Lamborghini: uma entrevista com o diretor de "O Homem Por Detrás da Lenda"

A maior questão, e o que realmente deixa você envolvida com a história, é que você deve se importar com o Feruccio Lamborghini, com o personagem mesmo. O filme não podia ser apenas sobre corridas de carro ou sobre a marca em si. É sobre a pessoa. Acho que isso faz com que você queira ver, o que aconteceu com ele, com sua família. Esse é o segredo. Pode-se fazer cenas espetaculares de corrida de carros, mas se você não se importa com as pessoas da história, não vai ser difícil segurar a atenção.

Quando comecei minha pesquisa, vi que ele foi uma figura extremamente importante na transição da Itália como um país agrícola para uma nação industrial. Muita gente não sabe, mas eles não faziam só carro, também fabricavam aparelhos de ar condicionado, refrigeradores entre outras tantas maquinas. E, por isso, percebi que ele era alguém que tocou em áreas diferentes da história do seu país. Sem contar que sua história pessoal era uma jornada muito atraente. Ele perdeu a esposa quando estava dando a luz ao seu filho. O pai dele queria que ele tocasse a fazenda da familia ao invés de empreender. Então haviam estes elementos emocionais muito fortes junto ao grande arco de uma nação.

Seria impossível fazer um filme sobre a Itália de 1940, 1950 e 1960 e não olhar para aqueles filmes italianos maravilhosos dessas décadas, como Ladrões de Bicicleta de Vittorio de Sica. Se a gente não homenageasse essa linguagem de cinema, teria sido uma negligência nossa. Meu cinegrafista e eu, tentamos fazer o nosso próprio filme, pegando um pouco de cada um destes clássicos.

Essa é uma excelente pergunta que há pessoas mais inteligentes do que eu para te responder. Eu acredito que cada um de nós tem uma história única para contar. Somos os heróis das nossas próprias narrativas. Quando a gente olha para alguém como o Michael Jordan ou o Feruccio Lamborghini que conquistaram o que eles queriam, acho que muitos pensam que também podem conseguir alcançar seus sonhos. É uma inspiração que nos move nas nossas próprias jornadas. Parece simples para mim, mas acho que realmente é isso.

Como você sabe, nosso orçamento não era como estes filmes de 180 milhões de dólares. Era uma produção relativamente pequena, então tínhamos que ser muito concientes como investir em cada cena. Nestas produções maiores, muita gente manda fabricar replicas dos carros, nós não podíamos fazer isso, então para parecer autêntico, encontramos carros da época para alugar e tínhamos que cuidar para que não acontecesse nada, afinal, após as gravações tínhamos que devolvê-los. Alguns tinham motores e outros não. Então cuidávamos muito para parecer que eles se batiam, mas na verdade não chegavam nem a encostar um no outro. Sem dúvida, isso acabou sendo um desafio bem específico da produção.