kajganich

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