Navegando entre simbologias, arte manual e moda, Adriana Meira constr&oacute;i um universo de personas diretamente dos confins da Bahia

Diretamente do seu centro criativo no <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/arte/david-bastos-leva-arquitetura-e-conforto-para-trancoso">interior baiano</a>, Adriana Meira nem tenta esconder o apego nada fugaz pelo sert&atilde;o. &ldquo;Eu sou muito apaixonada pela est&eacute;tica, pelo ambiente. O calor n&atilde;o me incomoda, a minha sa&uacute;de &eacute; muito melhor por aqui. Eu me sinto muito apropriada de tudo isso&rdquo;, define. Pudera, se quisesse disfar&ccedil;ar nem conseguiria. Basta olhar sua <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/nordestesse-fez-showcase-durante-brasil-eco-fashion-week">cria&ccedil;&atilde;o de moda</a>, que acaba de completar duas d&eacute;cadas de refino e tem ganhado aten&ccedil;&atilde;o especial (e merecida) nestes &uacute;ltimos anos. Entre recortes e aplica&ccedil;&otilde;es coloridas, de sinuosidades marcantes, a arte de Adriana mescla um linguajar fortemente sertanejo para reimaginar iconografias m&iacute;ticas e m&iacute;sticas que tanto conversam com o lugar que a criou &ndash; especialmente mulheres. Uma aura pop que poderia ter sido constru&iacute;da por uma metropolitana com um moodboard, mas que a criadora tira da pr&oacute;pria vida.

&ldquo;Sempre fui muito apaixonada por esses personagens, reais ou n&atilde;o. O dia a dia nesse ambiente que fez parte da minha inf&acirc;ncia me alimenta. N&atilde;o foi um planejamento, como quem vai estudar um assunto: faz parte do meu sangue&rdquo;, define. Nascida em Brumado, a pouco mais de 500 quil&ocirc;metros de Salvador, Adriana passou pela capital e foi construindo experi&ecirc;ncia na ind&uacute;stria at&eacute; morar uma d&eacute;cada em S&atilde;o Paulo. Foi a pandemia que a fez voltar &agrave;s ra&iacute;zes, no que define como &ldquo;um combo de emo&ccedil;&otilde;es&rdquo;. &ldquo;At&eacute; chegar aqui, foi muito tempo de constru&ccedil;&atilde;o na base de tentativa e erro. Mas sempre acreditei na hist&oacute;ria que gostaria de contar, apesar de ter enfrentado muito preconceito nesse processo &ndash; por ser nordestina, por ser mulher, desacreditada por muita gente que dizia que o que eu fazia n&atilde;o era bonito o suficiente&rdquo;, conta. &ldquo;Sempre fui tida como a do contra, do avesso, desde pequena. Agora, tenho consci&ecirc;ncia de que tenho uma identidade que &eacute; muito reconhec&iacute;vel. E fico impressionada: passei dez anos em S&atilde;o Paulo e tive que voltar para ver tudo acontecer de verdade.&rdquo;

Novamente baseada no seu sert&atilde;o, ao lado dos umbuzeiros em flor e da &ldquo;aura catingueira da seca&rdquo;, como descreve, Adriana tem se dedicado &ndash; em paralelo &agrave; sua moda, muito feita sob medida e sob encomenda &ndash; a treinar m&atilde;o de obra local e a restaurar o casar&atilde;o do come&ccedil;o da d&eacute;cada de 1930 que era a casa dos pais e que agora foi transformado em ateli&ecirc;. Ali foi constru&iacute;do o seu primeiro desfile, apresentado recentemente no Brasil Eco Fashion Week em a&ccedil;&atilde;o conjunta da Canatiba com o Nordestes se, coletivo-plataforma tocado por Daniela Falc&atilde;o de que &eacute; uma das primeiras participantes. A oficina, contudo, mesmo longe da capital e com agenda cheia de trabalhos (&ldquo;por incr&iacute;vel que pare&ccedil;a, depois que voltei para c&aacute; a produ&ccedil;&atilde;o aumentou muito&rdquo;), n&atilde;o &eacute; para ser um dom&iacute;nio particular. &ldquo;A ideia &eacute; poder trazer as clientes para perto, para visitar o sert&atilde;o e entender esse para&iacute;so&rdquo;, conta. Enquanto isso, vai explorando ideias que v&atilde;o al&eacute;m da moda &ndash; Meira &eacute;, sem d&uacute;vida, uma artista que tem usado o estilismo para se expressar. &ldquo;Fiz tr&ecirc;s telas recentemente com essas minhas figuras, tenho ideias malucas de fazer instala&ccedil;&otilde;es, na terra mesmo. &Eacute; algo que venho amadurecendo devagar, ainda tenho muito o que explorar.&rdquo;

Sonhos antigos da crian&ccedil;a que, de olho em uma av&oacute; que fazia colchas em patchwork e na outra que bordava pe&ccedil;as para casa, sempre imaginou como seriam essas roupas de cama transformadas em moda para suas modelos imagin&aacute;rias. E que, hoje, traz essa inspira&ccedil;&atilde;o pessoal para as clientes, com quem t&ecirc;m longas conversas antes de fechar suas artes aplicadas. &ldquo;&Eacute; um processo terap&ecirc;utico e at&eacute; espiritualista, que envolve outras esferas at&eacute; decidir o que vamos fazer. Tenho essa facilidade de conex&atilde;o. Mesmo quando o desenho n&atilde;o tem a ver com espiritualidade, com um orix&aacute; muito definido, por exemplo, ainda tem um qu&ecirc; de espiritual. Pois a espiritualidade n&atilde;o &eacute; s&oacute; religiosa, &eacute; muito amor, a energia que se sente quando encontra algu&eacute;m. A roupa que fa&ccedil;o n&atilde;o poderia ser diferente.&rdquo;

Adriana Meira constrói um universo de personas diretamente da Bahia

Tags

Posts relacionados

Moda

Moda nacional: 21 lançamentos de agosto que fizeram sucesso

Moda

Dendezeiro: Hisan Silva e Pedro Batalha em entrevista exclusiva

Moda

Alta Costura: saiba as tendências que vão dominar a moda nacional

Posts recomendados

Moda

Adriana Meira constrói um universo de personas diretamente da Bahia

Pop culture

Drew Barrymore é perseguida por stalker e precisa deixar evento

Pop culture

Gisele Bündchen desabafou sobre ser mãe de adolescentes

Hommes

Liam Payne deixa fortuna milionária para o filho de 8 anos

Pop culture

Google 2024: quais foram as pesquisas de moda do ano?

Pop culture

Ivete Sangalo revela ‘técnica maravilhosa’ para apimentar casamento

Pop culture

Jennifer Lopez brilha e se emociona em Sundance com novo filme

Pop culture

Jennifer Lopez celebra 1 ano de casamento com Ben Affleck