A ostenta&ccedil;&atilde;o da gera&ccedil;&atilde;o millennial envelhece junto com as estrat&eacute;gias das maiores grifes de moda do planeta, que agora tentam se adaptar ao comportamento low profile da gera&ccedil;&atilde;o Z.

J&aacute; faz um tempo que o mercado de <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/luxo-nos-ceus-jato-de-r-142-milhoes-impressiona">luxo</a> passa por uma complexa metamorfose. A pergunta &ldquo;qual o futuro do luxo?&rdquo; ecoa na imprensa especializada e em palestras e j&aacute; serviu de tema para semin&aacute;rios inteiros nos &uacute;ltimos dez anos. A resposta definitiva, ainda n&atilde;o h&aacute;. Mas existem boas pistas. Enquanto esse futuro n&atilde;o chega, o presente das grandes marcas de moda parece uma montanha-russa, cheia de tentativas, erros e acertos. O foco da &uacute;ltima d&eacute;cada tem sido a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/geracao-millennial-esta-cada-vez-mais-optando-por-vestidos-de-noiva-versateis">gera&ccedil;&atilde;o millennial</a> e, mais recentemente, a Z. Esfor&ccedil;os enormes para se adaptar aos padr&otilde;es de comportamento dessas turmas e, assim, garantir as vendas de hoje e de amanh&atilde; s&atilde;o quase uma obsess&atilde;o. Alguns nomes, como a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/gucci-gifting-o-centenario-em-linguagem-mixtape">Gucci</a>, est&atilde;o conseguindo um melhor resultado do que a m&eacute;dia e ajudando a direcionar as a&ccedil;&otilde;es de marketing do setor. Na grife italiana, a individualidade vale mais do que as tend&ecirc;ncias ou do que o acess&oacute;rio da vez. O luxo n&atilde;o serve mais somente para posicionar voc&ecirc; na sociedade. N&atilde;o se trata mais do status do &ldquo;ter&rdquo;, mas da experi&ecirc;ncia de &ldquo;ser&rdquo;. A filosofia vem ao encontro da maneira mais desapegada com que a galera Z se relaciona com o mundo digital, mais especificamente com as redes sociais. E que difere bastante do modus operandi dos millennials, ainda enfeiti&ccedil;ados pela ostenta&ccedil;&atilde;o no feed e brigando like a like com a foto do vizinho. Como consequ&ecirc;ncia, sofrem mais do que ningu&eacute;m de &ldquo;fomo&rdquo; (fear of missing out). S&atilde;o eles que, por exemplo, precisam estar no festival <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/zendaya-aparece-de-surpresa-e-canta-no-coachella">Coachella</a>, na Calif&oacute;rnia, para mostrar &agrave; sociedade que a vida deles &eacute; mais legal do que a sua. Se n&atilde;o est&atilde;o, rola quase uma crise existencial. Claro, &eacute; uma mina de ouro para marcas que se aproveitam dessa superexposi&ccedil;&atilde;o para inserir produtos e arrobas na foto influenciadora. Tem sido assim na &uacute;ltima d&eacute;cada. Mas os ventos parecem estar mudando de dire&ccedil;&atilde;o. Segundo um estudo de 2018, do centro de pesquisas americano Harris Poll, 78% dos millennials dizem que preferem gastar dinheiro com experi&ecirc;ncias, e n&atilde;o com produtos.&nbsp;

Geração millennial

&Eacute; mais sobre onde voc&ecirc; est&aacute; do que sobre o que voc&ecirc; tem. O street style, incensado como uma passarela de estilo da vida real, virou fake. O sportswear, nascido nas ruas e base dos looks do dia mais recentes, perdeu autenticidade e afundou no hype, sendo alcan&ccedil;ado por uma est&eacute;tica mais cl&aacute;ssica, atemporal e deveras mais elegante &ndash; est&aacute; a&iacute; a temporada internacional de inverno 2019, que n&atilde;o nos deixa mentir. O old school est&aacute; virando o jogo sobre o high-tech. Grandes marcas de moda que antes estendiam o tapete vermelho para blogueiras e influenciadores digitais em seu front row &ndash; e at&eacute; na passarela &ndash; est&atilde;o revendo suas estrat&eacute;gias.&nbsp;

A Dolce &amp; Gabbana, que nos &uacute;ltimos anos elevou influencers &agrave; categoria de modelos e editores de moda, virou a chave. Hoje eles mal sentam na primeira fila. O streetwear deluxe das recentes cole&ccedil;&otilde;es deu lugar a uma eleg&acirc;ncia que exala um glamour quase tradicional. At&eacute; a agressiva logomania baixou a bola. Na Chanel, salvo rar&iacute;ssimas exce&ccedil;&otilde;es, as blogueiras sumiram do mapa de seating. A maison, que perdeu o midi&aacute;tico Karl Lagerfeld, preferiu empossar a discreta Virginie Viard na dire&ccedil;&atilde;o criativa, em vez de causar furor com outro nome mais badalado. A mesma decis&atilde;o aconteceu na Fendi, que tamb&eacute;m ficou &oacute;rf&atilde; de Lagerfeld e oficializou Silvia Venturini Fendi em seu lugar. Sentiu o movimento mais low profile?&nbsp;

Como continuar dialogando com a nov&iacute;ssima leva de consumidoras, ent&atilde;o? Mais discretos e sem o deslumbre com o meio digital, os Z s&atilde;o a primeira gera&ccedil;&atilde;o a ter nascido em um mundo com internet e redes sociais j&aacute; estabelecidas. Ela n&atilde;o conhece outra realidade. Ali ela se informa, compra, se relaciona e se diverte. E, apesar de checar o dia todo o celular, n&atilde;o precisa da superexposi&ccedil;&atilde;o para provar nada para ningu&eacute;m. Por isso, n&atilde;o &eacute; raro aparecerem jovens de 17, 18 ou 19 anos que prefiram a vida offline, na qual as experi&ecirc;ncias ganham em valor pessoal. Luxo para eles &eacute; ter liberdade. Liberdade de se vestir como quiserem, beijar quem quiserem, trabalhar com o que tiverem vontade &ndash; nem pensar em passar uma vida num emprego que n&atilde;o suportam em nome de um sal&aacute;rio mais alto. S&atilde;o eles que v&atilde;o escolher voc&ecirc;, e n&atilde;o o contr&aacute;rio. Com eles, n&atilde;o adianta nem tentar enfiar a it-bag da esta&ccedil;&atilde;o goela abaixo porque n&atilde;o vai colar. Eles compram online, sim, pois s&atilde;o clientes pr&aacute;ticos. &Eacute; uma ferramenta natural, mas est&atilde;o dispostos a ter a experi&ecirc;ncia da loja f&iacute;sica se ela render ao menos uma foto bonita no feed &ndash; e na qual nem precisam aparecer. Por isso, os projetos das novas butiques est&atilde;o sendo pensados para gerar belas imagens, al&eacute;m de servir de plataforma de compras. O sucesso de guide shops como as da Amaro, no Brasil, ilustra bem a jun&ccedil;&atilde;o desses dois mundos, que seduz a turma mais jovem. Lembra o fasc&iacute;nio que o futuro exercia sobre os hoje quarent&otilde;es, nos anos 1970 e 80?&nbsp;

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Uma enxurrada de filmes, como De Volta para o Futuro, 2001 &ndash; Uma Odisseia no Espa&ccedil;o e Blade Runner, deu asas &agrave; imagina&ccedil;&atilde;o para vislumbrar como seria viver no s&eacute;culo 21. Pois esse tempo chegou e agora o que encanta os mais jovens &eacute; justamente o contr&aacute;rio. &Eacute; a curiosidade pelo desconhecido, como foi com as gera&ccedil;&otilde;es que sonhavam com ETs. Chegou a vez do artesanal, da hist&oacute;ria, do palp&aacute;vel, do verdadeiro. Grifes com tradi&ccedil;&atilde;o e identidade s&oacute;lidas come&ccedil;am a escavar seus arquivos, resgatam e remixam cl&aacute;ssicos, convidam os melhores clientes a viver experi&ecirc;ncias dentro de seus dom&iacute;nios. A transi&ccedil;&atilde;o n&atilde;o se faz de uma hora para outra. &Eacute; um processo, mas &ldquo;it&rsquo;s on&rdquo;! E n&atilde;o se espante se, em pouco tempo, as revistas impressas, dadas como semimortas at&eacute; ontem, renascerem das cinzas e retomarem o seu lugar de honra nas m&atilde;os da gera&ccedil;&atilde;o Z, que vai achar uma experi&ecirc;ncia incr&iacute;vel virar p&aacute;ginas de papel, em vez de deslizar dedos sobre telas de cristal l&iacute;quido.

Geração Z: entenda como ela está se adaptando à moda

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