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 A Noruega, um dos pa&iacute;ses com mais qualidade de vida do mundo, acredita que&nbsp;a felicidade se baseia em momentos compartilhados. E para se aproximar do Brasil, escolheu Juliana Meyer Gottardi para ser sua C&ocirc;nsul Geral-Honor&aacute;ria em S&atilde;o Paulo.
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 Natural de Toledo, no Paran&aacute;, Juliana Meyer Gottardi foi criada em Curitiba e mora em <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/hermes-em-movimento-marca-abre-exposicao-em-sao-paulo">S&atilde;o Paulo</a> h&aacute; mais de 20 anos. Casada com Guilherme e m&atilde;e de duas meninas, Ana Helena, de 14 anos, e Marina, de 10, &eacute; especialista em contratos internacionais. &ldquo;Somos tr&ecirc;s irm&atilde;s l&aacute; em casa, e meu pai sempre disse que mulher tem que ter sua independ&ecirc;ncia, seu trabalho, para fazer suas escolhas por op&ccedil;&atilde;o e n&atilde;o por falta de op&ccedil;&atilde;o. Fui criada com esse mantra, em um ambiente em que a mulher sempre teve protagonismo. Minha m&atilde;e e minha av&oacute; s&atilde;o mulheres ativas e superfortes&rdquo;, conta Juliana. Ainda assim, n&atilde;o sonhava o qu&atilde;o longe chegaria. Hoje, al&eacute;m de ser s&oacute;cia-fundadora do escrit&oacute;rio de advocacia Pacheco Neto Sanden Teisseire, que representa diversos grupos alem&atilde;es e n&oacute;rdicos, &eacute; a C&ocirc;nsul-Geral Honor&aacute;ria da <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/princesa-martha-louise-da-noruega-renuncia-ao-seu-titulo-por-amor">Noruega</a> em S&atilde;o Paulo, com direito a ser recebida no Castelo Real da vizinha Su&eacute;cia, pela <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/rainha-silvia-da-suecia-e-marido-testam-positivo-para-covid-19">rainha Silvia</a> em duas oportunidades. &ldquo;Meu primeiro contato com a Noruega foi por interm&eacute;dio do meu pai, que nos ensinava sobre as capitais do mundo inteiro. Eu gostava de Oslo:&nbsp;quatro letras e duas vogais, era uma das f&aacute;ceis... E assim, o pa&iacute;s entrou no meu radar&rdquo;, lembra ela, contando que tamb&eacute;m, desde pequena, tinha amigos que trabalhavam na Volvo, com sede na Su&eacute;cia, mas era tudo ainda distante. At&eacute; que em 2003 veio trabalhar em S&atilde;o Paulo. &ldquo;Um dos s&oacute;cios do PNST, Renato Pacheco, que &eacute; muito meu amigo e uma pessoa e um profissional que admiro muito, &eacute; C&ocirc;nsul-Geral da Su&eacute;cia.&rdquo; Foi assim que Juliana passou a ter contato com clientes n&oacute;rdicos, entrou na C&acirc;mara de Com&eacute;rcio da Su&eacute;cia e da Noruega. Por algum tempo, foi volunt&aacute;ria da Igreja Escandinava e participa da organiza&ccedil;&atilde;o jur&iacute;dica da Feira Escandinava, que &eacute; o maior evento n&oacute;rdico do mundo em termos de quantidade de pessoas, algo em torno de 15 mil. Isso, al&eacute;m de fazer parte do Projeto Social Rede Cultural Beija-Flor, criado h&aacute; 30 anos, como volunt&aacute;ria h&aacute; oito e como presidente do board, h&aacute; quase quatro. &ldquo;O Projeto foi fundado por um noruegu&ecirc;s-ingl&ecirc;s chamado Gregory Smith, que fez um trabalho muito s&oacute;lido, desde o in&iacute;cio patrocinado por empresas norueguesas.&rdquo;
 
 
 
 
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 L&rsquo;OFFICIEL Voc&ecirc; tem mais de uma d&eacute;cada de rela&ccedil;&atilde;o com a cultura e institui&ccedil;&otilde;es n&oacute;rdicas. Como come&ccedil;ou essa rela&ccedil;&atilde;o? JULIANA MEYER GOTTARDI:&nbsp;S&atilde;o 12 anos! Essa rela&ccedil;&atilde;o veio muito por causa da minha carreira profissional. Temos clientes n&oacute;rdicos no escrit&oacute;rio e eu me vi superinteressada na cultura. Fiz duas ou tr&ecirc;s viagens para conhecer mais, as oportunidades foram surgindo. Hoje tenho tr&ecirc;s frentes de trabalho: meu escrit&oacute;rio, o consulado da Noruega aqui em S&atilde;o Paulo, que eu assumi desde setembro do ano passado, e o projeto social. O consulado honor&aacute;rio, n&atilde;o &eacute; diplom&aacute;tico &ndash; este fica no Rio de Janeiro, base da maior comunidade norueguesa no Brasil. A maioria das empresas norueguesas est&atilde;o no Rio, ligadas de alguma forma ao petr&oacute;leo e ao g&aacute;s, &agrave; energia. E nas cidades que o pa&iacute;s considera importante, ele escolhe uma pessoa por uma lista tr&iacute;plice para represent&aacute;-lo em consulados chamados honor&aacute;rios. Eles escolhem uma pessoa que tem boa circula&ccedil;&atilde;o na comunidade, articula bem as rela&ccedil;&otilde;es entre o Brasil e o pa&iacute;s que est&aacute; sendo representado.
 Qual a fun&ccedil;&atilde;o da C&ocirc;nsul-Geral Honor&aacute;ria em S&atilde;o Paulo? Primeiro, estimular e fomentar trocas culturais e comerciais, aproximar a comunidade, as empresas que querem vir para c&aacute;, facilitar esse trabalho de colocar as pessoas em contato. Al&eacute;m disso, h&aacute; fun&ccedil;&otilde;es basicamente consulares administrati- vas, como autorizar passaporte, entregar passaporte, fornecer informa&ccedil;&atilde;o para noruegueses, atender cidad&atilde;os da Noruega em situa&ccedil;&atilde;o de emerg&ecirc;ncia no Brasil e afins.
 Quais considera serem oportunidades entre os dois pa&iacute;ses? Existe uma pauta muito forte agora, que &eacute; de descarboniza&ccedil;&atilde;o. A Noruega tem consci&ecirc;ncia e um plano de a&ccedil;&atilde;o muito forte nesse sentido, usar mais energia limpa. E o Brasil pode ser um excelente parceiro: temos um potencial enorme de energia limpa e uma janela de oportunidade enorme a ser aberta com a energia e&oacute;lica offshore, aquela cuja fonte de energia &eacute; obtida atrav&eacute;s da for&ccedil;a do vento em alto-mar, com a ajuda de p&aacute;s e&oacute;licas. Ela ainda n&atilde;o &eacute; permitida no Brasil, mas deve ser, em breve. E a Noruega &eacute; o maior player nesse setor. Sem falar de tecnologia &ndash; porque os escandinavos, em geral, est&atilde;o muito ligados &agrave; inova&ccedil;&atilde;o. E tem o design, que ainda &eacute; pouco explorado. Somos um potencial consumidor de design escandinavo, minimalista e de bom gosto. Finalmente, a Noruega &eacute; a maior doadora para o fundo de preserva&ccedil;&atilde;o da Floresta Amaz&ocirc;nica, o Fundo Amaz&ocirc;nia. A pauta ind&iacute;gena para eles tamb&eacute;m &eacute; muito importante.
 O que podemos aprender com eles e vice-versa? Acho que de um lado temos a efici&ecirc;ncia n&oacute;rdica. E do outro, a criatividade brasileira. Eles s&atilde;o mais ordenados e a gente j&aacute; nasce aprendendo a se virar e a encontrar alternativas e possibilidades.
 
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 O que mais a encanta na cultura norueguesa? Gosto dessa eleg&acirc;ncia funcional, sem artif&iacute;cios. Esse estilo est&aacute; presente nas roupas, lou&ccedil;as, m&oacute;veis. &Eacute; simples, e minimalista no sentido de n&atilde;o haver excessos. Eles entendem que a mat&eacute;ria-prima &eacute; escassa e car&iacute;ssima. Tem tamb&eacute;m uma paleta de cores um pouco mais neutras. Eles tamb&eacute;m valorizam o trabalho com equil&iacute;brio, o bem-estar. O pai tem uma licen&ccedil;a-paternidade enorme, est&atilde;o muito mais evolu&iacute;dos em temas como equidade e diversidade, por exemplo. 
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 Qual sua rela&ccedil;&atilde;o com a moda? Como definiria seu estilo? Destacaria algum estilista n&oacute;rdico que atraiu seu olhar? Na moda, eles t&ecirc;m essa pegada genderless, tamb&eacute;m muito interessante. Gosto da Fillipa K, da Acne Studios, da Cos... e roupas com boa tecnologia para esporte, como a Helly Hansen. Eu acho a moda superimportante como ferramenta de express&atilde;o de personalidade. Ela estimula a criatividade, diz muito sobre quem voc&ecirc; &eacute;, do que voc&ecirc; gosta, o que voc&ecirc; acha.
 Fale sobre sua atua&ccedil;&atilde;o no Projeto Cultural Beija-Flor. Ele foi criado h&aacute; 30 anos. O fundador desse projeto foi o noruegu&ecirc;s Gregory Smith. Ele conta que viu o filme Pixote, se encantou com as necessidades do mundo, ficou tocado, veio para c&aacute; e realmente come&ccedil;ou a fazer um trabalho muito bonito de dar abrigo, de acolhimento, e o projeto foi crescendo. Uma pessoa doou para ele uma &aacute;rea em Diadema, na &eacute;poca uma das cidades mais violentas da regi&atilde;o metropolitana de S&atilde;o Paulo. A ideia era tirar os jovens das ruas, dando a eles oportunidades de entrar em contato com arte, m&uacute;sica, beleza, pintura. O projeto foi historicamente sustentado com doa&ccedil;&atilde;o de empresas norueguesas. Eles t&ecirc;m essa cultura forte de doa&ccedil;&atilde;o, de assistencialismo. H&aacute; quase 4 anos, decidiu-se por altera&ccedil;&otilde;es na estrutura, e eu, que j&aacute; era volunt&aacute;ria, fui convidada para comandar o board. Eles me chamaram para ser presidente desse conselho para o novo ciclo do projeto. E a gente entendeu que t&iacute;nhamos que manter tudo o que foi feito, mas tamb&eacute;m olhar para a capacita&ccedil;&atilde;o profissional. Essa &eacute; a minha bandeira pessoal: preparar o jovem para ele poder andar sozinho no mercado de trabalho com cursos r&aacute;pidos de imers&atilde;o r&aacute;pida, como est&eacute;tica, gastronomia, etc. Para eles poderem ser independentes. Algumas m&atilde;es n&atilde;o estavam deixando as crian&ccedil;as irem para o projeto social porque n&atilde;o dava dinheiro. Elas preferiam mandar a crian&ccedil;a vender bala na rua e voltar para casa com dinheiro... Quando eu assumi, a gente atendia 300, 400 crian&ccedil;as. Hoje, a gente est&aacute; atendendo 3000, tamb&eacute;m em raz&atilde;o de uma parceria com a prefeitura municipal de Diadema. E nesse projeto tem uma mulher que &eacute; uma pot&ecirc;ncia. Ela &eacute; uma pernambucana do sert&atilde;o que se mudou para S&atilde;o Paulo por raz&otilde;es pessoais, veio ser atendida nesse projeto social e hoje &eacute; a nossa diretora executiva, a Ivone Silva. Ela &eacute; daquelas mulheres naturalmente l&iacute;der. A gente tem uma parceria muito estreita, forte, a gente se complementa muito bem e eu a admiro muito. Hoje, estamos gerando 110 empregos diretos via o projeto social.
 E falando em poder feminino, voc&ecirc; tem duas meninas. Como as cria em rela&ccedil;&atilde;o a feminismo, inclus&atilde;o e sororidade? Como eu disse, vim de uma fam&iacute;lia que felizmente sempre incentivou isso tudo: ser protagonista, fazer suas escolhas, crescer, ser independente, em um ambiente de incentivo e respeito. Mas eu sei que muitas fam&iacute;lias n&atilde;o t&ecirc;m isso. Muitas amigas pr&oacute;ximas tamb&eacute;m viviam situa&ccedil;&otilde;es bem diferentes. E &eacute; ineg&aacute;vel que ainda temos arraigado o fato de achar que o presidente da empresa &eacute; homem, que os melhores profissionais s&atilde;o homens. Aqui em casa, com as meninas bato muito nessa tecla. Porque acho que ainda v&atilde;o d&eacute;cadas para a gente superar, apesar de j&aacute; ter feito grandes avan&ccedil;os. Gosto muito de uma frase: a palavra, o discurso, inspira. Mas o exemplo arrasta.
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Juliana Meyer, Cônsul-Geral Honorária da Noruega, em entrevista exclusiva

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