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<p><em>Sempre presente no passado a possibilidade de diagnosticar o futuro. Vatic&iacute;nio <span>é prever com base em determinados fatos, prognosticar, antever, adivinhar, profetizar.&nbsp;</span></em></p>
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<p style="text-align: justify;"><span>Ao ato de predizer ou adivinhar o <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/futuro-asas-a-imaginacao">futuro</a>, dá-se o nome de vaticínio. Vaticinar é prever com base em determinados fatos, prognosticar, antever, adivinhar, profetizar. Fazer prognósticos do porvir sempre aconteceu, inclusive na moda, mas, antes de adentrar no <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/mocha-mousse-aposte-e-arrase-na-cor-de-2025-com-dicas-infaliveis">universo fashion,</a> vale lembrar algumas interpretações do futuro em tempos pretéritos.</span></p>
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<p style="text-align: justify;"><span>Profetas de caráter religioso anunciaram acontecimentos vindouros por inspiração de Deus, sendo, então, testemunhas dos desígnios divinos. Na Grécia Antiga, as pitonisas (sacerdotisas) que entravam em transe conectando-se com os deuses tinham o dom de predizer o futuro respondendo a perguntas. As cartomantes também agiram, ao longo dos tempos, na arte divinatória. Ler as cartas; ler a borra do café; ler as mãos (quiromancia); consultar a bola de cristal; credibilizar nos números; jogar búzios ou runas; e também consultar os astros sempre foram constantes em prever o futuro por adivinhos e clarividentes. Vale lembrar o emblemático astrólogo e médico francês Nostradamus (1503-1560), cujas previsões são consultadas até hoje e, indo mais além, prognósticos científicos, tecnológicos, literários e até mesmo cinematográficos rondaram e ainda rondam a instigante e inquieta mente humana.</span></p>
<p style="text-align: justify;"><span>Analisando o cinema, tivemos o filme </span><span>Metropolis </span><span>(1927), do austríaco Fritz Lang (1890-1976), em uma história que se passa em 2026 (estamos muito próximos) e narra o futuro entre poderosos e operários. Já na tira de jornal (de 1934) e depois no cinema (de 1936), </span><span>Flash Gordon</span><span>, do desenhista americano Alex Raymond (1909-1956), reeditado em filme de 1980, o herói luta, com a ajuda de alienígenas, com o objetivo de salvar o planeta Terra. Na TV, nos anos 1960, tivemos </span><span>The Flintstones </span><span>(série exibida nos EUA entre 1960 e 1966), de William Hanna (1910-2001) e Joseph Barbera (1911-2006), na qual é retratada, muito bem humoradamente, uma Idade da Pedra com todos os benefícios tecnológicos dos tempos futuros, e </span><span>The Jetsons </span><span>(1962), também de Hanna-Barbera, num futuro automatizado de 2062. Também na TV americana e na mesma década a série </span><span>Star Trek </span><span>(</span><span>Jornada nas Estrelas</span><span>, de 1966 a 1969), que se passa no século 23 com tecnologias para viajar pelo espaço sideral.</span></p>
<p style="text-align: justify;"><span>No que tange ao universo da moda, vou dividir esta breve reflexão em três partes. Primeiramente, cito o movimento de arte futurismo, advindo da Itália, a partir dos anos 1910, que propôs nas criações de Giacomo Balla (1871-1958), especialmente para as roupas masculinas, os &ldquo;trajes futuristas&rdquo;, negando as então austeras roupas escuras dos homens com uma explosão de cores, cortes e recortes assimétricos em patchwork para coletes, costumes e outras peças, além das estampas, em uma visão de como seria a moda do futuro. Não virou moda à época, mas atingiu uma elite intelectual artística. Ainda nas </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">vanguardas artísticas, Salvador Dalí (1904-1989) e seus arroubos surreais propuseram, em uma roupa desenvolvida para ser desfilada no Masp, nos anos 1950, a &ldquo;Mulher de 2050&rdquo;, cuja interpretação de futuro caberia aos seis seios, em uma elucubração de mutação genética feminina.</span></p>

<p style="text-align: justify;"><span>Mais adiante, na segunda parte, nos anos 1960, a op art e, especialmente, a arte cinética propuseram grandes possibilidades de associação à ideia de futuro em movimentos virtuais na retina dos olhos na primeira vertente e movimentos reais na segunda proposta. E, tendo essa década vivido a conquista espacial na disputa tecnológica entre EUA e URSS (liderada pela Rússia), seja primeiramente sobrevoando o espaço sideral (Rússia) no início do decênio e, finalmente, alunissando (EUA) com astronautas americanos em 1969. Essa realidade muito influenciou as criações de moda do período. Com o pé no chão, porém, com a cabeça no espaço, Pierre Cardin (1922-2020), com cortes e recortes aerodinâmicos e muita helanca; André Courrèges (1923-2016), usando tecidos tecnológicos à época, muito branco e a silhueta curta; assim como Paco Rabanne (1934-2023), com roupas feitas de metal e arame, marcaram esse período com a moda numa ideia de futuro, seja para a própria época, seja para um olhar dos tempos vindouros. Parecia, realmente, que o futuro tinha chegado, mesmo ainda faltando algumas décadas para o século 21.</span></p>
<p style="text-align: justify;"><span>E na terceira parte, englobo a partir dos anos 1980, com a incipiente chegada do computador à moda e, também, com os novos tecidos tecnológicos à época, especialmente, a &ldquo;micro-fibra de poliéster&rdquo;. Nos anos 1990, temos as estampas &ldquo;fractais&rdquo;, fórmula de computador para o uso matemático de seno e cosseno e, também, os &ldquo;tecidos inteligentes&rdquo;, de inspiração biomimética. Já no século 21, temos inúmeros outros avanços tecnológicos têxteis, além das novas tecnologias de impressão para estamparia; a impressora 3D para calçados e roupas, e cito aqui, em especial, as roupas da holandesa Iris van Herpen, com grande identidade associada aos tempos do porvir; sem falar nos tecidos high-tech para a moda fitness. E, mais na atualidade dos anos 2020, cabe falar da inteligência artificial também chegando à moda tanto para processos criativos quanto, também, para as publicidades em geral.</span></p>
<p style="text-align: justify;"><span>Para concluir, descrevo duas identidades de moda, não só pelas sensações estético-físico-químicas como também pelas associações visuais, que nos remetem uma ao passado e outra ao futuro. Associando-se ao passado, temos uma leitura de roupas mais largas e também o uso do dourado; e o futuro, por sua vez, fica ligado às roupas mais justas devido ao dinamismo dos movimentos e ao prateado, com ideia de um futuro claro, limpo e brilhante relacionado ao espaço sideral.</span></p>

Vaticínio: o pretérito do PORVIR

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