O fotografo trabalha em projetos que nos levam a questionarmos diversos da vida 

<p style="text-align:justify">A arte tem o poder de transformar, e <a href="https://www.instagram.com/dudabreda/"><strong>Duda Breda</strong></a> &eacute; um nome que est&aacute; ganhando cada vez mais destaque na fotografia, trabalhando em projetos que nos levam a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/novos-tempos-grandes-grifes-finalmente-trazem-a-diversidade-para-a-passarela"><strong>questionarmos diversos</strong></a> aspectos da vida, abra&ccedil;armos melhor os outros e a n&oacute;s mesmos. N&atilde;o existe um modo de classificar seu trabalho - porque est&aacute; em constante muta&ccedil;&atilde;o. De retratos a fotos da arquitetura e d&eacute;cor, Duda mergulha nas diversas possibilidades que este universo pode dar, focando constantemente em uma redefini&ccedil;&atilde;o do que pode ser considerado belo.</p>

<p style="text-align:justify"><em><strong>&ldquo;Atualmente esse &eacute; o meu maior questionamento como artista: o que, de fato, &eacute; beleza?&rdquo; </strong></em>revela o fot&oacute;grafo. Mas, a cada novo projeto, Breda surpreende e nos leva a ter uma nova vis&atilde;o de mundo, trazendo em suas imagens o que seria a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/conheca-um-pouco-mais-sobre-os-cuidados-e-tratamentos-da-pele-masculina"><strong>beleza cl&aacute;ssica, a neocl&aacute;ssica, masculina.&nbsp;</strong></a></p>

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Duda Breda-fotógrafo

<p style="text-align:justify">Entre seus trabalhos, Duda j&aacute; participou de diversos projetos voltados para a comunidade LGBTQI+, entre eles o &ldquo;Todos Contra o Tr&aacute;fico de Pessoas&rdquo;, idealizado pelo Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho, que retratou mulheres transexuais e travestis inseridas no mercado de trabalho formal.<strong> Confira uma entrevista exclusiva com o fot&oacute;grafo e conhe&ccedil;a mais seu trabalho</strong></p>


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<p style="text-align:justify"><strong>1 - Qual foi o projeto mais gratificante que voc&ecirc; participou? E qual voc&ecirc; gostou mais de fazer?</strong></p>

<p style="text-align:justify">O projeto &ldquo;Todos Contra o Tr&aacute;fico de Pessoas&rdquo; idealizado pelo Minist&eacute;rio P&uacute;blico me levou a lugares e pessoas que muito provavelmente n&atilde;o teria conhecido. Foi um m&ecirc;s e meio fotografando mulheres Trans e travestis inseridas efetivamente no mercado de trabalho. Foi um projeto mais amplo do que o retrato em si: ouvir suas hist&oacute;rias, os percal&ccedil;os de ser trans em um pa&iacute;s transf&oacute;bico e mis&oacute;gino; ver essas mulheres ocupando locais com empenho e muita luta me ajudou a ver um pouco mais al&eacute;m da minha bolha de privil&eacute;gios Foi um trabalho muito gratificante para mim, como fot&oacute;grafo, e tamb&eacute;m muito necess&aacute;rio e atual diante dos tempos obscuros que vivemos.&nbsp;</p>

<p style="text-align:justify">Meu primeiro trabalho sobre o masculino chamado Kalos Kagathos &eacute; o meu trabalho favorito. Nele pude navegar sobre minha vulnerabilidade, revisitar os meus pr&oacute;prios dilemas sobre ser um homem gay e, tamb&eacute;m, refletir sobre as marcas de uma culpa crist&atilde; na minha trajet&oacute;ria pessoal.</p>


<p style="text-align:justify"><strong>2 - Como funciona seu processo criativo? (Conta um pouco sobre sua pesquisa, brainstorm, etc)</strong></p>

<p style="text-align:justify">Meu processo criativo &eacute; baseado principalmente na busca e conex&atilde;o de refer&ecirc;ncias. Grande parte dos meus projetos tem como o debate o masculino e suas representa&ccedil;&otilde;es. Minha pesquisa se concentra essencialmente em temas art&iacute;sticos que retratam o masculino em diferentes cen&aacute;rios, contextos e eras, de Rodin a Mapplethorpe.&nbsp;</p>

<p style="text-align:justify">Em um trabalho recente, chamado Glyptothek, tive como ponto de partida a observa&ccedil;&atilde;o de esculturas neocl&aacute;ssicas para retratar o sofrimento masculino.&nbsp;</p>

<p style="text-align:justify">Atualmente estou focado em literaturas que explicam e debatem a masculinidade t&oacute;xica e a utiliza&ccedil;&atilde;o do machismo como um mecanismo de opress&atilde;o e sofrimento ao pr&oacute;prio homem, me permitindo assim trazer o falocentrismo com teor cr&iacute;tico mais apurado.</p>


<p style="text-align:justify"><strong>3 - Quais ser&atilde;o seus pr&oacute;ximos projetos? Pudemos notar que voc&ecirc; j&aacute; atuou em diversos trabalhos em prol&nbsp; da desmistifica&ccedil;&atilde;o da comunidade LGBTQIA+, quais s&atilde;o os pr&oacute;ximos passos nessa jornada?</strong></p>

<p style="text-align:justify">Meu pr&oacute;ximo projeto autoral se chamar&aacute; &ldquo;Retorno&rdquo;. A ideia prim&aacute;ria deste trabalho &eacute; o resgate de mem&oacute;rias e viv&ecirc;ncias pessoais que impactaram na forma&ccedil;&atilde;o da minha sexualidade. Pretendo utilizar, al&eacute;m da fotografia, colagens, esculturas e xilogravuras para revisitar a minha transi&ccedil;&atilde;o de crian&ccedil;a para um adolescente gay. Abordar a problem&aacute;tica desta evolu&ccedil;&atilde;o e buscar compreender o impacto dos ambientes social, familiar e religioso na minha trajet&oacute;ria s&atilde;o os principais desafios deste projeto.&nbsp;</p>

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<p style="text-align:justify"><strong>4 - Quanto ao seu trabalho fotografando arquitetura, o que voc&ecirc; busca retratar em suas fotos? Quais s&atilde;o suas prefer&ecirc;ncias e, que estilo de design te atrai mais (e fica melhor em fotos?)</strong></p>

<p style="text-align:justify">Na fotografia de arquitetura, busco retratar com acur&aacute;cia a beleza do paralelismo das formas da constru&ccedil;&atilde;o. Compreender o projeto arquitet&ocirc;nico e o arquiteto respons&aacute;vel s&atilde;o passos fundamentais para que minha imagem possa transmitir o que seus idealizadores aspiravam como forma e ideia.&nbsp;</p>

<p style="text-align:justify">Quando ainda cursava fotografia, eu me especializei em fotografia de arquitetura justamente porque exigia de mim uma maior dedica&ccedil;&atilde;o no aprendizado de t&eacute;cnicas mais espec&iacute;ficas. Isso, ent&atilde;o, me permitiria extrapolar o uso dessas t&eacute;cnicas para outros projetos fotogr&aacute;ficos, tais como o estudo do corpo: ossos, protuber&acirc;ncias, m&uacute;sculos e veias. Eu compreendo a superf&iacute;cie corp&oacute;rea como um fachada, &agrave; semelhan&ccedil;a de uma edifica&ccedil;&atilde;o, que pode refletir algo al&eacute;m da mera forma exterior.</p>

<p style="text-align:justify">Meu estilo favorito &eacute; a arquitetura com linhas retas, concreto, vidro e madeira, a arquitetura brasileira contempor&acirc;nea no geral, como Arthur Casas, Kogan e Weinfeld.</p>


<p style="text-align:justify"><strong>5 - Voc&ecirc; tem um questionamento constante sobre qual a defini&ccedil;&atilde;o de beleza. J&aacute; chegou em alguma conclus&atilde;o? E o que voc&ecirc; consideraria belo?&nbsp;</strong></p>

<p style="text-align:justify">Confesso que ainda n&atilde;o cheguei a uma defini&ccedil;&atilde;o absoluta de beleza, e talvez n&atilde;o chegue. Na verdade, alguns questionamentos, para mim, ser&atilde;o sempre inconclusivos, e possivelmente permanecer&atilde;o como um dilema que nutre ideias para novos projetos. &Eacute; angustiante mas ao mesmo tempo, de forma bem amb&iacute;gua, reconfortante, pois terei sempre um tema de pesquisa.</p>

<p style="text-align:justify">&nbsp;Sobre o belo, eu o vejo de duas formas: o belo-cl&aacute;ssico, com suas regras de ter&ccedil;os e propor&ccedil;&otilde;es &aacute;ureas, e o belo-n&atilde;o-cl&aacute;ssico, esse mesmo belo que se encontra em tudo e todos, talvez mais dif&iacute;cil de ser notado por&eacute;m como uma obriga&ccedil;&atilde;o a quem, como eu, n&atilde;o acredita que n&atilde;o exista nada al&eacute;m do belo.</p>


<p style="text-align:justify"><strong>6 - O que voc&ecirc; busca transmitir com o seu trabalho?</strong></p>

<p style="text-align:justify">Busco retratar principalmente alguma sensibilidade, a express&atilde;o de algo que me &eacute; incerto, uma busca eterna do autoconhecimento. Tento guardar o olhar que registra a delicadeza e a dificuldade de existir, seja numa aparente for&ccedil;a corp&oacute;rea ou na retid&atilde;o s&eacute;ria das linhas e das formas.</p>


<p style="text-align:justify"><strong>7 - Qual a import&acirc;ncia da fotografia na sua vida?&nbsp;</strong></p>

<p style="text-align:justify">A fotografia me permite materializar meus sentimentos em imagens. &Agrave;s vezes eu compreendo o meu equipamento fotogr&aacute;fico como uma extens&atilde;o de mim, algo intr&iacute;nseco que me possibilita navegar por este mundo incerto.&nbsp;</p>

<p style="text-align:justify">Meu primeiro contato mais profundo com a c&acirc;mera fotogr&aacute;fica foi em 2009 quando fiz um curso sobre o olhar fotogr&aacute;fico com a Claudia Jaguaribe. Esses 6 meses em contato com minha c&acirc;mera compacta que tinha &eacute;poca foram fundamentais pra eu come&ccedil;ar a entender que seria esse meu objetivo como profissional, me tornar um fot&oacute;grafo artista, ou um artista que fotografa. Na &eacute;poca eu ainda cursava Rela&ccedil;&otilde;es Internacionais na ESPM em S&atilde;o Paulo, e n&atilde;o passou pela minha cabe&ccedil;a que 6 anos depois eu abandonaria o mercado corporativo e meu trainee em uma consultoria em gest&atilde;o para seguir carreira como fot&oacute;grafo profissional, e n&atilde;o apenas como um passatempo. Foi pelos pr&oacute;ximos dois anos e meio, de 2015 a 2018, que fiz meu bacharelado em fotografia e v&iacute;deo em Miami e de l&aacute; pra c&aacute; minha c&acirc;mera fotogr&aacute;fica, como objeto dos meus trabalhos, me possibilita materializar meus sentidos em imagens.</p>


<p style="text-align:justify"><strong>8 - Se voc&ecirc; tivesse que fazer um itiner&aacute;rio de locais para fotografar, quais seriam?&nbsp;</strong></p>

<p style="text-align:justify">S&atilde;o Paulo seria o ponto de partida, seguida de Paraty e das cidades hist&oacute;ricas de Minas -&nbsp; e terminaria com um belo clich&ecirc;, Paris, &agrave; la Cartier-Bresson.&nbsp;</p>


<p style="text-align:justify"><strong>9 - Como voc&ecirc; acredita que a arte pode ser objeto de transforma&ccedil;&atilde;o entre minorias no mundo?</strong></p>

<p style="text-align:justify">A arte existe para que possamos com ela questionar o status quo, n&atilde;o &agrave; toa ela sempre est&aacute; presente nos meios mais progressistas. Eu vejo atualmente, principalmente quando funda&ccedil;&otilde;es e institutos como IMS, Itau Cultural entre outros, priorizam artistas negros, perif&eacute;ricos, homens e mulheres Trans, ind&iacute;genas e quilombolas, no suporte e ajuda a dissemina&ccedil;&atilde;o do trabalho desses artistas que t&ecirc;m dificuldades muito maiores para galgarem sucesso com seus trabalhos e projetos. A arte por si s&oacute; j&aacute; &eacute; um objeto de transforma&ccedil;&atilde;o, mas a representatividade de minorias em um cen&aacute;rio art&iacute;stico predominantemente branco-privilegiado faz da arte algo mais inclusivo e com chances maiores de se tornar universal e consequentemente transformadora.</p>


Duda Breda, o fotógrafo que está mudando a visão do mundo

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