Em sintonia com o Ano Novo chin&ecirc;s e os s&iacute;mbolos da Bvlgari, Mary Katrantzou reinventa a Serpenti em nova linha de bolsas

De um lado, uma cobra elegante; do outro, meio cora&ccedil;&atilde;o acolchoado. Dois s&iacute;mbolos m&iacute;sticos e m&iacute;ticos que se completam na Serpenti Cuore 1968, novo modelo de bolsas da <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/bulgari-celebra-os-75-anos-do-serpenti-unindo-arte-e-tecnologia">Bvlgari</a>. Com um qu&ecirc; de ouroboros, a pe&ccedil;a vem celebrar o Ano da Serpente &ndash; de acordo com o calend&aacute;rio chin&ecirc;s, iniciado no fim de janeiro. Mas tamb&eacute;m &eacute; fruto de <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/joias/bvlgari-lanca-sua-primeira-colecao-toda-em-couro-por-mary-katrantzou">Mary Katrantzou</a>, estilista grega que despontou em Londres e foi nomeada como diretora criativa de artigos de couro e acess&oacute;rios da marca italiana em abril de 2024 &ndash; um cargo criado para abrig&aacute;-la na joalheria romana, depois de cria&ccedil;&otilde;es em parceria no &uacute;ltimos anos. Uma rela&ccedil;&atilde;o apaixonada, que rev&ecirc; as artesanias do rel&oacute;gio Harleguin, lan&ccedil;ado em 1968, o poder da Serpenti &eacute; evolu&ccedil;&atilde;o da primeira collab assinada na casa pela criadora, que conversou com L&rsquo;OFFICIEL diretamente de Atenas.

L&rsquo;OFFICIEL Sua colabora&ccedil;&atilde;o com a Bvlgari n&atilde;o &eacute; de hoje, mas esse papel de diretora criativa ainda &eacute; certa novidade. Como est&aacute; essa fase?&nbsp;
MARY KATRANTZOU &Eacute; muito diferente quando voc&ecirc; est&aacute; colaborando com uma empresa. Sempre admirei a Bvlgari como marca, ent&atilde;o, quando fizemos nossa primeira collab, me senti extremamente inspirada. T&iacute;nhamos muitas ideias que quer&iacute;amos desenvolver. Assumir esse cargo de diretora criativa significa olhar para a vis&atilde;o de uma categoria e entender como projet&aacute;-la para o futuro. Tamb&eacute;m permite ter tempo para uma pesquisa profunda nos s&iacute;mbolos por tr&aacute;s da casa e ver como &eacute; poss&iacute;vel filtr&aacute;-los em bolsas e acess&oacute;rios. Essa oportunidade de trabalhar de perto com o time, sinto que aprendo algo novo todos os dias.

L&rsquo;O &Eacute; uma posi&ccedil;&atilde;o que permite se aprofundar.&nbsp;
MK &Eacute; poss&iacute;vel se aprofundar e ter esse tempo para que os pensamentos evoluam. Come&ccedil;ar com uma ideia que se conecta com outra coisa, que puxa outra e, ent&atilde;o, s&atilde;o v&aacute;rias possibilidades interconectadas que permitem a abertura de um novo caminho. Muito diferente de uma collab que &eacute; algo linear: tem um ponto de in&iacute;cio, um fim, um prazo, e a criatividade se encaixa ali.

L&rsquo;O Trabalhar em uma casa com um heritage de quase 150 anos n&atilde;o &eacute; uma grande responsabilidade?&nbsp;
MK &Eacute; imensa, e acho que qualquer pessoa criativa tem seus momentos de d&uacute;vida quando est&aacute; criando, especialmente quando se for&ccedil;a os limites para trazer algo novo. Mas, por ter tido essa oportunidade de colaborar com a Bvlgari antes, realmente sinto que h&aacute; uma sinergia e uma raz&atilde;o para eu estar aqui neste momento da hist&oacute;ria. &Eacute; da&iacute; que tiro confian&ccedil;a no meu instinto para sentir as origens e narrativas da Bvlgari. Isto n&atilde;o &eacute; algo comum no mundo da moda, ter a oportunidade de trabalhar com uma marca e desenvolver essa confian&ccedil;a naturalmente antes de ser nomeada para um cargo assim. &Eacute; um relacionamento j&aacute; de cinco anos. Agora, estamos trabalhando forte na defini&ccedil;&atilde;o do posicionamento e distin&ccedil;&atilde;o da Bvlgari nessa categoria de bolsas e acess&oacute;rios. E considero que n&atilde;o h&aacute; muita concorr&ecirc;ncia, pois atuamos em um plano diferente. Como joalheria, a Bvlgari j&aacute; alcan&ccedil;ou um lugar muito raro, que outras marcas tentaram e nunca conseguiram. Quando olho para uma bolsa, posso ver o savoirfaire e o n&iacute;vel de excel&ecirc;ncia que, em compara&ccedil;&atilde;o a outras casas de luxo, &eacute; diferente &ndash; exatamente por sermos uma joalheria. O mais interessante em trabalhar com a Bvlgari &eacute; exatamente essa distin&ccedil;&atilde;o de pegar uma joia e transform&aacute;-la em um acess&oacute;rio funcional. N&atilde;o precisamos fazer bolsas com logos, por exemplo. N&atilde;o trabalhamos com s&iacute;mbolos de status, preferimos cham&aacute;-los de s&iacute;mbolos culturais &ndash; seja Serpenti, Diva ou Tubogas.&nbsp;

L&rsquo;O A Serpenti Cuore 1968 celebra o Ano da Serpente no calend&aacute;rio chin&ecirc;s, mas &eacute; um s&iacute;mbolo que conversa com todas as culturas. Essa universalidade &eacute; uma vantagem na hora de criar?&nbsp;
MK &Eacute; algo que ressoa, cria uma conex&atilde;o muito profunda com quem &eacute; atra&iacute;do por ela. Amo a Bvlgari pois h&aacute; tantos simbolismos ricos e cheios de camadas, essa ideia de certo sincretismo &eacute; algo que se torna um DNA muito &uacute;nico. Pessoas se conectam com a Serpenti de maneiras diferentes. &Eacute; a ideia de renascimento ou de transforma&ccedil;&atilde;o, uma conex&atilde;o visceral profunda, pelo s&iacute;mbolo de poder e for&ccedil;a. E n&atilde;o s&oacute; a Serpenti. Veja a Diva&rsquo;s Dream, por exemplo. &Eacute; algo que traz o olho de volta a Roma e &agrave;s origens da Bvlgari, mas tem um formato feminino &ndash; e que lembra as folhas do ginkgo no Jap&atilde;o ou na China, em que &eacute; chamada de saia de bailarina. Essa &eacute; a for&ccedil;a desse trabalho na Bvlgari: diferentes s&iacute;mbolos se conectam com culturas de diferentes maneiras. Isso significa que se pode alcan&ccedil;ar pessoas em todo o mundo, que ver&atilde;o aquilo &agrave; sua pr&oacute;pria maneira. Vejo algo na Serpenti Cuore 1968 que &eacute; diferente do que voc&ecirc; ver&aacute;.

L&rsquo;O Falando sobre resson&acirc;ncia, voc&ecirc; tem nessa bolsa o cora&ccedil;&atilde;o e a serpente, que s&atilde;o dois s&iacute;mbolos muito poderosos. Como voc&ecirc; acha que se complementam?&nbsp;
MK Sabe, o mais interessante &eacute; que essa ideia n&atilde;o nasceu da racionalidade de unir esses s&iacute;mbolos. A origem &eacute; uma das bolsas da primeira collab que fiz com a Bvlgari [Serpenti Metamorphosis Handle, em 2001], que foi a primeira vez em que a Serpenti se tornou uma al&ccedil;a. E a&iacute;, observando o movimento que ela cria, notamos que o espa&ccedil;o negativo &eacute; um meio cora&ccedil;&atilde;o. Foi muito interessante ver esses dois elementos, como voc&ecirc; disse, igualmente fortes &ndash; um pertencente &agrave; Bvlgari e outro ao mundo &ndash; se unirem para criar o que chamamos de Serpenti Cuore, o cora&ccedil;&atilde;o da serpente. H&aacute; essa conex&atilde;o profunda que se formou. E d&aacute; &agrave; Serpenti uma for&ccedil;a e uma feminilidade que se completa com o cora&ccedil;&atilde;o por meio dessa reinven&ccedil;&atilde;o da imagem da bolsa, que n&atilde;o &eacute; suave, nem doce. &Eacute; um cora&ccedil;&atilde;o forte.

L&rsquo;O N&atilde;o &eacute; uma bolsa fofa.&nbsp;
MK N&atilde;o mesmo, &eacute; mais gr&aacute;fica. &Eacute; o que a Serpenti representa. Acho que n&atilde;o se pode cham&aacute;-la de fofa. Convenhamos, &eacute; algo que vem do in&iacute;cio dos tempos!

&ldquo;FOI A PRIMEIRA VEZ EM QUE A Serpenti SE TORNOU UMA AL&Ccedil;A. E A&Iacute;, OBSERVANDO O movimento QUE ELA CRIA, NOTAMOS QUE O espa&ccedil;o NEGATIVO &Eacute; UM MEIO cora&ccedil;&atilde;o. (...) FOI MUITO INTERESSANTE VER ESSES dois elementos (...) SE UNIREM PARA CRIAR O QUE CHAMAMOS DE Serpenti Cuore, O CORA&Ccedil;&Atilde;O DA SERPENTE. &rdquo; 
MARY KATRANTZOU

L&rsquo; O Quando se olha para o shape da bolsa, o grafismo do cora&ccedil;&atilde;o completado pela al&ccedil;a&hellip; &eacute; uma daquelas ideias que podem pare - cer muito simples mas que demandam tempo para chegar.&nbsp;
MK Pensamos por muitos meses. O equil&iacute;brio da bolsa foi um desenvolvimento complicado, pois eu queria manter a suavidade das curvas: ter esse balan&ccedil;o entre o corpo, que &eacute; suntuoso e acolchoado, com o hardware que obviamente tem um dinamismo e &eacute; esculpido em metal. Criar essa combina&ccedil;&atilde;o at&eacute; chegar ao cora&ccedil;&atilde;o completo foi um acidente feliz que se sustenta por si. E tem o detalhe da al&ccedil;a esmaltada, uma t&eacute;cnica tradicional de joalheira que foi muito usada nos primeiros rel&oacute;gios Serpenti nas d&eacute;cadas de 1950 e 1960. Ela combina elementos desafiadores mas que a pessoa n&atilde;o precisa pensar sobre. Acho que o sucesso da bolsa vai acontecer quando algu&eacute;m olhar para a harmonia sem ficar pensando sobre todas as complica&ccedil;&otilde;es. Mas, realmente, n&atilde;o foi um projeto f&aacute;cil.

L&rsquo;O N&atilde;o &eacute; a primeira vez que voc&ecirc; trabalha inspirada pelo modelo de rel&oacute;gio Harlequin. Esse apego tem uma raz&atilde;o pessoal?&nbsp;
MK N&atilde;o h&aacute; um motivo t&atilde;o pessoal al&eacute;m de ter sido a inspira&ccedil;&atilde;o para minha primeira collab com a Bvlgari. Naquela &eacute;poca, fui convidada para os arquivos hist&oacute;ricos em Roma e eles me mostraram esses incr&iacute;veis minaudi&egrave;res feitos no passado. E uma dessas pe&ccedil;as era o Harlequin, que tem uma paleta de cores que &eacute; autenticamente Bvlgari. Por ser uma reinterpreta&ccedil;&atilde;o, a Serpenti Cuore 1968 foi uma oportunidade de celebrar esse rel&oacute;gio que me inspirou na primeira vez. Al&eacute;m disso, acho que o Harlequin &eacute; uma das pe&ccedil;as mais ic&ocirc;nicas criadas pela Bvlgari. A ideia da serpente que se abre, mostrando o rel&oacute;gio&hellip; &eacute; uma das mais geniais que j&aacute; surgiu no mundo da relojoaria. Isso se n&atilde;o for o modelo mais genial.

L&rsquo;O Ou seja, voc&ecirc; ama o Harlequin.&nbsp;
MK Exato! E n&atilde;o &eacute; s&oacute; pela est&eacute;tica, sabe? Tem tanto nesse modelo que &eacute; inspirador: &eacute; belo, esteticamente, mas especialmente na excel&ecirc;ncia de constru&ccedil;&atilde;o que o faz ser funcional, a ideia de transformar o simbolismo da Serpenti em algo funcional. Um grande design &eacute; quando forma, fun&ccedil;&atilde;o e est&eacute;tica est&atilde;o em perfeito equil&iacute;brio. E o Harlequin tem tudo isso. Eu amo, e ponto-final.

Mary Katrantzou reinventa a Serpenti Bvlgari em nova linha de bolsas

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