Figura essencial da real m&uacute;sica brasileira popular, Alcione ganha homenagem com exposi&ccedil;&atilde;o em S&atilde;o Lu&iacute;s do Maranh&atilde;o

Mais do que uma voz poderosa, <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/alcione-fala-sobre-filme-wish-em-entrevista-exclusiva">Alcione</a> &eacute; um &iacute;cone de representa&ccedil;&atilde;o social e &ndash; por que n&atilde;o? &ndash; de estilo pr&oacute;prio. O ano de 2025 marca o cinquenten&aacute;rio do primeiro &aacute;lbum da cantora, A Voz do Samba, que lhe deu proje&ccedil;&atilde;o nacional e carrega a primeira grava&ccedil;&atilde;o do seu grande hino, N&atilde;o Deixe o Samba Morrer. Era uma &eacute;poca em que as gravadoras queriam investir em grandes cantoras que registrassem o poder do samba, inflamadas pelo sucesso estrondoso de <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/vanessa-da-mata-em-entrevista-exclusiva-a-l-officiel-brasil">Clara Nunes</a> no mercado. Para sorte da maranhense, que tinha se mudado para o <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/viagem/rio-de-janeiro-de-a-a-z">Rio de Janeiro</a> tr&ecirc;s anos antes, mas j&aacute; carregava a m&uacute;sica na vida desde crian&ccedil;a.

Vista da exposição em São Luís, reunindo figurinos da sambista - Foto: Ana Mello / Divulgação

Agora, essa hist&oacute;ria ganha retrospectiva na sua cidade natal, S&atilde;o Lu&iacute;s, via Centro Cultural da Vale Maranh&atilde;o. Important&iacute;ssima (e rara) homenagem em vida, Com Amor, Alcione celebra a hist&oacute;ria da Marrom com um mergulho em imagens, sons, roupas e memorab&iacute;lia que ajudam a explicar a personagem.&nbsp;
&ldquo;&Eacute; uma exposi&ccedil;&atilde;o feita com esse mergulho hist&oacute;rico, mas tamb&eacute;m com o maior carinho poss&iacute;vel, pois tem essa dupla fun&ccedil;&atilde;o. &Eacute; para o visitante adentrar esse mundo de afeto que Alcione criou, mas tamb&eacute;m um agradecimento por tantos anos de dedica&ccedil;&atilde;o&rdquo;, explica Gabriel Gutierrez, que assina a curadoria com Deyla Rabelo e Luciana Gondim. &ldquo;Como ela mesma disse ap&oacute;s visitar a mostra montada: &lsquo;Todo artista vivo deveria ter uma homenagem como essa&rsquo;.&rdquo;

As várias facetas de Alcione pela carreira: da cantora poderosa à musicista nata, passando pela mulher que verdadeiramente representa o povo - Foto: Divulgação

Afeto aqui &eacute; palavra-chave, tanto pelo p&uacute;blico quanto pela cultura popular. &ldquo;Quando se ouve Alcione, entende que &eacute; uma cantora rom&acirc;ntica, mas, mais do que isso, v&ecirc; como dedicou afeto ao ouvinte. Ela montou a carreira dela como uma grande dedicat&oacute;ria de emo&ccedil;&otilde;es, vive aquilo que canta&rdquo;, ressalta Gabriel. &ldquo;Ela se estabelece como essa grande representante da cultura popular real, se comunicando com as camadas e abrindo sonhos para essa faixa de popula&ccedil;&atilde;o que tem os seus ideais em uma negativa constante. Ent&atilde;o ela vem e cria reconhecimentos, cria possibilidades que fazem as pessoas sonharem. Foi uma escolha dela, trabalhar no registro do pensamento da sabedoria popular.&rdquo;
Transbordando pela m&uacute;sica, como define o curador, Alcione montou nessas d&eacute;cadas de carreira um grande acervo muito pr&oacute;prio de &aacute;lbum de fotos &ndash; que guiam a montagem da mostra. &ldquo;A exposi&ccedil;&atilde;o abre essa intimidade ao ser montada exatamente como um &aacute;lbum de fotografias &ndash; passando pela sua vida no Maranh&atilde;o, a chegada ao Rio de Janeiro, as viagens, os amigos m&uacute;sicos&hellip; e as fotos que ela ganha dos f&atilde;s, todos os registros externos important&iacute;ssimos. S&atilde;o grandes &aacute;lbuns que ela foi montando e guardando, digitalizamos tudo.&rdquo;

Al&eacute;m de dedicar a voz volumosa ao apontamento do Brasil real, sem nunca deixar o Maranh&atilde;o de fora dos seus mais de 40 discos, Alcione teve participa&ccedil;&atilde;o essencial no molde da ind&uacute;stria fonogr&aacute;fica. &ldquo;Ela surgiu em uma &eacute;poca em que mulheres n&atilde;o vendiam discos, era um mercado muito dominado pelos homens. Ent&atilde;o ela foi vanguarda ali tamb&eacute;m, descampando essa trincheira para quem veio depois. E sem fazer reserva de mercado, sempre se abriu para o novo com generosidade e sem medo&rdquo;, explica.&nbsp;
Isso tudo sem largar m&atilde;o de uma imagem est&eacute;tica muito pr&oacute;pria. Imposs&iacute;vel pensar na figura de Alcione sem lembrar os mantos, caft&atilde;s, brilhos e bordados, al&eacute;m das grandes joias. No espa&ccedil;o, aparecem representadas por looks-chave que a curadoria conseguiu resgatar dos arm&aacute;rios da cantora. Como as pe&ccedil;as que usou em homenagens que recebeu tanto no Rock in Rio quanto no desfile da Mangueira, sua escola de samba do cora&ccedil;&atilde;o, em 2024. Ou o figurino criado por Amir Slama, ainda na Rosa Ch&aacute;, com paet&ecirc;s bordados sobre seda, que foi capa de disco.

&ldquo;Alcione tem esse cuidado muito fiel com o que veste. E nunca repete roupa, para cada momento ela cria essa figura emblem&aacute;tica para o p&uacute;blico. Claro que h&aacute; o desejo dela, nas unhas, nos cabelos, mas tamb&eacute;m congrega o desejo do outro&rdquo;, reflete Gutierrez. &ldquo;&Eacute; tamb&eacute;m um reflexo desse pensamento de trazer a realeza que &eacute; negada ao povo. Ela retoma todo esse brilho como uma &acirc;nsia do poder humano. E tem esse toque de Midas do artista, em que tudo vira ouro: o canutilho, o papel brilhante, o paet&ecirc;, &eacute; tudo ouro.&rdquo;

Alcione ganha homenagem com exposição em São Luís do Maranhão

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