Uma nova geração de influenciadoras aprende cedo a usar o Instagram como um meio para alavancar suas grifes cheias de personalidade, e não um fim para egotrips e endossos vazios

A moda vive uma rela&ccedil;&atilde;o de amor e &oacute;dio com o <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/10-contas-do-instagram-para-seguir-ja-se-voce-adora-moda">Instagram</a>, e n&atilde;o &eacute; de hoje. Ferramenta essencial para o surgimento e a consolida&ccedil;&atilde;o de novas <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/nova-marca-do-momento-a-influencer-fernanda-di-biase-lanca-marca-no-rio">celebridades digitais</a>, a plataforma tamb&eacute;m transformou a comunica&ccedil;&atilde;o do setor e vem impulsionando a renova&ccedil;&atilde;o da cena com uma gera&ccedil;&atilde;o esperta de jovens &ndash; muito jovens! &ndash;, para quem os looks do dia j&aacute; n&atilde;o s&atilde;o mais suficientes.&nbsp;
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Depois das mudan&ccedil;as no algoritmo do app e com o sumi&ccedil;o dos likes, &eacute; preciso mais do que caras maquiadas, bocas pintadas e roupas emprestadas para ser relevante na timeline. Enquanto as pioneiras da influ&ecirc;ncia tentam se renovar perante os milh&otilde;es de followers cansados de &ldquo;recebidos&rdquo; e falsos endossos, outra turma d&aacute; de ombros para n&uacute;meros superlativos, constr&oacute;i a sua for&ccedil;a com parcerias aut&ecirc;nticas e, sobretudo, solta um grito de independ&ecirc;ncia ao desenvolver marcas pr&oacute;prias, nas quais a roupa vendida &eacute; uma extens&atilde;o da personalidade de suas criadoras.
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&Eacute; claro que um belo feed &eacute; sempre um &oacute;timo cart&atilde;o de visitas, mas &eacute; preciso deslizar um pouco mais o dedo no universo de Luciane Sakon, Cec&iacute;lia Gromann e Ana Clara Watanabe para perceber o movimento discreto e seguro que leg&iacute;timas representantes da Gera&ccedil;&atilde;o Z est&atilde;o promovendo no mundo on e offline. Todas s&atilde;o do interior paulista, mas possuem refer&ecirc;ncias e personalidades bem diferentes. Ainda bem.&nbsp;

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Luciane &eacute; de Suzano, se formou em moda na Faculdade Anhembi Morumbi, em S&atilde;o Paulo, em 2013. Tem 27 anos. Dona de um senso est&eacute;tico apurad&iacute;ssimo, &eacute; adepta do minimalismo e nunca idolatrou nenhum grande nome do circuito global, como &eacute; comum entre estudantes de moda. No lugar de Miuccia Prada, Karl Lagerfeld e Marc Jacobs, seu olhar aponta para os perfis de influenciadoras dinamarquesas, como @sophiaroe e @ josefinehj. &ldquo;Gosto da proposta de vida real delas, com pe&ccedil;as sendo repetidas nas produ&ccedil;&otilde;es, usadas com varia&ccedil;&otilde;es de styling, como eu e muitas amigas fazemos. Ningu&eacute;m tem 10 mil pares de sapatos no arm&aacute;rio!&rdquo;, justifica.

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Otimizar o closet e apostar em pe&ccedil;as vers&aacute;teis, atemporais e f&aacute;ceis de combinar no dia a dia passou de estilo pessoal a neg&oacute;cio quando lan&ccedil;ou a Haye (@haye_clo), h&aacute; dois anos. Indicada como profile to follow pelo portal brasileiro de moda jovem Steal the Look, ela viu seus n&uacute;meros explodirem em tempo recorde e decidiu testar ali, via direct message, o seu sonho de ser estilista. Lan&ccedil;ou uma cole&ccedil;&atilde;o c&aacute;psula de camisetas de veludo oversized em tamanho &uacute;nico e atendia pessoalmente os pedidos que chegavam inbox.&nbsp;

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Ficou nessa por quase um ano at&eacute; que percebeu que a demanda era suficiente para dar um passo adiante. Luciane decidiu ent&atilde;o profissionalizar o business, montou um site, criou uma etiqueta, aumentou a produ&ccedil;&atilde;o. Hoje vende para o Brasil todo as microcole&ccedil;&otilde;es, de cinco a dez modelos, que lan&ccedil;a de quatro em quatro meses, com uma grade democr&aacute;tica, que vai do PP ao GG, e que esgotam invariavelmente. Para o ver&atilde;o, ela prepara nove modelos, entre short, cal&ccedil;a, macac&atilde;o e blusas neutras, sem muitas firulas, que ela desenha e corta nos tecidos da tecelagem Texprima em um espa&ccedil;o no Bom Retiro.&nbsp;

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Ali, estudantes e pequenos criadores podem comprar no varejo metragens reduzidas de panos e desenvolver suas roupas, viabilizando assim um sonho que seria invi&aacute;vel caso tivessem de comprar o material no atacado. &ldquo;&Eacute; uma iniciativa perfeita para pequenas marcas como a minha, pois, al&eacute;m de diminuir drasticamente os custos, evita o desperd&iacute;cio. Compro s&oacute; a quantidade de tecido que vou usar e executo l&aacute; mesmo.&rdquo;

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Luciane ainda mant&eacute;m um showroom na Bela Vista, que divide com o est&uacute;dio do namorado, tatuador, onde ela atende com hor&aacute;rio marcado clientes que preferem experimentar as roupas antes de comprar online. &ldquo;Geralmente, &eacute; s&oacute; na primeira compra. Depois as clientes relaxam e compram no site e no Instagram mesmo.&rdquo; Atualmente ela anda exercitando uma modelagem mais ampla, sobretudo para as cal&ccedil;as, para atender melhor os homens que tamb&eacute;m querem vestir as suas roupas. Multitask, Luciane faz tudo sozinha. Inspirada por pessoas reais, por arte e por fotografia, ela desenha, corta, costura, vende e serve de modelo para as suas cria&ccedil;&otilde;es. &Eacute; ela que veste os looks no Instagram e no site da Haye.&nbsp;

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Em paralelo, faz a dire&ccedil;&atilde;o de arte e conte&uacute;do do feed de dois restaurantes de amigos e exercita, sim, seu lado influenciadora, que aconteceu por acaso, quando foi citada pelo Steal the Look. &ldquo;Fa&ccedil;o parcerias com marcas nas quais eu acredito e que tenham a ver com a Haye e com a est&eacute;tica do meu feed. Eu poderia ganhar muito dinheiro assim, mas n&atilde;o seria verdadeiro. Ganho o suficiente com a minha grife para poder me dar ao luxo de escolher&rdquo;, conta. Luciane tem 37,5 mil seguidores no Instagram, a Haye tem pouco mais de 6,5 mil, mas com um engajamento excelente. &ldquo;Adorei quando sumiram os likes, porque agora segue e curte quem realmente gosta do seu conte&uacute;do, e n&atilde;o porque o post tem 1 milh&atilde;o de likes. Para mim, n&atilde;o mudou muita coisa. Quero continuar sendo verdadeira e influenciando quem realmente se identifica com o que eu fa&ccedil;o.&rdquo;

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Pensamento bem parecido ao da Anac&ecirc; (@ atelieanace, 2 mil seguidores), a marca de Cec&iacute;lia Gromann e Ana Clara Watanabe, ambas de 21 anos. Amigas do curso de moda da Faap e fervilhando de criatividade, lan&ccedil;aram o novo neg&oacute;cio h&aacute; menos de um ano e j&aacute; fazem planos ambiciosos. Com os quatro p&eacute;s no artsy, ocupam um espa&ccedil;o na Galeria Ondina 55, onde recebem clientes e amigos para vendas privadas regadas a vinho.&nbsp;

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&ldquo;&Eacute; uma experi&ecirc;ncia, pois as pessoas n&atilde;o v&ecirc;m apenas para comprar roupas&rdquo;, explica Cec&iacute;lia, que tem 32,3 mil seguidores no Instagram. Nascida em Embu-Gua&ccedil;u, na Grande S&atilde;o Paulo, ela j&aacute; passou pelo estilo da joalheira Mariah Rovery e da grife Shorts &amp; Co., onde exercitou a m&atilde;o na moda masculina. Quem gosta mesmo do universo dos meninos &eacute; Ana Clara, dona de uma vibe meio Tropic&aacute;lia, f&atilde; de alfaiataria, cores vivas e formas amplas. Refer&ecirc;ncias que combinam com o repert&oacute;rio de Cec&iacute;lia, que faz o estilo mais mulherzinha na dupla, mas arremata a rela&ccedil;&atilde;o com extrema personalidade.&nbsp;

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Juntas, come&ccedil;aram a produzir roupas que ficassem bem na foto, com alma editorial, mas pouco apelo comercial. Aos poucos, foram equilibrando a f&oacute;rmula e se aproximando do que imaginam ser a sua real voca&ccedil;&atilde;o: fazer roupas para um nicho de pessoas que transitam entre a arte e a cultura e que gostem de exclusividade. As cole&ccedil;&otilde;es saem no conta-gotas, com menos de dez modelos em cada uma, e com modelagem sem g&ecirc;nero. Se a primeira olhava para o modernismo, na segunda elas garimparam fotos antigas das respectivas fam&iacute;lias e reinterpretaram os costumes de propor&ccedil;&otilde;es esquisitas dos antepassados. Entre os tecidos, algod&atilde;o, crepe e linho, naturais, sim, mas sem ecoparanoia. &ldquo;Ser sustent&aacute;vel &eacute; obriga&ccedil;&atilde;o de uma marca de moda. N&atilde;o queremos usar isso como marketing&rdquo;, explica Cec&iacute;lia.&nbsp;

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Orgulhosas de suas ra&iacute;zes interioranas &ndash; Ana Clara &eacute; de Pindamonhangaba &ndash;, elas fotografaram o material de divulga&ccedil;&atilde;o em uma fazenda em Embu (SP), com modelos pouco convencionais, no maior clima rural fashion. Sim, elas tamb&eacute;m servem de manequins para as cria&ccedil;&otilde;es produzidas a quatro m&atilde;os, mas &eacute; mais f&aacute;cil para Cec&iacute;lia, que tem uma voca&ccedil;&atilde;o influenciadora maior do que a da amiga. &ldquo;At&eacute; pouco tempo atr&aacute;s, eu s&oacute; postava foto de cadeira no meu feed!&rdquo;, diverte-se Ana Clara. &ldquo;A Cec&iacute;lia me ajuda bastante. J&aacute; estou mais solta.&rdquo;

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De fato, Cec&iacute;lia entendeu logo que trabalhar a sua imagem pessoal fazia parte do jogo e que elas seriam as melhores garotas-propaganda das roupas. Ela tamb&eacute;m realiza suas parcerias digitais, mas desde que n&atilde;o concorram com a Anac&ecirc;. Por isso, prefere trabalhar com nomes maiores, como a Calvin Klein. Reticente quando a palavra influenciadora entra na conversa, ela explica que &eacute; porque tinha medo de ficar rotulada e, assim, sofrer preconceito em sua &aacute;rea, j&aacute; que sempre quis ser estilista. &ldquo;Acabei aprendendo a usar isso a meu favor.&rdquo;

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As meninas n&atilde;o t&ecirc;m vontade de ser gigantes do varejo, apesar de planejarem sair do showroom e do digital para pontos f&iacute;sicos em um futuro n&atilde;o muito distante. &ldquo;N&atilde;o queremos perder a ess&ecirc;ncia premium e as caracter&iacute;sticas de produtos exclusivos&rdquo;, diz Ana Clara.&nbsp;

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Quanto ao pr&oacute;ximo passo das influenciadoras, elas s&atilde;o bem conscientes e tranquilas: &ldquo;N&atilde;o teremos uma nova Thassia Naves. O conte&uacute;do tende a ser mais nichado, o que &eacute; bom. O Instagram mudou seu algoritmo e acabou com os likes, j&aacute; que tudo tinha ficado grande e fake demais&rdquo;, opina Cec&iacute;lia. Ana Clara faz coro e acrescenta: &ldquo;Mais vale ter uma influ&ecirc;ncia real sobre um grupo menor de pessoas do que ter uma quantidade enorme de seguidores, o que torna quase imposs&iacute;vel medir o impacto de sua influ&ecirc;ncia. Para o nosso modelo de neg&oacute;cios, tamanho n&atilde;o &eacute; documento&rdquo;. Quantos likes merecem essas garotas, hein?

Influenciadoras tem usado suas redes para impulsionar suas marcas

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