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        <p><em>Oscilando entre a busca pela simplicidade e a &ecirc;nfase na exuber&acirc;ncia, marcas mostram a perfei&ccedil;&atilde;o e<br />a identidade do fazer artesanal&nbsp;nas cole&ccedil;&otilde;es da alta-costura.</em></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>Na alta-costura, falar de simplicidade n&atilde;o &eacute; t&atilde;o f&aacute;cil. Com a perfei&ccedil;&atilde;o como resultado de processos <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/artesanal-precioso-editorial-de-moda-exclusivo">artesanais feitos &agrave; m&atilde;o a partir de mat&eacute;rias-primas preciosas</a>, complexidade parece ser o termo mais adequado. Mas na &uacute;ltima temporada <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/giorgio-armani-apresenta-campanha-outono-inverno-2023-24">outono-inverno 2023/24</a>, realizada em julho, algumas marcas focaram justamente em mostrar que &eacute; poss&iacute;vel chegar a silhuetas acess&iacute;veis tendo como base um mecanismo intrincado. Por outro lado, flertes com a arte e exuber&acirc;ncia levaram a looks mais dram&aacute;ticos.<br /><br /></span></p>
        <p style="text-align: justify;"><span>A <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/grupo-kering-compra-30-da-grife-valentino"><strong>Valentino</strong></a> resumiu tudo com a frase &ldquo;simplicidade &eacute; complexidade resolvida&rdquo;, de Constantin Brancusi, escultor romeno e um dos principais nomes da vanguarda moderna. Apresentada ao ar livre no Ch&acirc;teau de Chantilly e batizada de Um Ch&acirc;teau pelo diretor criativo Pierpaolo Piccioli, a cole&ccedil;&atilde;o &eacute; composta de silhuetas clean, em coluna, principalmente, e alguns volumes singelos. Foi a maneira de Piccioli mostrar que a ess&ecirc;ncia da couture &eacute; simples, ainda que possa evidenciar a constru&ccedil;&atilde;o de pe&ccedil;as extremamente elaboradas. Algo como um exerc&iacute;cio de redu&ccedil;&atilde;o, em um movimento mostrando que dentro da complexidade pode ser encontrada uma simplicidade pura. O look de abertura, desfilado por Kaia Gerber, sintetiza essa vis&atilde;o: camisa branca imaculada, jeans e sapato flat. A cal&ccedil;a, um cl&aacute;ssico Levi&rsquo;s 501 vintage, escondia um trabalho elaborad&iacute;ssimo: feita de gazar de seda com um meticuloso </span><span>trompe l'oeil </span><span>de mi&ccedil;angas em 80 tons de &iacute;ndigo.</span></p>
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<p style="text-align: justify;"><span>Na <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/fendi-verao-24"><strong>Fendi</strong></a>, a ideia de simplicidade tamb&eacute;m deu o tom no sentido da presen&ccedil;a de silhuetas poss&iacute;veis, sem espa&ccedil;o para fantasias. O que n&atilde;o significa aus&ecirc;ncia de solu&ccedil;&otilde;es bem criativas, como nos vestidos fluidos em que a manga &eacute; uma extens&atilde;o do comprimento da pe&ccedil;a. O look rosa totalmente bordado, que fechou o desfile, consumiu 1.200 horas de trabalho manual. A marca italiana mostrou uma cole&ccedil;&atilde;o concentrada no caimento, trabalhado principalmente no corte em vi&eacute;s com drapeados, dentro de um conceito de roupa-joia, acompanhando bem de perto a alta-joalheria de Delfina Delettrez Fendi, diretora art&iacute;stica de joalheria da marca italiana. &ldquo;As cores v&ecirc;m dos tons da pele e, tamb&eacute;m, das pedras: diamantes negros, rubis, safiras. H&aacute; um jogo entre suave e duro, carne e pedra&rdquo;, descreve o diretor art&iacute;stico Kim Jones.</span></p>

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        <p style="text-align: justify;"><span>Uma cole&ccedil;&atilde;o atemporal que destaca a sofistica&ccedil;&atilde;o contida na simplicidade da modelagem limpa feita em moulage, diretamente sobre o corpo, deu o tom na <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/dior-verao-24-pfw"><strong>Dior</strong></a>. A diretora criativa Maria Gra</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">zia Chiuri olha para o arqu&eacute;tipo das deusas e dialoga com o trabalho de Marta Roberti, que estudou as iconografias de v&aacute;rias divindades femininas, quase sempre associadas a animais. Seu trabalho serviu de base para o cen&aacute;rio com bordados feitos pela indiana Chanaya School of Craft. A vis&atilde;o da artista reverbera tamb&eacute;m no conceito das roupas: vestido e corpo se fundindo atrav&eacute;s do preciosismo das t&eacute;cnicas da alta-costura. Lincando com a inspira&ccedil;&atilde;o, itens como t&uacute;nica, peplum, capa e estola surgem como pontos-chave de silhuetas verticais finalizadas por sand&aacute;lias flat. De est&aacute;tuas cl&aacute;ssicas e de colunas da arquitetura vieram, por exemplo, casacos estruturados a partir de dobras abaixo da linha dos seios. &Eacute; nesse mesmo caminho que o plissado se torna detalhe importante nas mangas dos casacos de alfaiataria. A cartela de cores fortalece o branco, com espa&ccedil;o para bege, prata, dourado e preto.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>Eleg&acirc;ncia &eacute; palavra de ordem quando se pensa em <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/giorgio-armani-lanca-terceira-temporada-de-projeto-crossroads"><strong>Giorgio Armani</strong></a>. Na Armani Priv&eacute;, sua linha de alta-costura, essa &eacute; uma caracter&iacute;stica ainda mais apurada. Nesta cole&ccedil;&atilde;o o estilista elegeu a rosa vermelha &ndash; carnal, sedutora e misteriosa &ndash; como inspira&ccedil;&atilde;o ao lado da conex&atilde;o entre Ocidente e Oriente, privilegiando a silhueta verticalizada. A cor pontua os looks, do&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">batom e esmalte ao vestido de noiva, fechando o show. Flores tamb&eacute;m. Elas vieram bordadas, como broches ou dando forma a uma capa. Cal&ccedil;as sequinhas foram arrematadas por jaquetas e blazers, decotes geom&eacute;tricos destacaram vestidos que se abrem em um pouco mais de volume na sequ&ecirc;ncia final.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>A diretora criativa Virginie Viard celebra cl&aacute;ssicos da <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/chanel-seduz-paris-com-editorial-de-outono-inverno-2023-24">Chanel</a> nesta cole&ccedil;&atilde;o homenageando a eleg&acirc;ncia parisiense e brincando com contrastes e equil&iacute;brio, for&ccedil;a e delicadeza: tweed X chiffons, rendas X organzas, motivos florais X gr&aacute;ficos, masculino X feminino. &ldquo;Brincar com opostos, com indiferen&ccedil;a e eleg&acirc;ncia &eacute; como estar na linha entre a for&ccedil;a e a delicadeza, que, na Chanel, &eacute; o que chamamos de fasc&iacute;nio&rdquo;, explica Virginie. Nos looks, esses contrastes aparecem, por exemplo, em um top delicado usado com cal&ccedil;a de tweed, vestido inteiramente bordado sob um v&eacute;u di&aacute;fano, uma saia bal&atilde;o de renda craquelada usada com regata. Outro ponto importante &eacute; a natureza morta francesa do s&eacute;culo 17, que deu o tom ao convite e podia ser vista em uma t&iacute;pica banca de livros instalada no local do desfile, em Port de la Conf&eacute;rence, especialmente para a apresenta&ccedil;&atilde;o: ambos antecipando bordados de flores e frutas e, inclusive, as cestas de vime&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">com flores &ndash; bem ao estilo 1970 &ndash; que arremataram alguns looks.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>Na ala da exuber&acirc;ncia, a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/schiaparelli-casual-confira-o-verao-24-da-maison"><strong>Schiaparelli</strong></a> fez conex&atilde;o artsy. Intitulada ... And the Artists, a cole&ccedil;&atilde;o trouxe uma galeria de artistas de &eacute;pocas diferentes inspirando looks, detalhes e joias. Do universo do escultor Jack Whitten veio o mosaico de peda&ccedil;os de espelho de um conjunto, o tom de azul &eacute; claramente Yves Klein. Uma pe&ccedil;a volumosa branca faz refer&ecirc;ncia &agrave;s paredes do est&uacute;dio londrino de Lucian Freud e acess&oacute;rios como broches e braceletes conversam com as obras de Claude Lalanne. Refer&ecirc;ncias a Salvador Dal&iacute; costuram tudo. Do universo da lingerie, o diretor criativo Daniel Roseberry pin&ccedil;ou o espartilho, que reina em uma s&eacute;rie de looks sexy-chic. Mais uma vez as joias s&atilde;o maximalistas e n&atilde;o somente finalizam as roupas como interagem diretamente com v&aacute;rias delas, como o fecho de um casaco em formato de orelhas, os broches de flores que substituem bot&otilde;es em&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">um top e as m&atilde;os de madeira que arrematam um casaco cocoon.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>Criada em 1937, a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/balenciaga-apresenta-sua-colecao-de-verao-na-pfw"><strong>Balenciaga</strong></a> ficou famosa pelo trabalho primoroso com volumes, exerc&iacute;cio que o atual diretor criativo, Demna Gvasalia, d&aacute; conota&ccedil;&atilde;o dram&aacute;tica. Dif&iacute;cil pensar em um desfile da grife, que se recupera de dias turbulentos, sem surpresas no desenho e na modelagem das pe&ccedil;as, principalmente na couture. Nesse sentido, o desfile at&eacute; que foi aberto sob uma atmosfera cl&aacute;ssica, com um longo de veludo preto adornado por colar de p&eacute;rolas e luvas brancas. Experimenta&ccedil;&atilde;o maior veio com a sequ&ecirc;ncia de vestidos da segunda metade do desfile. O modelo estruturado em renda vermelha era como uma escultura, contrastando com a fluidez de dois vestidos em fitas. Fechando, uma noiva tecnol&oacute;gica em tecido feito com resina cromada impressa&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">em 3D e apar&ecirc;ncia de armadura.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>J&aacute; na <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/jean-paul-gaultier-convida-haider-ackermann-para-nova-colecao"><strong>Jean Paul Gaultier</strong></a> foi a ideia de personagens que en</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">velopou o desfile assinado por Julien Dossena, intitulado Jean Paul, Julien, Paco e os outros. Diretor criativo da Paco Rabanne desde 2013, Dossena mergulhou no arquivo da marca e escolheu come&ccedil;ar pela cole&ccedil;&atilde;o Chic Rabbis, inverno 1993. Ao longo de 31 looks, trabalhou detalhes que marcaram a trajet&oacute;ria de Gaultier, como o suti&atilde; cone, a blusa de marinheiro e o corset acetinado. E nos tecidos metalizados, por exemplo, foi poss&iacute;vel ver tra&ccedil;os tamb&eacute;m do seu trabalho na Paco Rabanne.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>Motivo de comemora&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m na <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/viktor-and-rolf-haute-couture-2023-24"><strong>Viktor and Rolf.</strong></a> Fundada pelos holandeses Viktor Horsting e Rolf Snoeren, comemora 30 anos de trajet&oacute;ria com DNA de ousadia que se entrela&ccedil;a com o surrealismo em looks que fogem do convencional. Intitulada Embodiment, a cole&ccedil;&atilde;o desenvolvida a partir de mai&ocirc;s e biqu&iacute;nis &ndash; exce&ccedil;&atilde;o foram dois smokings semelhantes aos usados pelos designers &ndash; passou a limpo momentos que marcaram a tra- jet&oacute;ria da marca, como deslocamentos de partes da pe&ccedil;a ou a pe&ccedil;a inteira, la&ccedil;os, esculturas de palavras e irrever&ecirc;ncia.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>A <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/dolce-gabbana-verao-24"><strong>Dolce &amp; Gabbana</strong></a>, que n&atilde;o faz parte da alta-costura parisiense, mostrou sua cole&ccedil;&atilde;o de alta moda no centro hist&oacute;rico de Alberobello, que &eacute; Patrim&ocirc;nio Mundial da UNESCO desde 1996, com a miss&atilde;o de falar de beleza atrav&eacute;s dos cinco sentidos. &ldquo;&Eacute; aqui que come&ccedil;a o nosso processo criativo&rdquo;, explicam Domenico Dolce e Stefano Gabbana. Renda, tule, chiffon e organza aparecem nas silhuetas que transitam entre fluidas e estruturadas, lembrando os trulli &ndash; casas com telhados de pedra no formato de cone da pequena cidade italiana &ndash; em saias e chap&eacute;us. Os designers mais uma vez trabalharam estruturas de espartilho em t&eacute;cnica de cestaria. Menos rebuscada que cole&ccedil;&otilde;es passadas, a atual chama a aten&ccedil;&atilde;o para o fazer &agrave; m&atilde;o.</span></p>
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Alta-costura: a perfeição e identidade do artesanal

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