A galeria Galatea, do trio Antonia Bergamin, Conrado Mesquita e Tom&aacute;s Toledo comprova que ainda h&aacute; muito para ser visto fora do eixo Rio-S&atilde;o Paulo

Novo fervo em <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/gastronomia/salvador-meu-amor">Salvador</a>, a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/arte/galerias-de-arte-5-indicacoes-em-sao-paulo-por-stephanie-garcia">galeria</a> Galatea, do trio Antonia Bergamin, Conrado Mesquita e Tom&aacute;s Toledo comprova que ainda h&aacute; muito para ser visto fora do eixo <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/viagem/redescubra-o-brasil-e-mergulhe-nos-encantos-de-paraty">Rio-S&atilde;o Paulo</a>. Confira!&nbsp;

Conhecida pela turma das artes apenas como Galatea, a galeria batizada com o nome da amada do Pigmale&atilde;o da mitologia grega, logo que abriu em 2022, em plena rua Oscar Freire, nos Jardins, entrou com tudo na cena paulistana. E continua causando. Este ano, Galatea fincou seu novo endere&ccedil;o no centro hist&oacute;rico de Salvador, na rua Chile, em pr&eacute;dio modernista com painel externo assinado por Carib&eacute;, o mais baiano dos artistas argentinos. Trabalhando um portf&oacute;lio com fric&ccedil;&atilde;o entre o antigo e o novo, o erudito e o informal, Galatea &eacute; pilotada por seus jovens s&oacute;cios: Antonia Bergamin toca a gest&atilde;o e as vendas; Conrado Mesquita concentra-se na capta&ccedil;&atilde;o de obras e nas oportunidades de neg&oacute;cios; e o nosso entrevistado, Tom&aacute;s Toledo, 37 anos, que com seu misto de obsess&atilde;o, paix&atilde;o e rigor, atua na dire&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica e na curadoria de exposi&ccedil;&otilde;es. GALATEA.ART

L&rsquo;OFFICIEL HOMMES Voc&ecirc; sempre gostou de arte?&nbsp;
TOM&Aacute;S TOLEDO Sempre! E tive o privil&eacute;gio de ser estimulado a gostar desde crian&ccedil;a por minha m&atilde;e, que me apoiou. Isso foi fundamental para a minha forma&ccedil;&atilde;o. A minha av&oacute; materna tamb&eacute;m foi uma figura importante, pois nutria um interesse cultural amplo, e quando viveu nos anos 1960 com o meu av&ocirc; no Zaire, atual Rep&uacute;blica Democr&aacute;tica do Congo, no continente africano, entrou em contato com a produ&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica local e trouxe para o Brasil pinturas, desenhos e artefatos locais que moldaram o meu olhar.

L&rsquo;OFF Este ano a Galatea abriu uma nova sede. Por que escolheram Salvador?&nbsp;
TT Salvador vem da rela&ccedil;&atilde;o da Galatea com o artista Jos&eacute; Ad&aacute;rio, o ferreiro de candombl&eacute; mais antigo em atividade, com quem montamos uma exposi&ccedil;&atilde;o individual na galeria de S&atilde;o Paulo. A partir da&iacute;, iniciou-se uma rela&ccedil;&atilde;o de troca com o artista e o seu contexto que nos fez pensar em um projeto pontual em solo soteropolitano. Fomos seduzidos pela cena art&iacute;stica da cidade e pelo im&oacute;vel incr&iacute;vel em que agora est&aacute; a Galatea Salvador. Para n&oacute;s, a ideia de uma sede fora do Sudeste fazia sentido, vai ao encontro com o programa da galeria, que al&eacute;m de trabalhar com grandes nomes da arte brasileira do s&eacute;culo 20 e com arte contempor&acirc;nea, tem um de seus pilares focado em produ&ccedil;&otilde;es fora do c&acirc;none, re posicionando artistas &agrave; margem do mercado e da arte.

L&rsquo;OFF Vamos ao MASP. Voc&ecirc; trabalhou oito anos com o Adriano Pedrosa, como foi essa experi&ecirc;ncia?&nbsp;
TT Foi uma grande escola, admiro muito o que ele desenvolve &agrave; frente do MASP. O Adriano me convidou para trabalhar com ele quando assumiu a dire&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica, em 2014, e reformulou o programa do museu. Fui de assistente de curadoria a curador-chefe. Foram anos de realiza&ccedil;&otilde;es incr&iacute;veis! Como o museu estava em processo de renova&ccedil;&atilde;o institucional, iniciado pelo Heitor Martins (presidente do MASP), foi poss&iacute;vel fazer coisas novas e radicais, como a retomada dos ic&ocirc;nicos cavaletes de vidro de Lina Bo Bardi e a cria&ccedil;&atilde;o de um programa de exposi&ccedil;&otilde;es conectado com as urg&ecirc;ncias da contemporaneidade e n&atilde;o mais ensimesmado em discuss&otilde;es da hist&oacute;ria da arte.

L&rsquo;OFF Voc&ecirc; esteve na atual Bienal de Veneza na qual Adriano Pedrosa atua como curador-chefe?&nbsp;
TT Estive na abertura para ver a curadoria do Adriano, que est&aacute; fant&aacute;stica e apresenta diversos pontos de contato com o programa das &ldquo;hist&oacute;rias&rdquo; desenvolvido por ele no MASP.

L&rsquo;OFF Antes disso, j&aacute; havia estado em alguma edi&ccedil;&atilde;o da Bienal de Veneza?&nbsp;
TT A minha primeira experi&ecirc;ncia foi a do Massimiliano Gioni, em 2013. De l&aacute; para c&aacute; visitei todas as edi&ccedil;&otilde;es. &Eacute; o meu programa art&iacute;stico preferido, al&eacute;m de ser apaixonado pela cidade.&nbsp;

L&rsquo;OFF E antes do MASP, voc&ecirc; se dedicava a qu&ecirc;?&nbsp;
TT Na adolesc&ecirc;ncia fui assistente no ateli&ecirc; do artista Celso Orsini, meu professor de Artes na Escola Viva. Mas, vi que a minha atua&ccedil;&atilde;o seria no campo te&oacute;rico e n&atilde;o no pr&aacute;tico, ent&atilde;o cursei Filosofia com o objetivo de ter uma forma&ccedil;&atilde;o cr&iacute;tica para atuar como curador. Trabalhei com a Isabella Prata na coordena&ccedil;&atilde;o de cursos da Escola S&atilde;o Paulo, um lugar fant&aacute;stico, onde tive as minhas viv&ecirc;ncias iniciais com exposi&ccedil;&otilde;es e depois tornei-me curador independente.

L&rsquo;OFF O que guia o seu olhar?&nbsp;
TT Capto o que vejo de interessante, arquivando internamente e processando rela&ccedil;&otilde;es, di&aacute;logos e cruzamentos com essas imagens, conte&uacute;dos e exist&ecirc;ncia. O meu processo curatorial parte disso, desse meu colecionismo imaterial e vivencial, que mistura mem&oacute;ria com a urg&ecirc;ncia do hoje.

L&rsquo;OFF Em uma cole&ccedil;&atilde;o particular, qual deve ser o fio condutor?&nbsp;
TT A for&ccedil;a motriz de uma cole&ccedil;&atilde;o de arte deve ser o universo pessoal do colecionador. &Agrave;s vezes ela &eacute; um escape do mundo cotidiano e do trabalho do colecionador, outras vezes &eacute; uma mistura transbordante da pr&oacute;pria vida do sujeito. De qualquer forma, o grande segredo &eacute; a genuinidade no colecionar.

L&rsquo;OFF No momento, onde rola a cena das artes pl&aacute;sticas mais interessante do Brasil?
TT Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza.

Exposição coletiva na Galatea Salvador, aberta este ano, e obra Bisão, 2023, acrílica e óleo sobre linho de Daniel Lannes - Foto: Ding Musa / Cortesia Galatea.

Galeria Galatea é o novo fervo de Salvador com muito há ser visto

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