<p><em>Conex&atilde;o Rio-Manaus! <span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Rompendo </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">com os </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">estereótipos </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">sobre o Norte </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">do </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Brasil, o ator </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Adanilo interpreta personagens raros na tev&ecirc;, no streaming e no cinema.</span></em></p>

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<p style="text-align: justify;"><span>Do Amazonas, as narrativas são quase sempre antagônicas e impessoais. É a riqueza da maior <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/onca-pintada-macho-e-reintroduzida-na-amazonia-pela-primeira-vez">floresta tropical do mundo</a> contra os problemas socioambientais, o desmatamento, as queimadas, a grilagem e a mineração. Nessa dicotomia, perde-se a história dos 3,9 milhões de brasileiros que vivem na região. Como parte de um movimento, o <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/antonio-fagundes-fala-o-motivo-da-saida-da-globo-apos-44-anos">ator</a> e dramaturgo Adanilo, 33 anos, quebra o ciclo da pouca representatividade com seus personagens e sua referência à cultura urbana dos manauaras, que envolve o ímpeto de luta e os modos de vestir e de falar.</span></p>
<p style="text-align: justify;"><span>Mas, como nada é óbvio, o ator não recorre às representações simplistas do Amazonas. &ldquo;A tradição é muito importante, porém o tempo passou para todo mundo. Passou para aqueles povos que tiveram o privilégio de viver isolados e sem contato com outras sociedades. O tempo passou para a gente também [que precisou migrar]&rdquo;, conta.</span></p>
<p style="text-align: justify;"><span>Adanilo é a intersecção entre mundos paralelos. De um lado, é descendente dos povos originários do Baixo Solimões e do Baixo Tapajós. Mais especificamente, os seus antepassados estão ligados ao povo munduruku, com o qual estreita laços. Da outra ponta, carrega vivências de Compensa, bairro da periferia. &ldquo;Sou uma </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">pessoa indígena, nascida e criada no contexto periférico da cidade de Manaus&rdquo;, resume. Tal complexidade dá um nó em quem pensa que tudo é constante e que os nortistas somente podem ser imaginados com cocares e sem nuances.</span></p>
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Fotos Gustavo Paixão | Styling Dayana Molina / Divulgação

<p style="text-align: justify;"><span>Com tanta história para ser contada, o ator encara logo três diferentes papéis. O primeiro é Sidney, um motorista de ônibus da Viação Formosa, na novela &ldquo;Volta por Cima&rdquo;, da Globo, exibida no horário das 19h. Embora tenha nascido no Norte, ele se mudou para o subúrbio carioca, onde toca em roda de samba e gosta de carnaval de rua. O &ldquo;detalhe&rdquo; de ambos compartilharem as mesmas origens foi algo sugerido pelo próprio ator.</span></p>
<p style="text-align: justify;"><span>Enquanto o Sidney é leve e bem-humorado, o personagem Floresta, da série &ldquo;Um Dia Qualquer&rdquo;, caminha na criminalidade, na segunda temporada que recém estreou no Max. Ele vem do Norte e trabalhou por anos no garimpo ilegal na Amazônia, mas entra para o tráfico de drogas quando chega ao Rio de Janeiro. Sem previsão de lançamento nos cinemas brasileiros, Adanilo também está presente no filme argentino &ldquo;Eureka&rdquo;, do diretor Lisandro Alonso. No longa, exibido em Cannes, ele dá vida a um tipo mais comum no imaginário popular, já que é parte de uma </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">comunidade indígena da Amazônia. Entretanto, há uma reviravolta: Adanilo sai da aldeia e vai para o garimpo no auge dos anos 1970, durante a ditadura militar.</span></p>
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<p style="text-align: justify;"><span>Apesar da coincidência em interpretar tipos incomuns na dramaturgia brasileira, o artista não se limita à figura de ser apenas o homem do Amazonas. Já ganhou destaque ao tornar famoso o baiano Deocleciano, que apareceu na primeira fase da novela &ldquo;Renascer&rdquo;. &ldquo;Interessa-me muito, como ator, viver outras realidades&rdquo;, avisa.</span></p>
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<p><span>FORA DA PONTE AÉREA</span></p>
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<p style="text-align: justify;"><span>Com as gravações de &ldquo;Volta por Cima&rdquo;, Adanilo está morando no Rio, onde aproveita para curtir a praia, o mar, as trilhas e tudo o mais que a Cidade Maravilhosa oferece. Mesmo assim, a sua casa segue sendo em Manaus. O eixo que liga a capital fluminense ao Norte do País existe na relação de trabalho e está longe de se transformar numa espécie de &ldquo;Rio-São Paulo&rdquo;, caminho comum para muitos expoentes da dramaturgia. A trajetória dele é, com </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">frequência, para dentro do Brasil, em busca de inspiração, de conexão e da família.</span></p>
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<p style="text-align: justify;"><span>A cerca de 140 quilômetros da capital do Amazonas, em um sítio na estrada para o município de Novo Airão, residem os pais do ator, Amiraldo e Eunice. &ldquo;Eles estão em uma relação direta com a terra, de plantar, de colher, de comer aquilo que se planta e que se cria&rdquo;, conta. Pouco mais distante, em Urucurituba estão outros dos seus familiares. &ldquo;É preciso pegar um barco. São várias horas viajando&rdquo;, explica sobre o trânsito que acontece pelos rios.</span></p>
<p style="text-align: justify;"><span>Da infância, as lembranças mais fortes são da relação com a natureza, com a floresta e com o rio. &ldquo;Já na cidade, eram outras experiências. Ali, a arte é latente e se manifesta de diversas maneiras&rdquo;, explica ele, que experimentou o carimbó, o hip-hop e o grafite. De Compensa até o maior festival de cinema do mundo, a trajetória do ator foi modificada pela paternidade. Há seis anos, o nascimento da filha Léa o ajudou a se aterrar mais e o colocou em definitivo &ldquo;na dinâmica do jogo, que é existir neste planeta em transformação&rdquo;.</span></p>
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Ator e diretor Adanilo rompe com os estereótipos sobre o Norte do Brasil

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