O apresentador e escritor Manoel Soares lan&ccedil;a seu livro &ldquo;Para meu amigo branco&rdquo; e bate-papo com a L'Officiel Hommes Brasil. Confira!

Com estreia marcada para semana que vem no programa "Encontro", o apresentador e escritor Manoel Soares, est&aacute; vivendo um momento pra l&aacute; de especial - al&eacute;m de receber o t&iacute;tulo in&eacute;dito de Embaixador Cultural da Uni&atilde;o Africana, lan&ccedil;ou seu livro &ldquo;Para meu amigo branco&rdquo;. O livro traz uma constru&ccedil;&atilde;o de uma boa educa&ccedil;&atilde;o antiracista, abordando o tema de forma concisa e ajudando a entender melhor e explanando termos recentes e muito utilizados como "branquitude", "racismo reverso" e "<a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/nyakim-gatwech-e-alvo-de-racismo-por-psiquiatra-renomado">racismo estrutural</a>".
"Sou um cara que acredita no nem sempre, n&atilde;o acho que o racismo na maioria das pessoas seja intencional, mas evid&ecirc;ncia de uma necessidade autoconhecimento nesse assunto. Este livro &eacute; sobre pessoas de pele clara se entenderem em um mundo onde o debate radial &eacute; feito a partir dos negros. &ldquo;Para Meu Amigo Branco&rdquo; &eacute; para pessoas do bem que querem tirar o <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/viola-davi-expoe-o-racismo-em-hollywood">racismo</a> das suas vidas.&rdquo;, comenta Manoel.
O apresentador tamb&eacute;m tem estreia para a pr&oacute;xima segunda-feira (04.07), para comandar o programa "Encontro". Prestes a assumir o comando ao lado de Patr&iacute;cia Poeta, est&aacute; pronto para animar e melhorar ainda mais a vida de quem est&aacute; do outro lado da telinha. O jornalista aproveitou para elogiar F&aacute;tima Bernardes pelos 10 anos de programa e tamb&eacute;m destacou a import&acirc;ncia e responsabilidade de iniciar essa trajet&oacute;ria no comando de uma atra&ccedil;&atilde;o nas manh&atilde;s da<a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/pantanal-quanto-a-globo-esta-cobrando-pelo-comercial-da-novela"> </a><a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/pantanal-quanto-a-globo-esta-cobrando-pelo-comercial-da-novela">Globo</a>.

Manoel Soares

L'Officiel: Como voc&ecirc; enxerga as pol&iacute;ticas governamentais para o problema racial no Brasil?
Manoel Soares:&nbsp;As pol&iacute;ticas governamentais para tem&aacute;tica racial no Brasil elas s&atilde;o n&atilde;o aplicadas, se eu disser que as pol&iacute;ticas s&atilde;o insuficientes, estaria faltando respeito com Afonso Arinos, faltando com respeito com Paulo Paim, com Benedita da Silva e com todo o movimento negro brasileiro, que faz um trabalho h&aacute; mais de 60 anos para que as coisas sejam diferentes. Eu acho que o nosso problema com rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s pol&iacute;ticas p&uacute;blicas na tem&aacute;tica racial s&atilde;o as insistentes travas na hora do cumprimento, n&oacute;s temos a lei 10.639, n&oacute;s temos a lei de cotas, n&oacute;s temos uma s&eacute;rie de leis que se fossem colocadas em pr&aacute;tica, a realidade racial brasileira seria outra. Ent&atilde;o, acho que a gente precisa se reposicionar enquanto sociedade, para cobrar o efetivo cumprimento, se isso acontecer com certeza n&oacute;s vamos conseguir catapultar alguns anos de comportamento.

L'Officiel: Na sua vis&atilde;o, quais s&atilde;o os mecanismos para combater o estruturalismo racial no pa&iacute;s?
MS:&nbsp;S&atilde;o mecanismos muito simb&oacute;licos, n&atilde;o s&atilde;o mecanismos efetivos. O Brasil ainda tem a necessidade muito grande de proteger e massagear o ego da branquitude, e isso &eacute; um problema s&eacute;rio, pois enquanto n&atilde;o tivermos maturidade para democratizarmos o poder com as pessoas de pele escura, n&oacute;s n&atilde;o estaremos levando a s&eacute;rio. O exemplo de como o Brasil &eacute; um pa&iacute;s que n&atilde;o respeita a hist&oacute;ria negra, &eacute; se pegarmos o morro do Vidigal. o morro do Vidigal, &eacute; um morro que leva o nome de um dos maiores assassinos de negros no Brasil, e hoje n&oacute;s temos centenas de fam&iacute;lias negras morando em um morro que carrega o nome de um matador de negros do per&iacute;odo colonial e escravista. Por que n&oacute;s n&atilde;o trocamos o nome desse lugar? N&oacute;s n&atilde;o fazemos isso, pois &eacute; conveniente n&atilde;o ter essa estrutura racista. Sem contar o Monumento dos Bandeirantes que n&oacute;s temos em frente ao Parque do Ibirapuera, fora a Rodovia Raposo Tavares, n&oacute;s temos v&aacute;rios espa&ccedil;os em que homenageamos os opressores. Enquanto n&atilde;o olharmos para isso, qualquer mudan&ccedil;a estrutural ser&aacute; como se pass&aacute;ssemos manteiga na pedra, n&atilde;o ir&aacute; funcionar. Ent&atilde;o o estruturalismo passa por um ato de coragem e o Brasil tem medo de olhar nos olhos do seu racismo, e obviamente o estruturalismo racista fica colocado nesse lugar.

L'Officiel: Voc&ecirc; acredita que os brancos e privilegiados ainda se colocam em uma posi&ccedil;&atilde;o de afastamento das quest&otilde;es racistas e preconceituosas na sociedade?
MS:&nbsp;Eu acredito que as pessoas privilegiadas de pele clara, nesses &uacute;ltimos anos, n&oacute;s estamos falando dos &uacute;ltimos 5 anos pra c&aacute;, tiveram uma overdose de informa&ccedil;&atilde;o e conhecimento. Um conhecimento que estava concentrado, era um conhecimento longo produzido nos &uacute;ltimos 40/50 anos no Brasil, mas era um conhecimento que estava concentrado com a intelectualidade negra. Esse conhecimento foi popularizado, como lugar de fala, e outros temas extremamente importantes, a quest&atilde;o toda &eacute; que parte dessa branquitude, dessas pessoas brancas privilegiadas, n&atilde;o sabem como aplicar esses conte&uacute;dos e esses conhecimentos no seu dia-a-dia. E talvez eles n&atilde;o saibam, a sua pr&oacute;xima gera&ccedil;&atilde;o vai saber como fazer isso, ent&atilde;o acho que eles t&ecirc;m esse problema, naturalmente o ser humano n&atilde;o consegue abrir m&atilde;o dos privil&eacute;gios e precisa ter maturidade para abrir m&atilde;o dos privil&eacute;gios, isso &eacute; uma coisa que as pessoas ainda n&atilde;o aprenderam a fazer, mas quem sabe a gente chega nesse lugar um dia. Mas acho que hoje o grande dilema que n&oacute;s vivemos &eacute;, boa parte das pessoas muitas vezes bem intencionadas, que absorveram conhecimento, mas n&atilde;o sabem colocar na pr&aacute;tica.

L'Officiel: Qual a primeira atitude que uma pessoa branca precisa ter para se aprofundar na luta antirracista?
MS:&nbsp;Eu acho que a primeira atitude que uma pessoa branca precisa ter para ser antirracista, &eacute; identificar onde est&aacute; o seu racismo pessoal, &eacute; o seu racismo que conta. Voc&ecirc; precisa fazer uma autoan&aacute;lise, saber onde est&aacute; o racismo no seu corpo, no seu dia-a-dia, nas suas rela&ccedil;&otilde;es interpessoais, afetivas, profissionais. Onde &eacute; que voc&ecirc; se coloca, quando falamos de racismo? E nesse momento &eacute; importante que a pessoa de pele clara, n&atilde;o seja piedosa consigo mesmo, a autopiedade, quando fazemos uma autoan&aacute;lise na quest&atilde;o racial, &eacute; o maior defeito que uma pessoa pode ter. Ent&atilde;o nesse momento, voc&ecirc; precisa ser r&iacute;gido com voc&ecirc;, dizendo onde &eacute; que est&aacute; o meu racismo, acho que quando come&ccedil;amos a fazer isso, a gente come&ccedil;a a visitar outros lugares dentro da tem&aacute;tica.

Manoel Soares lança livro e fala da sua luta antirracista

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