A história de mais de 500 anos de moda nacional é recontada com a ajuda de croquis e ilustrações num trabalho de pesquisa inédito no Brasil. 

Para contar a hist&oacute;ria de um pa&iacute;s&nbsp;&eacute; preciso estudar os costumes, tradi&ccedil;&otilde;es e cultura&nbsp;de seu povo. A moda, muitas vezes preterida nos livros de hist&oacute;ria, tamb&eacute;m &eacute; um importante espelho das evolu&ccedil;&otilde;es na sociedade.
&Eacute; o que demonstra&nbsp;o livro Moda Ilustrada, lan&ccedil;ado neste m&ecirc;s.&nbsp;Ap&oacute;s um ano de pesquisa, Maria Rita Alonso&nbsp;e Mar&iacute;lia Kodic, respectivamente diretora de&nbsp;reda&ccedil;&atilde;o e editora-chefe da L&rsquo;Officiel Brasil, ao&nbsp;lado da diretora de arte da revista, Julia Grassetti,&nbsp;reuniram um compilado in&eacute;dito da hist&oacute;ria da&nbsp;<a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/livro-mostra-diversidade-do-street-style-paulistano">moda brasileira</a>. Idealizada pelo publisher Marcel&nbsp;Mariano, a obra &eacute; publicada pela Luste Editores,&nbsp;que h&aacute; mais de dez anos produz coffee table books&nbsp;premiados sobre temas como arte e gastronomia.&nbsp;

Moda Ilustrada

'Coroação da rainha negra na festa de Reis', Carlos Julião Foto: Divulgação/Luste Editores

O volume de 260 p&aacute;ginas re&uacute;ne pinturas, croquis, colagens, estampas e desenhos que ilustram&nbsp;o&nbsp; desenvolvimento do vestu&aacute;rio no Brasil desde&nbsp;o per&iacute;odo colonial at&eacute; a atualidade.

O resultado &eacute;&nbsp;um preciso registro hist&oacute;rico visual das mudan&ccedil;as&nbsp;ocorridas nos costumes da sociedade brasileira,&nbsp;contextualizadas por textos did&aacute;ticos e concisos.&nbsp;

'Famille d'chef camacan se preparant pour une fête', Charles Étienne Pierre Motte, Publicada no álbum de Jean-Baptiste Debret, 'Voyage pittoresque et historique au Brésil', 1834 Foto: Divulgação/ Editora Luste

Dividido em quatro blocos, o livro analisa, no&nbsp;cap&iacute;tulo &ldquo;Ra&iacute;zes&rdquo;, o per&iacute;odo que vai de 1500 a 1889.&nbsp;Retratada nas gravuras de mestres como Debret,&nbsp;a hist&oacute;ria do vestu&aacute;rio no per&iacute;odo colonial sofreu&nbsp;importante influ&ecirc;ncia da popula&ccedil;&atilde;o ind&iacute;gena e&nbsp;da corte portuguesa. O cap&iacute;tulo destaca ainda a&nbsp;import&acirc;ncia do pau-brasil, que dava origem ao&nbsp;intenso pigmento vermelho usado no tingimento&nbsp;dos trajes vestidos pela aristocracia al&eacute;m-mar.&nbsp;

&nbsp;

As mulheres eventualmente se rebelariam contra tais trajes, que impunham o uso de corsets&nbsp;desconfort&aacute;veis e grandes saias armadas. Essas e&nbsp;outras revolu&ccedil;&otilde;es s&atilde;o tema do bloco &ldquo;Rupturas&rdquo;,&nbsp;que abrange o per&iacute;odo entre 1889 e 1994, caracterizado por sucessivas viola&ccedil;&otilde;es dos padr&otilde;es vigentes. Os cartazes publicit&aacute;rios do per&iacute;odo da&nbsp;Art Nouveau ajudam a ilustrar essas mudan&ccedil;as: a&nbsp;figura feminina, esguia e elegante, aparece com&nbsp;pe&ccedil;as mais curtas, que deixam mais pele &agrave; mostra&nbsp;e t&ecirc;m caimento mais pr&oacute;ximo do corpo.

Ilustração 'Na avenida',publicada na revista 'Fon-Fon!', 1915 Foto: Divulgação/Luste Editores

Nos anos 60, quando surgem os primeiros costureiros-celebridade, o cen&aacute;rio nacional come&ccedil;a&nbsp;a ganhar identidade pr&oacute;pria. Influenciados pelos&nbsp;artistas transgressores que faziam sucesso nas&nbsp;r&aacute;dios, os estilistas introduzem s&iacute;mbolos brasileiros na moda, como as refer&ecirc;ncias cangaceiras de&nbsp;Zuzu Angel.

&nbsp;

Na alta-costura, se destacam Dener e&nbsp;Clodovil, que brigavam pelo posto de estilista favorito da alta sociedade paulistana. Essas e outras&nbsp;hist&oacute;rias s&atilde;o contadas no cap&iacute;tulo &ldquo;Contracultura&rdquo;,&nbsp;que destrincha tamb&eacute;m o universo de personagens&nbsp;como Gloria Coelho e Reinaldo Louren&ccedil;o.

'Coleção oficial – meia estação, 1977', Dener Foto: Divulgação/Luste Editores

Mas foi no mundo globalizado e digitalizado&nbsp;em que vivemos que os estilistas foram al&ccedil;ados&nbsp;ao posto de popstar. O que surge num canto do&nbsp;mundo logo vai parar no lado oposto e, com a&nbsp;populariza&ccedil;&atilde;o do acesso &agrave; internet, a fama dos&nbsp;influenciadores digitais atinge propor&ccedil;&otilde;es inimagin&aacute;veis. Essa profus&atilde;o de ideias, com tudo&nbsp;acontecendo ao mesmo tempo, &eacute; objeto do derradeiro bloco, &ldquo;Era Digital&rdquo;.

&nbsp;

A tecnologia democratizada trouxe tamb&eacute;m&nbsp;outra novidade: desenhar, hoje, n&atilde;o &eacute; mais uma&nbsp;habilidade indispens&aacute;vel aos estilistas. No entanto,&nbsp;os desenhos ainda apresentam a personalidade&nbsp;de cada artista de modo insubstitu&iacute;vel. &ldquo;Quem&nbsp;desenha &eacute; mais feliz&rdquo;, garante Ronaldo Fraga no&nbsp;pref&aacute;cio do livro. Se depender das ilustra&ccedil;&otilde;es de&nbsp;&ldquo;Moda Ilustrada&rdquo;, quem se deleita com os desenhos&nbsp;alheios tamb&eacute;m ganha em felicidade &ndash; e de quebra&nbsp;aprende um pouco mais sobre a hist&oacute;ria da moda.

Ilustração de Eliana Cho para coleção Náutico street, da estilista Juliana Jabour Foto: Divulgação/Luste Editores

O livro Moda&nbsp;Ilustrada tem&nbsp;lan&ccedil;amento no&nbsp;dia 3 de abril, &agrave;s&nbsp;19h, no Museu&nbsp;Belas Artes&nbsp;de S&atilde;o Paulo (MUBA). At&eacute; 28&nbsp;de abril, o local&nbsp;sedia a exposi&ccedil;&atilde;o&nbsp;Moda Ilustrada,&nbsp;composta por&nbsp;imagens do&nbsp;livro hom&ocirc;nimo.

<a href="http://muba.com.br">muba.com.br</a>

Moda brasileira, livro reconta 500 anos em "Moda Ilustrada"

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