Depois de ter atuado na Dior e na Louis Vuitton, Camille Miceli, diretora art&iacute;stica da Pucci, aterrissa na maison italiana para respirar uma nova vida com as estampas alegres e psicod&eacute;licas da marca

<a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/emilio-pucci-nova-diretora-criativa">Camille Miceli</a>, atual diretora art&iacute;stica da <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/emilio-pucci-nova-colecao-florenca">Pucci</a>, j&aacute; passou pela Dior e Louis Vuitton, e revela que para ela, a Pucci &eacute; uma maison alegre, repleta de glamour e destinada &agrave;s mulheres livres, que se conhecem e s&atilde;o apaixonadas pela vida. Confira mais desse bate-papo especial a seguir:

L&rsquo;OFFICIEL Qual &eacute; a sua primeira lembran&ccedil;a da Pucci?&nbsp;
CAMILLE MICELI Ah, s&atilde;o duas coisas. Primeiro foi minha av&oacute;, que costumava usar camisetas de manga longa. Eu adorava o modo como ela as misturava com estampas de outras marcas cl&aacute;ssicas. E a outra lembran&ccedil;a &eacute; de quando eu estava trabalhando [em rela&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas] na Chanel, no come&ccedil;o dos anos 1990. Houve aquela volta da Pucci &ndash; a Pucci vintage. E eu me lembro das garotas, principalmente da Linda Evangelista e da Helena Christensen, usando aquilo. E eu gostava, ent&atilde;o tamb&eacute;m comprei algumas pe&ccedil;as para mim.
L&rsquo;O O que a levou para a marca?&nbsp;
CM Para mim ela representa um glamour italiano e um certo estilo de vida. Mas o que eu amo na Pucci &eacute; que, sendo uma casa de moda italiana, tamb&eacute;m &eacute; muito casual e confort&aacute;vel; &eacute; uma decis&atilde;o f&aacute;cil. Claro, o estilo de vida e toda a alegria v&ecirc;m dessas estampas. H&aacute; algo t&atilde;o psicod&eacute;lico &ndash; algo muito louco. Eu adoraria ter conhecido o homem que criou aquilo [Emilio Pucci]. Ele deve ter sido muito trivial e muito livre. E eu gosto de pessoas livres; gosto de pessoas que simplesmente fazem as coisas de que gostam sem se questionar muito. Sinto uma conex&atilde;o com Emilio. Os designs v&ecirc;m muito f&aacute;cil. Espontaneamente.

L&rsquo;O Como voc&ecirc; incorpora o legado da Pucci nos seus designs?&nbsp;
CM Costumo ir at&eacute; os arquivos para olhar as estampas, porque s&oacute; quero trabalhar com as estampas do Emilio que possam ser redesenhadas &agrave; m&atilde;o, e n&atilde;o com o computador. Depois de juntar aquelas de que gosto, falo com a equipe sobre como n&oacute;s queremos que a cole&ccedil;&atilde;o seja vista. Sempre me inspiro nos anos 1970, &agrave;s vezes nos 1960, que foram uma grande d&eacute;cada para a marca. &Eacute; muito importante para mim ser capaz de me moldar e me adaptar ao lugar em que estou trabalhando, ao mesmo tempo que vejo tudo com meus pr&oacute;prios olhos. As coisas que eu criei para a Louis Vuitton eram diferentes das que fiz para a Dior. Acho muito importante, como designer, respeitar o lugar onde voc&ecirc; est&aacute;. Claro, voc&ecirc; p&otilde;e um pouquinho da pr&oacute;pria personalidade, mas a estrela &eacute; a maison.
L&rsquo;O Quem &eacute; a mulher da Pucci?&nbsp;
CM Para mim, a Pucci &eacute; para uma mulher que se conhece; ela &eacute; livre. Ela &eacute; apaixonada pela vida, obviamente; ela viaja o mundo e &eacute; culta. Ela &eacute; curiosa e &eacute; feminina. Apesar de haver feminilidade, eu tento misturar um pouco de caracter&iacute;sticas masculinas. N&atilde;o existem barreiras quando se fala de gera&ccedil;&otilde;es. Para mim, trata-se de fam&iacute;lia &ndash; da&iacute; a cole&ccedil;&atilde;o Resort 2023 ter se chamado &ldquo;La Famiglia&rdquo;. N&atilde;o existe algu&eacute;m espec&iacute;fico que use Pucci; h&aacute; coisas para a m&atilde;e, para a filha e para a av&oacute;. A cada cole&ccedil;&atilde;o, gosto de partir de uma hist&oacute;ria ligada ao Emilio, e com isso tento estabelecer quem &eacute; aquela mulher. Tento inserir a personalidade dele em cada cole&ccedil;&atilde;o. &Agrave;s vezes uma &uacute;nica estampa pode ser a base de uma cole&ccedil;&atilde;o. Por exemplo, Emilio criou a estampa Marmo quando estava em Capri, e foi o reflexo do sol no mar que lhe deu essa inspira&ccedil;&atilde;o.

L&rsquo;O Como voc&ecirc; definiria a sua Pucci?&nbsp;
CM Alegria, com certeza. Ela &eacute; para algu&eacute;m que queira se mostrar como &eacute;. Voc&ecirc; est&aacute; usando estampas, voc&ecirc; est&aacute; usando cores; voc&ecirc; n&atilde;o &eacute; uma pessoa que se esconde. Voc&ecirc; &eacute; muito autoconfiante.
L&rsquo;O Voc&ecirc; tamb&eacute;m tem desenvolvido mais roupas masculinas.&nbsp;
CM Por que n&atilde;o? O mercado masculino &eacute; amplo. Da primeira cole&ccedil;&atilde;o, eu inclu&iacute; coisas unissex, o que eu sempre acho legal. Adoro o fato de uma mulher poder usar algumas pe&ccedil;as tradicionalmente &ldquo;de homem&rdquo;, da cole&ccedil;&atilde;o masculina, e misturar isso com seu pr&oacute;prio guarda-roupa. &Eacute; muito indicativo do nosso tempo. Nunca seremos uma grife de ternos, mas acho que h&aacute; espa&ccedil;o a&iacute;. Tenho um filho de 22 anos, e ele e os amigos adoram roupas. Eles n&atilde;o s&atilde;o muito de fazer compras; mas procuram qualidade. &Agrave;s vezes alguns deles investem mais, compram algo juntos e dividem. Adoro isso.

<h3 style="text-align: center;">Voc&ecirc; est&aacute; usando estampas, voc&ecirc; est&aacute; usando cores; voc&ecirc; n&atilde;o &eacute; uma pessoa que se esconde. Voc&ecirc; &eacute; muito autoconfiante.</h3>

L&rsquo;O Recentemente, voc&ecirc; colaborou com a marca de roupas de ski Fusalp. Tem outras parcerias vindo por a&iacute;?&nbsp;
CM Como uma casa menor, acho que &eacute; &oacute;timo fazer parcerias com outras marcas, em que ambos podem contribuir com os pr&oacute;prios conhecimentos e recursos. Eu queria muito fazer roupas de ski, e sempre gostei do que a Fusalp estava fazendo, especialmente porque eles s&oacute; usam materiais t&eacute;cnicos, ent&atilde;o existe muita pesquisa por tr&aacute;s das pe&ccedil;as. Espero fazer mais alguma coisa com eles.

L&rsquo;O Voc&ecirc; j&aacute; trabalhou para v&aacute;rias grandes casas de moda, como Chanel, Louis Vuitton e Dior. O que aprendeu l&aacute; com seus mentores?&nbsp;
CM Tive muita sorte de trabalhar para grandes maisons; aprendi muito com elas. Ver como o neg&oacute;cio era gerido foi muito &uacute;til, at&eacute; porque a Pucci &eacute; uma casa menor, com uma equipe menor. Comecei minha carreira na moda como estagi&aacute;ria do senhor [Azzedine] Ala&iuml;a. Ele era muito meticuloso. Acabei ficando um pouco como ele, e adotei essa filosofia de que, quando voc&ecirc; concorda em fazer algo, tem que ir a fundo e at&eacute; o fim, e fazer perfeito. Quer dizer, o mais perfeito que puder. E, ent&atilde;o, o Karl [Lagerfeld] era o rei do marketing. Ele tinha uma l&oacute;gica de como fazer as coisas, e foi algo que ficou na minha cabe&ccedil;a quando eu estava fazendo see-now-buy-now para a Pucci, e tamb&eacute;m quando estava criando mood boards [quadros de inspira&ccedil;&atilde;o].
L&rsquo;O Qual &eacute; o seu sonho em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; Pucci?&nbsp;
CM Ter um local na Toscana, no meio da natureza. Ele seria sustent&aacute;vel, e n&oacute;s plantar&iacute;amos nossa pr&oacute;pria comida. Seria um hotel e um lugar para o bem-estar; voc&ecirc; poderia fazer ioga ou cer&acirc;mica, e tamb&eacute;m poderia ser uma resid&ecirc;ncia art&iacute;stica. E talvez at&eacute; ir para o espa&ccedil;o.

Camille Miceli em bate-papo exclusivo com a L’Officiel

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