As trajet&oacute;rias das joalherias Bulgari e Cartier por meio de pe&ccedil;as que contribu&iacute;ram para a constru&ccedil;&atilde;o de suas identidades

Dois table books contam as trajet&oacute;rias das joalherias <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/joias/bulgari-serpenti-celebra-seus-75-anos-no-brasil">Bulgari</a> e <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/joias/cartier-celebra-linha-panthere">Cartier</a> por meio de pe&ccedil;as que contribu&iacute;ram para a constru&ccedil;&atilde;o de suas identidades.
Trajet&oacute;rias de marcas ic&ocirc;nicas s&atilde;o sempre empolgantes, principalmente quando s&atilde;o contadas com recortes singulares. De olho nesse nicho, a editora Assouline est&aacute; lan&ccedil;ando livros de duas joalherias que dispensam apresenta&ccedil;&atilde;o: a italiana Bulgari e a francesa Cartier. Para a primeira, o vi&eacute;s s&atilde;o os rel&oacute;gios; na segunda, 100 pe&ccedil;as espetaculares. S&atilde;o marcas que remontam ao s&eacute;culo 19 e que possuem DNA talhado sobre produtos que se tornaram refer&ecirc;ncia.

Bulgari: Beyond Time fala da jun&ccedil;&atilde;o do design italiano com o talento artesanal su&iacute;&ccedil;o na cria&ccedil;&atilde;o de seus rel&oacute;gios, que tamb&eacute;m flertam com a joalheria e alta joalheria. A linha Serpenti mereceu um cap&iacute;tulo especial, com direito &agrave; artista Marina Abramović relembrando experi&ecirc;ncias com cobras e mitologia. Os modelos Bvlgari Bvlgari, Octo e Grandes Complica&ccedil;&otilde;es tamb&eacute;m ganharam espa&ccedil;os especiais. &Eacute; um table book perfeito para amantes de rel&oacute;gios e, mais ainda, para f&atilde;s da marca.

Cartier: The Impossible Collection, escrito pelo jornalista Herv&eacute; Dewintre, que durante dez anos foi editor-chefe de rel&oacute;gios e joias na edi&ccedil;&atilde;o francesa de L&rsquo;Officiel, resgata a hist&oacute;ria da Maison e enumera 100 master pieces que tamb&eacute;m contribuem para contar momentos importantes dessa jornada preciosa. &Eacute; uma publica&ccedil;&atilde;o ricamente ilustrada com j&oacute;ias, rel&oacute;gios e cenas que se tornaram parte da trajet&oacute;ria da Maison, que cativou nomes como Jean Cocteau, Alberto Santos-Dumont, Gloria Swanson e Elizabeth Taylor.

BULGARI: BEYOND TIME

Em 2022, a Bulgari brilhou no Grand Prix d&rsquo;Horlogerie de Genebra com dois pr&ecirc;mios. O Serpenti Misteriosi, um rel&oacute;gio que tamb&eacute;m dialoga com a alta joalheria, ganhou o The Jewellery Watch Prize, enquanto o minimalista Octo Finissimo Ultra foi o vencedor na categoria Audacity. No ano anterior, a marca romana j&aacute; havia faturado o importante trof&eacute;u Aiguille d&rsquo;Or. S&atilde;o reconhecimentos que d&atilde;o a medida do trabalho primoroso por tr&aacute;s dos rel&oacute;gios da marca, que agora est&aacute; sendo descortinado no livro Bulgari: Beyond Time.

Nessa jornada, o table book feito sob medida para f&atilde;s da marca italiana escalou nomes importantes em &aacute;reas variadas para guiar os cap&iacute;tulos. O leiloeiro de joias da Christie&rsquo;s, Rahul Kadakia, discute gemas; a artista Marina Abramović fala sobre serpentes; o ator, roteirista e diretor italiano Alessandro Gassmann reflete sobre Roma; o atleta e nove vezes medalhista de ouro ol&iacute;mpico Carl Lewis explica a arte de quebrar recordes; e o premiado maestro Lorenzo Viotti comenta sobre trilha sonora, enquanto o futurista Adam Steel dialoga com nomes como o designer industrial Fabrizio Buonamassa Stigliani, o diretor-gerente dos rel&oacute;gios Bulgari Antoine Pin e o CEO da marca, Jean-Christophe Babin, discorrem sobre como ser&atilde;o os rel&oacute;gios para as gera&ccedil;&otilde;es futuras.

Para entender a evolu&ccedil;&atilde;o e a import&acirc;ncia da relojoaria na Bulgari &eacute; preciso voltar no tempo at&eacute; 1884, quando o neg&oacute;cio foi criado pelo artes&atilde;o grego Sotirio Bulgari. A reputa&ccedil;&atilde;o de excel&ecirc;ncia n&atilde;o demorou para ser conquistada, gra&ccedil;as &agrave; t&eacute;cnica requintada, qualidade e est&eacute;tica das cria&ccedil;&otilde;es. Ao longo das d&eacute;cadas, foi se consolidando um estilo pr&oacute;prio, cheio de combina&ccedil;&otilde;es vibrantes de cores, volumes equilibrados e motivos que prestam tributo &agrave;s ra&iacute;zes romanas da Maison. Do olhar afiado veio a ideia de transformar a serpente em rel&oacute;gio. Nos modelos estilizados do fim dos anos 1940, o corpo male&aacute;vel era de ouro amarelo polido, em Tubogas &ndash; uma faixa flex&iacute;vel com contornos arredondados produzida sem solda &ndash; ou em malha de ouro. Depois disso, as vers&otilde;es da serpente exploraram v&aacute;rios formatos de caixa e mostrador em materiais que iam do ouro ao a&ccedil;o. Na d&eacute;cada de 1960, os diversos elementos separados simulavam as escamas do r&eacute;ptil, enquanto a caixa do rel&oacute;gio ficava escondida em sua cabe&ccedil;a. Dez anos mais tarde, a t&eacute;cnica Tubogas dava aos rel&oacute;gios serpente um visual de vanguarda e virou uma das marcas registradas da empresa.

J&aacute; o modelo Bvlgari Bvlgari foi lan&ccedil;ado em 1977 na esteira de um rel&oacute;gio digital de edi&ccedil;&atilde;o limitada com a inscri&ccedil;&atilde;o &ldquo;Bvlgari Roma&rdquo; enviado aos 100 principais clientes no Natal de dois anos antes. A inspira&ccedil;&atilde;o veio das antigas moedas romanas, nas quais a ef&iacute;gie do imperador era cercada de inscri&ccedil;&otilde;es de poder e prest&iacute;gio. Da mesma maneira, sua caixa cil&iacute;ndrica foi inspirada pelas colunas dos templos romanos &ndash; uma caracter&iacute;stica aparentemente simples que &eacute;, na realidade, resultado de um meticuloso estudo arquitet&ocirc;nico, marcando o come&ccedil;o de uma nova era de design e experimenta&ccedil;&atilde;o, que ganhou for&ccedil;a nos anos 1990 com o lan&ccedil;amento do rel&oacute;gio de mergulho Diagono Scuba, feito de cer&acirc;mica e alum&iacute;nio, al&eacute;m de ser um dos primeiros modelos de luxo a exibir uma pulseira de borracha.&nbsp;

Futurista e considerado o rel&oacute;gio mais fino do mundo at&eacute; o seu lan&ccedil;amento no ano passado, o Octo Finissimo Ultra comemora os dez anos de lan&ccedil;amento do Octo. O modelo Octo Finissimo veio em 2014. Com espessura de apenas 1,80 mm e um QR code vis&iacute;vel que redireciona a uma obra de arte em NFT &ndash; uma esp&eacute;cie de autentica&ccedil;&atilde;o de originalidade &ndash;, o modelo &eacute; destaque em um cap&iacute;tulo pr&oacute;prio e no &uacute;ltimo, que fala sobre possibilidades para o amanh&atilde;.

CARTIER: THE IMPOSSIBLE COLLECTION

Um head piece em curvas sim&eacute;tricas feito de platina e diamantes, vendido para a socialite Lila Vanderbilt em 1902, e usado por Stella McCartney no The Met Gala em 2011, abre a sele&ccedil;&atilde;o de 100 pe&ccedil;as ic&ocirc;nicas reunidas no livro Cartier: The Impossible Collection. H&aacute;, ainda, um rel&oacute;gio Santos, batizado em homenagem ao piloto brasileiro Alberto Santos-Dumont, que havia comentado com o amigo, Louis Cartier, a dificuldade em ler as horas em um modelo de bolso durante um voo. E, tamb&eacute;m, a tiara Halo, usada por Kate Middleton no casamento com o pr&iacute;ncipe William em 2011. S&atilde;o itens que ajudam a contar a trajet&oacute;ria da joalheria francesa.

&Eacute; uma hist&oacute;ria que come&ccedil;a em 1847, quando Louis -Fran&ccedil;ois Cartier assumiu o controle da pequena oficina de j&oacute;ias de seu mestre, Adolphe Picard, em Paris. Quatro anos depois, quando Napole&atilde;o III ascendeu ao poder, o jovem Cartier tornou-se fornecedor da Corte Real atrav&eacute;s da influ&ecirc;ncia da Condessa Nieuwerkerke. Em 1859, passou para um im&oacute;vel no Boulevard des Italiens, onde ficaria por 40 anos e conquistaria uma clientela mais ampla, como as damas da alta sociedade que passavam por ali a caminho do Jardin des Tuileries. Leves e belas, as j&oacute;ias da Cartier sobressaiam. E n&atilde;o somente. A Maison ganhou prest&iacute;gio junto &agrave; imperatriz Eug&eacute;nie por meio de um conjunto de ch&aacute; de prata que ela encomendou.

A partir de 1873, os filhos de Louis-Fran&ccedil;ois passaram a fazer parte do neg&oacute;cio. Primeiro Alfred; depois, Louis, abrindo espa&ccedil;o para outros produtos. Em 1899, a Cartier mudou de endere&ccedil;o, indo para o n&uacute;mero 13 na Rue de La Paix, at&eacute; hoje espa&ccedil;o ic&ocirc;nico da joalheria. Em 1904, Louis deu forma ao primeiro rel&oacute;gio de pulso com pulseira de couro, especialmente para Santos-Dumont. Foi ele quem, tamb&eacute;m, situou a empresa no nicho do estilo Garland, de joias em platina e diamantes que, em 1909, cedeu espa&ccedil;o para a est&eacute;tica art d&eacute;co. Nessa &eacute;poca, j&aacute; com lojas em Paris e Londres, a Cartier abriu o primeiro endere&ccedil;o em Nova York, na 5&ordf; Avenida. A partir do ano seguinte, a expans&atilde;o internacional ganharia ainda mais for&ccedil;a.

Reza a lenda que Jeanne Toussaint, diretora do departamento de j&oacute;ias de luxo da Cartier, gritou &ldquo;esmeraldas, &ocirc;nix, diamantes, um broche!&rdquo; quando viu uma pantera durante um saf&aacute;ri em companhia de Louis-Fran&ccedil;ois Cartier, que j&aacute; havia dado a ela o apelido The Panth&egrave;re. Mas a primeira vez que o felino foi introduzido nas cole&ccedil;&otilde;es Cartier foi em 1914, num rel&oacute;gio de pulso feminino em &ocirc;nix e diamantes. Foi nessa mesma &eacute;poca que o desenhista George Barbier criou a famosa ilustra&ccedil;&atilde;o de uma mulher acompanhada por uma pantera, que serviria como convite para uma exposi&ccedil;&atilde;o de j&oacute;ias. A primeira joia com o tema, entretanto, s&oacute; foi produzida em 1948, encomendada por Eduardo VIII, Duque de Windsor, para a sua mulher, Wallis. O broche foi criado a partir de uma esmeralda de 116.74 quilates da cole&ccedil;&atilde;o pessoal do nobre. No ano seguinte, o casal encomendou outra joia com a pantera. Legado de Toussaint, o animal virou s&iacute;mbolo da Cartier, tendo como ponto m&aacute;ximo a extensa cole&ccedil;&atilde;o Panth&egrave;re.

&copy; BULGARI / DIVULGA&Ccedil;&Atilde;O. &copy; CARTIER / DIVULGA&Ccedil;&Atilde;O

Bulgari e Cartier: table books contam trajetórias das joalherias

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