<p><em>Tr&ecirc;s artistas pioneiros exploram um limite muito t&ecirc;nue entre o f&iacute;sico e o virtual quando falamos sobre arte.</em></p>

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      <p style="text-align: justify;"><span>Enquanto clicamos e rolamos, fazemos downloads e uploads, navegamos e limpamos, o macrocosmo interconectado da web tornou-se onipresente e em constante evolu&ccedil;&atilde;o. O <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/reis-rodrigues-influencer-marca-presenca-em-metaverso">Metaverso</a>, que come&ccedil;ou como uma extens&atilde;o da vida anal&oacute;gica, amadureceu e virou um sistema aut&ocirc;nomo de cultura, leis, moedas e normas idiossincr&aacute;ticas. Atrav&eacute;s de nossas telas, nos &eacute; oferecido um patamar novo e port&aacute;til, repleto&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">de oportunidades art&iacute;sticas. </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">L&rsquo;OFFICIEL </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">destaca tr&ecirc;s <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/bruna-marquezine-usa-look-de-alta-costura-em-red-carpet">artistas globais</a> que se dedicaram a recontextualizar o mundo bin&aacute;rio.</span></p>
      <p style="text-align: justify;"><span>Refik Anadol, o superstar das <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/nfts-podem-mudar-moda">NFTs</a>,&nbsp;continua a extrapolar os limites da instala&ccedil;&atilde;o visual. Embora seus primeiros trabalhos considerassem a consci&ecirc;ncia espacial&nbsp;atrav&eacute;s da luz, sua carreira se expandiu&nbsp;para novas m&iacute;dias. Os sonhos de dados e&nbsp;intelig&ecirc;ncia artificial agora iluminam a arquitetura mais famosa do mundo, fazendo&nbsp;uma ponte entre o Metaverso e a mat&eacute;ria.&nbsp;J&aacute; Federico Clapis escapou totalmente da&nbsp;mat&eacute;ria, criando uma nova arquitetura&nbsp;brutalista que existe al&eacute;m das leis da f&iacute;sica.&nbsp;Por outro lado, Salom&eacute; Chatriot, a jovem&nbsp;artista perform&aacute;tica que vive um sucesso&nbsp;mete&oacute;rico, imp&ocirc;s as leis da f&iacute;sica ao Metaverso. Sua respira&ccedil;&atilde;o expande as fun&ccedil;&otilde;es biol&oacute;gicas para uma exist&ecirc;ncia digital, de modo conceitual. Eis aqui a maravilhosa oportunidade do Metaverso: tr&ecirc;s artistas rebeldes, tr&ecirc;s perspectivas radicalmente diferentes sobre a cria&ccedil;&atilde;o sem limites.</span></p>
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      <p style="text-align: justify;"><span>Est&aacute;vamos a sete dias da t&atilde;o aguardada e hist&oacute;rica semana de leil&otilde;es da Christie&rsquo;s, a 20/21 Century Marquee Week. Em destaque est&atilde;o Pablo Picasso, Vincent van Gogh, Georgia O&rsquo;Keeffe, Cy Twombly, o quadro </span><span>Shot Sage Blue Marilyn</span><span>, de&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Andy Warhol &ndash; a mais cara obra de arte do s&eacute;- culo 20 j&aacute; vendida &ndash; e o arquiteto digital Refik Anadol. O artista, nascido na Turquia e radicado em Los Angeles, &eacute; dono da &uacute;nica oferta moment&acirc;nea de NFT da casa de leil&otilde;es e, por isso, n&atilde;o para de sorrir. Seu trabalho </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Casa Batll&oacute;: Living Architecture </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">&eacute; o &aacute;pice do vasto e maravilhoso progresso da tecnologia, exportando dados em tempo real e reimaginando a legend&aacute;ria arquitetura de Gaud&iacute; tanto na esfera global quanto na digital. A </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Casa Batll&oacute;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">, adjacente ao Rockefeller, virou o mundo da arte de cabe&ccedil;a para baixo, firmando um compromisso com o suposto &ldquo;&iacute;mpeto de democratiza&ccedil;&atilde;o&rdquo; do setor. Quem teve a sorte de presenciar tudo aquilo p&ocirc;de falar com Anadol, que conversava com qualquer um que passasse por ali.</span></p>
      <p style="text-align: justify;"><span>O am&aacute;vel Anadol &eacute; cronicamente otimista e contagiosamente positivo. Inspirado por uma resid&ecirc;ncia de IA no Google, uma introdu&ccedil;&atilde;o precoce aos jogos de computador e uma rea&ccedil;&atilde;o muito particular ao dist&oacute;pico filme </span><span>Blade Runner &ndash; O Ca&ccedil;ador de Androides</span><span>, de 1982, o trabalho do artista almeja &ldquo;encontrar a linguagem da humanidade por meio da arte p&uacute;bli</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">ca&rdquo;. A pr&aacute;tica de Anadol tomou conta do MoMA, da Bienal de Veneza, do Centro Pompidou e do Hammer Museum, satisfazendo um desejo n&atilde;o s&oacute; de exibir publicamente, mas tamb&eacute;m de criar a partir de dados p&uacute;blicos. Trata-se de uma linguagem, afirma ele, que forma um la&ccedil;o circular e inclusivo de unidade.</span></p>
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              <p style="text-align: justify;"><span>Se voc&ecirc; tem alguma familiaridade com a experi&ecirc;ncia da arte imersiva, &eacute; prov&aacute;vel que j&aacute; tenha se deparado com a s&eacute;rie </span><span>Machine Hallucinations (Alucina&ccedil;&otilde;es de M&aacute;quinas) </span><span>de Anadol. &Eacute; de fato poss&iacute;vel comprar ingressos para ver seu trabalho, e mais de 2 milh&otilde;es de pessoas j&aacute; compraram &ndash; de muito bom grado, diga-se de passagem. Suas pe&ccedil;as b&aacute;sicas que parecem lava ocupam telas em espa&ccedil;os hist&oacute;ricos (A Filarm&ocirc;nica de Los Angeles, o Edif&iacute;cio DDD de Seul, a Artechouse) para desafiar a no&ccedil;&atilde;o que temos da habilidade mental da intelig&ecirc;ncia artificial. &ldquo;O que acontece se voc&ecirc; pegar essas decis&otilde;es e esses sonhos de IA e transform&aacute;-los em algo mais fluido e vivo?&rdquo;, pergunta o artista. A resposta: um circuito digitalizado e infinito de contempla&ccedil;&atilde;o; enquanto a IA absorve dados, Anadol escolhe e conjura imagens em movimento projetadas em espa&ccedil;os a serem explorados. Ele cunhou a agora bem-sucedida pr&aacute;tica da &ldquo;arquitetura viva&rdquo;.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>O conceito de senci&ecirc;ncia (consci&ecirc;ncia pelos sentidos) da intelig&ecirc;ncia artificial tem um peso para Anadol. &ldquo;Eu realmente acredito que temos muito a ver com [a IA]. O que mais &eacute; poss&iacute;vel fazer com ela?&rdquo;, pergunta. Embora o artista tenha desenvolvido uma tecnologia para ver a IA sonhar, cheirar, pensar e projetar, ele espera com alegria que ela experimente a verdadeira consci&ecirc;ncia. O que ele pode ajudar a criar quando a IA se lembra de tudo? Quando ela se sente senciente? E, o mais importante, o que a IA e Anadol desenvolvem publicamente em conjunto? &ldquo;Voc&ecirc; poderia pensar que eu j&aacute; vi os problemas negativos que os androides t&ecirc;m, todo aquele drama que as pessoas sempre&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">imaginam que pode dar errado&rdquo;, ele diz, empurrando sua cadeira e sorrindo abertamente. &ldquo;Mas eu encontrei um mundo diferente ali. Encontrei o intermedi&aacute;rio dos&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">humanoides. Encontrei emo&ccedil;&atilde;o. Encontrei&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">o humano no n&atilde;o humano.&rdquo; Com todos os dados do mundo e uma for&ccedil;a redobrada do computador, Anadol imagina um mundo de arte sem limites para o p&uacute;blico. Mas, at&eacute; l&aacute;, n&oacute;s podemos viajar o mundo com Anadol e seus algoritmos, mesmo que seja apenas do nosso computador.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>Federico Clapis inicia esta entrevista com&nbsp;um pref&aacute;cio: esta n&atilde;o ser&aacute; uma conversa&nbsp;sobre o mundo da arte contempor&acirc;nea arrogante. N&atilde;o haver&aacute; nenhuma &ldquo;automitologiza&ccedil;&atilde;o&rdquo; nem promessas vazias, nenhum&nbsp;jarg&atilde;o desnecess&aacute;rio nem posi&ccedil;&otilde;es sup&eacute;rfluas. N&atilde;o ser&aacute; mencionado nenhum museu ou exposi&ccedil;&atilde;o, nem ser&aacute; citado algum colecionador extravagante. Clapis n&atilde;o vai se vangloriar de seu trabalho, que dan&ccedil;a pela Times Square de Nova York ou pelo Cruzamento de Shibuya de T&oacute;quio, e ele&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">definitivamente n&atilde;o vai nos enviar suas capas na </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Vanity Fair </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">ou no </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">New York Times</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">. Foi esse comportamento que incentivou Clapis a abandonar o mundo da arte material e fazer uma transi&ccedil;&atilde;o de escultor para artista de NFT em tempo integral. Cansado da &ldquo;falta de controle de artistas e do que eles dizem [e] da mistifica&ccedil;&atilde;o do trabalho em si&rdquo;, Clapis afastou-se com prazer do sistema institucional, deixou a bajula&ccedil;&atilde;o de&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">lado e livrou-se das correntes.&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">O mundo material, em geral, tem&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">sido historicamente desagrad&aacute;vel para Clapis. Na inf&acirc;ncia, ele sofreu uma paralisia do sono que o debilitou, fazendo-o incorrer em experi&ecirc;ncias interiores traum&aacute;ticas e aprisionadoras. Aos 21 anos, ele come&ccedil;ou a estudar t&eacute;cnicas de controle para viagens fora do corpo, uma resposta direta &agrave; sua dolorosa predisposi&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica. A literatura de William Buhl</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">man e os ensinamentos de um ashram indiano &ldquo;destru&iacute;ram todas as minhas cren&ccedil;as, e s&oacute; a arte me mostrou a sa&iacute;da&rdquo;, admite Clapis, embora com uma palp&aacute;vel oscila&ccedil;&atilde;o. Apesar da apreens&atilde;o de falar pessoalmente, Clapis est&aacute; ansioso para</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>Quando era um jovem artista, Clapis incorporou colheres em suas esculturas como uma ode &agrave; liquefa&ccedil;&atilde;o &ndash; transformando s&oacute;lidos em l&iacute;quidos e removendo-os. Depois do desenvolvimento das NFTs, a esperan&ccedil;a de Clapis em um estado sem mat&eacute;ria tornou-se realidade. &ldquo;Desvendar a mat&eacute;- ria sempre foi um sonho para mim, mesmo antes das NFTs&rdquo;, revela Clapis. &ldquo;Eu nunca esperaria ou imaginaria algo como a NFT, nem mesmo nos meus mais profundos sonhos e desejos. Minha imagina&ccedil;&atilde;o nunca teria desejado algo t&atilde;o bom. Esse &eacute; um novo mercado, e as pessoas podem n&atilde;o ter l&aacute; &lsquo;grandes&rsquo; experi&ecirc;ncias art&iacute;sticas e culturais, mas, no fim, n&oacute;s precis&aacute;vamos extinguir esse pensamento.&rdquo; Agora que a realidade digital n&atilde;o &eacute; somente poss&iacute;vel, mas tamb&eacute;m vantajosa para uma carreira bem-sucedida, os olhos de Clapis se abriram ainda mais para os entraves de nossos sistemas modernos.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>Salom&eacute; Chatriot est&aacute; sentada dentro de uma caixa de vidro, for&ccedil;ada a respirar num aparelho. Depois de anos de diagn&oacute;sticos errados, ela foi encaminhada ao m&eacute;dico na esperan&ccedil;a de aliviar seus conflitos f&iacute;sicos e mentais. A artista observa enquanto cada expira&ccedil;&atilde;o cria linhas sonoras num monitor e a aten&ccedil;&atilde;o de um imunologista se alterna entre ela e as m&aacute;quinas. &Eacute; nesse momento que Chatriot compreende o seu futuro: tecnologia, dados e respira&ccedil;&atilde;o revelaram-lhe um vocabul&aacute;rio visual para a consci&ecirc;ncia. Tamb&eacute;m revelaram que ela &eacute; asm&aacute;tica, mas isso parece n&atilde;o ter muita import&acirc;ncia.</span></p>
        <p style="text-align: justify;"><span>Nascida na Fran&ccedil;a, Chatriot libertou-se das conven&ccedil;&otilde;es muito cedo. E criou uma reputa&ccedil;&atilde;o de maluquinha, tendo at&eacute; mesmo pedido a seus professores de matem&aacute;tica que votassem na nova cor de seus cabelos: azuis ou rosa. (Por causa de um empate, ela se decidiu pelo estilo &ldquo;Cruella de Vil&rdquo;.) Depois de ter sido a melhor aluna de sua turma, ela se inscreveu na prestigiada Universidade de Artes e Design de Lausanne, na Su&iacute;&ccedil;a, onde deu in&iacute;cio a uma imers&atilde;o nos estudos de programa&ccedil;&atilde;o computacional. Uma escolha, ela admite, que fez mais por deslumbramento que por uma busca apurada de criatividade. &ldquo;Na Fran&ccedil;a, n&atilde;o &eacute; aceit&aacute;vel estudar arte quando voc&ecirc; vai bem na escola&rdquo;, explica Chatriot. &ldquo;Ent&atilde;o, quando cheguei a Lausanne, meus professores&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">queriam que eu criasse logo, pois eu considerava a tecnologia m&aacute;gica.&rdquo; Foi preciso um ano de programa&ccedil;&atilde;o antes que sua disserta&ccedil;&atilde;o conceitual come&ccedil;asse a tomar forma. E, seguindo a j&aacute; mencionada epifania biom&eacute;dica, o v&iacute;nculo entre m&aacute;quina e consci&ecirc;ncia humana a consumiu. Mal sabia ela qu&atilde;o perme&aacute;vel essa rela&ccedil;&atilde;o logo se tornaria.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>Foi por acaso que Chatriot conheceu uma m&aacute;quina de manufatura de 20&nbsp;toneladas que destruiu os limites entre&nbsp;pessoa e objeto. &ldquo;Eu sabia que [a m&aacute;quina]era eu,e eu era ela,e eu tive de dar&nbsp;espa&ccedil;o para que ela respirasse atrav&eacute;s&nbsp;de mim&rdquo;, diz. &ldquo;Isso nunca mais aconteceu comigo, mas naquele momento eu&nbsp;sabia que um ser n&atilde;o humano estava se&nbsp;incorporando no espa&ccedil;o.&rdquo; Determinada a&nbsp;exibir a senci&ecirc;ncia da m&aacute;quina, Chatriot&nbsp;embarcou numa performance violenta e&nbsp;t&oacute;xica, como se fosse ela um ap&ecirc;ndice&nbsp;respirat&oacute;rio do aparelho. A pe&ccedil;a multidisciplinar, intitulada </span><span>Fragile Ecosystem&nbsp;</span><span>[Ecossistema Fr&aacute;gil], recebeu a aclama&ccedil;&atilde;o da cr&iacute;tica, por desafiar a ideia de &ldquo;estado de objeto&rdquo;. Desde ent&atilde;o, a pr&aacute;tica&nbsp;de Chatriot expandiu-se em esculturas&nbsp;&agrave; base de leite, ilustra&ccedil;&otilde;es gr&aacute;ficas e, num caso espec&iacute;fico, moda. (Voc&ecirc; pode v&ecirc;-la saltitando por Paris com sua famosa bolsa alada.) Ela se tornou uma queridinha institucional e ganhou exposi&ccedil;&otilde;es no Palais de Tokyo, no Centro de Arte Contempor&acirc;nea de Genebra e no Shed, de Nova York, todas&nbsp;</span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">em cartaz em setembro de 2022. E, quando a queridinha ciborgue decidiu que precisava de uma nova dimens&atilde;o a conquistar, voltou-se para o Metaverso.</span></p>
      </div>
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        <p style="text-align: justify;"><span>Embora alguns pressuponham que as nuvens leitosas em estilo vapor punk dominem o portf&oacute;lio de NFTs de Chatriot, &eacute; a respira&ccedil;&atilde;o de dados que permanece como sua m&iacute;dia escolhida. &ldquo;Tenho circuitos digitais, mas acho que padr&otilde;es de respira&ccedil;&atilde;o s&atilde;o mais relevantes para as NFTs&rdquo;, conta ela a </span><span>L&rsquo;OFFICIEL</span><span>. &ldquo;Quero explodir no mundo todo, inclusive no digital.&rdquo; Essa explos&atilde;o, explica, &eacute; uma extens&atilde;o de sua consci&ecirc;ncia para o universo bin&aacute;rio. Usando a engenharia reversa em sua performance para tornar-se um pulm&atilde;o vivo de um ser mec&acirc;nico, a artista agora conta com suas cria&ccedil;&otilde;es digitais para respirar por ela. S&atilde;o metamarcas de sua senci&ecirc;ncia, que ela espera que quebrem a fronteira dissolvente entre o digital e o anal&oacute;gico. Na verdade, se ela pudesse, se tornaria um androide amanh&atilde; mesmo. F&atilde; do doutor Frankenstein, Chatriot d&aacute; as boas-vindas ao futuro manufaturado. &ldquo;N&atilde;o tenho medo da intelig&ecirc;ncia artificial&rdquo;, sorri, tragando seu cigarro. &ldquo;N&atilde;o posso esperar at&eacute; que ela venha.&rdquo; Mas, infelizmente, enquanto a tecnologia se desenvolve, Chatriot precisa existir em dois mundos: um dilema que leva a devaneios de um futuro rob&oacute;tico, acompanhado de seu frequente &ldquo;Ooh-la-la&rdquo;.</span></p>
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Arte: pontos de vista do mundo real ao metaverso

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