Sem medo da extravag&acirc;ncia, a dupla da Ken-G&aacute; usa da moda para exercitar a busca por universo pr&oacute;prio de sensa&ccedil;&otilde;es

Trivialidade e quietude s&atilde;o conceitos que passam longe das m&aacute;quinas de costura da <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/casa-de-criadores-55-ken-ga-uma-colecao-dedicada-ao-carnaval">Ken-G&aacute; Bitchwear</a>. Mais que uma marca, a casa tocada pelo casal L&iacute;via Barros e Jana&iacute;na Azevedo tem no seu core o uso da linguagem de moda pelo processo art&iacute;stico da liberdade extravagante do vestir. Ou, em resumo, roupas feitas para brilhar.&nbsp;
Servindo looks desde 2016, foi no ano seguinte que o duo apareceu em um desfile pocket, montado em esquema de guerrilha, no centro de <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/viagem/bate-e-volta-otimos-passeios-na-natureza-ao-lado-de-sao-paulo">S&atilde;o Paulo</a>, com um casting de performers-amigas. As duas recordam com gosto que nem sabiam o que estavam fazendo, movidas pelo desejo de &ldquo;apenas fazer&rdquo;. Hoje, s&atilde;o ponto alto do calend&aacute;rio da <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/casa-de-criadores-chega-a-edicao-de-numero-55">Casa de Criadores</a>. Foi no evento que, na &uacute;ltima temporada, mostraram uma cole&ccedil;&atilde;o que refletia sobre como seria a esb&oacute;rnia carnavalesca dentro de um contexto apocal&iacute;ptico &ndash; social, financeiro, clim&aacute;tico, est&eacute;tico.

Para quem acompanha de perto a marca, falar sobre Carnaval pode parecer um assunto &oacute;bvio. Mas foram oito anos at&eacute; que o desfile, instante em que elas gostam de amarrar suas ideias, tocasse no t&oacute;pico. &ldquo;&Eacute; um momento em que as pessoas se permitem ser quem s&atilde;o ou gostariam de ser. E isso tem muito a ver com nossos ideais,&rdquo; diz L&iacute;via. Da&iacute; veio a profus&atilde;o dos c&oacute;digos que elas gostam tanto: o beachwear abusado e fun, as franjas, os volumes e brilhos. Tudo a ver com o in&iacute;cio dessa hist&oacute;ria, que partiu de um desejo da estilista por um mai&ocirc; de lurex absolutamente dourado &ndash; algo que, em 2016, era imposs&iacute;vel de se achar. &ldquo;Nossa moda tem esse exagero, mas de forma natural. Sempre penso nessa mulher livre, e no que ela vai querer vestir. A Ken-G&aacute; &eacute; sobre isso, fazer as coisas do seu jeito &ndash; tanto para quem veste quanto para n&oacute;s, que produzimos&rdquo;, diz.&nbsp;
Hoje operando em modo slow fashion, fazendo muito sob medida, depois de um momento de varejo atropelado pela pandemia, a dupla finalmente encontrou a paz por onde navega.

Tem sua cartela de clientes, entre cantoras e artistas de palco, naturalmente espalhafatosos pela for&ccedil;a da profiss&atilde;o. Contudo, em paralelo &agrave;s demandas de figurino, as duas conquistaram um grupo heterog&ecirc;neo que enxerga no ateli&ecirc; as possibilidades de um resplendor realizado. &ldquo;Atendemos um p&uacute;blico mais moderno, mas o grosso &eacute; a pessoa comum, fora da moda, que busca looks para uma ocasi&atilde;o especial&rdquo;, conta L&iacute;via. Jana&iacute;na completa: &ldquo;Elas querem roubar a aten&ccedil;&atilde;o na festa, e funciona muito! &Eacute; roupa para causar. O que mais vende s&atilde;o os looks mais diferentes da passarela. E, para a gente, nada &eacute; absurdo. No sob medida, as pessoas v&ecirc;m empolgadas com as maiores ideias, e a gente ama&rdquo;.

Elas s&atilde;o o bom exemplo de que, hoje, ser nichado n&atilde;o &eacute; mais uma quest&atilde;o dentro do microcosmo da moda. E se divertem com a vantagem de operar em um universo pr&oacute;prio, permitindo-se criar e fazer do jeito (e aquilo) que querem. Uma manifesta&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica que usa da roupa, mas vai al&eacute;m do produto &ndash; amarrando tudo em manifesta&ccedil;&otilde;es abertamente pol&iacute;ticas, LGBTQIAPN+ e feministas, das hist&oacute;rias &agrave;s trilhas sonoras e liberta&ccedil;&otilde;es est&eacute;ticas que v&ecirc;m desde a catarse do primeiro desfile. &ldquo;A gente ainda se emociona muito em todo desfile ou projeto realizado. H&aacute; um entorno que &agrave;s vezes n&atilde;o entende muito bem que barco &eacute; o nosso. N&atilde;o queremos tend&ecirc;ncia ou caminhos, navegamos nosso pr&oacute;prio leme&rdquo;, define Jana, arrematada por L&iacute;via: &ldquo;Essa liberdade &eacute; o nosso luxo&rdquo;.

Ken-Gá usa da moda para exercitar a busca por universo de sensações

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