Apresentando as pe&ccedil;as da nova cole&ccedil;&atilde;o da pre-fall Louis Vuitton, Valentina Herszage fala de liberdade, cinema e moda

Na hora marcada, <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/valentina-herszage">Valentina Herszage</a> surgiu loira platinada, com a raiz j&aacute; um pouco crescida, em um visual entre o despojado e o <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/glam-rock-com-um-toque-selvagem">rock&rsquo;n&rsquo;roll</a>. &ldquo;Eu estou loira, fiz as fotos loira, mas daqui a pouco volto a ser morena, para fazer uma personagem. Mas a&iacute; eu tive esse gap entre trabalhos e pensei: por que n&atilde;o, n&eacute;?&rdquo;, disse para mim. Aos 27 anos, ela j&aacute; soma nove trabalhos no cinema. Apesar de, para a maioria de n&oacute;s, ela ter ganhado visibilidade (internacional, diga-se de passagem) vivendo Vera Paiva, no intenso e delicado <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/ainda-estou-aqui-roda-o-mundo-ganhando-premios">Ainda Estou Aqui</a>, Valentina tem estrada. &ldquo;Sempre fiz aula de teatro, me formei em artes c&ecirc;nicas. Acho que eu gosto dessa ideia de a gente poder ser livre, sabe? De dizer o que a gente tem que dizer. Sem medo da rea&ccedil;&atilde;o do outro, sem medo de entrar em um di&aacute;logo.&rdquo; E foi sem receio de dizer o que pensa que seguiu nossa conversa.
L&rsquo;OFFICIEL Quando interpretou Vera Paiva em Ainda Estou Aqui, como voc&ecirc; lidou emocionalmente com a responsabilidade de dar vida a uma personagem real que carrega o trauma hist&oacute;rico da ditadura militar brasileira?&nbsp;
VALENTINA HERSZAGE Eu gosto muito de personagens reais, acho que esse &eacute; o meu terceiro: fiz a s&eacute;rie da Hebe Camargo com a Andr&eacute;a Beltr&atilde;o, fiz outro filme sobre a ditadura militar, lan&ccedil;ado no ano passado, chamado O Mensageiro, dirigido pela L&uacute;cia Murat (minha personagem era baseada na pr&oacute;pria L&uacute;cia, que foi presa e torturada aos 19 anos). A Vera foi a terceira experi&ecirc;ncia que eu tive de estar frente a frente com uma hist&oacute;ria real. O que eu tento sempre fazer &eacute; tirar esse peso de que aquilo precisa ser uma m&iacute;mica. &Eacute; como se eu estivesse prestando uma homenagem, ainda mais porque a Vera n&atilde;o &eacute; uma pessoa p&uacute;blica. Eu nem teria como, de fato, interpret&aacute;-la exatamente como ela foi aos 17 anos. Mas a gente procurou muito esses s&iacute;mbolos de cada filho. No caso da Vera, era essa menina jovem, prestes a entrar na faculdade, com muitos interesses, muito questionadora. Dos filhos, ela &eacute; a primeira que percebe a situa&ccedil;&atilde;o, quando passa por uma blitz superpesada. Ent&atilde;o, a gente foi muito mais pelo caminho de entender qual era o lugar de cada filho naquele contexto hist&oacute;rico e naquela fam&iacute;lia, sabe?

Jaqueta e vestido LOUIS VUITTON - Foto: Alfonso Anton Cornellis

L&rsquo;O Voc&ecirc; costuma transitar entre o cinema independente e grandes produ&ccedil;&otilde;es. Como escolhe seus projetos e o que a faz dizer &ldquo;sim&rdquo; para um papel? Existe um crit&eacute;rio mais afetivo, pol&iacute;tico ou art&iacute;stico?&nbsp;
VH Acho que &eacute; uma mistura mesmo desses tr&ecirc;s pontos. Eu acho que tem algo afetivo, principalmente quando &eacute; algum diretor com quem j&aacute; trabalhei ou que conhe&ccedil;o. J&aacute; topei fazer filmes bem pequenos porque de fato gosto da dire&ccedil;&atilde;o ou do roteiro. Para mim, a hist&oacute;ria &eacute; o mais importante. Ela gera algum questionamento? Ela tem uma mensagem? Normalmente eu gosto de fazer coisas a que eu gostaria de assistir. Pode ser drama, com&eacute;dia, a&ccedil;&atilde;o. Amo filmes de terror, de horror. Foi um g&ecirc;nero que me abriu as portas do cinema, com o Mate-me, por Favor. Tamb&eacute;m gosto muito do cinema hist&oacute;rico. Para mim faz muito sentido a gente aprender sobre o Brasil por meio do cinema.
L&rsquo;O Sua atua&ccedil;&atilde;o tem sido descrita como contida e visceral ao mesmo tempo. Como voc&ecirc; constr&oacute;i esse equil&iacute;brio entre intensidade emocional e conten&ccedil;&atilde;o c&ecirc;nica?&nbsp;
VH Cada personagem &eacute; um processo diferente. Gosto muito de fazer pesquisa visual, por exemplo. Para a Vera, a Gal [Costa] foi uma grande refer&ecirc;ncia: o jeito de sentar, de andar, de se apoiar. Em As Polacas, por exemplo, eu pirei muito nas ilustra&ccedil;&otilde;es dos livros do Valter Hugo M&atilde;e, quase um desenho de crian&ccedil;a, mas com alguma densidade, uma visceralidade. Nunca vou decupar um roteiro pelas emo&ccedil;&otilde;es. E acho que precisa manter um mist&eacute;rio para o espectador continuar capturado por aquela figura, sabe?

Valentina Herszage - Foto: Alfonso Anton Cornellis

L&rsquo;O Como voc&ecirc; enxerga a intersec&ccedil;&atilde;o entre moda e identidade e de que forma voc&ecirc; utiliza a est&eacute;tica como uma extens&atilde;o do seu discurso pessoal e art&iacute;stico?&nbsp;
VH Sempre gostei muito de moda, minha m&atilde;e [a psicanalista M&ocirc;nica Coutinho] tamb&eacute;m. Ela inclusive deu aula sobre o assunto em uma universidade aqui no Rio de Janeiro. Lembro que amava pegar as roupas dela. Percebi ainda mais o poder do que a gente veste no Festival de Veneza [na apresenta&ccedil;&atilde;o de Ainda Estou Aqui], quando usei aquele look do Alexandre Herchcovitch, que a Rita Lazarotti fez todo o enlace. Acho que foi quando eu de fato entendi como poderia juntar a moda ao meu of&iacute;cio &ndash; porque eu acho que ela e o cinema andam muito juntos. S&atilde;o express&otilde;es art&iacute;sticas que mudam atrav&eacute;s dos tempos das gera&ccedil;&otilde;es. Acho que a moda e o cinema refletem muito a sociedade, o momento em que a gente est&aacute; vivendo. Para a constru&ccedil;&atilde;o de personagem, o figurino &eacute; uma das etapas mais importantes. E na vida real, &eacute; uma maneira de expressar quem eu sou. Quem &eacute; essa atriz? Claro, dentro do contexto do filme que eu estou lan&ccedil;ando&hellip; Como a Fernanda [Torres] muito bem falou sobre isso.&nbsp;
L&rsquo;O Como voc&ecirc; descreve sua rela&ccedil;&atilde;o com a moda?&nbsp;
VH Eu n&atilde;o sou uma pessoa muito da estampa, por exemplo. Eu gosto muito de cores b&aacute;sicas e acho que sempre gosto muito de estar confort&aacute;vel e de vestir as cores que me traduzem naquele momento. Ent&atilde;o, &agrave;s vezes eu estou mais pastel, &agrave;s vezes eu estou mais Almod&oacute;var. Eu acho que &eacute; um pouco de deixar aquilo transbordar. Adoro quando compro uma pe&ccedil;a que eu acho extremamente elegante e que poderia usar o dia inteiro sem me incomodar em nada.

Blusa, saia, bolsa e sapatos LOUIS VUITTON - Foto: Alfonso Anton Cornellis

L&rsquo;O Como foi ter assistido ao desfile de Louis Vuitton em Paris?&nbsp;
VH Nossa, foi fenomenal. Para mim, como atriz, &eacute; como se eu tivesse assistindo a uma performance. E &eacute;. Tem todo um jogo de cena, tem todo um cen&aacute;rio, as cores, as luzes, as modelos. Eu achei fant&aacute;stico. Acho uma pena que dure t&atilde;o pouco. Ficaria ali uma hora assistindo &agrave;quelas pe&ccedil;as. E o Nicolas, ele &eacute; t&atilde;o expressivo. Ele n&atilde;o tem medo de ser chique, e de brincar tamb&eacute;m com as cores, com as texturas&hellip; Foi um desfile impec&aacute;vel. E a fileira em que eu estava sentada tamb&eacute;m tinha um artistas que eu admiro muito: a atriz que fez A Garota da Agulha, outro filme que competiu na categoria Internacional no Oscar; a Sandra H&uuml;ller, de Anatomia de uma Queda, a Emma Stone. Eu gosto desse olhar que a Louis Vuitton tem.&nbsp;
L&rsquo;O Vestir Louis Vuitton no after party do Oscar da Madonna e na pr&eacute;-estreia de A Batalha da Rua Maria Antonia muda a forma como voc&ecirc; se percebe como artista brasileira no mundo?&nbsp;
VH Eu acho que, primeiro, &eacute; muito importante que voc&ecirc; de fato se identifique com aquela marca. E eu me identifico de fato com a Louis Vuitton. Todos os looks que eu usei at&eacute; agora foram muito assertivos para mim. Eu me sinto confort&aacute;vel, me sinto bonita, me sinto bem.

&ldquo;SEMPRE GOSTEI MUITO DE MODA, MINHA m&atilde;e TAMB&Eacute;M. ELA INCLUSIVE deu aula SOBRE O ASSUNTO EM UMA UNIVERSIDADE AQUI NO RIO DE JANEIRO. LEMBRO QUE AMAVA pegar&nbsp;AS ROUPAS DELA.&rdquo; 
VALENTINA HERSZAGE

L&rsquo;O Existe alguma mulher da hist&oacute;ria brasileira que voc&ecirc; sonhe interpretar no futuro?&nbsp;
VH Muita gente fala muito da Marina Lima, que seria o m&aacute;ximo. Fernanda Young, acho que seria o m&aacute;ximo tamb&eacute;m. S&atilde;o mulheres muito fortes. J&aacute; ouvi muita gente falando que tenho que fazer a F&aacute;tima Bernardes. Seria sensacional. S&atilde;o mulheres que me inspiram muito.

Jaqueta e saia LOUIS VUITTON - Foto: Alfonso Anton Cornellis

L&rsquo;O Em tempos de redes sociais e visibilidade extrema, como voc&ecirc; negocia a exposi&ccedil;&atilde;o da sua vida pessoal sem perder a liberdade de ser m&uacute;ltipla e contradit&oacute;ria fora das c&acirc;meras?
VH Pois &eacute;, eu estou aprendendo ainda, eu acho. Tenho um pouco de dificuldade de existir na rede social. Gosto dela como um lugar de compartilhar imagens, fotos, v&iacute;deos, coisas que tenham a ver com a minha est&eacute;tica, que eu ache bonitas. E menos mostrar exatamente como eu sou, porque acho que s&atilde;o coisas que eu valorizo muito, de alguma maneira, mantenho aqui mais pertinho de mim.

@valentinaherszage veste @louisvuitton
Filme: @vovka_kozubskyi
Dire&ccedil;&atilde;o criativa e edi&ccedil;&atilde;o de moda: @ludafonseca
Maquiagem: @lloydsimmondsmakeup
Cabelo: @massa_yahiro
Produ&ccedil;&atilde;o executiva: LF Office Paris
Assistente de produ&ccedil;&atilde;o: @renemeier
Agradecimentos: @silencioclub

Valentina Herszage fala de liberdade, cinema e moda durante ensaio

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